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Pasolini é mais um nome de peso na Série Biografias L&PM

Na primavera de 1970, o poeta e cineasta Pier Paolo Pasolini esteve no Rio de Janeiro, com Maria Callas, para promover Medeia na América do Sul. Foi no Rio de Janeiro que o controverso Pasolini (no poema Hierarchia) descobrirá uma fraternidade irrealista com o subproletariado das favelas com um rapaz que ele chama de Joaquim:

Oh, Brasil, minha pátria infeliz,

destinada sem escolha à felicidade,

(o dinheiro e a carne são senhores de tudo, quando se é tão poético)

internamente cada um dos seus habitantes é meu concidadão,

existe um anjo que ignora tudo,

sempre debruçado sobre seu sexo,

movimentando-se, velho ou jovem,

para pegar nas armas e lutar

indiferente pelo fascínio ou pela liberdade.

Na Revista de cinema Bianco e Nero, março-abril de 1971, Pasolini recorda esse encontro com Joaquim em um poema, Res sunt nomina, que ele retomará em Empirismo eretico, quando acompanhou o rapaz até uma favela. Sua experiência se aproxima de modo muito intenso daquelas que conhecera nos anos 50, nas favelas dos subúrbios de Roma. Uma experiência humana, linguística e estética que será o ponto de partida para uma reflexão sobre o cinema e sua relação com a realidade.

Essas e muitas outras histórias estão no mais novo volume da Série Biografias L&PMPasolini, de René de Ceccatty.

Pasolini_BIOGRAFIA

O mais novo título da Sério Biografias L&PM

Pesquisadores identificam Machado de Assis em foto histórica sobre abolição

“Onde está Machado?”. Este é o título da matéria da Folha de S. Paulo que traz a incrível foto feita no dia 17 de maio de 1888, quatro dias depois da assinatura da Lei Áurea, e onde pesquisadores do portal Brasiliana Fotográfica identificaram a presença do escritor Machado de Assis. O título é perfeito, já que há uma multidão na imagem.

A divulgação dessa descoberta foi feita exatamente no aniversário da foto, domingo passado, em 17 de maio de 2015.

Essa fotografia mostra a missa campal celebrada em São Cristóvão, no Rio, em homenagem à abolição da escravatura e que reuniu cerca de 30 mil pessoas. A imagem foi registrada pelo fotógrafo Antonio Luiz Ferreira e pertence hoje à coleção do IMS (Instituto Moreira Salles). No canto esquerdo, está a princesa Isabel e seu marido, o conde D’Eu. Analisando a foto, os pesquisadores notaram a presença de Machado de Assis à direita, próximo ao casal real.

MACHADO ONDE

Clique sobre a imagem para ampliá-la e passear por ela em uma interação feita pela Folha de S. Paulo

A equipe da Brasiliana Fotográfica, portal que foi lançado em abril deste ano, digitalizou a fotografia em alta resolução e se dedicou a examinar os detalhes da cena. O palco em que está a princesa Isabel foi ampliado 15 vezes e isso fez com que eles notassem um homem bastante semelhante ao autor de “Dom Casmurro”. Depois disso, especialistas em Machado confirmaram se tratar mesmo dele.

MACHADO PRINCESA

Olha o Machado aqui!

Historicamente, esta descoberta é bastante importante porque, segundo Ubiratan Machado, autor de “Dicionário de Machado de Assis” e um dos principais estudiosos da documentação machadiana, a presença do escritor na missa era “fato até hoje desconhecido pelos biógrafos”.

Já Valentim Facioli, professor aposentado da USP, dono da editora Nankin e pesquisador de Machado há 50 anos, ainda está desconfiado: “Não bato o martelo de que é Machado, mas realmente parece muito com ele”.

O inglês John Gledson, outro estudioso do autor também disse que realmente se parece muito com o escritor brasileiro, mas há uma coisa que lhe intriga: “Me surpreende que ele estivesse tão perto da princesa. Ele não era exatamente membro da elite, embora já fosse famoso na época”.

