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Vitor Ramil em turnê nordestina

Da estética do frio diretamente para a estética do sertão. Hoje, 31 de maio, às 19h30min, o músico Vitor Ramil começa sua turnê pelo nordeste, em shows com entrada franca. Veja a programação: 

Vitor Ramil com Carlos Moscardini no projeto Cultura Musical do Centro Cultural do Banco do Nordeste.

Show – Dia 31/05/11 – terça-feira às 19:30
Local: Centro Cultural Banco do Nordeste – Juazeiro
End: Rua São Pedro, 337 – Centro – Juazeiro do Norte
Entrada Franca

Show – Dia 01/06/11 – quarta-feira às 19:30
Local: Centro Cultural Banco do Nordeste – Sousa
End: Rua General José Gomes de Sá, 7  Centro – Sousa
Entrada Franca

Vitor Ramil com Carlos Moscardini no projeto Cariri Mostra Musical Ibero Americana

Palestra – Dia 03/06/11 – sexta-feira das 10h às 12h
(Participação de Vitor Ramil na mesa de debate. Tema Conexões Sul Sur)
Local: Teatro Violeta Arraes – Fundação Casa Grande – Nova Olinda
End: Rua Jeremias Pereira, 444 – Centro Nova Olinda
Entrada Franca

Show – 04/06/11 – Sábado às 20:00
Local: Teatro Violeta Arraes – Fundação Casa Grande – Nova Olinda
End: Rua Jeremias Pereira, 444 – Centro Nova Olinda
Entrada Franca

Para os que não estarão por lá nestas datas, nós sugerimos ouvir “Deixando o pago”, música feita a partir de um poema de João da Cunha Vargas.

30. Tudo sobre uma utopia generosa

 

Por Ivan Pinheiro Machado*

No início dos anos 80, a ditadura já agonizava. A juventude que protestou nas ruas, que apanhou da polícia, passou a viver a euforia de uma abertura democrática. A plenitude só voltaria em 1985 com o fim da era dos generais. Já no começo dos anos 1980, na agonia da ditadura, a imensa pressão da sociedade constrangia o regime e abrandava a repressão. Já não se escondiam os crimes cometidos pela polícia política embaixo do tapete da repressão. A censura prévia fora derrubada aos poucos, pela tenaz resistência da imprensa e pelo repúdio de todas as instituições brasileiras com credibilidade.

Um dos livros da "Biblioteca Anarquista" que agora está na Coleção L&PM POCKET

A “série Anarquista”, publicada pelas L&PM Editores, surgiu nesta época e neste contexto. Éramos muito jovens no final dos anos 70 e início dos anos 80. O ambiente cultural saía das trevas da ditadura e as idéias explodiam. Sem sermos anarquistas, militantes ou simpatizantes, nós resolvemos desafiar o conservadorismo da direita e os preconceitos da esquerda, criando uma série que expusesse o pensamento anarquista na sua plenitude, sem cerceamento. Expor para o conhecimento de todos esta utopia generosa de um estado sem governo, onde o homem exercesse a sua plenitude sem ser obrigado a obedecer regras estritas da política. Foi um trabalho sério e pioneiro, onde os melhores autores simpatizantes como Oscar Wilde, Tostói ou ideólogos do anarquismo como Proudhon, Kropotkin, Bakunin, Malatesta e Woodcock tiveram suas obras publicadas criteriosamente num conjunto que foi batizado de “Biblioteca Anarquista”.

Sempre atual, sempre polêmico, o pensamento anarquista, através de sua desvairada utopia, penetrou nos corações dos jovens exatamente pelo seu lado mais generoso (sempre esta palavra) e, se foi inviável como aplicação doutrinária e política, contribuiu para a formação de uma visão humana e plural da sociedade. Já no século XXI, a L&PM Editores, através da sua coleção L&PM POCKET reeditou a “Biblioteca Anarquista”. Para completar, “Grandes escritos anarquistas”, do teórico americano George Woodcock, será republicado em 2012.

*Toda terça-feira, o editor Ivan Pinheiro Machado resgata histórias que aconteceram em mais de três décadas de L&PM. Este é o trigésimo post da Série “Era uma vez… uma editora“.

O que os personagens lêem?

