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CCBB São Paulo apresenta filmes sobre a Geração Beat com preços populares

A mostra começou no dia 6 de janeiro, mas ainda tem bastante filme para aproveitar. Os filmes sobre a Geração Beat ficam em cartaz no Centro Cultural do Banco do Brasil de São Paulo até 29 de janeiro com preços entre 5 e 10 reais.

São curtas e longas-metragens. Confira a programação:

Segunda-feira, 16 de janeiro

17h30 – Jack Kerouac – O rei dos beats (Jack Kerouac – King of the Beats, John Antonelli, EUA, 1985, 78 min)

19h30 – Os subterrâneos da noite (The Subterraneans, Ranald MacDougall, EUA, 1960, 89 min)

filmes beats posters

 

Quarta-feira, 18 de janeiro

17h30 – Häxan: A Feitiçaria Através dos Tempos  (Häxan) – 92 min.

19h30 – Garota existencialista (Beat Girl, Edmond T. Gréville, Reino Unido, 1960, 89 min)

Quinta-feira, 19 de janeiro

17h30 – Uncle Howard

19h30 – American Road (Kurt Jacobsen e Warren Leming, EUA, 2013, 108 min)

Sexta-feira, 20 de janeiro

17h30 – Wild Combinations: A Portrait of Arthur Russell

19h30 – Próxima Parada: Bairro Boêmio (Next Stop, Greenwich Village) – 111 min.

Sábado, 21 de janeiro

15h – Jack Kerouac: King of the Beat

17h30 – Love Always, Carolyn

19h30 – Viagem Mágica

Domingo, 22 de janeiro

15h – Os Subterrâneos da Noite

17h30 – Sem Destino

19h30 – Almas Entorpecidas

Segunda-feira, 23 de janeiro

17h30 – Burroughs: The Movie

19h30 – William S. Burroughs: A Man Within

Quarta-feira, 25 de janeiro

17h30 – Curtas e médias 1 – 78 min.

19h30 – American Road

Quinta-feira, 26 de janeiro

17h30 – Curtas e médias  2 – 73 min.

19h30 – Drugstore Cowboy

Sexta-feira, 27 de janeiro

17h30 – Curtas e médias  3 – 74 min.

19h30 – Mistérios e Paixões

Sábado, 28 de janeiro

15h – Alma Corsária

17h30 – One Fast Move or I’m Gone: Kerouac’s Big Sur

19h30 – Big Sur

Domingo, 29 de janeiro

15h – Na Estrada (LEGENDAGEM DESCRITIVA)

17h30 – Garota Existencialista

19h30 – Os Beatniks

 

CURTAS que acompanham os longas:

Ah Pook Is Here (Philip Hunt, Alemanha, 1994, 6 min)

A propósito de Willer (Priscyla Bettim e Renato Coelho, Brasil, 2016, 18 min)

Ballad of the Skeletons (Gus Van Sant, EUA, 1997, 5 min)

The Beats: An Existential Comedy (Philomene Long, EUA, 1980, 36 min)

The Cut-Ups (Antony Balch, Reino Unido, 1966, 19 min)

The Discipline of D.E. (Gus Van Sant, EUA, 1982, 9 min)

Gang of Souls: A Generation of Beat Poets (Maria Beatty, EUA/França, 1989, 60 min)

The Japanese Sandman (Ed Buhr, EUA, 2008, 12 min)

Six ’55 (Ruth Du, EUA, 2011, 17 min)

Towers Open Fire (Antony Balch, Reino Unido, 1963, 10 min)

Visão 2013 para Roberto Piva (Priscyla Bettim, Brasil, 2013, 3 min)

William Buys a Parrot (Antony Balch, EUA, 1963, 2 min)

William S. Burroughs: An Animated Portrait (Brian Duffy, EUA, 2007, 2 min)

William S. Burroughs: The Possessed (Philip Weaver, EUA, 2015, 20 min)

Yelp: With Apologies to Allen Ginsberg’s ‘Howl’ (Tiffany Shlain, EUA, 2011, 3 min)

Ferlinghetti e seu parque de diversões da cabeça

Lawrence Ferlinghetti é um dos beats originais, da turma de Jack Kerouac, Allen Ginsberg e William Bourroughs. Aos 97 anos, lúcido e produtivo, ele se diz cansado e “só esperando pelo blecaute final”, conforme relatou em recente entrevista à Folha de S. Paulo. Na entrevista, aliás, o escritor, fundador da editora City Lights, fala de poesia, anarquismo, Obama e os amigos beats Ginsberg e Burroughs. A entrevista é de Rafael Sassaki. Clique aqui para lê-la na íntegra.

