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Hunter Thompson já foi menino do Rio

O maluquete Hunter Thompson, criador do gonzo jornalismo e autor de Medo e delírio em Las Vegas, Rum: diário de um jornalista bêbado e Hell’s Angels publicado pela L&PM, morou no Rio de Janeiro. No alvorecer dos anos 60, ele passou uma temporada na América do Sul trabalhando como jornalista free-lancer. Andou pela Colômbia, pelo Peru e acabou dando com os costados no Brasil, onde fixou residência no Rio em 1963. Foi embora antes do golpe de 64, mas chegou a sentir o clima de opressão do exército e, inclusive, escreveu uma reportagem sobre a agitação política do governo Jango e outra a respeito de um atentado que as Forças Armadas promoveram contra uma boate, matando e ferindo vários civis.

Abaixo, vemos Hunter no centro de um amigo e de sua esposa, Sandra “Sandy” Down, na Praia de Copacabana, talvez no Posto 6.

Autores e citações

O artista americano Ryan Sheffield fez uma série de posters com retratos em tamanho 30 x 40cm de grandes escritores e suas respectivas citações mais famosas.  Os cartazes estão à venda num e-commerce colaborativo administrado pelo próprio artista. Qual deles é o seu preferido?

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O filme é bêbado, mas está longe de ser chato

Por Paula Taitelbaum*

Rum: Diário de um jornalista bêbado está na Coleção L&PM Pocket

Ele às vezes dá uma cambaleada, fica meio besta, mas quando parece que vai cair, agarra a gente pelo ombro, levanta a cabeça e segue em frente. Diário de um jornalista bêbado, o filme baseado no livro (quase) homônimo de Hunter Thompson, ganhou as piores críticas na imprensa daqui e de acolá. Injustiça com o coitado… Pensemos que é preciso ter paciência com os bebuns, pois sempre há algo de engraçado, terno e verdadeiro neles. E o filme estrelado por Johnny Depp tem vários momentos que honram a memória de Hunter Thompson – para quem o diretor Bruce Robinson dedicou sua obra. A trama que conta a história do decadente jornalista Paul Kemp, que chega a Porto Rico para ocupar uma vaga em um jornal de quinta categoria, começa bem, com uma cena aérea ao som de “Volare”. A partir daí, parece que tudo vai decolar, pois há bons atores em personagens que beiram o caricato: o mau-humorado editor de peruca, o gordo fotógrafo e seu galo de briga, o sarado playboy vilão… Até que entram em cena personagens que mereciam uma direção melhor como o “perrapado” jornalista Moberg, uma espécie de lixo ambulante viciado em etanol ou ainda a semi-gostosa Chenault que, na minha opinião, fica mais atraente quando vista pela luneta do que em super close. Mas, ok, como já disse, não chega a ser um desastre aéreo.

Paul Kemp, o gordo fotógrafo e o “perrapado” jornalista Moberg em cena de "Rum Diary"

Há pontos altos como as cenas trash/cômicas de fugas desenfreadas no meio da noite, madames satãs enfeitiçando aves, viagens de substâncias acidamente alucinógenas, além de citações do tipo “Eles sabem o preço de tudo… e o valor de nada” (em um momento em que Paul Kemp cita Oscar Wilde para definir os especuladores imobiliários do Caribe). E, com boa vontade – talvez mais do que você possa ter –, dá até pra engolir os momentos românticos e suas melodias melosas. Desde que, claro, você dê um desconto ao roteirista e não se prenda ao livro original, pois nele Hunter Thompson mergulhou a relação de Kemp e Chenault em bastante rum, o que a deixou com um sabor mais acre-erótico e menos adocicado-romântico.

Minha opinião é que vale a pena ver o filme. Achei um bom programa para uma sexta à noite. Eu só não tive coragem de encarar uma dose de rum na sequência. Se eu estivesse em Porto Rico, quem sabe…

*Paula Taitelbaum é escritora e coordenadora do Núcleo de Comunicação L&PM.

Onde há fumaça… há literatura

Já não se fazem mais escritores como antigamente. Pelo menos não daqueles de cachimbo em punho (ou nos lábios). Acessório que já foi tão fundamental quanto a máquina de escrever, ele parece ter caído em desuso. Ou porque os escritores de hoje andam mais saudáveis. Ou porque a moda mudou. De uma forma ou de outra, que o cachimbo tem (ou tinha) estilo, isso é verdade. Jack Kerouac e seus companheiros que o digam…

Jack Kerouac

Georges Simenon

Hunter Thompson

Mark Twain

Raymond Chandler

William Faulkner

Franz Kafka + Hunter Thompson

Se dá samba, nós não sabemos, mas que dá um belo vídeo de animação, isso dá! O pessoal da editora neozelandesa Good Books juntou as principais referências do livro A metamorfose, de Franz Kafka, e da história de Medo e delírio em Las Vegas, de Hunter Thompson, desenhou, coloriu, renderizou e deu nisso:

