Arquivo mensais:julho 2016

A grande exposição dos beats na Europa

expo-paris-beat-generation-centre-pompidou
“Beat Generation”, a primeira grande retrospectiva sobre o tema na Europa está aberta desde 22 de junho do Centro Pompidou em Paris. Concebida e apresentada pelo próprio centro, é considerada uma mostra sem precedentes que enfatiza o movimento que marcou profundamente a cena criativa contemporânea.

Nômade, a exposição vai além de Paris para aportar em Nova York e San Francisco, Cidade do México e Tânger. E mostrar que o movimento beat também passa pela música, cinema, fotografia e artes plásticas.

O rolo do manuscrito original de “On the Road” está lá, claro, desenrolando-se na semi escuridão para que assim não sofra com a luz e siga preservado para as próximas gerações… beats.

SERVIÇO

O que: Exposição Beat Generation, curadoria de Philippe-Alain Michaud e Jean-Jacques Lebel
Quando: Até 3 de outubro de 2016
Onde: Centro Pompidou, Galeria 1, Nível 6, 75191 Paris Cedex 04: 01 44 78 12 33. Metro Hotel de Ville Rambuteau. Aberto das 11 às 21h, todos os dias excepto às terças-feiras, 14 ou 11 €. Válida no dia para o museu nacional de arte moderna e todas as exposições.

Assista ao vídeo oficial da exposição:

A L&PM tem uma série inteira dedicada aos beats.

Brincar ou não brincar com os textos de Shakespeare? Eis a questão

Shakespeare remix topo

Alguns podem considerar uma heresia, mas nós achamos bem divertido. Estamos falando do Remix Shakespeare, jogo criado pelo jornal O Globo para marcar os 400 anos da morte de William Shakespeare.”Remix Shakespeare” é uma brincadeira educativa com os textos do mais famoso bardo da literatura.

500 leitores do jornal selecionaram 30 mil falas de 200 personagens de Shakespeare para serem montadas como o jogador quiser. Sim, “Shakespeare Remix” é um jogo no qual o participante pode escolher até dez.

Dê uma olhada em como se joga:

SHAKESPEARE REMIX COMO FUNCIONA

Clique sobre a imagem para ampliar

Depois do texto mixado, o jogador descobre de qual personagem e de qual peça vieram as falas utilizadas no remix. É possível compartilhar o resultado nas redes sociais e, ao clicar sobre o nome do personagem, acessar uma pequena descrição e um vídeo no qual os colaboradores do projeto interpretam uma cena representativa da obra em questão. A iniciativa foi idealizada por Gabriela Allegro, jornalista do Núcleo de Dados d´O Globo.

A L&PM tem uma série inteirinha dedicada a Shakespeare.

David Coimbra e seu entusiasmo com “Uma breve história dos Estados Unidos”

O jornalista e escritor David Coimbra escreveu, em sua coluna de quarta-feira, 20 de julho, no jornal Zero Hora, um breve relato sobre Uma breve história dos Estados Unidosobra de James West Davidson lançada recentemente pela L&PM. David conta um pouco sobre o porquê de sua empolgação:

(…) Entusiasmei-me com um livro lançado recentemente pela L&PM: Uma breve história dos Estados Unidos, de James West Davidson. Aí está alguém que conta a história como a história deve ser contada. Nesse livro, Davidson tenta entender por que os Estados Unidos são como são. E consegue.

Há relatos saborosos de personagens grandes e pequenos da América. Um deles, um jovem do Leste chamado Sam Clemens, que “comprou uma camisa de flanela e um grande chapéu de feltro, deixou crescer a barba e o bigode” e foi para o Oeste, em busca de ouro. Passou cinco meses em Nevada, escavando sob o sol durante os calores do dia e padecendo durante o frio da noite em uma cabana mal vedada. Um dia, desesperado, escreveu ao irmão, pedindo que lhe mandasse qualquer dinheiro que tivesse: “Quero fazer fortuna ou falir de uma vez. Minhas costas estão doendo e minhas mãos, cheias de bolhas”.

