Arquivo mensais:outubro 2015

Fotos raras de Allen Ginsberg e Gregory Corso no funeral de Jack Kerouac

24 de outubro de 1969, sexta-feira. Em Lowell, Massachusetts, acontecia o funeral de Jack Kerouac. O site “The Allen Ginsberg Project” divulgou, exatamente no dia em que completou 46 anos da data, algumas fotos de Allen Ginsberg e Gregory Corso feitas por Jeff Albertson na despedida do amigo beat. O texto do site traz mais detalhes.

Allen Ginsberg junto ao caixão do amigo

Allen Ginsberg junto ao caixão do amigo

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Ginsberg entre John Clellon Holmes e Gregory Corso

Corso em primeiro plano e Ginsberg ao fundo

Corso em primeiro plano e Ginsberg ao fundo

Ginsberg chega para ajudar a carregar as flores

Ginsberg chega para ajudar a carregar as flores

Ginsberg e Corso e as flores

Ginsberg, Corso e as flores

“Quero morrer pintando” (Paul Cézanne)

“Quero morrer pintando”, costumava dizer para Joachim Gasquet. No dia 15 de outubro de 1906, uma tempestade desabou enquanto pintava sobre o motivo na estrada do Tholonet. Ele ficou várias horas debaixo da chuva, paralisado, tremendo de frio. Finalmente, guardou seu material e tentou voltar para casa. De súbito, sentiu-se mal e desmaiou no meio da estrada. O motorista do carro de uma lavadeira encontrou-o e levou-o para casa, na Rue Boulegon. A governanta, senhora Bremond, chamou o médico, que prescreveu repouso total ao paciente. Porém, Cézanne só fazia o que lhe dava na cabeça: ele não estava doente, não era nada. Na manhã seguinte, insistiu em ir até seu ateliê de Lauves para trabalhar. No final da manhã, sentiu-se mal novamente, arrastou-se até a Rue Boulegon e enfiou-se na cama. Ele nunca mais se levantará. O médico diagnosticou uma congestão pulmonar. Todavia Cézanne lutava. Ainda havia tanto por fazer. Ele delirava, gritava contra seus inimigos, chamava por seu filho. A vida o abandonara. No dia 20 de outubro, sua irmã Marie mandou uma carta para Paul, insistindo para que o sobrinho viesse para Aix “o mais rápido possível”. Ela também sugeria, em termos inequívocos, que Hortense ficasse em Paris mais um mês, porque o marido transferira seu ateliê para o quarto de vestir da esposa. Uma mesquinharia incrível, justo no instante em que Cézanne agonizava. No dia 22, a senhora Bremond mandou um telegrama para Paul Júnior: “Venham imediatamente os dois pai muito mal”. Hortense recebeu o telegrama, mas não disse nada para o filho: ela tinha uma hora marcada no costureiro para provar algumas roupas, e a isso não se falta. No seu quarto da Rue Boulegon, Paul Cézanne mantinha os olhos obstinadamente fixos na porta. Ele esperava a chegada do filho. Cézanne morreu no dia 23 de outubro sem revê-lo. Um dia, quando lhe pediram para se identificar com um pensamento, ele escreveu esses dois versos de Vigny:

Senhor, me fizestes poderoso e solitário,
Permita que eu adormeça de sono da terra.

(Trecho de Cézanne, de Bernard Fauconnier, Série Biografias L&PM)

Paul Cézanne pintando em 1906 / Foto: Ker-Xavier Roussel

“Mount Sainte-Victoire” foi a última pintura concluída por Cézanne

O dia em que Jack Kerouac saiu da estrada

Jack Kerouac bebeu até morrer. Em 21 de outubro de 1969, o autor de On the road se foi, solitário e decadente, aos 47 anos e com apenas 91 dólares em sua conta bancária. Morava com a mãe, Gabrielle, e já não se parecia nem um pouco com o Jack dos velhos tempos de estrada.