Ferlinghetti lendo

Como começou a escrever poesia? Como foi escrever “Um Parque de Diversões da Cabeça”?
Não me dei conta que era poeta, me dei conta de que tinha algo a dizer. Eu havia acabado de voltar de Paris, onde vivi por 4 anos, fazendo doutorado. E vim direto para São Francisco, onde nunca havia estado. O que escrevi nos meus primeiros anos aqui foi influenciado por autores franceses. Mas o que acontecia em São francisco imediatamente passou a afetar minha escrita. Os anos 1950 foram uma época revolucionária. Havia mais oportunidades em São francisco do que em Nova York, que já estava vendida, onde tudo já havia sido tomado. Em São Francisco você podia fazer qualquer coisa, ainda havia uma última fronteira na América, e era um lugar excitante de se estar.

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De Lawrence Ferlinghetti, a L&PM publica, além de Um parque de diversões da cabeçao romance Amor nos tempos de fúriaAlém disso, Uivo, de Allen Ginsberg, livro publicado originalmente pela City Lights (e pelo qual Ferlinghetti foi processad0), também faz parte do catálogo L&PM.

A grande exposição dos beats na Europa

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“Beat Generation”, a primeira grande retrospectiva sobre o tema na Europa está aberta desde 22 de junho do Centro Pompidou em Paris. Concebida e apresentada pelo próprio centro, é considerada uma mostra sem precedentes que enfatiza o movimento que marcou profundamente a cena criativa contemporânea.

Nômade, a exposição vai além de Paris para aportar em Nova York e San Francisco, Cidade do México e Tânger. E mostrar que o movimento beat também passa pela música, cinema, fotografia e artes plásticas.

O rolo do manuscrito original de “On the Road” está lá, claro, desenrolando-se na semi escuridão para que assim não sofra com a luz e siga preservado para as próximas gerações… beats.

SERVIÇO

O que: Exposição Beat Generation, curadoria de Philippe-Alain Michaud e Jean-Jacques Lebel
Quando: Até 3 de outubro de 2016
Onde: Centro Pompidou, Galeria 1, Nível 6, 75191 Paris Cedex 04: 01 44 78 12 33. Metro Hotel de Ville Rambuteau. Aberto das 11 às 21h, todos os dias excepto às terças-feiras, 14 ou 11 €. Válida no dia para o museu nacional de arte moderna e todas as exposições.

Assista ao vídeo oficial da exposição:

A L&PM tem uma série inteira dedicada aos beats.

Programação de julho do canal Philos terá Beats e Leonardo Da Vinci

Philos é um canal que apresenta ótimos documentários. São produções de alta qualidade sobre arte, ciência, história, música e cultura em geral. Todo conteúdo é em HD e ser acessado pelo www.philos.com. A partir de 1°  julho, o Philos vai apresentar dez produções do acervo do canal Mais Globosat e  a programação abre nesta sexta-feira, às 13h, com “A influência da Geração Beat”, seguido de “A alimentação de Da Vinci”.

“A influência da Geração Beat” é um documentário focado nas figuras de Allen Ginsberg, Jack Kerouac e William Burroughs. Já “A alimentação de Da Vinci” é uma produção baseada na descoberta da lista de compras de mercado do grande pintor, feita pelo casal Won-jin e Song Eun-jung, mostrando as prováveis receitas que ele talvez tenha criado.

Beat Generation filme

A L&PM Editores tem uma série inteira dedicada aos beats e publica a biografia de Leonardo da Vinci.