O vídeo está circulando na rede com o objetivo de divulgar o trabalho da Good Books que vende livros pela web com frete grátis para o mundo inteiro e investe 100% de seu lucro em projetos de caridade.

via Facool

“Rum: diário de um jornalista bêbado” estreia em abril

Quem já conhece a fórmula de sucesso Johnny Depp + Hunter Thompson pode começar a contar os dias, pois Rum: diário de um jornalista bêbado já tem data para estrear no Brasil: 20 de abril. Desta vez, o ator vive o repórter alcoólatra Paul Kemp, que tem várias semelhanças com o próprio Hunter Thompson, como é de praxe nos protagonistas de seus romances. Além de jornalista e bêbado, Paul Kemp se mete em várias enrascadas por causa de mulheres. Quem leu, sabe do que estamos falando!

Mas se você ainda não leu, dá tempo de conhecer a história até o dia 20 (pode começar lendo um trecho aqui). Por ora, dá uma olhada no trailer:

Dicas de leitura no Dia do Repórter

Além de Hunter Thompson, que já foi citado por aqui hoje, no Dia do Repórter, temos outras dicas de leituras para quem curte uma reportagem emocionante com clima de aventura. Dá só uma olhada:

1961 – O golpe derrotado, de Flávio Tavares – Testemunha e participante do Movimento da Legalidade, o jornalista Flávio Tavares escreveu este belo romance reportagem, onde a memória é o fio condutor que desnuda detalhes e revela a face oculta de tudo, com uma surpresa a cada passo. Colunista político nos anos 1960 da Última Hora, do Rio de Janeiro, Flávio foi preso e banido do Brasil pela ditadura em 1969. Á volta do exílio, trabalhou nos maiores jornais do país e publicou, antes do recém lançado “1961”, os livros Memórias do Esquecimento e o Dia em que Getúlio matou Allende.

10 dias que abalaram o mundo, de John Reed – Considerada a primeira grande reportagem moderna, este livro é uma minuciosa descrição da revolução comunista de 1917 na Rússia. Em 1914, John Reed, um norte-americano do Oregon foi para a Europa cobrir, pela Metropolitan Magazine, a Primeira Grande Guerra, recém iniciada. Ele e a esposa acabaram chegando em Moscou no auge do movimento revolucionário. Em 1981, Warren Beatty dirigiu e estrelou “Reds” como Reeds.

Um trem para a Suíça, de David Coimbra – Repórter esportivo, David Coimbra escreve no jornal com a mesma paixão que dedica a seus romances e novelas. Este livro reúnem crônicas e relatos de viagens. A Olimpíada da China e três Copas do mundo são o pano de fundo para histórias em países como Coreia, Japão, China, Malásia, África do Sul, Bolívia, Venezuela, Alemanha e Suíça. Entre as histórias/reportagens está um perigoso contato com os guerrilheiros das Farc nas selvas bolivianas.

Operação Condor: o seqüestro dos uruguaios, de Luiz Cláudio Cunha O sequestro de um casal de uruguaios, em 1978, numa ação dos órgãos de repressão do Uruguai e do Brasil, expôs as vísceras da sinistra Operação Condor à opinião pública brasileira e internacional. Alertados por um telefonema anônimo, o repórter Luiz Cláudio Cunha e o fotógrafo J.B. Scalco foram conduzidos até um apartamento em Porto Alegre, onde surpreenderam militares uruguaios e policiais brasileiros na fase final do sequestro do casal. Pela primeira vez no continente, jornalistas testemunhavam a Condor em pleno vôo.

O Smurf Repórter, de Peyo – Ok, este não é exatamente um livro sério e de reportagem como os outros que indicamos. Mas para quem quer descobrir, de forma divertida e colorida, um pouco mais sobre a vida do repórter, tá valendo. Fica a dica para as crianças. Em formato convencional e pocket.

Um repórter como nenhum outro

No dia do Repórter, 16 de fevereiro, lembramos de Hunter Thompson, jornalista cujas matérias deram origem ao gonzo jornalismo. Norte-americano nascido em Kentucky, Hunter Stockton Thompson inovou na forma e no conteúdo de suas reportagens. Mergulhando dentro de cada uma de suas pautas, acompanhado de muito álcool e turbinado por alguma substância ilícita, ele criou um jeito próprio de escrever que o elevou à categoria de celebridade “Cult”.

