24 de outubro de 1969, sexta-feira. Em Lowell, Massachusetts, acontecia o funeral de Jack Kerouac. O site “The Allen Ginsberg Project” divulgou, exatamente no dia em que completou 46 anos da data, algumas fotos de Allen Ginsberg e Gregory Corso feitas por Jeff Albertson na despedida do amigo beat. O texto do site traz mais detalhes.
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Fotos raras de Allen Ginsberg e Gregory Corso no funeral de Jack Kerouac
segunda-feira, 26 outubro 2015O “fantástico, belo e inigualável Gregory Corso”, por Jack Kerouac
terça-feira, 26 março 2013Em 26 de março de 1930 nascia Gregory Corso, um dos maiores poetas da geração beat, amigo de Jack Kerouac e Allen Ginsberg, e que, por isso, aparece inúmeras vezes nas cartas trocadas entre os dois. Nesta correspondência, de 18 de outubro de 1957, Kerouac conta a Ginsberg como recomendou as poesias de Corso a Lawrence Ferlinghetti, o editor e dono da City Lights:
A L&PM publica esta e outras preciosidades no livro As cartas.
Contardo Calligaris assitiu ao filme “Na estrada”
quinta-feira, 19 julho 2012“Na estrada”
Por Contardo Calligaris*
Assisti a “Na Estrada”, de Walter Salles, na sexta passada, no Rio. E passei o fim de semana pensando na minha vida.
Li “Na Estrada”, de Jack Kerouac, no fim dos anos 1960, provavelmente em Nova York -mas talvez em Houston. O texto que eu li era uma versão expurgada; isso, na época, eu não sabia. Não voltei ao texto em 2007, quando a Viking publicou o manuscrito original (em português pela L&PM). Mas o texto voltou em mim com força, na sexta-feira, quando assisti ao filme.
Nos anos 1960, eu era um hippie lendo um “beat”. Na mesma época, “Almoço Nu”, de William Burroughs, me seduzia, mas me assustava -longe demais de minha experiência (das drogas, do sexo e da vida). Também lia Allen Ginsberg e Gregory Corso, mas, aos dois, preferia Lawrence Ferlinghetti -outra escolha “bem comportada”, dirá alguém.
O fato é que “Na Estrada” foi a parte da herança “beat” da qual eu me apropriei imediatamente. Por quê? As drogas, o álcool ou o sexo “livre” me pareciam secundários -apenas um jeito de dizer: “Não esperem que a gente viva como manda o figurino”.
O essencial, para mim, era a junção da fome de aventura com uma raivosa vontade de escrever. A vida se confundia com um projeto literário que exigia os excessos: era preciso viver intensa e loucamente, de peito aberto, para que valesse a pena contar a história. Por isso, eu e outros podíamos, ao mesmo tempo, venerar Kerouac e Hemingway -os quais, álcool à parte, provavelmente, não se dariam.
Pensando bem, eu fui mais um “beat” atrasado do que um hippie. A procura por iluminações interiores e comunhões cósmicas da idade de Aquário, tudo isso me parecia pacotilha para “Hair”, coisa da Broadway. Fiz minha peregrinação à Índia e ao Nepal, mas considerava com desconfiança o orientalismo que estava na moda: o budismo dos anos finais de Kerouac e Ginsberg não me parecia mais sério do que o hinduísmo dos Beatles.
O problema é que eu era um espécimen bastardo: “mezzo” hippie e “mezzo” maio-68 francês, “mezzo” descendente dos “beats” e “mezzo” filho marxista do pós-guerra europeu.
Kerouac não tinha simpatia pelo marxismo. Ele preferia o individualismo dos que procuram uma fronteira para desbravar -pouco a ver com um projeto de reforma social ou de revolução. Para os “beats”, aliás, transformar a sociedade seria um problema. Certo, Neal Cassady e Gregory Corso passaram tempo na cadeia; e Burroughs, Kerouac e Ginsberg foram censurados. Mas, justamente, num mundo que não lhes resistisse, a vida dos “beats” perderia sua dimensão épica.
Ao longo dos anos 1970 e 1980, fazendo um balanço, eu teria dito que, em mim, a herança marxista europeia prevalecera sobre a herança “beat”. Hoje, penso o contrário -não sei se por decepção política ou por maturidade. Mas não tenho muitas certezas: por exemplo, minha errância pelo mundo foi uma experiência da estrada ou uma versão “chique” do cosmopolitismo forçado dos trabalhadores modernos?
E será que vivi como um fogo de artifício? Ou então durar e continuar vivo se tornou, para mim, mais importante do que me arriscar na intensidade das experiências?
