Arquivo mensais:fevereiro 2016

Loving Vincent: mais do que um filme, uma verdadeira obra de arte

8 anos, 860 pinturas, 1026 desenhos, 800 cartas e 20 pessoas, contando a história de um homem: Vincent Van Gogh. Assim é o filme “Loving Vincent” (Amado Vincent), cujo trailer foi divulgado esta semana. Basta assistir para ver que se trata de uma verdadeira obra de arte em movimento.

Segundo o site oficial do filme, este é o primeiro longa-metragem do mundo em que cada frame foi pintado à mão com tinta à óleo, seguindo o mesmo estilo de Van Gogh. “Loving Vincent” é dirigido pelo polonês Dorota Kobiela e por Hugh Welchman, vencedor do Oscar de animação com “Pedro e o Lobo”.

A equipe de artistas do filme

A equipe de artistas do filme

Artista em ação

Artista em ação

A L&PM Editores publica vários livros sobre Van Gogh: cartas, biografia e HQ.

Tennessee Williams, um homem chamado desejo

Tennessee Williams nasceu em 26 de março de 1911. Autor de “Um bonde chamado Desejo” e “Gata em teto de zinco quente” – só para citar duas de suas peças mais famosas – ele foi batizado como Thomas Lander Williams. Mas aos 26 anos resolveu adotar o pseudônimo que o faria famoso:  Tennessee. Seu tema favorito sempre foi a família problemática: os vínculos prestes a se dissolverem ou já totalmente falidos. Em sua dramaturgia, usou como inspiração a própria vida, sua infância carente de dinheiro e de afeto. A lobotomia da irmã, autorizada pela mãe, por exemplo, está na peça “De repente no último verão”. E há realmente mais dramas do que comédias em seu currículo de vida. Quando garoto, Tennesse Williams fugia de casa para não escutar os gritos da mãe, que não se continha na hora do sexo.  Sem um tostão, passou por uma cirurgia de catarata gratuita diante de uma platéia de estudantes. E certa vez foi espancado por michês marinheiros até ver a morte de perto. Mas ele resistiu, fez sucesso, fez amigos, ganhou fama, ganhou dinheiro, abusou do álcool, abusou da sorte. Até que morreu em 25 de fevereiro de 1983, sufocado por uma tampa de spray nasal em um quarto de hotel em Manhattan. “Um bonde chamado desejo”, publicado pela L&PM com tradução de Beatriz Viégas-Faria, foi escrito por Tennessee Williams em 1947. Além de fazer sucesso nos palcos até hoje, o texto imortalizou Marlon Brando no papel do rude Stanley Kowalski, cunhado de Blanche DuBois.

Andy Warhol e Tennessee Williams, ambos de óculos escuros

São Paulo tem Shakespeare e Cervantes

2016 marca o quarto centenário da morte de dois grandes nomes da literatura: William Shakespeare e Miguel de Cervantes (que a história erroneamente se encarregou de divulgar que morreram no mesmo dia, 23 de abril de 1616, mas parece que não é bem assim).

Como não é todo ano que uma efeméride destas acontece, serão muitos os eventos ao redor do mundo. E o Brasil não poderia ficar fora desta. Alguns espetáculos que acontecerão em São Paulo já estão sendo divulgados. Dê uma olhada:

Exposição “Shakespeare”, da fotógrafa Ellie Kurttz. Até dia 7 de março, no Centro Britânico (Rua Ferreira de Araújo, 741, Pinheiros). A fotógrafa Ellie Kurttz acompanhou os espetáculos da Royal Shakespeare Company e, em 2012, foi escolhida para documentar os espetáculos de “Globe to Globe”, festival que aconteceu durante as Olimpíadas de Londres e que aconteceu no Shakespeare’s Globe. A mostra paulista, com cenografia assinada por Gringo Cardia, reúne fotografias de mais de 12 anos da trajetória profissional de Kurttz e representa grande variedade nas interpretações das obras do inglês. A entrada é franca.

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Titus Andronicus, NinagawaRSC,2006©Ellie KurttzRoyal Shakespeare

Romeu e Julieta, ©Ellie KurttzRoyal Shakespeare

Romeu e Julieta, ©Ellie KurttzRoyal Shakespeare

Ópera Dom Quixote. Estreia 2 de março. Primeiro título da temporada lírica 2016 do Theatro São Pedro (Rua Barra Funda, 171, São Paulo/SP). Ópera em cinco atos composta por Jules Massenet, baseada no libreto de Henri Caïn e inspirada no romance de Miguel de Cervantes, Dom Quixote. A estreia acontece no dia 2 de março e será seguida de seis récitas, nos dias 04, 06, 09, 11 e 13 de março, sempre às 17h. A ópera terá regência e direção musical do maestro Luiz Fernando Malheiro e direção cênica de Jorge Takla. Os ingressos custam a partir de R$ 30 e podem ser comprados pelo Ingresso Rápido.