Hunter Thompson em seu "escritório"

A criação do estilo gonzo aconteceu quase que por acidente, numa tentativa de orbitar entre o mundo do novo jornalismo de Tom Wolfe e Gay Talese e as liberdades ilusórias poéticas de William Burroughs e Jack Kerouac. Gonzo designa um estilo de grande reportagem marcada pela participação do jornalista no âmago da reportagem, cuja redação é feita em primeira pessoa, com uso de sarcasmo e digressões, onde é muito difícil diferenciar ficção e realidade.

“Se os praticantes do Novo Jornalismo seguiam uma série de regras e se mantinham fiéis ao mais elementar dos paradigmas jornalísticos (a distância entre o observador e o que é observado), Thompson queria transpor a barreira essencial que o separava da ficção: o compromisso com a verdade. Também chamado de jornalismo fora-da-lei, jornalismo alternativo e cubismo literário, o gênero inventado por Thompson tinha sua força baseada na desobediência de padrões e no desrespeito das normas estabelecidas, o que contribuiu para que o seu criador logo se tornasse um dos principais ícones da contracultura. Enquanto Truman Capote esmiuçava os mais secretos pormenores de um assassinato com pretensa neutralidade, Thompson foi morar durante dezoito meses com os Hell’s Angels para fazer de sua própria experiência um raio-x preciso de uma das mais perigosas gangues de motoqueiros dos Estados Unidos. Foi o jornalista Bill Cardoso quem cunhou o termo gonzo em uma carta que escreveu ao amigo: ‘Eu não sei que porra você está fazendo, mas você mudou tudo. É totalmente gonzo’. Segundo Cardoso, a palavra originou-se da gíria franco-canadense gonzeaux, que significaria algo como ‘caminho iluminado.’.” escreveu sobre Hunter Thompson o jornalista André Czarnobai, o Cardoso.

Hunter Thompson incorporou e adotou o termo gonzo pouco antes de aceitar cobrir uma corrida no deserto de Nevada, para a revista Sports Illustrated. Em um conversível vermelho, ele partiu para Las Vegas na companhia de seu advogado, um samoano nada confiável. O resultado dessa aventura cercada de viagens alucinantes e alucinógenas acabou virando seu principal livro: Medo e Delírio em Las Vegas.

Dele, a Coleção L&PM Pocket publica ainda Rum – Diário de um jornalista bêbado, seu único livro de ficção. Mas que, claro, é baseado na sua própria experiência como jornalista e… bêbado.

Johnny Depp proibido para menores

Todo mundo sabe que os livros de Hunter Thompson não são lá muito apropriados para menos de 18 anos, por fazer constantes referências a bebedeiras e drogas ilícitas. Mas a fama do escritor acabou respingando também no ator Johnny Depp, que está a mil com a divulgação do novo filme The Rum Diary, baseado no livro de Thompson, e que estreia nos Estados Unidos no próximo fim de semana.

Durante o Festival de Cinema de Austin, no Texas, o ator foi ignorado pelas afiliadas da rede de televisão ABC que cobriam o evento. O motivo? A rede ABC pertence à Walt Disney Company, que é também a responsável pela franquia do filme Piratas do Caribe, com o mesmo Johnny Depp no papel principal. Além do “tom não recomendado” para menores, a Disney teme que o novo personagem de Depp ofusque o consagrado Jack Sparrow, protagonista de Piratas do Caribe.

Mas pelo jeito isso não afetou a divulgação de Rum Diary, que já está sendo aguardado há tempos por uma legião de fãs (inclusive nós!).  Esta já é a segunda vez que Johnny Depp leva a obra de Hunter Thompson para o cinema. Em 1998, ele fez o papel de um jornalista bêbado e drogado (senão não seria Hunter Thompson) em Medo e delírio em Las Vegas.

Enquanto The Rum Diary não chega aos cinemas do Brasil, aproveite para ler Rum: diário de um jornalista bêbado, o mais recente título de Hunter Thompson na Coleção L&PM Pocket.

O fim das máquinas de escrever

A notícia do fechamento da última fábrica de máquinas de escrever mecânicas do mundo causou certo pesar por aqui. Não por nostalgia, mas pela reverência que qualquer amante das letras tem pelas geringonças barulhentas que ajudaram nossos escritores a dar forma a algumas das maiores obras da literatura mundial.

“Desde que Mark Twain estreou como o primeiro escritor a batucar seus textos em quatro fileiras de teclas, a literatura adotou o invento como companheiro inseparável”, diz o texto da jornalista Dorrit Harazim para a revista Piauí deste mês. Desde então, vários outros autores foram flagrados “barulhando” textos geniais por aí:

Jack Kerouac

Millôr Fernandes

Uma sincera demonstração de afeto de Bukowski por sua máquina de escrever

John Fante

Hunter Thompson

Não só a literatura, mas também a música tem muito a agradecer às Olivettis, Remingtons, Hammonds, Olympias e Underwoods da vida…

Bob Dylan