Arquivo mensais:junho 2010

Paris tem mania de Rimbaud

Por Paula Taitelbaum

Rimbaud é pop. E em Paris está mais na moda do que nunca. O belo rosto do poeta que cantou o inferno estampa lambretas, camisetas, vitrines de livrarias e, até o dia 1º de outubro, é exibido na exposição RIMBAUDMANIA. Em cartaz na “Galeria des Bibliothéques, Ville de Paris”, a mostra pode ser vista a partir de uma singela entrada de quatro euros que permite um passeio pelos manuscritos originais do autor, fotos, desenhos, capas de livros e muita memorabília. “O que é este mistério e como ele se tornou tão grande? Por que sua imagem consegue se renovar a cada geração? Rimbaud viveu todas as nossas tristezas, nossos fracassos, nossos sonhos? O que é esse sol que nele brilha e que tanto nos atrai? Será que o que mais nos intriga é o fato de ter escrito tão bem ou ter parado de escrever tão cedo? Ou será que é sua imagem que faz com que o acolhamos como uma espécie de irmão? Não há nenhuma resposta objetiva. Arthur Rimbaud manterá para sempre o seu enigma. RIMBAUDMANIA narra o advento dos heróis da mitologia moderna, e torna tangível a extensão desse mito. Rimbaud sobrevive graças à esperança e à fé na capacidade do homem para ‘mudar a vida'”, diz o texto de apresentação do curador Claude Jeancolas que está no site oficial da mostra. É lá também que você poderá saber mais detalhes e assistir um vídeo sobre a exposição. As fotos abaixo foram tiradas recentemente nas ruas de Paris.

 De Rimbaud, a Coleção L&PM Pocket publicou Uma temporada no inferno. Leia mais sobre o poeta no post Arthur Rimbaud: a tragédia, o charme e o mito.

Surdo mundo mostra que nem a surdez livra você das vuvuzelas

Se você, em um momento de raiva, desejou ser surdo para não ouvir nem Galvão Bueno e nem as vuvuzelas, saiba: não vai adiantar.

Desmond Bates, o protagonista de Surdo mundo – mais recente lançamento da L&PM –, descobriu que estava ficando surdo, e foi a um otorrinolaringologista:

“Ele me mostrou os gráficos que o audiólogo tinha feito, um para cada ouvido. Eles pareciam aqueles mapas celestes, cheios de constelações, com linhas retas que uniam os bipes, representados por pequenas cruzes. O desenho era praticamente igual para as duas orelhas. Hopwood [o médico] me explicou que eu sofria de surdez de alta freqüência, a forma mais comum da surdez adquirida (para distingui-la da surdez congênita), causada pela perda acelerada das células capilares do ouvido interno que convertem as ondas sonoras em mensagens ao cérebro”.

Pois as vuvuzelas, como explicou a revista Superinteressante (@revistasuper), soam em baixa freqüência – 253 Hz – o que faz com que Desmond Bates ainda consiga ouvi-las. Se bem que, ao menos, ao que tudo indica, ele estaria livre do Galvão…

O Brasil saiu na frente da França

E não estamos falando de Copa do Mundo.

On the Road – o manuscrito original, de Jack Kerouac, acaba de ser lançado na França pela editora Gallimard – como mostra o anúncio veiculado no jornal Liberación na última sexta-feira, 11 de junho. O livro foi publicado pela L&PM em 2008, o que demonstra que, pelo menos dessa vez, os brasileiros leram antes dos franceses. E olha que o saldo de leitura deles é bem maior do que o nosso.

As crianças da China e a Turma da Mônica

Se eu vi muitas crianças na China? Sim, vi. E a maioria dos chinezinhos que tive contato estavam concentrados em duas escolas que visitei em Wenzhou, cidade no sudeste da China. Cercada por montanhas – e antigamente por belos canais cristalinos que não existem mais -, o lugar mantém-se envolto por brumas, não de Avalon, mas de poluição. Nas escolas de Wenzhou, todas públicas como no restante do país, os pequenos obedecem a uma rotina não muito diferente das escolas ocidentais: estudam, brincam, lancham, fazem amigos. Mas as semelhanças parecem parar por aí. Todos os alunos usam lenços vermelhos no pescoço, voltam-se para a bandeira do comunismo em dias de festa e fazem a saudação ao camarada Mao (levantando o braço vigorosamente). Na escola localizada na periferia da cidade, eu me senti em um quartel, pois as crianças, enfileiradas no pátio, entoaram cânticos que soavam como hinos.