Há 90 anos, nascia o beat Allen Ginsberg

No dia 3 de junho de 1926, Naomi Ginsberg deu à luz seu segundo filho. Irwin Allen Ginsberg veio ao mundo com cinco anos de diferença do irmão, Eugene. Seu pai, Louis, era um poeta modesto, mas relativamente bem sucedido, um judeu socialista democrático que dava aulas no ensino médio. Já Naomi simpatizava com o comunismo, mas, com o passar dos anos, acabaria sofrendo de surtos paranóicos que levariam a matriarca a internações em clínicas psiquiátricas e tentativas de suicídio.

Foi em meio a esse lar nada comum, em uma casa da Rua Quitman, em Newark, Nova Jersey, que o pequeno Allen cresceu. Ouvindo, desde muito pequeno, o pai recitar Shelley, Dickinson, Keats, Poe e Milton.

Não foi acaso que, aos onze anos, começou a escrever seus primeiros textos em um diário. E que logo decidiu o que queria ser: poeta.

Allen Ginsberg aos 10 anos (centro). Com ele estão, seu tio Mendel, seu irmão Eugene, sua mãe Naomi e seu pai Louis.

Allen Ginsberg aos 10 anos (centro). Com ele estão, seu tio Mendel, seu irmão Eugene, sua mãe Naomi e seu pai Louis.

Allen Ginsberg, autor de “Uivo”, foi o grande poeta da geração beat. Conheceu Jack Kerouac na Columbia University e a amizade dos dois atravessou décadas.

Allen Ginsberg por Andy Warhol

Allen Ginsberg por Andy Warhol

Caminhei pela beira do cais de bananas e latarias e me sentei à sombra enorme de uma locomotiva da Southern Pacific para olhar o sol que se punha entre as colinas de casas como caixotes e chorar.

Jack Kerouac sentou-se ao meu lado sobre um poste de ferro quebrado e enferrujado, companheiro, pensávamos os mesmos pensamentos da alma, chapados e de olhos tristes, cercados pelas retorcidas raízes de aço das árvores da maquinaria.

A água oleosa do rio refletia o rubro céu, o sol naufragava nos cumes dos últimos morros de Frisco, nenhum peixe nessas águas, nenhum ermitão nessas montanhas, só nós dois com nossos olhos embaçados e ressaca de velhos vagabundos à beira-rio, malandros cansados.

Olha o Girassol, disse ele, lá estava a sombra cinzenta e morta contra o céu, do tamanho de um homem, encostada ressecada no topo do montão de serragem velha –

Ergui-me encantado – meu primeiro girassol, recordações de Blake – minhas visões – Harlem (…)

(Trecho inicial do poema “Sutra do girassol” , de Allen Ginsberg, tradução de Claudio Willer – do livro Uivo, Kaddish e outros poemas)

 

Feliz aniversário, Buda

“Iluminação”, desenho a lápis de Kerouac, 1956

Jack Kerouac era um discípulo de Sidarta Gautama, este que nasceu em 8 de abril de 563 a.C. e que entraria para a história como o primeiro “Buda”. Tão apaixonado o escritor beat era pelo tema que, em 1955, escreveu Despertar: uma vida de Buda. Considerado o “livro perdido de Kerouac”, ele só foi publicado mundialmente em 2008 e lançado no Brasil em 2010 pela L&PM. O livro coloca o pé na estrada da iluminação para refazer o caminho do príncipe Sidarta – desde seu nascimento até a decisão de renunciar a uma vida de luxo e riquezas. O fascínio de Kerouac por Buda começou no início dos anos 50 e o acompanhou por toda vida, dando um toque de espiritualidade explícita aos seus textos. Não sabemos se ele homenageava o nascimento de Buda em cada 8 de abril. Mas o certo é que Kerouac foi o criador do chamado “budismo beat”.

