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Autor de “Chernobyl” nos conta sua experiência como consultor da minissérie

A pedido da L&PM Editores, que publica o livro “Chernobyl 01:23:40” no Brasil, Andrew Leatherbarrow nos enviou um texto sobre a experiência que teve como consultor da minissérie que recebeu o Globo de Ouro. A tradução do texto é de Luciana Rodrigues.

chernobyl andrew

Estou muito feliz que a minissérie Chernobyl da HBO & Sky ganhou dois prêmios no Globo de Ouro deste ano, um para Stellan Skarsgård (ator coadjuvante) e um de melhor minissérie — ambos muito merecidos. Quando fui contatado pelo assistente de Craig Mazin para fazer algumas pesquisas para ele, em março de 2017, eu estava inicialmente cético sobre o rumo da conversa. Várias entidades já haviam discutido sobre o licenciamento do meu livro ‘Chernobyl 01:23:40’ para filmes e séries de TV antes, mas todas pareciam estar mais interessadas no dinheiro fácil e não ​​na essência do desastre de 1986. A maioria dos filmes do tipo “baseado em fatos reais” pega apenas a premissa mais básica de um evento e depois ignora completamente o que aconteceu, exagerando em todos os aspectos. Porém, quando conversei com ele, ficou claro que a principal preocupação era escrever um tributo às pessoas envolvidas. Ele incluiu diversos elementos e, basicamente, tudo o que havia acontecido em Chernobyl aconteceria em sua história.  Também me fez várias perguntas hiperdetalhadas sobre o específico reator nuclear envolvido (tive que vasculhar meus livros e falar com especialistas que conheço para tentar responder) porque ele realmente se importava com os detalhes, mesmo havendo me avisado na época que nada assim tão específico seria incluído — ele só queria saber para fazer jus à história.

Ao visitar as filmagens no verão de 2018, fiquei impressionado com o que vi. Salas e mais salas de figurinistas cercados por centenas de roupas soviéticas dos anos 80; um departamento de arte repleto de esboços, modelos e pinturas incríveis de tudo da minissérie; veículos antigos sendo reparados e repintados para serem exibidos nas cenas; um depósito gigantesco repleto de coisas e itens soviéticos; atores andando de um lado para o outro ensaiando suas falas. Por fim, uma recriação perfeita em grande escala da fatídica sala de controle. Não consigo descrever o quão surreal foi ficar de pé assistindo os atores representarem os eventos reais em uma recriação do lugar real diante dos meus olhos. Craig, Johan, o diretor e eu, passamos um tempo discutindo sobre como os homens estariam pensando e como eles se comportariam etc., eles realmente se preocupavam muito com a maior aproximação possível da provável realidade. Estou feliz que o programa tenha recebido o reconhecimento que merece e é ótimo vê-lo ganhando prêmios também, depois de todo o trabalho duro. Me sinto honrado por ter desempenhado um pequeno papel em sua criação.