Já na escola que fica em um bairro relativamente mais nobre, mesmo com os lenços vermelhos, as crianças pareciam mais soltas, muitas sabiam falar um pouco de inglês e algumas contaram seus planos de estudar em Harvard.

E é nesse tipo de escola que a Turma da Mônica se prepara para entrar. Mauricio de Sousa esteve em Pequim no início de maio para tratar da negociação e da criação de gibis da Turma como material de apoio para a educação de 180 milhões de crianças chinesas. As primeiras revistinhas escritas em chinês já foram feitas, em parceria com a editora Online Education China. Mauricio disse em recente entrevista que acredita que a Turma da Mônica foi escolhida por ter “mensagens universais”.

Para assistir à entrevista exclusiva de Mauricio de Sousa na L&PM WebTV, clique aqui, e para relembrar a visita de Paula ao estúdio do criador da Turma da Mônica, aqui.

 Leia os posts anteriores:
Um jantar cheio de vida na China
Será que alguém lê livros na China?
A escrita chinesa e a arte de desenhar ideias
Enquanto isso, na China milenar, a Expo continua a mil
A Expo é um parque de diversões na cabeça
A Expo Shanghai, os chineses e o Brasil
Xangai é um barato

A palavra do homem que soube comandar outros homens

Ivan Pinheiro Machado

No dia 5 de maio, eu escrevi um texto sobre o aniversário da morte de Napoleão. Coincidentemente, poucos mais de um mês depois, estamos lançando Manual do líder, um livro especialíssimo, preparado por um grande estudioso da história francesa da primeira metade do século XIX, Jules Bertaut (1877-1959). O livro traz frases e aforismos de Napoleão Bonaparte recolhidos de toda a bibliografia existente a seu respeito. Estadista, político e estrategista genial, Napoleão é um personagem grande demais, polêmico demais, fascinante demais a ponto de render milhares de livros, lendas e filmes. Foi comparado aos grandes conquistadores como Julio César, Alexandre, o Grande e Átila, o Huno. Foi endeusado por sua coragem pessoal em episódios como a famosa passagem sobre a ponte de Arcole, na Itália, quando assumiu a vanguarda de suas tropas e enfrentou a metralha austríaca. Chefiou campanhas memoráveis, como Rivoli, Austerlitz, Marengo entre tantas batalhas célebres. Fez tremer todas as monarquias européias e o sólido reino da Rússia e seu Tzar. Este corso audacioso e pobre que lia dois livros por dia, consumindo dezenas de velas nas madrugadas parisienses, soube utilizar sua carreira militar meteórica (com 26 anos era comandante em chefe do Grande Exército francês) e sua inteligência prodigiosa para fechar o ciclo da Revolução Francesa, com o golpe do 18 Brumário em 1799 quando assumiu o poder. Sua ambição territorial e militar é polêmica, mas seu talento como administrador é inquestionável. Ele nomeou-se imperador, mas nunca abandonou os princípios da Revolução que ajudara a consolidar. A França saiu do feudalismo e do atraso com a Revolução e com Napoleão. Ele transformou em leis os princípios de proteção ao cidadão. Ele lançou os preceitos da educação para todos, criou os códigos civil e penal, organizou a administração pública e modernizou o estado francês. Consequentemente, do mundo. Por tudo isso, esse Manual do líder é um lançamento imperdível. Não apenas para entender melhor o pensamento deste homem que soube como ninguém comandar outros homens, mas também um exemplo para aqueles que buscam estimular seu espírito de comando e liderança.

Para entrar ainda mais no clima do Manual do líder, assista à cena de um filme que mostra o emocionante retorno de Napoleão da Ilha de Elba.

Em tempos de Copa do Mundo…

… a camiseta da seleção da Eslovênia não parece familiar para vocês?

Olhem bem, mais de perto agora:

Adivinhou quem concluiu que a Nike evidentemente se inspirou no nosso querido amigo, o bom e velho Charlie Brown:

Vai dizer que a camiseta não é igualzinha? Quem matou a charada foi o Tiago Leifert, ontem, durante a transmissão do grande jogo entre Eslovênia e Argélia. Mas enquanto buscávamos imagens para ilustrar o post, descobrimos que o blog De olho no Brasil já tinha notado a semelhança em maio.

