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Patti Smith no Beat Museum em San Francisco

Jerry Cimino, do Beat Museum, publicou em sua página do Facebook na noite de quinta-feira, 19 de novembro:

Eu estava sentado na recepção, lendo um livro, quando, com o canto do meu olho, percebi movimento. Eu fiz minha costumeira saudação: “Hey galera, bem-vindos ao Beat Museum.” Então olhei e vi Patti Smith passando seus grandes olhos pelos livros do balcão. “Oh”, foi o que eu disse ao reconhecê-la. “Eu imagino que você saiba um pouco sobre tudo isso.”

Ela balançou a cabeça calmamente e disse “Sim, Allen era meu amigo.” Nós falamos por um tempo. Eu a apresentei aos meus amigos que estavam pelo Museu. “Não quero atrapalhar” eu falei me despedindo. “Oh, não” Patti disse. “Fale-me sobre essa exposição. E como você conseguiu todas essas coisas incríveis?”

“Pessoas me deram. Elas querem mostrar o que os beats significam para elas. É uma ótima maneira de construir um museu.”

“Eu tenho algumas coisas que pertenceram a Allen e a Gregory,” ela disse. “Vou enviá-las a você.”

Patti comprou alguns itens para si e para alguns amigos. Ela foi muito gentil e amável e disse que voltaria com mais tempo e que estava na cidade para participar de um evento.

A cantora e escritora Patti Smith com seus amigos beats: Carl Solomon, Allen Ginsberg e William Burroughs

A cantora e escritora Patti Smith com seus amigos beats: Carl Solomon, Allen Ginsberg e William Burroughs

beat museum banner

A fachada do Beat Museum em San Francisco

Clique aqui para ver a Série Beat da L&PM.

Patti Smith lê Fernando Pessoa

A cantora Patti Smith – amiga dos escritores beats Allen Ginsberg e William Burroughs – tem uma relação bem próxima com Portugal. Em uma entrevista ao Ípsilon em 2009, ela contou que seu marido, Fred Sonic Smith, falecido em 1994, costumava dizer que, devido à quantidade de livros de fotos de Portugal dos anos 1930 que possuía, um dia iria acordar e “começar a falar como um pescador português”. E Patti completou na entrevista: “Claro que, como muita gente, eu adorava Pessoa. Tom Verlaine [vocalista e guitarrista dos Television] e eu costumávamos ler Pessoa o tempo todo, quando éramos novos”.

Em setembro deste ano, durante mais uma visita a Lisboa, Patti visitou a casa Fernando Pessoa e lá prestou uma homenagem dupla: a Pessoa e a Walt Whitman. Na biblioteca do escritor, onde encontrou livros do próprio autor e também de William Blake, Whitman e Arthur Rimbaud, a cantora leu “Saudação a Whalt Whitman”, poema de Pessoa que ele escreveu sob o heterônimo de Álvaro de Campos (ok, ela leu o poema em inglês…).

O momento foi registrado e disponibilizado esta semana na página de Facebook da Casa Fernando Pessoa.

Aqui está:

A L&PM publica este poema (em português, é claro!) no livro Poemas de Álvaro de Campos – Fernando Pessoa, Obra poética IV (Coleção L&PM Pocket).

 

 

No ritmo de William Burroughs

William s. Burroughs é considerado o mais sombrio dos Beats. Guru junkie, escreveu vários livros e inspirou muitos rebeldes das gerações que vieram depois dele. Não são poucas as celebridades do meio musical, por exemplo, que se declararam suas fãs.

Além disso, ele está presente na capa do disco “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band” dos Beatles e no vídeo da música “Last Night on Earth” da banda U2, ele também fez uma parceria musical Kurt Cobain no início dos anos 90 em que compôs uma música que o líder do Nirvana musicar.

William Burroughs com David Bowie

William Burroughs com David Bowie

Com Mick Jagger

Com Mick Jagger

Com Patti Smith

Com Patti Smith

Com Kim Gordon e Michael Stipe

Com Kim Gordon e Michael Stipe

Com Jimmy Page

Com Jimmy Page

Com Madonna

Com Madonna

Com Frank Zappa

Com Frank Zappa

Com Sting e Andy Summers

Com Sting e Andy Summers

Com Blondie

Com Blondie

Com Tom Waits

Com Tom Waits

Com Curt Cobain

Com Kurt Cobain

Em 2012, após a morte do escritor, a banda Chelsea Light Moving, liderada por Thurston Moore, ex-Sonic Youth, lançou seu disco de estreia intitulado “Burroughs” em homenagem a ele.