Alice se prepara para chegar ao Brasil

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Acaba de ser divulgado o trailer legendado em português e o cartaz brasileiro de Alice Através do Espelho (Alice in Wonderland: Through The Looking Glass), continuação do sucesso Alice no País das Maravilhas (Alice in Wonderland) de 2010, que foi dirigido por Tim Burton. Dessa vez, no entanto, Burton desistiu da direção e ficou só na produção, passando o bastão para James Bobin (que dirigiu Os Muppets).

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O elenco principal será praticamente o mesmo: Mia Wasikowka é Alice, Johnny Depp é o Chapeleiro Maluco, Anne Hathaway é a Rainha Branca e Helena Bonham Carter é a Rainha de Copas. Sacha Baron Cohen (o eterno Borat) também estará elenco no papel de Time (Tempo).

Nessa nova aventura, Alice precisa salvar o atrapalhado e ingênuo Chapeleiro do sarcástico e vilânico Tempo. A estreia no Brasil está prevista para 26 de maio do 2016.

A Coleção L&PM Pocket publica Alice no País das Maravilhas Alice através do espelho, as obras de Lewis Carroll que já inspiraram muitos filmes.

Que tal dormir no quarto de Van Gogh?

No quadro “Quarto em Arles”, Van Gogh pintou seu quarto na Casa Amarela, em Arles, no Sul da França.

Van Gogh pintou três versões do seu quarto em Arles, esta é uma delas

Van Gogh pintou três versões do seu quarto em Arles, esta é uma delas

Pois agora, dentro da exposição “Os Quartos de Van Gogh”, o Instituto de Arte de Chicago oferece a possibilidade de que as pessoas durmam em uma réplica deste aposento. O ambiente foi recriado em tamanho real e a única mudança foi a de, em vez de uma cama de solteiro, como a que Van Gogh pintou (e provavelmente dormiu), foi colocada uma cama de casal.

O quarto foi montado em um apartamento em North River, em Chicago, e pode ser alugado por apenas US$ 10 (cerca de R$ 41) através do site Airbnb. A questão é que entramos lá para ver quando há vaga e só encontramos disponibilidade para fevereiro de 2019. Mas isso foi há algumas horas atrás.

Quarto casa amarela chicago

O quarto de Chicago é fiel até no assoalho

Em Van Gogh, de David Haziot, livro da Série Biografias L&PM, há um capítulo inteiro dedicado à Casa Amarela, onde o pintor holandês morou neste quarto. Van Gogh também desenhou seu quarto e enviou a cartas ao seu irmão Theo e ao amigo Gauguin.

Desenho do quarto enviado ao pintou Paul Gauguin

Desenho do quarto enviado ao pintou Paul Gauguin

Desenho do quarto enviado para o irmão Theo

Desenho do quarto enviado para o irmão Theo

Dom Quixote no Carnaval Carioca

Na segunda-feira, 8 de fevereiro, Dom Quixote entrou na avenida, sambou e fez todo mundo cantar com a Mocidade Independente de Padre Miguel. Inspirada nos 400 anos do nascimento do escritor Miguel de Cervantes, criador de Dom Quixote de La Mancha, a escola carioca apresentou um enredo em que o herói errante vem ao Brasil e se depara com uma realidade repleta de corrupção, desigualdade social e déficit educacional. Dom Quixote entra então em uma luta para limpar todas essas “manchas” da nação. Os carnavalescos Alexandre Louzada e Edson Pereira foram os responsáveis por um desfile gigantesco e suntuoso que, na comissão de frente, apresentava Dom Quixote e seu fiel escudeiro Sancho Pança, protegendo os camponeses dos “corruptos invisíveis”.

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Comissão de Frente. Foto: Júlio Cesar Guimarães/UOL

Dom Quixote chega ao Brasil

Comissão de Frente. Foto: Júlio Cesar Guimarães/UOL

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Comissão de Frente. Foto: Júlio Cesar Guimarães/UOL

O carro abre-alas, com 18 metros, um dos maiores do Carnaval 2016, apresentou uma gigantesca escultura do herói, toda articulada, em meio a um Brasil idílico, com torres de petróleo na traseira, representando os escândalos de corrupção.