“No verão de 1969, o dinheiro faltou. (Em setembro, ele fará um testamento definitivo, todos os seus bens revertem a Gabrielle [sua mãe] e, na morte dela, o beneficiário é seu sobrinho Paul Blake. Stella [sua esposa, na época] não é mencionada, nem Jan [sua filha com Joan Haverty]. Durante os anos seguintes, a luta pela sucessão será acerbada, pois o Fundo Kerouac ultrapassará dez milhões de dólares!) Ele exuma um velho manuscrito de 1951, Pic, relato da viagem de um jovem negro do Sul, Pictorial Review Jackson, a caminho do Norte, ajudado pelo irmão em sua intenção de chegar a Nova York. Escrito imitando o fraseado negro do Sul, é um breve e belo texto, metáfora de Jack e de Neal que Kerouac faz aparecerem numa cena final e que – não se sabe exatamente por que ele obedeceu – Gabrielle lhe pede para retirar. (…) No dia 18 de outubro, Cliff Robertson, o último dos próximos a visitá-lo, ficou emocionado com a intensidade do longo adeus e do olhar, muito delicado e parecendo estar sempre à beira das lágrimas mesmo quando Jack ria, capaz de tocar os corações sensíveis. No dia 19 de manhã, ele teve um encontro com o pai a respeito de um texto do qual espera fazer um livro, The Spotlight Print, um título vindo da infância, do nome da gráfica de Leo. E depois, de repente: a morte, sob forma de uma hemorragia digestiva cataclísmica não derrotada por 26 transfusões. Ele desapareceria aos 47 anos.” (Trecho de Kerouac, de Yves Buin, Série Biografias L&PM).

Clique sobre a imagem e assista a um vídeo da L&PM WebTV em que a italiana Fernanda Pivano entrevista – ou tenta entrevistar – Jack Kerouac.

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Os 80 anos de Mauricio de Sousa

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Ele nasceu no dia 27 de outubro de 1935 na cidade de Santa Isabel, interior de São Paulo, mas foi criado em Mogi das Cruzes. Filho dos poetas Antônio Mauricio de Sousa e Petronilha Araújo de Sousa, o pequeno Mauricio cresceu em meio a livros, revistas e saraus de poesia. E ainda menino começou a fazer revistinhas artesanais que vendia para os colegas de escola.

Aos 19 anos, quando apresentou suas primeiras ilustrações na Folha da Manhã, foi aconselhado a aperfeiçoar o traço. Seus primeiros personagens foram Bidu e seu dono Franjinha, publicados pela primeira vez em tirinhas no ano de 1959. Sua personagem mais famosa, no entanto, nasceria em 1963, fruto das observações da filha Mônica.

Primeiro cartunista a ocupar uma cadeira na Academia de Letras de São Paulo, Mauricio do Sousa que em poucos dias completará 80 anos, segue firme e forte à frente de sua empresa e conferindo de perto os roteiros das histórias da turma que criou.

Mauricio vem sendo homenageado em diversos eventos desde o início do ano e o melhor é que todos os fãs podem participar da festa! No site www.turmadamonica.com.br/mauricio80 é possível enviar um parabéns e compartilhá-lo nas redes sociais. Vale foto,  vídeo, texto ou desenho. Na página oficial da turma, há também a possibilidade de participar do Desafio Mauricio 80, uma maneira divertida de homenagear o desenhista: a pessoa sorteia um dos 250 personagens, desenha em 8 minutos, ou menos, e compartilha na página.

Outras atrações deste ano de festa incluem o espetáculo Turma da Mônica O Show, em turnê por todo o país, a volta do novo Parque da Mônica, que oferece 20 atrações tematizadas para todos os fãs da Turminha, e a Loja da Mônica, dentro do Parque, reunindo os produtos licenciados com os personagens.

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Parabéns Mauricio! Por seus 80 anos e por tudo o que você criou.