“Esse jovem que não podia ser tentado por um harém cheio de garotas lindas devido à sabedoria de sua grande dor, era Gautama, nascido Sidarta em 563 a.C., príncipe do clã Sakya no distrito de Gorakpur, na Índia. A mãe, cujo nome curiosamente era “Maya”, que em sânscrito significa “magia”, morreu ao dar à luz. Ele foi criado pela tia Prajapati Gotami. Quando jovem, foi um grande atleta e cavaleiro, como convém a um membro dos kshatriayas, a casta dos guerreiros. A lenda fala de uma sensacional disputa na qual ele sobrepujou todos os outros príncipes pela mão de Yasodhara.” (trecho de “Despertar: uma vida de Buda)

“The Gary Buddha”, pintura feita por Jack Kerouac

Sobre o tema, a L&PM publica também: Buda, da Série Biografias, Budismo, da Série Encyclopaedia e Darmapada, a doutrina budista em versos.

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A vida de Buda está na Série Biografias L&PM

Allen Ginsberg e seu bairro

Allen Ginsberg morreu em 5 de abril de 1997. Dois dias depois, o The New York Times publicou um texto, escrito por Frank Bruni, que mostra a  relação do autor de Uivo com seu bairro. Reproduzimos aqui (em uma livre tradução) alguns trechos desse texto.

A última foto que Ginsberg tirou, de dentro do seu apartamento, no dia 1 de abril de 1997

A última foto que Ginsberg tirou, de dentro do seu apartamento, no dia 1 de abril de 1997

Nos últimos anos, Allen Ginsberg embaralhou-se por restaurantes, livrarias e lavanderias à seco, em torno de seu loft na East 13th Street, próximo à First Avenue. Ele foi em muitos aspectos uma figura normal, um velho e barbudo homem em sua marcha descontraída, de óculos, parecendo tão familiar.

Mas para os que conseguiam colocar um nome naquele rosto, Mr. Ginsberg era maior do que a vida, uma ponte que retrocedia à história ilustre de um lugar que ele, como se fosse uma pessoa qualquer, havia ajudado a colocar no mapa cultural.

Na verdade,  Mr. Ginsberg recebeu atenção do mundo inteiro, mas sempre foi um ícone e uma criatura de “downtown Manhattan”, com sua visão de mundo forjada numa mistura de paixões políticas e sexuais, com suas excentricidades nutridas por aqueles que circulavam num submundo peculiar, sua individualidade confundida entre o mito e o boêmio de East Village, onde ele fez sua casa.   

“Ele encarnava o East Village e o Lower East Side”, disse ontem Bill Morgan, amigo e arquivista de Mr. Ginsberg. “Isso o afetou, assim como ele afetou o lugar. Ele era um pararraios para o ativismo político e para as questões sociais que eram jogadas aqui”.

Mr. Ginsberg morreu de câncer no fígado na madrugada de sábado em seu apartamento, com 70 anos. Ele viveu nesse lugar por cerca de seis meses, mas tinha passado quase duas décadas em um apartamento há menos de um quarteirão de distância, na East 12th Street, também perto da First Avenue. (…)

Downtown Manhattan jamais teria evoluido dessa maneira sem Allen Ginsberg. Entre 1980 e 1990, Mr. Ginsberg permaneceu ativo e altivo em torno do bairro e de outros lugares da cidade, embora menos extravagante. Frequentemente, ele realizava leituras de poesias e no último ano, no Knitting Factory, ele recitou toda a sua obra por mais de 10 noites seguidas. Ele tentou cultivar jovens poetas, deu aulas na faculdade do Brooklyn durante os últimos 10 anos e apoiou ativamente o projeto de poesia da Igreja de St. Mark´s, na East 10th Street. Dois meses atrás, ele participou de um comício em apoio aos ocupantes de um prédio na East 13th Street. Ao longo do tempo, de alguma forma, o bairro passou por Mr. Ginsberg. Apesar de não ter perdido suas preciosas qualidades de poliglota e pansexual, o lugar tornou-se menos anárquico, mais luxuoso, um alvo para a “enobrecimento urbano” e um imã para uma nova geração de “sibaritas”, muitos dos quais não partilham da consciência política radical de Ginsberg e nem ao menos têm consciência de seu trabalho.  

