Arquivo mensais:outubro 2011

Doces, travessuras e tirinhas

Você nunca se perguntou o porquê das abóboras de Halloween? Chamada de Jack-o-Lanter, ela teve origem no folclore irlandês. Reza a lenda que um homem chamado Jack, notório beberrão e trapaceiro, fez pactos e enganou o diabo algumas vezes. Por causa disso, quando Jack morreu, sua entrada no céu foi proibida. No inferno ele também não conseguiu entrar e então sua alma acabou presa dentro de um nabo oco com alguns furos para que a chama eterna de Jack pudesse passar. Originalmente, portanto, as Lanternas de Jack eram feitas com nabos. Mas quando os imigrantes irlandeses aportaram nos Estados Unidos, em 1840, chegaram à conclusão que as abóboras se prestavam muito mais para isso. Foi assim que nasceu o maior símbolo do Halloween que é comemorado no dia 31 de outubro.

E por falar em abóboras, elas estão presentes no Halloween de Snoopy 7 – Doces ou Travessuras (clique nas tiras para ampliar):

Ervas contam histórias

Por Carlos Urbim*

Comecei a ler Atado de Ervas, não parei mais. Queria desvendar o ramo de histórias e perceber que Ana Mariano é autora de um dos melhores livros desta 57ª Feira do Livro. (…)

Num panorama literário de varões assinalados, que vêm reconstituindo a história do Rio Grande, Ana se aventura pela mesma vertente. E deixa os leitores apaixonados pela forma como junta a vida simples das estâncias gaúchas ao que vai acontecendo no mundo. Tudo registrado, de tanto em tanto, naqueles velhos calendários da Editora Globo. Lá longe há batalhas, no Rio doutor Getúlio assume o poder, vira ditador, depois se mata, seus sucessores hão de ser Jango e Brizola. Aqui na fazenda missioneira é preciso registrar que trouxeram as encomendas, o gado está vacinado, uma ovelha foi carneada, houve outro casamento e mais um funeral.

É delicioso, com aromas de jujos, percorrer a trajetória de famílias a partir dos campos de São Borja, passando por Santa Maria e Porto Alegre, no tempo em que todo mundo viajava de trem. Numa entrevista, a escritora declara que quer apenas apresentar uma narrativa bem urdida por quem está dominando o ofício de contar. Consegue e faz mais do que isso. Traz para a gente o Brasil da primeira metade do século 20 pelo olhar feminino. É um privilégio desatar as ervas de Ana.

Ana Mariano autografou "Atado de Ervas" na Feira do Livro de Porto Alegre

* Carlos Urbim é jornalista e escritor e, em 2009, foi patrono da Feira do Livro de Porto Alegre. Este texto foi originalmente publicado na pg. 32 do Jornal Zero Hora do dia 29 de outubro de 2011.

Verbete de hoje: Matthias Schultheiss

Com o lançamento da nova Enciclopédia dos Quadrinhos“, de Goida e André Kleinert, o Blog L&PM publicará, nos domingos um verbete do livro. O verbete de hoje é MATTHIAS SCHULTHEISS:

O cinema já tentou adaptar, para imagens, o espírito da obra de Charles Bukowski. Não chegou perto, porém, dos acertos e da incrível transposição para os quadrinhos realizada pelo desenhista alemão Matthias Schultheiss. Ele desenhou com um estilo realista, paradoxalmente belo, o universo dos bêbados, das prostitutas, dos marginais e dos desesperados que povoam os contos e novelas de Bukowski. Foram várias narrativas publicadas em álbum pelo Editor Heyne Verlag, da Alemanha, logo traduzidas para outras línguas. No Brasil, com os títulos de Delírios cotidianos e N. York, 95 cents ao dia, os contos de Bukowski/Schultheiss foram publicados na coleção “Quadrinhos L&PM” e depois lançados num só álbum, em 2008. Antes disso, Schultheiss havia desenhado uma série sobre caminhoneiros (“Truckers”, para a revista Zack, em 1980). Convidado para colaborar com revistas francesas, fez Le Théorème de Bell, para L’Echo des Savanes. Colaborou também para a revista Circus. Depois de levar para os quadrinhos de maneira perfeita Bukowski, Schultheiss tentou outras transcrições, não com a mesma felicidade. O sonho do tubarão saiu completo, em três partes, na revista Animal. O teorema de Bel teve uma primeira e uma segunda parte. Ele alcançou mais sucesso com uma série supererótica, “Talk Me Dirty” (assim mesmo, em inglês), que saiu na Europa e na Argentina (na revista Super Sexy), editada nos anos 90 por Carlos Trillo.

