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Escritores que dão samba

Você faz parte da ala dos que se empolgam com o maior espetáculo da Terra ou do bloco dos que preferem a companhia sossegada de um bom livro durante o carnaval? Não importa… Essa notícia provavelmente vai agradar gregos e baianos, pierrôs e colombinas, pois ela mostra que samba e escritores podem ser um par perfeito no salão.

Em 1968, a cantora Dulce Nunes lançou um disco chamado “Samba do Escritor”, em que apresentava canções com letras que iam de Mario Quintana à Millôr Fernandes. Para quem ficou curioso, alguns poucos LPs podem ser encontrados  à venda no Mercado Livre, um deles com dedicatória de Dulce para ninguém menos do que Gal Costa (será que a Gal não curtiu?).

Além de Millôr e Quintana, há letras de Jorge Amado, Guimarães Rosa, Paulo Mendes Campos, Vinicius de Moraes, Antônio Callado e Carlos Drummond de Andrade.

Na capa do LP, com Dulce, estão Vinicius, Drummond e Millôr. Este último, escreveu a letra que dá nome ao disco: “Samba do escritor”

Millôr está na moda

A marca carioca de roupas e calçados Reserva lançou uma nova coleção de camisetas com frases de Millôr Fernandes. Os temas escolhidos têm tudo a ver com o momento atual do Brasil. São aforismos centrados na política nacional que parecem ter sido escritos hoje. No entanto, foram criados por Millôr há cerca de 30 anos e se encontram no livro Millôr definitivo – A bíblia do caos que a L&PM publica em diferentes formatos.

Conheça algumas das frases das camisetas. E se quiser ver todas, clique aqui.

CAMISETA 2 MILLOR

CAMISETA FRANK MILLOR

CAMISETA TERRA A VISTA MILLOR

CAMISETA PRIVATIZACAO BRANCA MILLOR

CAMISETA VELHINHA MILOR

É a segunda vez que a Reserva lança uma linha temática de Millôr e, além de serem comercializadas no site da marca, as novas camisetas também estão à vendas nas lojas do Shopping Leblon e Rio Sul.

Camiseta exposta em loja do Shopping Leblon

Camiseta exposta em loja do Shopping Leblon

A Reserva sempre teve inúmeros motivos para admirar Millôr Fernandes. Um artista brasileiro com orgulho, como a gente. Com uma opinião forte, como a gente. E às vezes polêmico, como a gente. Com tantas semelhanças, resolvemos transformar nossa admiração em trabalho: assim nasceu a parceria Reserva + Millôr. Com um inconfundível tom de crítica, os desenhos e frases permanecem surpreendentemente atuais, graças ao talento atemporal do mestre Millôr. (Mensagem da Reserva em seu site)

Exposição no Rio de Janeiro reúne 500 desenhos originais de Millôr

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Millôr: obra gráfica é a exposição que mostrará Millôr Fernandes com todas suas cores. A mostra que será aberta no próximo sábado, 16 de abril, às 18h no Instituto Moreira Salles do Rio de Janeiro, é a primeira retrospectiva dedicadas aos desenhos do humorista, dramaturgo, tradutor e jornalista. Em 500 originais, os curadores Cássio Loredano, Julia Kovensky e Paulo Roberto Pires mapeiam os principais temas que estiveram presentes ao longo de 70 anos de produção de Millôr. Ao ganhar as galerias, os desenhos, feitos principalmente para serem publicados na imprensa, revelam a força e a complexidade de uma obra fundamental para a arte brasileira.

A mostra divide em cinco grandes conjuntos a obra gráfica de Millôr, dos autorretratos à crítica implacável da vida brasileira, passando pelas relações humanas, o prazer de desenhar e a imensa e importante produção do “Pif-Paf”, seção que manteve na revista O Cruzeiro entre 1945 e 1963. O acervo de Millôr, que reúne mais de seis mil desenhos e seu arquivo pessoal, está sob a guarda do Instituto Moreira Salles desde 2013.

Mais informações no site do Instituto Moreira Salles.

Algumas das imagens que estarão na exposição:

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Veja aqui as obras de Millôr publicadas pela L&PM Editores.

Um viva aos tradutores!

Eles traduzem do inglês, francês, espanhol, alemão, italiano, polonês, norueguês, russo, holandês, chinês, grego… Estudam cada palavra, analisam cada frase, revisam cada linha. Sem os tradutores, nossas opções de leitura seriam muito mais limitadas e nossa biblioteca muito mais reduzida.

Para homenagear os tradutores no Dia Internacional da Tradução – 30 de setembro – vai aqui um texto de Millôr Fernandes que traduziu, entre outros, Shakespeare:

Le dernière translation (Homenagem à Sociedade Brasileira de Tradutores):

Quando morre um velho tradutor

Sua alma, anima, soul,

Já livre do cansativo ofício de verter

Vai direta para o céu, in cielo, to the heaven, au ciel, in caelum, zum himmel,

Ou pro inferno, Holle, dos grandes traditori?