Próxima parada: a biografia de Antonio Bivar em peça

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Dois autores de destaque nos anos 70. Jovens autores premiados que deixaram voluntariamente o país durante a ditadura militar e que foram representantes do movimento da contracultura. Esse é o ponto de partida do projeto “Próxima Parada”, fruto de uma pesquisa em torno de textos teatrais, biografias e outras obras dos dramaturgos José Vicente (1945-2007) e Antonio Bivar.

No ano em que o Brasil comemora 30 anos do fim do regime militar, o ineditismo do projeto “Próxima Parada” vem do foco no percurso de ambos os autores e de personagens de suas obras, entrelaçando histórias reais e ficcionais, dados históricos e políticos, e depoimentos recolhidos através das cartas que José Vicente e Antonio Bivar trocaram ao longo de anos de amizade e de viagens feitas pela Europa e América Latina, atingindo a dramaturgia, a interpretação, a cenografia e demais elementos cênicos.

O projeto “Próxima Parada” nasceu em 2013, durante ateliê realizado no Centro Cultural Calouste Goulbenkian, ministrado por Cesar Augusto e Marcelo Valle, ambos membros fundadores da Cia dos Atores, renomado grupo teatral carioca. Em seguida, durante oficina no Teatro Ipanema, foram pesquisadas as obras “Hoje é dia de rock”, de José Vicente, que teve montagem histórica neste mesmo teatro, e “Verdes vales do fim do mundo”, de Bivar. E, por fim, no próprio Espaço SESC , teve continuidade a pesquisa por técnicas e experimentos voltados para o desenvolvimento do trabalho autoral dos atores.

No final do ano de 2014, Cesar Augusto se encontra com Antonio Bivar em São Paulo para debater suas obras teatrais, como “Cordélia Brasil”, “O cão siamês ou Alzira Power”, “Longe daqui, aqui mesmo”; livros como “O que é punk”, em que o autor revela o movimento que sacudiu o fim dos anos 70; e suas autobiografias “Verdes vales do fim do mundo” (1985), “Longe daqui, aqui mesmo” (1995) e “Mundo adentro, mundo afora”, estes três lançados pela L&PM Editores.

SERVIÇO

Local: Teatro Café Pequeno (Rua Ataulfo de Paiva, 269, Leblon)

Datas: de 08 a 31 de maio de 2015

Horários: sexta a domingo, 20h

Bilheteria: (21) 2294-4480

Ingressos: R$ 30,00 (inteira) / R$ 15,00 (meia) / R$ 10,00 (estudantes de Artes Cênicas apresentando comprovação de matrícula)

Classificação etária: 16 anos

Duração: 70 minutos

 

O último encontro com Eduardo Galeano

galeano1Daqui a dois dias, fará exatamente um ano que Eduardo Galeano falou em público pela última vez no Brasil. Em 15 de abril de 2014, depois de passar pela Bienal de Brasília – onde foi o grande homenageado – o escritor uruguaio palestrou na PUC do Rio de Janeiro. Foi um encontro emocionado em que ele comentou sentir-se sufocado de tanto carinho. Naquela terça-feira, o espaço reservado para o escritor uruguaio mostrou-se pequeno para a multidão que queria vê-lo, ouvi-lo e quem sabe até tocá-lo. O evento aconteceria em um auditório de 150 lugares, mas acabou sendo transferido para o ginásio com capacidade para 3.000 pessoas que ocuparam cadeiras e sentaram-se no chão, enquanto Galeano se acomodou sobre o palco. No encontro, ele leu trechos de seu último livro, Os filhos dos dias, e agradeceu a acolhida. Para os privilegiados que puderam estar lá, fica a lembrança não apenas de um escritor maiúsculo, como também de um homem inteligente, verdadeiro, simples, bem-humorado e simpático. Galeano partiu na manhã de 13 de abril de 2015. Deixa saudades e uma obra eterna.