Quais os livros preferidos dos personagens clássicos da literatura? A partir desta pergunta, a agência de propaganda Ogilvy & Mather criou uma campanha para a rede de livrarias mexicana Gandhi. Nos anúncios, Alice, de Lewis Carroll, está lendo LSD, de Timothy Leary. A barata de A metamorfose, de Franz Kafka, está lendo Cem anos de solidão, de Gabriel Garcia Marquez. E a célebre Chapeuzinho Vermelho, dos Irmãos Grimm, folheia as páginas de O lobo da estepe, de Herman Hesse.

A partir desta “brincadeira”, nós também resolvemos dar algumas dicas da Coleção L&PM POCKET para estes personagens. Para Alice, indicamos Um parque de diversões na cabeça, de Lawrence Ferlinghetti, e Que loucura!, de Woddy Allen. Para Chapeuzinho Vermelho, sugerimos O lobo do mar ou O chamado da floresta, ambos de Jack London. Já para a barata de Kafka, a dica é Enquanto agonizo, de William Faulkner, e O cortiço, de Aluísio Azevedo.

Frederico García Lorca em NY

Em junho de 1929, o poeta Frederico García Lorca chegou à Nova York a bordo do navio Olympic. Permaneceu nove meses nos EUA, tempo de gestar poemas e canções que seriam marcantes em sua obra. Em Frederico García Lorca – Antologia Poética há alguns dos poemas deste período, em que, entre um verso e outro, ele estudava na Columbia University.

A AURORA

A aurora de Nova York tem
quatro colunas de lodo
e um furacão de negras pombas
que chapinham as águas podres.

A aurora de Nova York geme
pelas imensas escadas,
buscando entre as arestas
nardos de angústia desenhada.

A aurora chega e ninguém a recebe na boca
porque ali não há manhã nem esperança possível.
Às vezes as moedas em enxames furiosos
tradeiam e devoram meninos abandonados.

Os primeiros que saem compreendem
com seus ossos
que não haverá paraíso nem amores desfolhados;
sabem que vão ao lodaçal de números e leis,
aos brinquedos sem arte, a suores sem fruto.

A luz é sepultada por correntes e ruídos
em impudico reto de ciência sem raízes.
Pelos bairros há gentes que vacilam insones
como recém-saídas de um naufrágio de sangue.

É dessa época também o poema “Pequeño vals vienès” que, em 1986, foi musicado por Leonard Cohen com o nome de “Take This Waltz”:

Uma cruzada contra a intolerância

Durante toda a sua vida, Voltaire se rebelou contra dogmas e fanatismos. E nem a Igreja Católica – muito menos ela! – escapou. Depois de condenar em seus escritos toda forma de intolerância e de ser forçado a mudar de endereço numerosas vezes por desacatar autoridades políticas e religiosas por onde passou, pouco antes de morrer, Voltaire decidiu recuar.

Aos 84 anos, quando retornou à Paris de forma triunfal e foi recebido com honras e glórias em seu país de origem, sua saúde estava debilitada. A viagem de volta e as homenagens exigiram demais das energias do já cansado Voltaire. Diante da doença que o acometia, o impiedoso perseguidor de dogmas publicou, em abril de 1778, cerca de um mês antes de morrer, o seguinte relato na famosa revista francesa Correpondance Littérairer, Philosophique et Critique (1753-1793):

“Eu, o que escreve, declaro que havendo sofrido um vômito de sangue faz quatro dias, na idade de oitenta e quatro anos e não havendo podido ir à igreja, o pároco de São Suplício quis de bom grado me enviar a M. Gautier, sacerdote. Eu me confessei com ele, se Deus me perdoava, morro na Santa Religião Católica em que nasci esperando a misericórdia divina que se dignará a perdoar todas minhas faltas, e que se tenho escandalizado a Igreja, peço perdão a Deus e a ela. Assinado: Voltaire, 2 de março de 1778 na casa do marqués de Villete, na presença do senhor abade Mignot, meu sobrinho e do senhor marqués de Villevielle.

Voltaire morreu em 30 de maio de 1778. Seu corpo foi depositado no Panteão, em 1791, com o seguinte epitáfio:

“Ele combateu tanto os ateus quanto os fanáticos. Inspirou a tolerância e defendeu os direitos do homem contra a servidão do feudalismo. Poeta, historiador e filósofo, engrandeceu o espírito humano e ensinou-o a ser livre.”