Dom Quixote no maior abre-alas do carnaval de 2016. Foto: Alexandre Cassiano/ O Globo

Dom Quixote no maior abre-alas do carnaval de 2016. Foto: Alexandre Cassiano/ O Globo

No terceiro carro, a Academia Brasileira de Letras ganhou espaço, com seus integrantes vestidos com o tradicional fardão. A instituição é onde Quixote vai para ler clássicos da literatura e tentar entender o Brasil. Ele lê também Gilberto Freyre e Gonçalves Dias, e é apresentado à triste realidade dos tempos coloniais.

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Carro que representava o momento em que Dom Quixote vai à Academia Brasileira de Letras em busca de clássicos que o ajudem a entender o Brasil. Foto: Marco Antônio Teixeira/UOL

Momentos da história marcados por conflitos, como a Guerra dos Farrapos (por meio da obra de Érico Veríssimo) e Canudos (Euclides da Cunha), também foram lembrados. As agruras da vida no sertão motivadas pela indústria da seca apareceram no quinto carro, cuja traseira ostentava um enorme gavião carcará.   A viagem de Quixote chega à ditadura, representada na fantasia da cantora Anitta, à frente de um carro alegórico transformado em tanque de guerra. A letra do samba também fez referência ao período com as expressões “tenebrosas transações”, retirada do samba “Vai Passar”, de Chico Buarque, e “caminhando e cantando”, de “Pra Não Dizer que Não Falei das Flores”, de Geraldo Vandré.  Para encerrar o desfile em um tom otimista, a escola transformou o último carro em “lava-jato de felicidade”, mas justamente esta alegoria teve problemas e foi necessário retirar peças e destaques e atrasando o final do desfile, que terminou com 1h20, faltando dois minutos para o tempo máximo.

Dom Quixote é publicado em dois volumes na Coleção L&PM Pocket e também na Série Clássicos da Literatura em Quadrinhos.

Investigando Agatha Christie em Montreal

É no Museu Pointe-à-Callière, em Montreal, que os visitantes pode investigar Agatha Christie. A exposição em homenagem à Rainha do Crime, Investigando Agatha Christie, lança um olhar sobre o trabalho, a imaginação e os interesses da escritora inglesa, como a arqueologia. Especialmente montada pelo Pointe-à-Callière, a mostra apresenta itens de instituições como o Museu Britânico, em Londres, o Metropolitan Museum of Art, em Nova York, e o Museu Real de Ontário, em Toronto.

O objetivo de Investigando Agatha Christie é informar os visitantes sobre a mulher imaginativa e exploradora que a escritora era, desde seu nascimento, em Torquay, até sua morte, em Wallingford. Para isso, os “hóspedes” são convidados a entrarem em três casas de Agatha Christie, além de subirem a bordo do famoso trem que é cenário de uma de suas histórias mais famosas: Assassinato no Expresso Oriente.

Investigando Agatha Christie segue em exibição até 17 de abril de 2016. Para mais informações clique aqui e vá para o site do museu.

Fotos de Caroline Bergeron.

Agatha Christie

Agatha Christie

Agatha Christie

Agatha Christie

Agatha Christie

A Série Agatha Christie L&PM não para de crescer. Já são quase 100 títulos nos formatos pocket e convencional.

5 de fevereiro de 1914: nascia William Burroughs, o mais velho dos beats

William S. Burroughs foi mais longe do que os outros beats. Não que tenha feito mais sucesso, mas além de ter vindo ao mundo antes de Allen Ginsberg e Jack Kerouac, o “velho Bill” morreu depois deles. Nascido em 5 de fevereiro de 1914, faleceu de ataque cardíaco em 2 de agosto de 1997 aos 83 anos. Um verdadeiro sobrevivente a oito décadas de vida junky. Em On the road, de Kerouac, ele virou o personagem Old Bull Lee.

Burroughs foi uma figura polêmica. Seu currículo incluía relações com garotos menores de idade e o assassinato da esposa (que ele matou sem querer ao brincar de Guilherme Tell). Mas isso não o impediu de ter um séquito enorme de fãs e muitos amigos famosos que o veneraram até o fim – incluindo aí Mick Jagger, Patti Smith e Madonna.

