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As viagens de David Coimbra

“Este livro foi escrito durante dez anos e por dez países. De 2001, ano em que as Torres Gêmeas se desmancharam e o mundo mudou para sempre, até 2010, ano em que o Brasil elegeu, pela primeira vez em sua História, uma mulher presidente da República, contei o que vi e vivi em crônicas e nacos de reportagens que foram selecionadas (…). Foram textos paridos nos lugares mais diversos do planeta.” (David Coimbra no início da apresentação de seu novo livro “Um trem para a Suíça“)

Um trem para a Suíça” é, literalmente, uma viagem. Cronista consagrado, romancista, repórter, David Coimbra, através da radicalidade do texto, da entrega ao assunto, acaba por transcender a matéria jonalística para chegar à verdadeira literatura. Isto é, provoca aquilo que é mais raro na relação autor e leitor: o prazer de ler.

E é isto que nós, editora e autor, estamos entregando ao leitor com este livro cuja leitura, ao mesmo tempo em que traz toneladas de informações, é magnificamente prazerosa. Informação & emoção. Este é o binômio mágico que atrai e seduz o leitor. “Um trem para a Suíça” leva aos confins da Ásia, onde você vai se divertir com a narrativa sobre um bordel coreano onde estrangeiro não entra;  ao Japão, onde o autor foi testemunha de um terremoto; à Cidade Proibida na China; à África do Sul; à Tanzânia; à Venezuela do “kaiser” Chávez; à eficiência impecável alemã e seu mito de que todos falam inglês; à cidade suíça que Mark Twain chamou de a mais bonita do planeta; à Malásia e às perigosas montanhas colombianas onde, depois de mil peripécias, o repórter encontra e entrevista os guerrilheiros das FARC.

Antes das viagens, o livro abre com um conjunto de crônicas. Uma espécie de “entrada” aos relatos de viagem. São textos curtos carregados de humor, emoção e …talento. Enfim, ” Um trem para a Suíça” – como se dizia antigamente – “é diversão garantida, ou seu dinheiro de volta”.

David Coimbra e os guerrilheiros das FARC / Arquivo pessoal

O comandante guerrilheiro estava furioso. Fitou-me com os olhos em chispas, apertava o cano da metralhadora com a mão e repetia, aos gritos esganiçados:

– Espiones de la dea!

Aquilo me confundia ainda mais. Tentava raciocinar, consultava o meu arquivo mental das sutilezas da língua espanhola: o que seria “de la dea”?

(Início da crônica “Santo Olívio e a guerrilha”)

David Coimbra autografa Um trem para a Suíça no dia 07 de novembro às 18h30min na Feira do Livro de Porto Alegre.