Alguns alimentos têm gordura zero?

Nos sábados, este blog publica algumas das dúvidas que são esclarecidas em “Fatos & Mitos sobre sua alimentação“, o novo livro do Dr. Fernando Lucchese. O Dr. Lucchese é autor também do bestseller Pílulas para viver melhor, entre outros livros.

Alguns alimentos têm gordura zero?

Todos os alimentos têm gordura, mesmo que em pequena quantidade. Até peito de frango grelhado tem gordura. Portanto, para perder peso, elimine frituras definitivamente de sua dieta e use apenas azeite de oliva ou óleo de canola e girassol, em pequenas quantidades. No preparo dos alimentos, evite ao máximo usar óleo, pois não é um tempero e não agraga nenhum sabor aos alimentos. Para se ter uma ideia, carboidratos e proteínas têm cerca de 4 calorias por grama, enquanto gorduras têm mais do que o dobro.

Shakespeare era uma fraude?

Estreia nesta sexta-feira, dia 28 de outubro, nos Estados Unidos o filme Anonymous do diretor Roland Emmerich (o mesmo de “Independence day” e “O dia depois de amanhã”), que questiona o trabalho de William Shakespeare e o retrata como um ator bêbado, analfabeto (!) e incapaz de escrever as peças geniais que lhe atribuem a autoria. O longa reacende a hipótese (que está mais para teoria da conspiração, né?) sustentada por alguns estudiosos da área de que Shakespeare não seria o verdadeiro autor de Romeu e Julieta, Hamlet, Sonho de uma noite de verão e outros 30 clássicos da dramaturgia mundial.

Depois da exibição do filme do Festival de Cinema de Londres na última terça-feira, não se fala em outra coisa nas terras da rainha. Enfurecida, a fundação Shakespeare Birthplace retirou o nome do autor dos cartazes do filme na cidade em protesto contra o que considera “uma manipulação da história e da cultura inglesa”. Vários pubs na cidade inglesa de Warwickshire também aderiram ao protesto e taparam as referências ao dramaturgo em seus estabelecimentos.  Em Stratford-upon-Avon, cidade natal de Shakespeare, um memorial erguido em homenagem ao autor foi coberto com um lençol e ficará assim por tempo indeterminado.

Por outro lado, a crítica especializada que assistiu ao filme no festival resolveu não colocar lenha na fogueira. A polêmica da autoria das peças foi deixada de lado e as atenções se voltaram para os excessos visuais do diretor e a falta de sutileza em cenas violentas. Mas o trabalho dos atores foi elogiado.

Bom, independente da polêmica, fica a nossa recomendação para quem ainda não leu estas verdadeiras obras primas da literatura mundial: 21 das 37 peças escritas por Shakespeare (ou simplesmente atribuídas a ele, vá lá!) estão na Coleção L&PM Pocket.

E enquanto o filme não chega aos cinemas brasileiros, dê uma olhada no trailer:

Nova peça com crônicas de Martha Medeiros

Estreia hoje, em Brasília, uma nova peça teatral baseada em textos de Martha Medeiros. “Duas ou três coisas que eu sei sobre amor” tem direção de Nilson Rodrigues e fala sobre as relações amorosas, as decepções e as alegrias do sentimento. O espetáculo é uma adaptação de diferentes crônicas de Martha e aposta no humor e na coloquialidade para tratar da profundidade do tema. Segundo a produção da peça, durante o espetáculo, o público passa pelos principais momentos das relações amorosas: a conquista, a vivência e a perda. Esse percurso atravessado por todos os amantes é a linha dramática da peça, que tem no elenco os atores Murilo Grossi, Alexandra Medeiros, André Reis, Mateus Ferrari e Tati Ramos.