 

Nova foto do bandido Billy the Kid, comprada por menos de US$ 2, vale US$ 5 milhões

Randy Guijarro pagou US$ 2 por três fotos antigas. O que ele não sabia era que estava adquirindo uma verdadeira mina de ouro do Velho Oeste. Isso porque uma das imagens era um ferrótipo (processo fotográfico que cria imagem positiva sem chapa negativa) em que supostamente aparece Billy the Kid. Com a descoberta, o retrato está avaliado em US$ 5 milhões (cerca de R$ 19 milhões).

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A imagem 4×5 mostra Henry McCarty (Kid), também conhecido como William Bonney, jogando croquet com seus cúmplices. A foto foi comprada em um sebo em Fresno, na Califórnia, em 2010, mas Guijarro só percebeu que ali havia algo historicamente importante quando olhou mais de perto. Veja o detalhe (Billy é o da esquerda):

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A descoberta foi autenticada pela Kagin, uma firma de São Francisco especializada em moedas de ouro norte-americanas e em memorabilia do velho oeste.

Até hoje, a única foto conhecida do fora da lei era um icônico ferrótipo de 2×3, em que ele posava em um “saloon” do Novo México, agarrado ao cano de um rifle de carabina Winchester e com uma pistola Colt pendurada na cintura. Essa imagem, aliás, estampa a capa de “Billy the Kid”, biografia escrita por Pat Garrett, o homem que o matou. O livro é publicado na Coleção L&PM Pocket.

billy the kid

O nascimento de Oscar Wilde

A criança que nasceu no dia 16 de outubro de 1854 em Dublin, na Westland Row, número 21, e que o mundo logo iria conhecer como o glorioso Oscar Wilde – tanto por seu gênio literário quanto por suas aventuras mundanas – tinha inicialmente um nome com consonâncias ainda mais prestigiosas: Oscar Fingal O’Flahertie Wills Wilde. Pois foi assim que seus pais, William Robert Wilde e Jane Francesca Elgee – ambos pertencentes à antiga burguesia irlandesa protestante e fervorosos nacionalistas -, chamaram seu segundo filho, batizado com esse patrônimo pelo reverendo Ralph Wilde, seu tio paterno, em 26 de abril de 1855. De fato, tal nome de batismo traduz toda uma doutrina, enraizada num poderoso contexto histórico. Oscar, na mitologia céltica, é o filho de Ossian, rei de Morven, na Escócia; enquanto Fingal, irmão de Ossian, é um herói do folclore irlândes. (Trecho inicial de Oscar Wilde, Série Biografias L&PM)

De todos os dândis que encantaram a sofisticada sociedade londrina do final do século XIX, o mais brilhante e luminoso foi sem dúvida Oscar Wilde. Célebre, respeitado, Wilde viveu o ano de 1895 como o grande autor de O retrato de Dorian Gray (1891) e de três peças que faziam sucesso no momento: O leque de Lady Windermere, Um marido ideal e A importância de ser prudente. Neste mesmo ano, acusado de crimes de natureza sexual, foi processado pela família de Lord Alfred Douglas, um jovem aristocrata por quem se apaixonou e com quem compartilhou um excêntrico estilo de vida. Condenado, sua vida mudou radicalmente e o talentoso escritor viu-se encarcerado por dois anos com trabalhos forçados que consumiram sua saúde e fulminaram sua reputação. Na prisão, produziu, entre outros escritos, De profundis, o clássico anarquista, A alma do homem sob o socialismo e a célebre Balada do cárcere de Reading. Cumprida a pena, decidiu exilar-se em Paris em 1898 onde morreu em 30 de novembro de 1900.

Algumas pessoas mudam a sua vida para sempre

A frase título deste post está estampada no novo cartaz do filme Carol que foi divulgado há algumas horas, durante o London Film Festival 2015. Baseado no livro de Patricia Highsmith, que é publicado no Brasil pela L&PM, ele está sendo exibido no festival de Londres exatamente enquanto escrevemos esta notícia (Começou às 19:15 por lá).