No livro Jack Kerouac & Allen Ginsberg: As cartas, Burroughs é tema frequente na correspondência trocada entre os amigos beats. Aqui, por exemplo, Kerouac escreve sobre ele em março de 1952:

Jack Kerouac [São Francisco, Califórnia] para
Allen Ginsberg [Paterson, Nova Jersey]

fim de março de 1952

Caro Allen:
[…]
Notícias do livro de Bill são fantásticas – eu sabia, quem mais escreve uma confissão completa, soque seu Meron fodido num chiqueiro, blá, Bill ainda é fantástico; escrevi DUAS semanas atrás e pedi a ele para que me levasse para o Equador com ele e [Lewis] Marker, e ainda estou esperando uma resposta: aqui um trecho da carta que ele me escreveu:
“Caro Jack, não sei por quanto tempo vou ficar por aqui. Fui classificado como um ‘estrangeiro problemático’ e o departamento de imigração vai pedir minha saída assim que o caso for decidido…” (mais tarde) (fala sobre seu novo romance gay, estou sugerindo que o chame simplesmente de Queer, é uma sequência para Junk, e ele diz que é melhor, e acredito que seja…) “E me deixe dizer, meu jovem,” (ele escreve) “que eu não ‘abandonei minha sexualidade em algum lugar perdido na estrada do ópio,’ esta frase ficou comigo por todos estes anos. Preciso pedir a você que, se eu aparecer no seu livro atual, que eu apareça adequadamente equipado.” (e aí acrescenta, depois do ponto) “com capacidades masculinas. Meu Deus, cara, você sabe mesmo escolher suas mulheres. Não precisava ter me dito para não dar o seu endereço para a esposa de Kell, ela e eu nem nos dizemos oi, acho que ela não gosta de mim” (soa como o velho bill no Ruyon da 8ª Av., não é?) o P.S. é como segue: “Outra coisa, não estou totalmente feliz com aparecer sob a alcunha de Old Bull Balloon, não consigo deixar de pensar que o epíteto Bull faz uma referência pouco elogiosa, e não sou velho de forma alguma… você vai me equipar” (equipar de novo, duas vezes essa palavra) “com cabelos brancos no próximo livro”. Não é interessante isso vindo de Bill?… no novo livro ele é Bill Hubbard, por falar nisso. Ele diz que Dennison foi descoberto por sua mãe em Cidade pequena, cidade grande, de forma que terá que usar Sebert Lee como nome em Junk, mas para se esconder de mamãe, mas… “Pensei em Sebert Lee, mas Sebert é como Seward e Lee é o nome de minha mãe. Acho que ainda assim vai funcionar.” (fim da carta). (louco?) Se ele me chamar, meu terceiro romance vai estar a caminho imediatamente… vai ser sobre Bill descendo à América do Sul, ainda sem título, e tão vasto como On the Road, diga a Carl, e também diga a Carl que vou enviar o Road completo e datilografado direitinho com todas as considerações feitas e arrumadinho no máximo até abril. De forma que eu possa começar o romance número 3, quero seguir em frente, um desses anos vou conseguir produzir TRÊS obras-primas em um ano, como fez Shakespeare em seu ano Hamlet-Lear-Júlio César, – não convidei você para Paris porque preciso de você, estava só sendo legal com um amigo escritor e sendo tradicional, e também, vai se foder.

Ti-Jean

Burroughs e Kerouac fotografados por Allen Ginsberg em 1953

Ginsberg e Burroughs em 1984

De William Burroughs, a Coleção L&PM Pocket publica Cartas do Yage e O gato por dentro.

Passeie pela Montevidéu de Eduardo Galeano

A capital do Uruguai tem espírito cultural pulsante. E um de seus mais célebres cidadãos deixou sua marca pela cidade. A forte relação de Galeano com sua Montevidéu natal foi retratada em suas obras, textos jornalísticos e na rotina pessoal

As pessoas mais próximas contam que, mesmo em seus últimos anos de vida, ele saía de sua casa em Pocitos para ver a cidade onde as pessoas “amam sem dizer e abraçam sem tocar”.

A seguir, alguns dos lugares preferidos de Galeano em Montevidéu:

CAFÉ BRASILERO

Essa Cafeteria de Montevidéu abriu suas portas em 1877. De tão habitué deste café, Galeano acabou intimamente ligado ao lugar. “Sou filho dos cafés de Montevidéu. Neles aprendi tudo que sei, forma minha única universidade”, dizia.

Todas as manhãs, o escritor ocupava, no Brasilero, uma mesa entre a parede de madeira e a janela envidraçada e ali lia o seu jornal. A leitura era acompanhada por uma taça de vinho, um cortado ou um café especial que é batizado com seu nome (Café + Licor Amaretto + Creme + Doce de leite).