William Burroughs é um dos personagens do livro “Os rebeldes – Geração beat e anarquismo místico“, de Claudio Willer.

 

Allen Ginsberg, fotógrafo

Além de poeta, autor do Uivo e ícone da geração beat, Allen Ginsberg era um exímio fotógrafo, que registrou como ninguém a vida urbana e cultural de Nova York e também de outros lugares por onde passou. Suas fotos retratam cenas de sua própria vida e do convívio com outros escritores e artistas, entre eles Bob Dylan, Jack Kerouac, John Cage, William de Kooning, Paul McCartney, Patti Smith, William Burroughs e Iggy Pop.

Boa parte deste material (cerca de 8 mil fotos feitas entre 1944 e 1997) foi reunido pela Larry & Cookie Rossy Family Foundation e está sendo doado para a biblioteca de “special collections” do Centro de Artes da Universidade de Toronto (UTAC), famoso por seu grande acervo de manuscritos, fotos e outros materiais e por ser a maior biblioteca de livros raros do Canadá e uma das maiores do mundo. Várias imagens já foram digitalizadas e estão no Flickr da Thomas Fisher Rare Book Library do UTAC, veja algumas:

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Linda e Paul McCartney

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Patti Smith

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Auto-retrato

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Iggy Pop

Lou Reed por Patti Smith

No domingo de manhã, me levantei cedo. Tinha decidido na noite anterior ir para o mar, então coloquei um livro e uma garrafa de água dentro de um saco e peguei a estrada para Rockaway Beach. Parecia uma data significativa, mas não consegui conjurar nada específico. A praia estava vazia e, com a proximidade do aniversário do furacão Sandy, o mar calmo parecia encarnar a verdade contraditória da natureza. Fiquei lá por um tempo, acompanhando o caminho de um avião que voava baixo, quando então recebi uma mensagem de texto de minha filha, Jesse. Lou Reed estava morto. Vacilei e respirei fundo. Eu o tinha visto recentemente com sua esposa, Laurie, e senti que ele estava doente. Um cansaço sombreava seu brilho habitual. Quando Lou se despediu, seus olhos escuros pareciam conter uma tristeza infinita e benevolente.

Conheci Lou no Max’s Kansas City em 1970. O “The Velvet Underground” fazia duas apresentações por noite ali, ao longo de várias semanas naquele verão. O crítico e estudioso Donald Lyons estava impressionado com o fato de eu nunca tê-los visto, e ele me levou lá em cima para a segunda apresentação da primeira noite. Adoro dançar, e você podia dançar por horas com a música do “The Velvet Underground”. Uma onda dissonante de “doo-wop” que permite que você se mexa muito rápido ou muito lentamente. Foi a minha introdução tardia e reveladora a “Sister Ray”.

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Patti Smith e Lou Reed no início dos anos 70

Alguns anos depois, na mesma peça no andar de cima do Max’s, Lenny Kaye, Richard Sohl e eu apresentamos nossa própria “land of a thousand dances”. Lou costumava parar para ver o que estávamos fazendo. Um homem complicado, ele encorajava nossos esforços, mas depois mudava e me provocava como um garotinho maquiavélico. Eu tentava desviar dele, mas, felino, ele reaparecia de repente e me desarmava com alguma citação de Delmore Schwartz sobre amor ou coragem. Eu não entendia seu comportamento errático ou a intensidade dos seus humores, que variavam, assim como seus padrões de fala, de rápidos a lacônicos. Mas eu entendia sua devoção à poesia e a qualidade arrebatadora de suas performances.

Ele tinha olhos pretos, camiseta preta, pele branca. Ele era curioso, às vezes suspeito, um leitor voraz, e um explorador sonoro. Um obscuro pedal de guitarra era, para ele, um outro tipo de poema. Ele era a nossa ligação com o ar infame da Factory. Ele tinha feito Edie Sedgwick dançar. Andy Warhol sussurrou em seu ouvido. Lou trouxe a sensibilidade da arte e da literatura para sua música. Ele era o poeta novaiorquino da nossa geração, defendendo os desajustados como Whitman tinha defendido seus trabalhadores e Lorca seus perseguidos.