Snoopy, o presente perfeito para o dia 12

Ainda não sabe o que dar de presente para a sua metade da laranja amanhã? Pois então temos a honra de apresentar a solução dos seus problemas:

Snoopy 2 – Feliz Dia dos Namorados! é o presente ideal para namoradas (“aaaai, que fofo”) e namorados, que certamente darão muita risada com as cartas de amor do mascote do Charlie Brown, como essa aqui:

O poder das mulheres na Comédia humana

Por Ivan Pinheiro Machado

“Você tem uma sensibilidade em relação ao coração da mulher como nenhum outro homem… Ainda há algumas misérias deste pobre sexo que lhe escapam; mas, decerto, nunca um homem conseguiu entrar mais fundo na existência delas…”

Essas palavras da grande amiga de Balzac, Zulma Carraud, dão uma ideia da grandeza dos personagens femininos da Comédia Humana. Pode-se dizer, sem medo de errar, que entre a imensa galeria de protagonistas, se tirássemos todos os principais personagens masculinos, ainda assim a Comédia Humana se manteria de pé. Mas se deletássemos as mulheres, o edifício fatalmente ruiria.

Há nas 89 histórias (romances, novelas e contos) que compõe o monumental conjunto, um número formidável de extraordinárias mulheres. Só para citar algumas: a terrível prima Bette, a intensa e apaixonada Duquesa de Langeais, a condessa de Mortsauf que, literalmente, morre de amor em O lírio do vale, Julia d’Aiglemont, de A mulher de 30 anos, as fortes e belas Ginevra Pitombo e Eugénie Grandet, as cortesãs cuja beleza deslumbrante colocavam aos seus pés os barões de Paris como Málaga, Esther e Valéria, a maravilhosa e enigmática Paquita Valdés, de A Menina dos Olhos de Ouro e a incrível condessa Fedora, de Pele de Onagro. E há mais uma centena de grandes mulheres, personagens destacados que perambulam pelos volumes da Comédia Humana. São deliciosas as descrições que Balzac faz de uma bela mulher. Ele deleita-se, exagera, atiça a imaginação do leitor. Joga de maneira admirável com sua imensa capacidade de fazer frases de efeito. Veja como ele descreve uma de suas “musas”: “A profundidade de um abismo, a graça de uma rainha, a corrupção dos diplomatas, o mistério de uma iniciação e o perigo de uma sereia”.

No imenso e intrincado “sistema” da Comédia Humana, os personagens femininos possuem uma grandeza e uma dimensão que só uns poucos personagens masculinos conseguem ter. Elas são o centro do círculo social, comandam a cena. Os homens geralmente são marionetes nas mãos de mulheres poderosas. São traídos e humilhados, são mesquinhos e prepotentes, são vaidosos, arrogantes e quase sempre, ridículos.

Ele foi revolucionário ao narrar as vicissitudes do casamento, das uniões sem amor, numa época em que a “suave hipocrisia dos salões” recusava o divórcio e a separação. Criticou duramente os casamentos por interesses. Pregou as virtudes das “balzaquianas” em A mulher de 30 anos, seu livro mais célebre. E tolerou as traições, justificou as adúlteras mal-amadas e não raro, louvou as cortesãs. Na vida real, sempre procurou o amor das mulheres. Teve vários casos rumorosos, mas disso trataremos no próximo post.

Leia também:
– Balzac e as balzaquianas
Ouro e prazer
20 de maio: aniversário de Balzac
Sexo para todos os gostos
Balzac: o homem de (maus) negócios
O monumento chamado Comédia Humana
Por que ler Balzac
Balzac: a volta ao Brasil mais de 20 anos depois

CLIQUE AQUI PARA LER A PARTE 10 DESTA SÉRIE.

As influências para os pequenos

Sexo e drogas não são preocupações da Turma do Charlie Brown. Mas não é que alguém colocou o Linus citando Hunter Thompson?

Em uma tradução livre “Eu não recomendo sexo, drogas e loucura para todo mundo, mas sempre funcionou para mim”.

Via Trabalho Sujo.

A festa do Laerte

Hoje é aniversário do Laerte. Nós, educados que somos, não diremos quantos anos ele está completando (mas se alguém ficar muito curioso sugerimos clicar ali no link do nome dele). Então, para comemorar, convidamos você para uma festa da Gatinha e do Gato de Striptiras 1. Divirta-se!

Do cartunista, a L&PM também publicou Fagundes – Um puxa-saco de mão cheia, Piratas do Tietê 1 e 2 e Striptiras 2 e 3.