“Os jovens que se mudaram para este bairro há dois anos não sabem o que Ginsberg significou para ele”, disse ontem Peter Orlovsky, companheiro de Mr. Ginsberg por quatro décadas. Isso pode explicar porque não houve nenhuma manifestação de grande dor por sua perda por aqui, apenas emoções esparsas de pessoas que sentiram, por motivos que talvez nem consigam explicar, que deveriam fazer algo para homenagear a passagem desse homem.  Mitch Corber, 47, que foi para os degraus da Igreja St. Mark’s para recitar um poema que ele escreveu em homenagem a Ginsberg, lembrou que ele não era apenas um artista, mas um ativista que lutou pela liberdade e aceitação dos homossexuais. Mas Sonia Allin, 24, que também gravitava em torno da St. Mark´s, foi menos clara sobre o porquê dela estar lá. “Eu o vi algumas vezes pelo bairro”, disse a Srta. Allin sobre Ginsberg. “Ele ficou muito chateado comigo quando eu lhe disse que sua poesia não falava para minha geração porque estava excessivamente enraizada nos anos 60.” Ah Chong Lan, uma garçonete do Noodle Mee´s Shop e Grill, na First Avenue, o restaurante chinês favorito de Mr. Ginsberg, lembrou que ele era bastante simples e falava de forma bem leve. Claro, ela sabia que ele era alguém importante, um artista. Isso ela poderia dizer a partir de conversas que ouviu e de como os outros, às vezes, apontavam para ele quando entrava. Mas a Srta. Chong disse que ele era, principalmente, um homem sem frescuras, que desejava e confiava no linguado feito no vapor com molho de gengibre. “Quando ele entrava”, ela disse, “nós sabíamos o que ele queria.”  

Allen Ginsberg no bairro que escolheu como seu

Allen Ginsberg no bairro que escolheu como seu

A mesa de trabalho do poeta beat como ele a deixou. Entre os objetos e livros, uma coletânea de poemas de seu pai, Louis Ginsberg

A mesa de trabalho do poeta beat como ele a deixou. Entre os objetos e livros, uma coletânea de poemas de seu pai, Louis Ginsberg

5 de fevereiro de 1914: nascia William Burroughs, o mais velho dos beats

William S. Burroughs foi mais longe do que os outros beats. Não que tenha feito mais sucesso, mas além de ter vindo ao mundo antes de Allen Ginsberg e Jack Kerouac, o “velho Bill” morreu depois deles. Nascido em 5 de fevereiro de 1914, faleceu de ataque cardíaco em 2 de agosto de 1997 aos 83 anos. Um verdadeiro sobrevivente a oito décadas de vida junky. Em On the road, de Kerouac, ele virou o personagem Old Bull Lee.

Burroughs foi uma figura polêmica. Seu currículo incluía relações com garotos menores de idade e o assassinato da esposa (que ele matou sem querer ao brincar de Guilherme Tell). Mas isso não o impediu de ter um séquito enorme de fãs e muitos amigos famosos que o veneraram até o fim – incluindo aí Mick Jagger, Patti Smith e Madonna.

No livro Jack Kerouac & Allen Ginsberg: As cartas, Burroughs é tema frequente na correspondência trocada entre os amigos beats. Aqui, por exemplo, Kerouac escreve sobre ele em março de 1952:

Jack Kerouac [São Francisco, Califórnia] para
Allen Ginsberg [Paterson, Nova Jersey]