Como minha banda trabalhou suas canções, Lou nos concedeu suas bênçãos. Perto do final da década de setenta, eu estava me preparando para deixar Nova York rumo a Detroit, quando cruzei com ele no elevador no antigo Gramercy Park Hotel. Eu estava carregando um livro de poemas de Rupert Brooke. Ele pegou o livro da minha mão e nós olhamos juntos para a fotografia do poeta. Tão lindo, disse ele, tão triste. Foi um momento de completa paz.

Patti Smith e Lou Reed nos anos 2000

Patti Smith e Lou Reed nos anos 2000

Enquanto a notícia da morte de Lou se espalhava, uma sensação ondulante se instalava, então explodiu, enchendo a atmosfera com uma energia vibrante. Dezenas de mensagens chegaram até mim. Uma chamada de Sam Shepard, que dirigia um caminhão por Kentucky. Um fotógrafo japonês desconhecido me mandou uma mensagem direto de Tokyo: “Eu estou chorando”.

Como meu luto estava no mar, duas imagens me vieram à mente, marcas d’água num papel – céu colorido. O primeiro era o rosto de sua esposa, Laurie. Ela era o seu espelho; em seus olhos, você pode ver a sua bondade, a sinceridade e a empatia. O segundo foi o “great big clipper ship”, que ele desejava embarcar, da letra de sua obra-prima, “Heroin”. Eu imaginava que isso estava à sua espera sob a constelação formada pelas almas dos poetas, da qual ele tanto desejava participar. Antes de dormir, eu procurei o significado da data – 27 de outubro – e descobri que era o aniversário de Dylan Thomas e Sylvia Plath. Lou tinha escolhido “the perfect day” para zarpar – o dia dos poetas, “Sunday morning, the world behind him”.

O texto acima, escrito por Patti Smith, foi originalmente publicado na New Yorker.

Patti Smith e Lou Reed são personagens do livro Mate-me por favor – a história sem censura do punk.

Patti Smith e Philip Glass homenageiam Allen Ginsberg no Edinburgh Festival

Allen Ginsberg se foi em 1997, mas sua poesia pulsante continua viva pelo mundo. Sua obra maior, o Uivo, é fonte de inspiração para o trabalho de grandes artistas da atualidade como Patti Smith e Philip Glass, que prestaram uma linda homenagem ao amigo durante o Edinburgh Festival, na Escócia. O show “The Poet Speaks”, apresentado nesta quarta, dia 14 de agosto, trouxe a poesia de Ginsberg na voz de Patti Smith com Philip Glass ao piano. Certamente, um momento inesquecível!

Patti Smith Philip Glass in Edinburgh

A história de Patti com Ginsberg tem muito a ver com o retorno da cantora aos palcos após a morte de seu marido em 1994. Ela conta que foi ele quem a estimulou a retornar. “Eu tinha deixado de me apresentar porque me apaixonei, casei e decidi viver de forma mais simples para criar nossos filhos. Quando meu marido morreu, em dezembro de 1994, eu fiquei arrasada e eu não tinha ideia de voltar a me apresentar, até que, no fim de janeiro, eu recebi uma ligação de Allen Ginsberg”, contou. Na ocasião, ele a convidava para participar de um evento beneficente. “Ele disse, basicamente, que eu deveria transformar o meu pranto em dança – deixe seu amado ir e siga a sua vida. E foi assim que eu retornei para o mundo das apresentações: através de Allen, e através da palavra falada.”

patti_ginsberg

O show no Edinburgh Festival terminou com a canção People have the power, de Patti Smith, e suas palavras finais foram: “Não se esqueçam de usar a sua voz”, dividindo com a multidão de fãs o privilégio de ter convivido com Allen Ginsberg.