De Voltaire, a L&PM publica Zadig ou o destino, O filósofo ignorante, Tratado sobre a tolerância e Cândido ou o otimismo.

voltaire_todos

Autor de hoje: Joseph Conrad

Berditchov, Ucrânia, 1857 – † Bishopsbourne, Inglaterra, 1924

Polonês (nascido em uma região da atual Ucrânia), naturalizado cidadão britânico em 1886, Joseph Conrad trabalhou como marinheiro, viajando pela Ásia, onde colheu material para a sua obra literária, que foi escrita em inglês. O conhecimento de um holandês que residia na Malásia motivou-o a escrever seu primeiro romance, A loucura do Almayer. A obra foi bem-aceita pela crítica e pelo público devido ao tom exótico, estranho à cultura inglesa. Mais tarde, Conrad fixou-se em Londres, onde se dedicou à literatura. Embora o mar esteja presente em grande parte de seus romances, o escritor costumava declarar que sua obra tinha por objetivo chegar ao valor ideal das coisas, dos acontecimentos e dos seres. O romance Lord Jim é considerado um dos livros mais importantes do século XX. Nele o escritor refina a visão psicológica da personagem, um marinheiro inglês que se vê atormentado pelo remorso por ter permitido o naufrágio de seu navio.

Obras principais: A loucura do Almayer, 1895; Lord Jim, 1900; Tufão, 1903; Nostromo, 1904; O coração das trevas, 1906; A flecha de ouro, 1919

JOSEPH CONRAD por Vânia L. S. de Barros Falcão

Nascido Teodor Jósef Konrad Korzeniowski, adquiriu o domínio da língua inglesa entre 1878 e 1895, já adulto, fato relevante, pois é considerado um de seus melhores estilistas, o que por si só justificaria a leitura de sua obra. É interessante lembrar que Conrad é filho de um escritor e tradutor, Apollo Korzeniowski, e assim foi inicialmente criado num ambiente familiar em que se valorizava a própria língua, os outros idiomas e a arte de escrever. O aspecto político também teve grande importância no cotidiano da família, que foi deportada para uma província distante na Sibéria, de onde Conrad retornou à Polônia, com seu pai enfermo e já órfão de mãe, em 1867. Aspectos de sua vida particular sugerem que a desfrutou num ritmo de aventura e drama (tentou o suicídio em 1878 por ter contraído débitos).

Buscou o mar como meio de vida, e certamente essa experiência resultou na escolha de temas e personagens ligados à vida marítima para seus contos, como “The Lagoon”, e romances, como Lord Jim e Victory (1915). Contudo, sua obra é bem mais abrangente, e seus personagens são delineados com cuidado e profundidade. As viagens que realizou pelo Extremo Oriente e pela África oportunizaram um contato amplo com culturas diferentes da sua e uma vivência que lhe permitiu escrever textos atraentes. Sua produção expõe amplo leque: contos, novelas, romances, peças de teatro, ensaios. Dentre eles, destacam-se: The Inheritors – An Extravagant Story (1901) e Romance – A novel (1903). Por um aspecto inusitado, foram escritos a quatro mãos, com a colaboração de Ford Madox (Hueffer) Ford. Quanto a inovações técnicas, críticos registram a mudança na seqüência temporal de acontecimentos e a apresentação da ação a partir do ponto de vista de vários personagens. Nostromo é considerado por muitos sua obra-prima. O próprio autor, em nota prévia publicada em 1917, explica que foi o texto que lhe exigiu a “mais ansiosa meditação” e que, ao escrevê-lo, “sentiu uma mudança sutil na natureza da inspiração”.

A partir de uma experiência de juventude, no Golfo do México, quando ouviu a história de um “homem que teria roubado, sozinho, uma chata carregada de prata, em algum ponto do litoral, durante os percalços de uma revolução”, e da leitura, cerca de 27 anos depois, de uma biografia de um marinheiro americano que “trabalhara, durante alguns meses a bordo de uma escuna, cujo mestre e proprietário era o ladrão de quem ouvira falar na juventude”, o romancista empenhou-se na escritura de uma obra que se passa no país imaginário de Costaguano, na América Latina. O inglês Gould, dono da concessão da mina de prata da cidade de Sulaco, e Nostromo, seu capataz italiano, vivem uma trama, envolvendo corrupção e instabilidade política numa sociedade colonial governada pela oligarquia espanhola. O texto merece atenção pela oportunidade que oferece ao leitor brasileiro de refletir sobre o colonialismo e o póscolonialismo em suas manifestações históricas e sociais.

Guia de Leitura – 100 autores que você precisa ler é um livro organizado por Léa Masina que faz parte da Coleção L&PM POCKET. Todo domingo,você conhecerá um desses 100 autores. Para melhor configurar a proposta de apresentar uma leitura nova de textos clássicos, Léa convidou intelectuais para escreverem uma lauda sobre cada um dos autores.