fim de março de 1952

Caro Allen:
[…]
Notícias do livro de Bill são fantásticas – eu sabia, quem mais escreve uma confissão completa, soque seu Meron fodido num chiqueiro, blá, Bill ainda é fantástico; escrevi DUAS semanas atrás e pedi a ele para que me levasse para o Equador com ele e [Lewis] Marker, e ainda estou esperando uma resposta: aqui um trecho da carta que ele me escreveu:
“Caro Jack, não sei por quanto tempo vou ficar por aqui. Fui classificado como um ‘estrangeiro problemático’ e o departamento de imigração vai pedir minha saída assim que o caso for decidido…” (mais tarde) (fala sobre seu novo romance gay, estou sugerindo que o chame simplesmente de Queer, é uma sequência para Junk, e ele diz que é melhor, e acredito que seja…) “E me deixe dizer, meu jovem,” (ele escreve) “que eu não ‘abandonei minha sexualidade em algum lugar perdido na estrada do ópio,’ esta frase ficou comigo por todos estes anos. Preciso pedir a você que, se eu aparecer no seu livro atual, que eu apareça adequadamente equipado.” (e aí acrescenta, depois do ponto) “com capacidades masculinas. Meu Deus, cara, você sabe mesmo escolher suas mulheres. Não precisava ter me dito para não dar o seu endereço para a esposa de Kell, ela e eu nem nos dizemos oi, acho que ela não gosta de mim” (soa como o velho bill no Ruyon da 8ª Av., não é?) o P.S. é como segue: “Outra coisa, não estou totalmente feliz com aparecer sob a alcunha de Old Bull Balloon, não consigo deixar de pensar que o epíteto Bull faz uma referência pouco elogiosa, e não sou velho de forma alguma… você vai me equipar” (equipar de novo, duas vezes essa palavra) “com cabelos brancos no próximo livro”. Não é interessante isso vindo de Bill?… no novo livro ele é Bill Hubbard, por falar nisso. Ele diz que Dennison foi descoberto por sua mãe em Cidade pequena, cidade grande, de forma que terá que usar Sebert Lee como nome em Junk, mas para se esconder de mamãe, mas… “Pensei em Sebert Lee, mas Sebert é como Seward e Lee é o nome de minha mãe. Acho que ainda assim vai funcionar.” (fim da carta). (louco?) Se ele me chamar, meu terceiro romance vai estar a caminho imediatamente… vai ser sobre Bill descendo à América do Sul, ainda sem título, e tão vasto como On the Road, diga a Carl, e também diga a Carl que vou enviar o Road completo e datilografado direitinho com todas as considerações feitas e arrumadinho no máximo até abril. De forma que eu possa começar o romance número 3, quero seguir em frente, um desses anos vou conseguir produzir TRÊS obras-primas em um ano, como fez Shakespeare em seu ano Hamlet-Lear-Júlio César, – não convidei você para Paris porque preciso de você, estava só sendo legal com um amigo escritor e sendo tradicional, e também, vai se foder.

Ti-Jean

Burroughs e Kerouac fotografados por Allen Ginsberg em 1953

Ginsberg e Burroughs em 1984

De William Burroughs, a Coleção L&PM Pocket publica Cartas do Yage e O gato por dentro.

Patti Smith no Beat Museum em San Francisco

Jerry Cimino, do Beat Museum, publicou em sua página do Facebook na noite de quinta-feira, 19 de novembro:

Eu estava sentado na recepção, lendo um livro, quando, com o canto do meu olho, percebi movimento. Eu fiz minha costumeira saudação: “Hey galera, bem-vindos ao Beat Museum.” Então olhei e vi Patti Smith passando seus grandes olhos pelos livros do balcão. “Oh”, foi o que eu disse ao reconhecê-la. “Eu imagino que você saiba um pouco sobre tudo isso.”

Ela balançou a cabeça calmamente e disse “Sim, Allen era meu amigo.” Nós falamos por um tempo. Eu a apresentei aos meus amigos que estavam pelo Museu. “Não quero atrapalhar” eu falei me despedindo. “Oh, não” Patti disse. “Fale-me sobre essa exposição. E como você conseguiu todas essas coisas incríveis?”

“Pessoas me deram. Elas querem mostrar o que os beats significam para elas. É uma ótima maneira de construir um museu.”

“Eu tenho algumas coisas que pertenceram a Allen e a Gregory,” ela disse. “Vou enviá-las a você.”

Patti comprou alguns itens para si e para alguns amigos. Ela foi muito gentil e amável e disse que voltaria com mais tempo e que estava na cidade para participar de um evento.

A cantora e escritora Patti Smith com seus amigos beats: Carl Solomon, Allen Ginsberg e William Burroughs

A cantora e escritora Patti Smith com seus amigos beats: Carl Solomon, Allen Ginsberg e William Burroughs

beat museum banner

A fachada do Beat Museum em San Francisco

Clique aqui para ver a Série Beat da L&PM.