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Uma cruzada contra a intolerância

Durante toda a sua vida, Voltaire se rebelou contra dogmas e fanatismos. E nem a Igreja Católica – muito menos ela! – escapou. Depois de condenar em seus escritos toda forma de intolerância e de ser forçado a mudar de endereço numerosas vezes por desacatar autoridades políticas e religiosas por onde passou, pouco antes de morrer, Voltaire decidiu recuar.

Aos 84 anos, quando retornou à Paris de forma triunfal e foi recebido com honras e glórias em seu país de origem, sua saúde estava debilitada. A viagem de volta e as homenagens exigiram demais das energias do já cansado Voltaire. Diante da doença que o acometia, o impiedoso perseguidor de dogmas publicou, em abril de 1778, cerca de um mês antes de morrer, o seguinte relato na famosa revista francesa Correpondance Littérairer, Philosophique et Critique (1753-1793):

“Eu, o que escreve, declaro que havendo sofrido um vômito de sangue faz quatro dias, na idade de oitenta e quatro anos e não havendo podido ir à igreja, o pároco de São Suplício quis de bom grado me enviar a M. Gautier, sacerdote. Eu me confessei com ele, se Deus me perdoava, morro na Santa Religião Católica em que nasci esperando a misericórdia divina que se dignará a perdoar todas minhas faltas, e que se tenho escandalizado a Igreja, peço perdão a Deus e a ela. Assinado: Voltaire, 2 de março de 1778 na casa do marqués de Villete, na presença do senhor abade Mignot, meu sobrinho e do senhor marqués de Villevielle.

Voltaire morreu em 30 de maio de 1778. Seu corpo foi depositado no Panteão, em 1791, com o seguinte epitáfio:

“Ele combateu tanto os ateus quanto os fanáticos. Inspirou a tolerância e defendeu os direitos do homem contra a servidão do feudalismo. Poeta, historiador e filósofo, engrandeceu o espírito humano e ensinou-o a ser livre.”

De Voltaire, a L&PM publica Zadig ou o destino, O filósofo ignorante, Tratado sobre a tolerância e Cândido ou o otimismo.

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