Como esperava, Sam faliu. Por US$ 40 mensais, aceitou emprego em uma fábrica que triturava minérios. Quando recebeu o primeiro salário, se enfureceu. Marchou até o patrão e exigiu um aumento: queria não US$ 40 por mês, mas, no mínimo, 400 mil. Foi demitido na hora.

Sam voltou para o Leste e, como não esperava, acabou fazendo fortuna. Não como mineiro: ele mudou o nome para Mark Twain e escreveu um livro chamado Huckleberry Finn. Dessa obra, Hemingway disse o seguinte: “Toda a literatura americana se origina desse livro. Não havia nada antes. Não houve nada tão bom desde então”.

Não é lindo?

É linda a história contada por James West Davidson. Leia o livro, mesmo que você não seja americanófilo. Você vai gostar.

Breve historia EUA

A casa onde Jane Austen ainda vive

No início de 1817, Jane Austen, já bastante doente, deixou a casa em que vivia com a irmã Cassandra na cidade de Hampshire (há 80 quilômetros de Londres) e mudou-se para Winchester com o objetivo de ficar mais próxima de seu médico. A mudança, no entanto, não foi suficiente para salvá-la e, no dia 18 de julho de 1817, aos 41 anos, ela faleceu nos braços de Cassandra. A causa morte foi divulgada como sendo câncer, mas hoje considera-se que a escritora sofria de Doença de Addison.

Mas alguns dizem que ela continua habitando a casa em estilo georgiano de Hampshire – em que viveu entre 1809 e 1817 -, e onde ela trabalhou na revisão dos manuscritos de Orgulho e Preconceito e PersuasãoEm 1949, a residência das irmãs Austen virou museu independente e é administrado pelo “Jane Austen Memorial Trust”. Na casa,  não há nenhuma réplica, tudo é real e pertenceu à Jane Austen. Um documentário já revelou que as pessoas que visitam a casa são envolvidas por uma sensação de paz e que, frequentemente, portas se abrem sozinhas e as pessoas ouvem passos e têm a sensação de que alguém passou. Uma funcionária do museu contou que, certa vez, estava sozinha na casa transcrevendo uma das cartas de Cassandra quando ouviu um barulho estranho no jardim. Ao olhar pela janela, ela não viu nada, mas ao sentar-se novamente para continuar a transcrição, escutou uma voz sussurrando “Cas, Cas…” Isso aconteceu algumas vezes e a moça ficou convencida de que, naquele dia, não foi apenas ela quem leu a carta de Cassandra. Para a funcionária, Jane Austen estava mesmo ao seu lado. Ai, que arrepio!

Jane-Austen-House

Olha lá a Jane Austen na janela!

O belo “O caçador de histórias” em O Globo

O Segundo Caderno do jornal O Globo de sábado, 16 de junho, traz uma crítica do livro “O caçador de histórias”, de Eduardo Galeano, assinada por Diogo de Hollanda, jornalista, tradutor e doutor em literaturas hispânicas pela UFRJ. Leia abaixo:

Galeano_Globo_16junho

Clique para ampliar e ler a crítica de Diogo de Hollanda

Uma taça de champanhe e um trem de ostras na morte de Tchékhov

“Anton sentou-se totalmente ereto e disse em voz alta e clara (embora ele não soubesse quase nada de alemão): Ich sterbe (Estou morrendo). O médico o acalmou, pegou uma seringa, deu-lhe uma injeção de cânfora e pediu champanhe. Anton tomou uma taça cheia, examinou-a, sorriu para mim e disse: “Já faz muito tempo que eu não bebo champanhe.” Ele esvaziou a taça e inclinou-se tranquilamente para a esquerda. E eu só tive tempo de correr em sua direção e colocá-lo na cama e chamá-lo, mas ele tinha parado de respirar e estava dormindo em paz como uma criança…”

O relato acima foi escrito por Olga, esposa de Anton Tchékhov, depois da morte do marido, na noite do dia 14 para 15 de julho de 1904.

Tchékhov, um dos maiores nomes da literatura russa, viu sua tuberculose se agravar em maio daquele ano. Em 3 de junho, ele partiu com Olga para a cidade alemã de Badenweiler, na Floresta Negra, de onde passou a escrever cartas para sua irmã Masha, nas quais descrevia a comida e o ambiente. Em sua última carta, ele comentou a maneira como as mulheres alemãs se vestiam: “não há uma única alemã decentemente vestida. A falta de gosto delas me deprime.”