Ou um tradutor será considerado

In the minute hierarquia do divino (himm’lisch)

Nem peixe nem água, ni poisson ni l’eau,

Neither water nor fish, nichts, assolutamente niente?

Que irá descobrir de essencial

Esse mero intermediário da semântica

Corretor da Babel universal?

A comunicação definitiva, sem palavras?

Outra vez o verbo inicial?

Saberá, enfim!, se ele fala hebraico

Ou latim?

Ou ficará infinitamente no infinito

Até ouvir a Voz, Voix, Voce, Voice, Stimme, Vox,

Do Supremo Mistério partindo do Além

Voando como um pássarobirduccelopájarovogel

Se dirigindo a ele em…

E lhe dando, afinal,

A tradução para o Amén?

(De Millôr definitivo – A bíblia do caos)

Teatro de bolso

Teatro do Absurdo, da Crueldade, de Revista, de Rua, do Oprimido, Elisabetano, Épico, Japonês, Invisível, Grego… estes são só alguns (nem a metade!) dos tipos listados no Dicionário de Teatro, de Luiz Paulo Vasconcellos (Coleção L&PM Pocket). E por falar nisso, 28 de março é o Dia Mundial do Teatro, de todos estes teatros, que em sua essência têm o mesmo objetivo: tocar o público, fazer rir ou fazer chorar.

A santíssima trindade do teatro grego – Ésquilo, Sófocles e Eurípedes – fazia o público chorar como ninguém. As tragédias escritas por eles há mais de dois mil anos como Édipo Rei, Sete contra tebas e Antígona são reencenadas ainda hoje em todo o mundo e a dramaturgia contemporânea ainda se alimenta de personagens como Édipo, Medeia, Helena de Troia, Antígona e Electra.

Cena de “Antígona”, de Sófocles.

No volume Tragédias gregas, da série Encyclopaedia, você pode conhecer em detalhes a biografia dos principais autores trágicos e o contexto de sua obra. Já se o assunto for comédia, o maior representante foi Aristófanes, autor de Lisístrata –  A greve do sexo.

Avançando mais de um milênio, em plena Londres do século 16, eram exibidas as primeiras peças de um tal William Shakespeare, que veio a se tornar um dos autores mais encenados de todos os tempos. Textos como Hamlet, MacbethSonho de uma noite de verão inspiraram adaptações, paródias e versões para cinema e TV. São cerca de 20 títulos do autor na Coleção L&PM Pocket e um volume inteiro dedicado ao dramaturgo inglês na série Ouro: Shakespeare – Obras escolhidas.

Confira a lista completa de textos teatrais publicados pela L&PM, que contém entre outros autores os brasileiros Millôr Fernandes e Martins Pena, os russos Anton Tchekhov e Máximo Gorki e o francês Molière.

Millôr onipresente na Flip

Millôr está na Praça da Matriz de Paraty: em letras gigantes que reproduzem o modo como ele próprio desenhava seu nome.

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Millôr está na Casa de Cultura: em uma exposição que traça um paralelo entre sua vida e obra e que se divide em módulos que relembram todas as fases de seu trabalho.

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Millôr está em todas as palestras da Tenda dos Autores: no fundo do palco, em um painel que exibe seus inconfundíveis traços.

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Millôr está em todas as mãos: ao longo da Flip estão sendo oferecidas edições do Daily Millôr, um jornal diário feito exclusivamente para o evento.

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Por fim, Millôr está nas livrarias da histórica cidade: a L&PM, por exemplo, tem diferentes títulos a oferecer.

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A Flip 2014 – Festa Literária Internacional de Paraty, que homenageia Millôr Fernandes, termina no domingo, 3 de agosto. Mas seguiremos festejando o guru do Méier! 🙂

 

Rei Lear em monólogo com Juca de Oliveira

Estreia nesta sexta-feira, 18 de julho, em São Paulo, “Rei Lear”, peça de Shakespeare que, pela primeira vez no Brasil, terá um único ator em cena: Juca de Oliveira.

Juca, que chegou a pensar em cancelar o projeto devido à responsabilidade de encenar sozinho (sem troca de roupas ou objetos cênicos) um texto de Shakespeare, vive seis papéis no monólogo que tem adaptação de Geraldo Carneiro.

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Publicado pela L&PM com tradução de Millôr Fernandes, O Rei Lear pode ser encontrado na Coleção Pocket, no grande livro Shakespeare – Obras escolhidas da Série Ouro e no recém lançado Shakespeare traduzido por Millôr Fernandes. A tragédia foi escrita em 1606 e começa quando Lear, o idoso rei da Bretanha, se vê obrigado a dividir seu reino. É uma peça centrada no desgaste e na decrepitude de um homem em idade avançada.