O filme de Salles está sendo a ocasião imperdível de um balanço -ainda não decidi se festivo ou melancólico. Cuidado, o balanço não interessa só minha geração. Cada um de nós pode se perguntar, um dia, como resolveu a eterna e impossível contradição entre segurança e aventura: quanta aventura ele sacrificou à sua segurança?
Essa conta deveria ser feita sem esquecer que 1) a segurança é sempre ilusória (todos acabamos morrendo) e 2) qualquer aventura não passa de uma ficção, um sonho suspenso entre a expectativa e a lembrança.
Que você tenha lido ou não o livro de Kerouac, e seja qual for sua geração, assista ao filme e se interrogue: se uma noite, inesperadamente, Neal Cassady tocar a campainha de sua casa, louco de aventuras para serem vividas e com o olhar fundo de quem dirige há horas e ainda quer se jogar na estrada, você saberia e poderia, sem fazer mala alguma, simplesmente ir embora com ele?
*Este texto foi publicado originalmente na coluna de Contardo Calligaris no caderno Ilustrada da Folha de S. Paulo no dia 19 de julho de 2012.
“Geração Beat” será encenada pela 1ª vez
terça-feira, 13 março 2012Talvez poucos saibam disso, mas Jack Kerouac já se aventurou pelos caminhos do teatro e escreveu, em 1957, uma peça em três atos chamada Geração Beat (Coleção L&PM Pocket), a única de sua curta carreira de dramaturgo. Eis que 55 anos depois, a peça será encenada pela primeira vez na cidade natal de Kerouac, Lowell, no estado de Massachusetts, durante o festival “Jack Kerouac Literary”. Serão oito performances que estão sendo preparadas pelo grupo Merrimack Repertory Theatre em parceria com a University of Massachusetts Lowell.
Se a peça não foi encenada antes, não foi por falta de empenho do próprio Kerouac. Na época, ele enviou cópias do texto para diversos produtores e atores (entre eles Marlon Brando), mas diante das sucessivas negativas, acabou desistindo e o texto ficou engavetado por muito tempo até ser redescoberto em 2005.
Geração Beat mostra um dia na vida do personagem Jack Duluoz, uma espécie de alter ego de Kerouac. Como é de praxe, as histórias são baseadas nas vivências do escritor e os outros personagens fazem referência a Allen Ginsberg, William Burroughs, Neal Cassady, Gregory Corso e outros malditos. A estreia está prevista para outubro.
Os livros estão de luto
sexta-feira, 16 dezembro 2011Quem conhece Paris provavelmente já visitou a livraria Shakespeare and Company. Aconchegante e abarrotada de (bons) livros, essa que hoje é ponto turístico dos apaixonados pela literatura, já foi ponto de encontro de intelectuais como Arthur Miller, James Baldwin, Samuel Beckett, Anaïs Nin, Lawrence Durrel, William Burroughs, Gregory Corso e Allen Ginsberg. Escritores que lá iam para comprar seus livros e se encontrarem com George Whitman, o dono da livraria que morreu quarta-feira, 14 de dezembro, dois dias depois de completar 98 anos.
Segundo o jornal The New York Times, Whitman faleceu devido a complicações que surgiram após um derrame sofrido há dois meses. Em outubro, ele se recusou a ficar no hospital e exigiu ser levado para casa, que fica em cima da Shakespeare and Company. Ontem, quinta-feira, a livraria estava fechada e, em sua porta, velas, flores e romances foram colocados juntos ao comunicado que anunciava a morte de Whitman. Os admiradores também colaram bilhetes com agradecimentos e elogios a ele.
Whitman nasceu em Nova Jersey, nos Estados Unidos, mas passou parte da infância na China. Mudou-se para Paris em 1948, tendo uma bicicleta e um gato como as suas únicas posses. Em 1951, ele abriu a livraria Le Mistral que depois seria rebatizada de Shakespeare and Company, em homenagem a Sylvia Beach, proprietária da Shakespeare & Company original, responsável pela primeira edição de Ulisses, de James Joyce. Quando morreu, em 1962, Sylvia Beach deixou para Whitman os direitos da marca e os seus livros. Dois anos depois, a Le Mistral de Whitman tornou-se Shakespeare & Company dois anos depois.
Mais do que dono de livraria, George Whitman foi uma lenda. Seu lema de vida tinha sido tirado de um poema de W.B. Yeats: “Não seja inóspito a estranhos, pois eles podem ser anjos disfarçados”. Atualmente, quem cuida da Shakespeare and Company é a filha de George, Sylvia Beach Withman.