Arquivo mensais:janeiro 2020

Autor de “Chernobyl” nos conta sua experiência como consultor da minissérie

A pedido da L&PM Editores, que publica o livro “Chernobyl 01:23:40” no Brasil, Andrew Leatherbarrow nos enviou um texto sobre a experiência que teve como consultor da minissérie que recebeu o Globo de Ouro. A tradução do texto é de Luciana Rodrigues.

chernobyl andrew

Estou muito feliz que a minissérie Chernobyl da HBO & Sky ganhou dois prêmios no Globo de Ouro deste ano, um para Stellan Skarsgård (ator coadjuvante) e um de melhor minissérie — ambos muito merecidos. Quando fui contatado pelo assistente de Craig Mazin para fazer algumas pesquisas para ele, em março de 2017, eu estava inicialmente cético sobre o rumo da conversa. Várias entidades já haviam discutido sobre o licenciamento do meu livro ‘Chernobyl 01:23:40’ para filmes e séries de TV antes, mas todas pareciam estar mais interessadas no dinheiro fácil e não ​​na essência do desastre de 1986. A maioria dos filmes do tipo “baseado em fatos reais” pega apenas a premissa mais básica de um evento e depois ignora completamente o que aconteceu, exagerando em todos os aspectos. Porém, quando conversei com ele, ficou claro que a principal preocupação era escrever um tributo às pessoas envolvidas. Ele incluiu diversos elementos e, basicamente, tudo o que havia acontecido em Chernobyl aconteceria em sua história.  Também me fez várias perguntas hiperdetalhadas sobre o específico reator nuclear envolvido (tive que vasculhar meus livros e falar com especialistas que conheço para tentar responder) porque ele realmente se importava com os detalhes, mesmo havendo me avisado na época que nada assim tão específico seria incluído — ele só queria saber para fazer jus à história.

Ao visitar as filmagens no verão de 2018, fiquei impressionado com o que vi. Salas e mais salas de figurinistas cercados por centenas de roupas soviéticas dos anos 80; um departamento de arte repleto de esboços, modelos e pinturas incríveis de tudo da minissérie; veículos antigos sendo reparados e repintados para serem exibidos nas cenas; um depósito gigantesco repleto de coisas e itens soviéticos; atores andando de um lado para o outro ensaiando suas falas. Por fim, uma recriação perfeita em grande escala da fatídica sala de controle. Não consigo descrever o quão surreal foi ficar de pé assistindo os atores representarem os eventos reais em uma recriação do lugar real diante dos meus olhos. Craig, Johan, o diretor e eu, passamos um tempo discutindo sobre como os homens estariam pensando e como eles se comportariam etc., eles realmente se preocupavam muito com a maior aproximação possível da provável realidade. Estou feliz que o programa tenha recebido o reconhecimento que merece e é ótimo vê-lo ganhando prêmios também, depois de todo o trabalho duro. Me sinto honrado por ter desempenhado um pequeno papel em sua criação.

Estreia nova adaptação de “Mulherzinhas”

Estreia nesta quinta-feira, 9 de janeiro, no Brasil, a nova adaptação do romance Mulherzinhas (Little Woman), de Louisa May Alcott. O drama, que tem muito de autobiográfico, foi escrito para ser uma história adolescente, mas conquistou mulheres de todas as idades e todas as épocas a partir de então. E levou Alcott a criar continuações literárias para as irmãs da família March. Agora, 150 anos depois de sua publicação original, chega mais uma adaptação aos cinemas com o título de “Adoráveis Mulheres”. Dessa vez, num filme roteirizado e dirigido por Greta Gerwig (de Lady Bird: A Hora de Voar). É uma adaptação fiel do texto de Alcott sobre a situação social das mulheres no fim do século 19, mas a obra ganhou uma atualização: fã do livro, Gerwig realçou o subtexto feminista. Em uma recente entrevista, a diretora disse que o livro havia ficado envolvido numa “moralidade de cartão postal”.