“Mostramos um escritor que busca escrever sobre o amor e, durante o processo, as crônicas da Martha vão surgindo no palco”, comenta Murilo Grossi. O ator conta que a peça usa o humor para tratar de assuntos, às vezes, nem tão engraçados: “Quando eu vi o texto, me encantei, tenho certeza de que, se fosse público, eu ia querer ver. Usamos a graça originada naturalmente das relações amorosas, mas sem nada apelativo” disse ele ao Correio Braziliense, jornal de Brasília.

Grossi conta que a expectativa para o espetáculo, que estreia hoje, 28 de outubro, é a melhor possível. Ele afirma que a abordagem das diversas facetas do amor tende a provocar reações inesperadas na plateia. “O público vai rir, se emocionar, refletir e alguns vão aproveitar para namorar”, brinca ele. A peça tem duração de 1 hora e 20 minutos.

O elenco da peça baseada em textos de Martha Medeiros

SERVIÇO

– Onde: Teatro Eva Herz – Livraria Cultura Iguatemi Shopping – SHIN, Centro de Atividades Qd. 04, Lote A, Loja 101 – Lago Norte
– Data: 28/10/2011 a 11/12/2011
– Horários: Sexta e sábado, às 20h30. Domingo, às 19h
– Preço: inteira: R$ 40 – meia: R$ 20
– Capacidade: 200 lugares
– Horário da bilheteria: Quarta à sábado de 12h às 21h / Domingo de 12h às 19h
– Vendas pela internat: www.ingresso.com

Sabe aquele escritor… Aquele…

– Como é mesmo o nome daquele escritor?Aquele… Acho que começa com J, ou G. Que escreveu o livro chamado… com aquele personagem… o… como é mesmo o nome?

Isso já aconteceu com você? Pois pode ficar tranquilo porque acontece nas melhores famílias. Em Memória, que acaba de sair pela Série Encyclopaedia, há um texto que se refere justamente a isso: à nossa dificuldade de lembrar nomes.

“É comum as pessoas que acreditam ter uma memória ruim reclamarem da dificuldade de lembrar de nomes. Na verdade, as pessoas em geral têm dificuldades em lidar com um nome novo. Quando somos apresentados a alguém, geralmente nossa mente está ocupada com outros assuntos (por exemplo, com uma conversa paralela) e muitas vezes não prestamos atenção ao nome do novo indivíduo. É provável que só usemos ou tentemos lembrar tal nome muito mais tarde, no momento em que normalmente a memória falha. Podemos aprimorar nossa memória para o nome de pessoas prestando muita atenção e repetindo o nome assim que somos apresentados.”

Jonathan K. Foster, autor do livro, apresenta algumas dicas que ajudam a não esquecer de nomes quando somos apresentados a alguém: “Se podemos criar uma associação entre a aparência de alguém e seu nome, então podemos melhorar nossa memória para o nome daquela pessoa – principalmente se conseguirmos formar uma imagem chamativa. Assim, se somos apresentados a alguém chamado João que se parece com um ator que conhecemos e que tem o mesmo nome, ou a alguém chamado Jardim que gosta de flores, poderíamos usar tais associações para melhorar nossa memória para aqueles nomes”.

Você também pode tentar associar o nome a algum escritor ou personagem de livro. Que tal?

Johnny Depp proibido para menores

Todo mundo sabe que os livros de Hunter Thompson não são lá muito apropriados para menos de 18 anos, por fazer constantes referências a bebedeiras e drogas ilícitas. Mas a fama do escritor acabou respingando também no ator Johnny Depp, que está a mil com a divulgação do novo filme The Rum Diary, baseado no livro de Thompson, e que estreia nos Estados Unidos no próximo fim de semana.