Após sua morte, o corpo foi levado para Moscou em um vagão de trem refrigerado que servia para transportar ostras frescas, o que causou indignação em seu amigo e também escritor, Gorky. Outro fato que hoje soa engraçado é que, por engano, milhares de pessoas seguiram o cortejo fúnebre do general Fyodor Keller, por estar ele acompanhado de uma banda militar. Tchékhov foi enterrado ao lado de seu pai no Cemitério Novodenichy na capital russa.

Tchékhov e Gorky em 1900

Tchékhov e Gorky em 1900

 

14 de julho de 1789: o início de novos tempos

14 de julho é uma data emblemática da história da humanidade. Foi na madrugada de 13 para 14 de julho de 1789 que um grupo de cidadãos parisienses, inconformados com a fome e culpando a monarquia por todos os seus males, invadiu aquela que era o símbolo do autoritarismo político daqueles tempos: a prisão da Bastilha. Em poucas horas, a cidade de Paris foi tomada pela revolta e a enorme fortaleza foi incendiada, simbolizando o começo de novos tempos. A Queda da Bastilha pode ser considerado o acontecimento mais importante da história ocidental, pois a partir dele tudo mudou.

As quase 500 páginas que compõe os dois volumes de Revolução Francesa, de Max Gallo, são um marco na imensa historiografia disponível sobre este assunto. No primeiro volume, O Povo e o rei – 1774 -1793, Gallo compõe o retrato da França pré-revolucionária, esculpe com rara habilidade as causas e o ambiente social que propiciou a revolta de 1789 e, sobretudo, concentra-se na figura patética de Luís XVI e os “luíses” que o precederam, Luís XIV e Luís XV. Ainda neste primeiro volume, ele narra a Queda da Bastilha e, em seguida, a “febre revolucionária” que tomou conta da França.

O leitor acompanha, como numa reportagem, um filme ou um folhetim, a agonia do prestígio do rei e da monarquia, que culmina na manhã gelada de 21 de janeiro de 1793 quando Luís XVI sobe ao cadafalso para ser guilhotinado. Aí então, como Gallo diz, “seu corpo será cortado em dois, e assim será separado o corpo do rei do da nação”. Ou seja, o rei não morreria pela vontade do povo, mas a recém proclamada República ainda era frágil e era preciso “matar” a monarquia que o bom e exitante Luís XVI representava.

Queremos!

Este é o grito que atravessa a inflamada noite de 13 para 14 de julho de 1789. Na aurora já sufocante, bandos correm às ruas. Os homens vão armados de ganchos, lanças, fuzis. Alguns estão “quase nus”. “Vil populacho” murmuram os burgueses.

Grupos se formam diante das portas das casas abastadas, dos inimigos da nação e, portanto, do Terceiro Estado.

Exige-se que as portas sejam abertas:
– Queremos bebida, comida, dinheiro, armas.
À noite, são pilhados os depósitos de armas e armaduras de coleção. Brandem-se sabres, facões, lanças.

Mas o que querem são armas de guerra.

(Revolução Francesa Vol. I, Max Gallo – Trecho que abre o capítulo 16)

Os dois volumes de Revolução Francesa, de Max Gallo, são vendidos separadamente ou em uma caixa especial em dois formatos: convencional e pocket.

O Dia Mundial do Rock em ritmo literário

Em homenagem ao Dia Mundial do Rock, cruzamos letras com músicas e criamos as trilhas sonoras perfeitas (ou nem tanto) para certos clássicos da literatura. Tem para todos os gostos. Aumente o som e dance baby, dance…

Para Memória póstumas de Brás Cubas: “The dead man walking”, de David Bowie, em versão acústica:

Para On the Road, “Highway 61 Revisited”, de Bob Dylan, na versão de Johnny Winter:

Para O amor é um cão dos diabos, ou qualquer outro livro de Charles Bukowski, “Sympathy for the Devil”, The Rolling Stones:

Para Peter Pan, “Fly Away From Here”, do Aerosmith:

Para Crime e Castigo, “Help!”, dos Beatles:

Para Romeu e Julieta,” Smells like teen spirit”, do Nirvana:

Para Alice no País das Maravilhas,  “What a Wonderful World” na versão de Joey Ramone:

O nascimento de Neruda

Eu sou o submerso daquelas latitudes,
deixei ali minha mãos, minha primeira abundância,
os tesouros vazios mais ricos que o dinheiro,
o fulgor desse mundo de folhas, raízes, sílabas
sem idioma, folhas entrecortadas
que uma a uma me fizeram entender a sorte
jovem e tenebrosa, e é por isso
que quando
caiu a névoa e o mar, a lava, o medo
ali caíram, enredando-se em nó de espinhos
que rodava tremendo sobre o dia
com um cauda de água hirsuta e pedras que mordiam,
e a terra paria e morria, agonizava e nascia,
e outra vez voltava a chamar-se terra e a ter noite
e de novo apagava o seu nome com espanto,
ai, ai irmãos ausentes, como se a dor fosse um
[sistema intacto,
uma taça de ar amargo entre todo o ar do céu,
ali onde eu estive chegou a meus lábios a morte,
ali onde eu estive a terra foi sacudida
e se queimou meu coração com um só relâmpago.

(“Cantos Cerimoniais“, de Pablo Neruda)

Pablo Neruda nasceu Ricardo Eliécer Neftalí Reyes Basoalto em 12 de julho de 1904, na cidade chilena de Parral. E só adotou o pseudônimo com o qual entrou para a história da literatura – e recebeu um Prêmio Nobel –  em 1920, numa homenagem ao poeta tchecos­lovaco Jan Neruda (1834-1891) –, sob o qual o jovem publicava poemas no periódico literário Selva austral. Seu primeiro livro foi lançado em 1923 e, a partir de então, ele nunca mais parou de produzir versos.

Pablo Neruda aos 15 anos, quando ainda chamava-se Ricardo

Pablo Neruda aos 15 anos, quando ainda chamava-se Ricardo

80 anos de “Morte na Mesopotâmia”, livro inspirado em uma amiga de Agatha Christie

[Este livro é] “Dedicado aos meus muitos amigos arqueólogos no Iraque e na Síria”. A homenagem é de Agatha Christie e está na folha de rosto de Morte na Mesopotâmia, obra lançada originalmente em 6 de julho de 1936. Ou seja: há exatos 80 anos. Este livro é um dos que nasceu da paixão da Rainha do Crime pelo Oriente Médio, onde ela esteve algumas vezes a partir de 1928, após divorciar-se de seu primeiro marido. Ao chegar na Mesopotâmia pela primeira vez, a já famosa escritora foi recepcionada pelo casal de arqueólogos Leonard e Katherine Woolley, que estavam à frente de uma escavação em Ur. E foi através dos Woolley que ela conheceu seu segundo marido, o arqueólogo e especialista em história do Oriente Médio, Max Mallowan.

Agatha no Iraque 1936

Agatha Christie em uma escavação no Iraque, em 1936, ano em que foi lançado o livro “Morte na Mesopotâmia”

Katherine Woolley tornou-se uma das melhores amigas de Agatha Christie e a personagem principal de Morte na Mesopotâmia, Louise Leidner, foi inspirada nela. No livro, Poirot fica fascinado pela personalidade da esposa do arqueólogo-chefe, exatamente como Agatha ficou ao conhecer Katherine.  As pessoas ficavam sempre divididas entre detestarem-na com ódio feroz e vingativo, ou ficarem fascinadas por ela – possivelmente por mudar tão rapidamente de disposição que tudo nela era imprevisível (…) Os assuntos que ela falava nunca eram banais. Tinha capacidade de estimular o intelecto dos outros, encaminhando-os por veredas que antes jamais lhes haviam sido sugeridas” escreveu Agatha Christie sobre a amiga em sua Autobiografia

Khaterine w

O casal Leonard e Katherine Woolley

Katherine em ação

Katherine em ação

A L&PM já publica Morte na Mesopotâmia em pocket e em quadrinhos. Mas breve chegará também no formato 14cm x 21cm.

Morte_na_Mesopotamia_14x21