— Quando voltei a lê-lo já adulta, percebi como era espinhoso, estranho e revolucionário —afirmou ao El País. — Uma das coisas de que gosto em Alcott é que seu feminismo não é excludente: vê como uma mudança em que mulheres e homens saem ganhando.

Conheça as principais personagens e as atrizes que as interpretam:

jo blogJosephine March / Saoirse Ronan – Conhecida por Jo, é a escritora da família. Personagem que tem traços da própria Louisa May Alcott – na cena de abertura, ouve de um editor uma regra fundamental para histórias com protagonista feminina com a qual não concorda. Jo é um espírito indômito, uma personagem à qual Saoirse Ronan se entrega de tal maneira que, em alguns instantes, parece que vai saltar para fora da tela, de tão viva.

AMY BLOGAmy March / Florence Pugh – Amy à primeira vista, é fútil e até cruel. Mas, na visão de Greta Gerwig, ela é a garota que diz mais claramente o que quer e a que mais se esforça para consegui-lo 0 “É significativo que durante 150 anos não tenhamos gostado dela”, disse a diretora. “Talvez seja um símbolo do progresso que tenhamos mudado de ideia.” Com os olhos penetrantes e a voz grave de Florence, a personagem torna-se ainda mais forte.

meg emma blogMeg March / Emma Watson – Meg é a irmã March que, voluntariamente, troca seu talento como atriz por uma vida como esposa e mãe. Não é fácil – não porque falte amor do ou pelo marido, mas porque falta grana. O embate entre seus sonhos – ou o que seriam os sonhos impostos pela sociedade – e a realidade é brilhantemente sintetizado logo no começo do filme, quando Greta Gerwig, em cenas curtas, apresenta e define a personalidade das quatro irmãs.

BETH BLOGBeth March / Eliza Scanlen – encarna Beth, a pianista e a mais frágil das irmãs March – foi por ser legítima herdeira do coração da mãe (capaz de doar a ceia de Natal da família para imigrantes pobres) que acabou contraindo a grave febre escarlatina. Participa de poucos diálogos, mas seu olhar ora generoso, ora assustado é bastante eloquente. E é em torno de Beth que gira boa parte do drama familiar já que precisam tratar da sua doença.

MARMEE BLOGMarmee March / Laura Dern – A mãe das das meninas March, espera o marido voltar da guerra, enquanto cuida sozinha da família. Uma de suas frases reflete, em um filme de época, a resignação sofrida de muitas mulheres contemporâneas às convenções sociais:
— Eu tenho raiva quase todos os dias da minha vida, mas 40 anos de prática me ensinaram a não demonstrá-la.

TIA BLOGTia March / Meryl Streep – Na pele de tia March, a rica e aristocrata da família, Meryl Streep é responsável por muitas das tiradas cômicas (algumas, diga-se, maldosas) do filme, como quando diz:
— Eu posso não estar sempre certa, mas eu nunca estou errada.
Meryl Streep também se declarou fã do livro e deu várias sugestões para Greta Gerwig.

 

A L&PM publica Mulherzinhas na Coleção L&PM Pocket com tradução de Denise Bottmann e Federico Carotti.

Mulherzinhas

“Chernobyl” vence Globo de Ouro 2020 de melhor minissérie

Chernobyl-HBO

A série “Chernobyl”, da HBO, já figurava em praticamente todas as listas das “melhores séries de 2019”. Agora, o posto de “melhor” foi oficialmente ocupado por ela ao vencer o Globo de Ouro 2020 na categoria Série, Minissérie ou Filme de TV. Além disso, o ator Stellan Skarsgård levou o troféu de melhor ator coadjuvante.

O consultor da série, Andrew Leatherbarrow, é autor do livro Chernobyl – 01:23:40, publicado no Brasil pela L&PM. A obra apresenta um relato claro, preciso e instigante sobre o pior acidente nuclear de todos os tempos, além de mostrar o que resta hoje da cidade-fantasma de Pripyat, onde ficava a usina. O livro traz também um caderno de fotos coloridas de autoria de Leatherbarrow.

Assistir a Chernobyl, assim como ler o livro, é fundamental para conhecer este evento histórico que marcou profundamente o mundo.

Chernobyl