Durante o Festival de Cinema de Austin, no Texas, o ator foi ignorado pelas afiliadas da rede de televisão ABC que cobriam o evento. O motivo? A rede ABC pertence à Walt Disney Company, que é também a responsável pela franquia do filme Piratas do Caribe, com o mesmo Johnny Depp no papel principal. Além do “tom não recomendado” para menores, a Disney teme que o novo personagem de Depp ofusque o consagrado Jack Sparrow, protagonista de Piratas do Caribe.

Mas pelo jeito isso não afetou a divulgação de Rum Diary, que já está sendo aguardado há tempos por uma legião de fãs (inclusive nós!).  Esta já é a segunda vez que Johnny Depp leva a obra de Hunter Thompson para o cinema. Em 1998, ele fez o papel de um jornalista bêbado e drogado (senão não seria Hunter Thompson) em Medo e delírio em Las Vegas.

Enquanto The Rum Diary não chega aos cinemas do Brasil, aproveite para ler Rum: diário de um jornalista bêbado, o mais recente título de Hunter Thompson na Coleção L&PM Pocket.

Rimbaud: o mito maior do que a obra?

Jean-Nicholas Arthur Rimbaud até hoje mexe com o imaginário das pessoas que (não) conhecem a sua vida. Poeta adolescente, ele construiu sua obra entre os 15 e os 20 anos. Uma obra pequena, porém poderosa, onde o poeta se alinha entre os movimentos de vanguarda da época como o simbolismo e o parnasianismo. Anos depois de sua morte, aos 37 anos em 1891, foi considerado como uma das principais influências do surrealismo. Na verdade, Rimbaud compôs dois grandes poemas, “Iluminações” e “Uma temporada no Inferno” e mais algumas dezenas de poemas longos e curtos, entre os quais destaca-se o célebre “Bateau Îvre” (O barco bêbado). E foi só.

Mesmo porque ele abandonou a literatura aos 20 anos, tendo iniciado uma sequência de fugas, desaparecimentos e surgimentos que até hoje causam dor de cabeça nos seus fãs fanáticos e biógrafos. Arthur Rimbaud é como a expressão que Lilian Hellman consagrou; uma espécie de “pentimento”, um retrato que surge e se esvai, deixando somente um vulto. O menino genial que, aos 14 anos, venceu o concurso de poesias em latim na escola, concorrendo contra os alunos “grandes” do último ano do segundo grau, deixou sua marca na arte e na lenda. E talvez a sua marca mais poderosa tenha sido deixada justamente na lenda.

Sua vida de fugas e rebeldia começou aos quatorze anos, para desespero da viúva Vitalie Cuif uma conservadora senhora da região das Ardenas, onde ficava a provinciana Charleville, cidade natal do poeta. Entre idas e vindas à Paris, participou (apesar de serem frágeis os indícios)  da Comuna em 1871, frequentou os bares do Quartier Latin, promoveu dezenas de escândalos e conheceu o já grande poeta Paul Verlaine que tornou-se seu protetor. A amizade entre o grande poeta e o jovem aspirante a poeta tranformou-se rapidamente num caso de amor. Um tumultuado “affaire” que terminou (mal) em Bruxelas, quando Verlaine, numa crise de ciúmes, deu um tiro que acerta a mão de Rimbaud. Isto em 1873. Solidário com Verlaine que amargará dois anos nas masmorras belgas, o mundo intelectual parisiense abandona o incoveniente garoto de olhos azuis. E a partir daí os traços de Rimbaud começam a ser difusos, ocasionais, surgem e se perdem. Nunca mais pratica ou fala de poesia ou literatura. Anda pela Itália, pela Alemanha, Londres, Cidade do Cabo, trabalha num circo em Estocolmo, atravessa os Alpes a pé, alista-se no exército colonial das Índias Holandesas, deserta, vai trabalhar numa construtora no Chipre, adquire uma febre tifóide, é expulso de Chipre e segue de navio pelo Mar Vermelho e vai dar em Aden e de lá, empregado por uma empresa de comércio francesa, vai para Harar na Abissínia (hoje Etiópia). Aí, os registro são mais raros e esparsos. O que se sabe é pelas 80 cartas que mandou em 10 anos para os seus familiares. Ou de citações em correspondências alheias. Em 1880, são muito poucos os europeus naquele canto distante e infernal do planeta. E de lá, Rimbaud só sai para morrer de câncer na perna, em Marselha. Os registros escassos dizem e se contradizem; Rimbaud traficante de armas, Rimbaud traficante de escravos (nunca se provou, mas foi dito várias vezes), Rimbaud no Egito, atravessando desertos à frente de uma centena de camelos, enfrentando bandidos, tribos hostis, reis africanos, com quilos de moedas de ouro ocultas em sua cintura, etc., etc.