A última palestra de Eduardo Galeano no Brasil aconteceu em 15 de abril de 2014 na PUC RJ. Foto Ivan Pinheiro Machado

A última palestra de Eduardo Galeano no Brasil aconteceu em 15 de abril de 2014 na PUC RJ. Foto Ivan Pinheiro Machado

Hunter Thompson já foi menino do Rio

O maluquete Hunter Thompson, criador do gonzo jornalismo e autor de Medo e delírio em Las Vegas, Rum: diário de um jornalista bêbado e Hell’s Angels publicado pela L&PM, morou no Rio de Janeiro. No alvorecer dos anos 60, ele passou uma temporada na América do Sul trabalhando como jornalista free-lancer. Andou pela Colômbia, pelo Peru e acabou dando com os costados no Brasil, onde fixou residência no Rio em 1963. Foi embora antes do golpe de 64, mas chegou a sentir o clima de opressão do exército e, inclusive, escreveu uma reportagem sobre a agitação política do governo Jango e outra a respeito de um atentado que as Forças Armadas promoveram contra uma boate, matando e ferindo vários civis.

Abaixo, vemos Hunter no centro de um amigo e de sua esposa, Sandra “Sandy” Down, na Praia de Copacabana, talvez no Posto 6.

Kandinsky no Rio de Janeiro

O Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) do Rio de Janeiro inaugurou na quarta-feira (28) a exposição Kandinsky: Tudo Começa num Ponto. A mostra – que já esteve em Brasília e ainda vai percorrer duas capitais brasileiras – traz pela primeira vez ao país mais de uma centena de obras e objetos do artista, além de trabalhos de contemporâneos sob suas influências.

O acervo trazido ao Brasil tem como base a coleção do Museu Estatal Russo, de São Petersburgo, enriquecido com obras de sete museus russos e de colecionadores particulares da Alemanha, Áustria, Inglaterra e França. As referências culturais e espirituais que contribuíram para a transformação artística do pintor, como a arte popular do Norte da Sibéria e os rituais xamânicos, também ganham destaque na mostra.

“Diferentemente de outras exposições sobre Kandinsky, apresentadas pelo mundo, essa tem a característica de se centrar no surgimento dele como artista e de mostrar o período que vai desde o final do século 19 até as primeiras décadas do século 20”, explica o idealizador e diretor-geral da mostra, Rodolfo de Athayde. “É o período em que Kandinsky passa por um processo de evolução que o leva de um pintor representativo comum até a criação e consolidação da ideia da abstração”, acrescenta.

Os curadores, Evgenia Petrova (também diretora do Museu de São Petersburgo) e Joseph Kiblitsky, organizaram a exposição em cinco blocos. Os segmentos retratam as raízes da obra em relação à cultura popular e o folclore; o universo espiritual do xamanismo no Norte da Rússia; a primeira temporada de Kandinsky na Alemanha e sua experiência com o grupo Der Blaue Reiter (O Cavaleiro Azul); o diálogo do artista com a música, por meio de sua amizade com o compositor Schonberg e os caminhos abertos pela abstração.

“A exposição, portanto, cobre a etapa que consideramos, do ponto de vista criativo, a mais inquietante e produtiva do artista, que vai até 1922, quando ele parte para o exílio, primeiramente na Alemanha, depois na França”, enfatiza Athayde.

Do Rio, a exposição irá para o CCBB de Belo Horizonte, para visitação pública de 15 de abril a 22 de junho. De lá seguirá para São Paulo, com visitação agendada entre 19 de julho a 28 de setembro. A visitação no CCBB do Rio ocorrerá de quarta-feira a segunda, das 9h às 21h, com entrada grátis.

Kandinsky_Rio
Fica a dica para o final de semana.

O Rio de Janeiro de Machado de Assis no Facebook

Machado de Assis está no Facebook e está fazendo posts diários sobre sua vida no Rio de Janeiro. Não é ficção. É, isso sim, parte do projeto O Rio de Machado de Assis que contará com uma exposição no MAR (Museu de Arte do Rio) no mês outubro, além do lançamento de um aplicativo para celulares e tablets no qual os usuários poderão revisitar os lugares por onde passava Machado de Assis. A inspiração dos criadores veio dos aplicativos londrinos que ajudam os usuários a percorrerem os caminhos de Charles Dickens.

E por falar nisso, os livros de Machado de Assis publicados pela L&PM trazem na introdução um panorama do Rio de Janeiro na época de Machado, organizado pelo escritor Luís Augusto Fischer.