Um suflê rápido e gostoso

Quem não adora uma receita simples, fácil e muito saborosa? A dica de hoje é assim! Um suflê de palmito rápido de preparar e que deixará por muito tempo a lembrança de um delicioso gosto.  A receita é do livro 100 receitas com lata, do Anonymus Gourmet.

Suflê de palmito

1 colher de azeite, 1 cebola média ralada, 1 vidro de palmitos, 2 tomates picados sem pele e sem semente, 1/2 colher de salsa picada, 1 colher de farinha de trigo, 1 copo de requeijão, 1 colherinha de sal, 2 ovos, 2 colheres de queijo parmesão ralado

1 – Em uma panela refogue a cebola no azeite. Adicione os palmitos picados e os tomates e deixe cozinhar por mais 5 minutos.

2 – Acrescente a salsa e polvilhe a farinha de trigo. Mexa bem e adicione o requeijão e o sal. Mexa até engrossar e retire.

3 – Bata os ovos na batedeira até sobrarem de volume. Misture delicadamente com  o creme de palmito.

4 – Coloque em um recipiente refratário médio untado e enfarinhado, polvilhe com o queijo ralado e leve ao forno médio, preaquecido, por cerca de 15 minutos. Também fica saboroso se, no lugar de palmito, forem usados aspargos.

Sábado tem sempre uma “Receita do dia” vinda diretamente dos livros da Série Gastronomia L&PM.

Uma noite dedicada aos beats em Paris

A banda franco-americana Moriarty, inspirada no principal personagem do livro On the road, de Jack Kerouac, é uma das principais atrações da “soirée beatnik” no Centquatre, em Paris, neste sábado, 28 de maio. Performances, instalações e projeções de filmes sobre o universo beat completam a programação da festa que começa às 21h e vai até as 3h do dia seguinte. Uma verdadeira overdose de cultura beat!

Imagem de divulgação do "soirée beatnik" no Centquatre, em Paris

Mas se você não tem planos de ir a Paris neste fim de semana, aproveite o som da banda Moriarty no MySpace ou no clipe abaixo:

Woody Allen de volta à Broadway

Em 1984, a L&PM publicou “Play it Again, Sam” ou, na tradução brasileira, “Sonhos de um sedutor”. O livro, hoje esgotado, traz o texto de uma peça que Woody Allen escreveu para a Broadway e que acabou virando filme. “Enquanto as luzes da platéia se apagam em resistência, ouvimos vozes de Humphrey Bogart e Mary Astor numa cena do filme “Relíquia Macabra”. No momento em que o pano sobe, Allan Felix está assistindo o filme na televisão na sala do seu apartamento, na rua 10 entre a Quinta e a Sexta Avenida, na cidade de Nova York”. Assim começa a peça que conta a vida de um típico personagem de Allen: com a cabeça cheia de neuroses, nervoso, tímido, inseguro e que sempre está recomeçando sua psicanálise. “Play it Again Sam” estreou no dia 12 de fevereiro de 1969, no Teatro Broadhurst em Nova York, com direção de Joseph Hardy e tendo o próprio Woody Allen no papel principal.

Pois eis que agora Allen retornará à Broadway. Se não como ator, novamente como escritor.  Ele é um dos autores de “Relatively Speaking”, uma comédia que será montada com três peças diferentes, cada uma delas com uma assinatura famosa. Junto com a peça “Honeymoon Motel”, de Woody Allen, estarão “Talking Cure” de Ethan Coen (um dos irmãos Coen) e “George is Dead” de Elaine May (roteirista duas vezes indicada ao Oscar). A montagem tripla terá direção do ator John Turturro. A pré-estreia está programada para setembro e a estreia oficial para outubro. Já é um bom motivo para visitar Nova York no outono, não?

Conheça aqui os livros de Woody Allen publicados pela L&PM.

“On the road” na pele

Está provado: On the road – Pé na estrada, de Jack Kerouac, é muito mais do que um livro. É uma paixão para muitos. Tanto é assim que, dando uma voltinha pelo vasto mundo da web, é possível encontrar gente que tatuou trechos do livro em diferentes lugares do corpo. Há os que preferiram apenas algumas poucas palavras e aqueles que, além de trechos mais longos, imprimiram o próprio escritor na pele. E, você, seria capaz de tamanha demonstração de amor a Jack?

Quer escolher um trecho de On the road para tatuar e não está com um livro à mão? Leia aqui a Parte Um.