Nesta biografia de Rimbaud que a coleção L&PM POCKET acaba de lançar, Jean-Baptiste Baronian faz um trabalho brilhante de garimpo de informações, de construção de um perfil e de compilação de fatos provados e de especulações sem documentação. E o fascinante para o leitor é que destas páginas emerge, com toda a força do mito Rimbaud, aquela que é considerada uma das maiores e mais enigmáticas aventuras poéticas de todos os tempos (Ivan Pinheiro Machado).

Rimbaud: mais do que uma vida, uma saga

As viagens de David Coimbra

“Este livro foi escrito durante dez anos e por dez países. De 2001, ano em que as Torres Gêmeas se desmancharam e o mundo mudou para sempre, até 2010, ano em que o Brasil elegeu, pela primeira vez em sua História, uma mulher presidente da República, contei o que vi e vivi em crônicas e nacos de reportagens que foram selecionadas (…). Foram textos paridos nos lugares mais diversos do planeta.” (David Coimbra no início da apresentação de seu novo livro “Um trem para a Suíça“)

Um trem para a Suíça” é, literalmente, uma viagem. Cronista consagrado, romancista, repórter, David Coimbra, através da radicalidade do texto, da entrega ao assunto, acaba por transcender a matéria jonalística para chegar à verdadeira literatura. Isto é, provoca aquilo que é mais raro na relação autor e leitor: o prazer de ler.

E é isto que nós, editora e autor, estamos entregando ao leitor com este livro cuja leitura, ao mesmo tempo em que traz toneladas de informações, é magnificamente prazerosa. Informação & emoção. Este é o binômio mágico que atrai e seduz o leitor. “Um trem para a Suíça” leva aos confins da Ásia, onde você vai se divertir com a narrativa sobre um bordel coreano onde estrangeiro não entra;  ao Japão, onde o autor foi testemunha de um terremoto; à Cidade Proibida na China; à África do Sul; à Tanzânia; à Venezuela do “kaiser” Chávez; à eficiência impecável alemã e seu mito de que todos falam inglês; à cidade suíça que Mark Twain chamou de a mais bonita do planeta; à Malásia e às perigosas montanhas colombianas onde, depois de mil peripécias, o repórter encontra e entrevista os guerrilheiros das FARC.

Antes das viagens, o livro abre com um conjunto de crônicas. Uma espécie de “entrada” aos relatos de viagem. São textos curtos carregados de humor, emoção e …talento. Enfim, ” Um trem para a Suíça” – como se dizia antigamente – “é diversão garantida, ou seu dinheiro de volta”.

David Coimbra e os guerrilheiros das FARC / Arquivo pessoal

O comandante guerrilheiro estava furioso. Fitou-me com os olhos em chispas, apertava o cano da metralhadora com a mão e repetia, aos gritos esganiçados:

– Espiones de la dea!

Aquilo me confundia ainda mais. Tentava raciocinar, consultava o meu arquivo mental das sutilezas da língua espanhola: o que seria “de la dea”?

(Início da crônica “Santo Olívio e a guerrilha”)

David Coimbra autografa Um trem para a Suíça no dia 07 de novembro às 18h30min na Feira do Livro de Porto Alegre.