Machado de Assis no Rio de Janeiro

Machado de Assis no Rio de Janeiro

 

“Mônica Parade” fica até 15 de agosto no Rio

Ela segue sendo dentuça, mas de baixinha essa Mônica não tem nada. Pelo menos não nas 20 esculturas exibidas no “Mônica Parade” que agora está em exposição no Rio de Janeiro. Somando o 1,60 m de cada estátua mais a sua base de 25 cm, cada Mônica chega a 1,85 m de altura.

A intervenção urbana que comemora os 50 anos da mais famosa personagem de Mauricio de Sousa pode ser vista até 15 de agosto no Parque Garota de Ipanema que fica na Praia do Arpoador.

Inspirado no “Cow Prade”, o “Mônica Parade” já passou por São Paulo e Belo Horizonte com grande sucesso. Só na capital paulista ela foi vista por mais de 5 milhões de pessoas e foram publicadas mais de 15 mil fotos no Instagram.

A curadoria dos artistas ficou por conta do próprio Mauricio de Sousa, que também deixará sua marca em uma das esculturas: a Mônica Embaixadora. Mais informações no site oficial: www. monicaparade.com.br

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Mônica e sua turma também estão em vários livros da Coleção L&PM Pocket.

A Alice de Salvador Dalí é sucesso no Rio

Mais de 150 mil pessoas já visitaram a exposição Salvador Dalí no Rio de Janeiro. Aberta desde 30 de maio no CCBB – Centro Cultural Banco do Brasil, esta é a maior mostra já realizada sobre Dalí no Brasil e apresenta sua criação desde os anos 1920 até os últimos trabalhos. A exposição traz ao todo 150 obras, entre 29 pinturas, 80 desenhos e gravuras, filmes, fotografias e documentos do artista catalão. A ideia é a de que o visitante reconheça a evolução artística de Dalí e perceba as diferentes influências, os recursos técnicos, as referências ideológicas e os simbolismos usados em cada fase.

O universo onírico e provocante de Salvador Dalí ocupa 1000 m² do primeiro andar do CCBB-RJ. Entre as obras, há desenhos feitos por Dalí para ilustrar os livros Dom Quixote de La Mancha, de Miguel de Cervantes, e Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll.

Você tem até 22 de setembro para conferir de perto.

Alice na toca do coelho, uma das doze ilustrações que Dalí fez para a obra de Lewis Carroll

“Para baixo na toca do coelho”: uma das doze ilustrações que Dalí fez para a obra de Lewis Carroll

Clique aqui para ver todas as ilustrações de Dalí para Alice no País das Maravilhas.

SERVIÇO

O que: Exposição Salvador Dalí
Quando:
até 22 de setembro, de quarta a segunda, das 9h às 21h
Onde: Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro
Rua Primeiro de Março, 66, Centro, Rio de Janeiro (RJ)
Quanto: grátis
Mais informações: (21) 3808-2020

 

Ciclo de palestras sobre Nietzsche no Rio

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A Caixa Cultural Rio de Janeiro apresenta, de 20 a 23 de maio, o ciclo de palestras Nietzsche 170 anos: filósofo, educador, escritor.  

Friedrich Nietzsche (1844-1900) exerceu determinante impacto no pensamento ocidental. Entre elogios e críticas, é impossível falar dos diversos âmbitos da cultura contemporânea sem remissão à sua obra. E o interesse não para de crescer justamente por se reconhecer na obra nietzscheana a abertura que ela proporcionou aos diversos aspectos do pensar.

Discutir a atualidade desse pensamento e suas possíveis interpretações e interfaces é o objetivo do ciclo deste palestras.

Organização e Coordenação Geral:
André Masseno e Tiago Barros

Mais informações:
nietzschecaixa@gmail.com

80 vagas. Sujeito à lotação.
Senhas distribuídas a partir das 17h30.

CAIXA CULTURAL:
Av. Almirante Barroso, 25 – Centro
(próximo ao metrô Carioca)
Telefone: (21) 3980-3815

Conheça os títulos e Nietzsche publicados na L&PM.