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Dirigido por Todd Haynes, o filme tem Cate Blanchett e Rooney Mara nos papéis principais. Por sua atuação como Therese, Rooney foi premiada no Festival de Cannes deste ano como melhor atriz. O filme promete ser um dos destaques do próximo Oscar e está previsto para estrear no Brasil em dezembro. Pela foto abaixo, a direção de arte também merece uma estatueta:

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A história da menina que devorava livros

13 de outubro é o Dia Mundial do Escritor. Mas a gente sabe que um escritor só existe graças aos seus leitores. E vice versa. Aproveitando a deixa, você já conhece a história da menina Kaciane Marques Nascimento que tem apenas 10 anos e já leu mais de 500 livros? Kaciane montou uma biblioteca nos fundos da sua casa, na periferia de São José do Rio Preto, para compartilhar sua paixão com mais crianças e assim incentivar a leitura. Conhecida na sua escola como “a menina que devorava livros”, Kaciane é um exemplo para todos. Sua história já ganhou destaque em muitos programas de TV como Jornal Nacional, Hora do Faroe, recentemente, a menina foi entrevistada por Marília Gabriela.

Adivinha o que Kaciane quer ser quando crescer? Escritora!

Kaciane e Rodrigo Faro no programa "Hora do Faro". O programa ajudou a decorar a biblioteca da menina. Sensibilizado com a história, Pedro Acquaroni Neto, dono de uma escola particular da cidade, construiu uma biblioteca no fundo da casa de Kaciane e lhe deu uma bolsa de estudos.

Kaciane e Rodrigo Faro no programa “Hora do Faro”. O programa ajudou a decorar a biblioteca da menina. Sensibilizado com a história, Pedro Acquaroni Neto, dono de uma escola particular da cidade, construiu uma biblioteca no fundo da casa de Kaciane e lhe deu uma bolsa de estudos.

O “Uivo” que anunciou o nascimento da Geração Beat

7 de outubro de 1955 no número 3119 da Fillmore Street em San Francisco, Califórnia. Em um galpão de oficina mecânica transformado em galeria de arte e batizado de Six Gallery, um grupo se reuniu para um evento de poesia.

A sessão começou com Philip Lamantia apresentando poemas de John Hoffman, prosseguiu com Michael McClure e seu poema de protesto contra o morticídio das baleias e, animada pelo vinho distribuído por Kerouac e seus gritos, atingiu o clímax com a leitura, por um Ginsberg já embriagado, da primeira parte de Uivo, transmitindo imediatamente aos presentes a sensação de estarem diante de uma manifestação notável. Nas palavras de [Kenneth] Rexroth, …quando Allen leu Howl, foi como se o céu caísse sobre nossas cabeças. Um efeito inimaginável. Pois, seguramente, ele dizia tudo o que aquele público desejaria ouvir, e dizia isso na linguagem deles, rompendo radicalmente com o estilo estabelecido. (Cláudio Willer, tradutor de Uivo na introdução do livro)

Foi o início de uma nova geração. A Geração Beat.

Ginsberg le uivo

I

Eu vi os expoentes da minha geração destruídos pela loucura,morrendo de fome, histéricos, nus, arrastando-se pelas ruas do bairro negro de madrugada em busca de uma dose violenta de qualquer coisa, hipsters com cabeça de anjo ansiando pelo antigo contato celestial com o dínamo estrelado na maquinaria da noite, que pobres, esfarrapados e olheiras fundas, viajaram fumando sentados na sobrenatural escuridão dos miseráveis apartamentos sem água quente, flutuando sobre os tetos das cidades contemplando jazz,desnudaram seus cérebros ao céu sob o Elevado e viram anjos maometanos cambaleando iluminados nos telhados das casas de cômodos (…)

A L&PM publica Uivo, Kaddish e outros poemas em dois formatos, com tradução, seleção e notas de Cláudio Willer.

No dia que marca os 60 anos da leitura de Uivo, Willer estará na Feira do Livro de São Luís, no Maranhão, participando de dois eventos:

– 18h, performance poética no Beco Catarina Mina.

– 20h, palestra “Beat Generation: a influência para além do mito”, mediada por Josoaldo Rego. Local: Café Literário, Centro de Criatividade Odylo Costa, filho.