Patti Smith lê Virginia Woolf

Neste vídeo, Patti Smith presta uma bela homenagem à Virginia Woolf declamando um trecho de As ondas, acompanhada pelo piano e pela guitarra de seus filhos Jesse e Jackson:

A admiração de Patti Smith pela autora de Mrs. Dalloway não é de hoje: o álbum “Wave”, de 1979, foi batizado assim em homenagem à Virginia. Além disso, a exposição “Patti Smith: Camera Solo”, realizada em 2011, exibia fotos feitas por Patti na casa onde Virginia se refugiava durante suas crises de depressão, em Sussex. Uma das fotos mostra o Rio Ouse, onde a escritora se suicidou em 26 de março de 1941:

O Rio Ouse, em Sussex, na foto de Patti Smith (2003)

Patti Smith na Premiere de “On the Road”

A Premiere novaiorquina do filme On the Road, baseado no livro homônimo de Jack Kerouac, que aconteceu na semana passada, teve várias presenças marcantes. Entre elas, Patti Smith, cantora, poeta e artista visual que muito conviveu com os beats Allen Ginsberg e William Burroughs, escritores que aparecem em On the road como Carlo Marx e Old Bull Lee. Patti chegou na companhia de Michael Stipe, ex-vocalista da banda R.E.M e, fãs da obra de Kerouac, dizem que ambos sairam da sala de cinema bastante animados com o que viram.

Patti Smith e Michael Stipe na premiere de On the Road em NY

Carl Solomon, Patti Smith, Allen Ginsberg e William Burroughs

A L&PM acaba de lançar Allen Ginsberg e Jack Kerouac: as cartas, livro que traz a correspondência trocada por anos entre os dois amigos.

Allen Ginsberg por Patti Smith

Patti Smith foi grande amiga de Allen Ginsberg e aproveitou várias influências da poesia beat em suas apresentações e shows pelo mundo. Uma performance que vale a pena citar é a leitura dos versos de “Footnote to Howl” (“Nota de rodapé para Uivo”, na tradução de Claudio Willer), que é, na verdade, um trecho do grande poema Uivo, de Allen Ginsberg (Coleção L&PM Pocket), e entrou no repertório do show Land (2002), de Patti:

Holy! Holy! Holy! Holy! Holy! Holy! Holy! Holy! Holy!
Holy! Holy! Holy! Holy! Holy! Holy!
The world is holy! The soul is holy! The skin is holy!
The nose is holy! The tongue and cock and hand
and asshole holy!
Everything is holy! everybody’s holy! everywhere is
holy! everyday is in eternity! Everyman’s an
angel!
The bum’s as holy as the seraphim! the madman is
holy as you my soul are holy!
The typewriter is holy the poem is holy the voice is
holy the hearers are holy the ecstasy is holy!
Holy Peter holy Allen holy Solomon holy Lucien holy
Kerouac holy Huncke holy Burroughs holy Cassady
holy the unknown buggered and suffering
beggars holy the hideous human angels!
Holy my mother in the insane asylum! Holy the cocks
of the grandfathers of Kansas!
Holy the groaning saxophone! Holy the bop
apocalypse! Holy the jazzbands marijuana
hipsters peace & junk & drums!
Holy the solitudes of skyscrapers and pavements! Holy
the cafeterias filled with the millions! Holy the
mysterious rivers of tears under the streets!
Holy the lone juggernaut! Holy the vast lamb of the
middle class! Holy the crazy shepherds of rebellion
Who digs Los Angeles IS Los Angeles!
Holy New York Holy San Francisco Holy Peoria &
Seattle Holy Paris Holy Tangiers Holy Moscow
Holy Istanbul!
Holy time in eternity holy eternity in time holy the
clocks in space holy the fourth dimension holy
the fifth International holy the Angel in Moloch!
Holy the sea holy the desert holy the railroad holy the
locomotive holy the visions holy the hallucinations
holy the miracles holy the eyeball holy the
abyss!
Holy forgiveness! mercy! charity! faith! Holy! Ours!
bodies! suffering! magnanimity!
Holy the supernatural extra brilliant intelligent
kindness of the soul!

Mas se o seu inglês não der conta, dá pra acompanhar na tradução de Claudio Willer para Uivo:

Nota de rodapé para Uivo

Santo! Santo! Santo! Santo! Santo! Santo! Santo! Santo! Santo!
Santo! Santo! Santo! Santo! Santo! Santo!
O mundo é santo! A alma é santa! A pele é santa! O nariz é santo!
A língua e o caralho e a mão e o cu são santos!
Tudo é santo! todos são santos! todo lugar é santo! todo dia é eternidade! todo mundo é um anjo!
O vagabundo é tão santo quanto o serafim! o louco é tão santo quanto você minha alma é santa!
A máquina de escrever é santa o poema é santo a voz é santa os ouvintes são santos o êxtase é santo!
Santo Peter santo Allen santo Solomon santo Lucien santo Kerouac santo Huncke santo Burroughs santo Cassadu sandos os mendigos desconhecidos sofredores e dodidos santos os horrendos anjos humanos!
Santa minha mãe no asilo de loucos! Santos os caralhos dos vovôs de Kansas!
Santo o saxofone que geme! Santo o apocalipse bop! Santos a banda de jazz marijuana hipsters paz & droga & sonhos!
Santa a solidão dos arranha-céus e calçamentos! Santas as cafeterias cheias de milhões! Santo o misterioso rio de lágrimas sob as ruas!
Santo o solitário Jagarnata! Santo o enorme cordeiro da classe média! Santos os pastores loucos da rebelião! Quem saca que Los Angeles é Los Angeles!
Santo Nova York! Santo San Francisco Santo Peoria & Seatle Santo o tempo na eternindade santa a eternidade no tempo santos os despertadores no espaço santa a quarta dimensão santa a quinta internacional santo o anjo em Moloch!
Santo o mar santo o deserto santa a ferrovia santa a locomotiva santas as visões santas as alucinações santos os milagres santo o globo ocular santo o abismo!
Santo perdão! misericórdia! caridade! fé! Santo! Nossos! corpos! sofrendo! magnanimidade!
Santa a sobrenatural extra brilhante inteligente bondade da alma!

O novo álbum Banga, de Patti Smith, tem lançamento previsto para o dia 5 de junho e terá 12 canções inéditas, incluindo homenagens a Johnny Depp, Maria Schneider e Amy Winehouse.

Saiu o pocket número 1.000: “Diários de Andy Warhol” já está nas livrarias

Escritos no auge de sua fama e sucesso, os Diários de Andy Warhol registraram dias, noites, grandes eventos e deliciosas trivialidades de uma das figuras mais enigmáticas e geniais da cultura do século XX. Polêmico e revelador, o livro foi publicado originalmente no Brasil em 1989, pela L&PM, com quase 800 páginas. Agora, mais de 20 anos depois, o livro volta às bancas e livrarias em 2 volumes e formato de bolso para comemorar os 1.000 títulos da Coleção L&PM Pocket. E já que o clima é de festa, a L&PM caprichou no presente e fez a Caixa Especial Diários de Andy Warhol com os 2 volumes (mas você pode comprá-los separadamente, se preferir).

25 anos depois da morte de Andy Warhol, os diários se tornaram história. O tempo aumentou radicalmente a importância do artista e de muitos personagens que habitam suas páginas. O relato do criador do Pop torna-se fonte de referência para entender as décadas do fim do século XX, a cultura da celebridade, a contra-cultura novaiorquina da época, a estética do Pop, o cinema underground e conhecer os registros praticamente diários desta grande aventura da última jornada verdadeiramente de vanguarda da arte moderna. Até as frivolidades que permeiam em abundância este livro adquirem agora um significado histórico. É Nova York pré-11 de setembro. A grande Meca da modernidade, cujos sonhos transgressores e vanguardistas derreteram junto com as torres gêmeas.

Sincero e impiedoso

Andy e o roqueiro Mick Jagger, inseparáveis

Jim Morrison, Calvin Klein, Patti Smith, Martin Scorsese, Tom Wolfe, Roy Lichtenstein, Mick Jagger, Lou Reed, Yoko Ono são alguns dos “alvos” de seus comentários sinceros e impiedosos. O grande cult da chamada “arte de rua”, Jean Michel Basquiat, morto em 1988, aos 28 anos, é mencionado inúmeras vezes, pois foi uma descoberta do criador do Pop. Ele diz em 4 de outubro de 1982:

O Basquiat é o garoto que usava o nome de ‘Samo’ quando sentava na calçada do Greenwich Village e pintava camisetas, e de vez em quando eu dava 10 dólares para ele e mandava ao Serendipity para tentar vendê-las. Era apenas um daqueles garotos que me enlouqueciam. É negro, mas algumas pessoas dizem que é porto-riquenho, aí sei lá (…).

Andy e Basquiat

Enfim, são centenas de pessoas (todas devidamente listadas num índice remissivo ao final do livro) do show business, das artes, da realeza europeia, do rock and roll, do punk rock, da literatura, moda, imprensa, teatro, cultura underground, jet set em geral, milionários, drogados famosos, políticos, enfim, gente que superou a sua previsão de que “um dia todos vão ter pelo menos 15 minutos de fama”.