Atualmente, as paredes do café ainda mantêm fotos de Galeano e os garçons, o gerente e o dono do café lembram saudosos da convivência que tinham com o escritor.

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Onde: Calle Ituzaingó, 1447, Ciudad Vieja. www.cafebrasilero.com.uy

LIVRARIA LINARDI Y RISSO

Galeano frequentava esta livraria desde 1960, quando então o lugar ocupava um casarão do outro lado da rua onde está hoje. Especializada em livros antigos e sobre a América Latina, a livraria Linardi y Risso teve papel importante na formação intelectual de Galeano e de outros escritores latinos: por décadas, promoveu em seu café grupos de discussão que reuniam a nata intelectual do continente. Além de Galeano, a livraria recebia Pablo Neruda, Mario Vargas Llosa, Haroldo de Campos, Mario Benedetti e Julio Maria Sanguinetti, entre outros.

Os debates já não acontecem, mas o acervo de 50 mil livros segue em exposição. Nos últimos anos de vida, Galeano encomendava livros raros e ia lá só para buscá-los. A maior parte deles era sobre futebol, mas também obras sobre a história política e social da América Latina.

livraria

Onde: Calle Juan Carlos Gómez, 1435, Ciudad Vieja. www.linardiyrisso.com

ESTÁDIO CENTENÁRIO

“Todos os uruguaios nascem gritando gol. Eu quis ser jogador de futebol, como todos os garotos”. Galeano era realmente apaixonado por futebol e seu time do coração era o Nacional.

O estádio Centenário era adorado pelo escritor, pois foi lá que seu time se tornou campeão da Taça Libertadores três vezes e onde o Uruguai venceu sua primeira Copa do Mundo, em 1930.

“O estádio Centenário suspira de nostalgia pelas glórias do futebol uruguaio”, escreveu ele no livro Futebol ao Sol e a Sombra.

Galeano Centenario

Onde: Avenida Dr. Américo Ricaldoni, Parque Batlle. www.estadiocentenario.com.uy

RAMBLA

Galeano fez das caminhadas pela rambla de Montevidéu (o calçadão que margeia a costa da capital, alinhado ao mar e ao rio da Prata), uma espécie de compromisso diário.

“Vou caminhando pela costa da cidade onde nasci. Ando nela e ela anda em mim. E, enquanto vou, as palavras caminham dentro de mim e vão formando histórias.”, disse ele certa vez em uma entrevista.

A trajetória de Galeano incluía paradas na Plaza Independência e os arredores do Mercado do Porto e de outras construções de Montevidéu, como o teatro Solís.

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Onde: Rambla Francia, Ciudad Vieja

Via Folha de S. Paulo – Caderno Turismo

A L&PM Editores publica todos os livros de Eduardo Galeano no Brasil.

Pasolini é mais um nome de peso na Série Biografias L&PM

Na primavera de 1970, o poeta e cineasta Pier Paolo Pasolini esteve no Rio de Janeiro, com Maria Callas, para promover Medeia na América do Sul. Foi no Rio de Janeiro que o controverso Pasolini (no poema Hierarchia) descobrirá uma fraternidade irrealista com o subproletariado das favelas com um rapaz que ele chama de Joaquim:

Oh, Brasil, minha pátria infeliz,

destinada sem escolha à felicidade,

(o dinheiro e a carne são senhores de tudo, quando se é tão poético)

internamente cada um dos seus habitantes é meu concidadão,

existe um anjo que ignora tudo,

sempre debruçado sobre seu sexo,

movimentando-se, velho ou jovem,

para pegar nas armas e lutar

indiferente pelo fascínio ou pela liberdade.

Na Revista de cinema Bianco e Nero, março-abril de 1971, Pasolini recorda esse encontro com Joaquim em um poema, Res sunt nomina, que ele retomará em Empirismo eretico, quando acompanhou o rapaz até uma favela. Sua experiência se aproxima de modo muito intenso daquelas que conhecera nos anos 50, nas favelas dos subúrbios de Roma. Uma experiência humana, linguística e estética que será o ponto de partida para uma reflexão sobre o cinema e sua relação com a realidade.

Essas e muitas outras histórias estão no mais novo volume da Série Biografias L&PMPasolini, de René de Ceccatty.

Pasolini_BIOGRAFIA

O mais novo título da Sério Biografias L&PM