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SERVIÇO DA PEÇA

Rei Lear

Data: De 18 de julho a 12 de outubro

Horário: sex. e sáb. às 21h e dom. às 19h

Onde: Teatro Eva Herz, av. Paulista, 2073

Classificação: 14 anos

Millôr Fernandes e a arte de traduzir

Sobre tradução

Por Millôr Fernandes

Passei boa parte de minha vida traduzindo furiosamente, sobretudo do inglês. Para ser mais preciso, até os vinte anos, quando traduzi um livro de Pearl Buck para a José Olympio. O livro se chamava Dragon Seed, foi publicado com o nome de “A estirpe do dragão” e, como eu não tinha contato com o editor, foi assinado pelo intermediário, o escritor Antônio Pinto Nogueira de Accioly Netto, diretor da revista O Cruzeiro, mediante 60% dos direitos.

Depois disso abandonei a profissão para nunca mais, por ser trabalho exaustivo, anônimo, mal remunerado. Só voltei à tradução em 1960, com a peça “Good People” (A fábula de Brooklyn), de Irwin Shaw, para o Teatro da Praça. Depois disso traduzi mais três ou quatro peças – entre elas “The Playboy of The Western World”, uma obra-prima, de tradução quase impossível devido à sua linguagem extremamente peculiar.

Com a experiência que tenho, hoje, em vários ramos de atividade cultural, considero a tradução a mais difícil das empreitadas intelectuais. É mais difícil mesmo do que criar originais, embora, claro, não tão importante. E tanto isso é verdade que, no que me diz respeito, continuo a achar aceitáveis alguns contos e outros trabalhos meus de vinte anos atrás; mas não teria coragem de assinar nenhuma de minhas traduções da mesma época. Só hoje sou, do ponto de vista cultural e profissional, suficientemente amadurecido para traduzir. As traduções, quase sem exceção (e não falo só do Brasil), têm tanto a ver com o original quanto uma filha tem a ver com o pai ou um filho a ver com a mãe. Lembram, no todo, de onde saíram, mas, pra começo de conversa, adquirem como que um outro sexo. No Brasil, especialmente (o problema econômico é básico), entre o ir e o vir da tradução perde-se o humor, a graça, o talento, a poesia, o pensamento, e, mais que tudo, o estilo do autor.

Fica dito – não se pode traduzir sem ter uma filosofia a respeito do assunto. Não se pode traduzir sem ter o mais absoluto respeito pelo original e, paradoxalmente, sem o atrevimento ocasional de desrespeitar a letra do original exatamente para lhe captar melhor o espírito. Não se pode traduzir sem o mais amplo conhecimento da língua traduzida mas, acima de tudo, sem o fácil domínio da língua para a qual se traduz. Não se pode traduzir sem cultura e, também, contraditoriamente, não se pode traduzir quando se é um erudito, profissional utilíssimo pelas informações que nos presta – que seria de nós sem os eruditos em Shakespeare? –, mas cuja tendência fatal é empalhar a borboleta. Não se pode traduzir sem intuição. Não se pode traduzir sem ser escritor, com estilo próprio, originalidade sua, senso profissional. Não se pode traduzir sem dignidade.

O texto acima foi retirado de uma entrevista para a revista Senhor em 1962 e está no recém lançado Shakespeare traduzido por Millôr que traz as peças “Hamlet”, “A megera domada”, “O rei Lear” e “As alegres matronas de Windsor” no mesmo volume.

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Coluna de Antonio Bivar na Revista Joyce Pascowitch traz haicais de Jack Kerouac

Este mês, a coluna “De conversa em conversa” de Antonio Bivar na glamurosa revista Joyce Pascowitch, é sobre Haicais. O destaque fica por conta dos poemas produzidos por Jack Kerouac que chegaram ao Brasil pela L&PM com tradução de Claudio Willer. Escritor, tradutor e um verdadeiro beat brasileiro, Bivar declara seu gosto pela poesia japonesa e convida os leitores a mergulharem neste maravilhoso mundo de três versos. Clique sobre as páginas para ler.

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Dois anos sem Millôr

Logo ele que ria da morte, “um dia, mais dia menos dia, acaba o dia-a-dia”. Mas, em contrapartida, eu posso dizer que penso no Millôr todos os dias. Foram 37 anos de convivência, de 1974 até 2011. E vira e mexe eu me pego citando o Millôr. E assim, na prática, se vê a importância e o tamanho de Millôr Fernandes. Se admira a sua originalidade, sua genialidade, sua capacidade de verbalizar as coisas mais simples da forma mais inteligente, poética, brilhante e… simples. Hoje faz dois anos que morreu Millôr. Como não sentir falta de sua gentileza? Da sua intensa capacidade de falar coisas brilhantes, de sua enorme capacidade de calar para ouvir com profundo interesse seu interlocutor?  “Só se morre uma vez. Mas é para sempre”, ele disse. Mas o seu legado como o amigo fiel, desenhista, pintor, poeta, humorista, escritor, dramaturgo, pensador, é inesquecível. (Ivan Pinheiro Machado)

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Millôr Fernandes, Paulo Lima (o L da L&PM) e Ivan Pinheiro Machado (o PM) no início dos anos 80