Arquivo mensais:julho 2018

Van Gogh vem aí

Segundo a coluna de Mônica Bergamo no Jornal Folha de S. Paulo, o MASP (Museu de Arte de São Paulo), planeja para 2023 uma exposição com obras de Van Gogh. A única questão é que o museu se preocupa com as taxas aeroportuárias de armazenamento que antes eram calculadas pelo peso e agora são cobradas sobre o valor das obras. Se fosse assim, o MASP teria que pagar, numa expectativa otimista, cerca de de US$ 7,5 milhões pela vinda de 20 obras de Van Gogh. O valor inviabilizaria a exposição. Até agora, o museu tem conseguido mandados de segurança na Justiça para evitar que a cobrança seja feita desta forma. Vamos torcer para que dê tudo certo.

A L&PM Editores publica Vincent – A História de Vincent Van Gogh em quadrinhos, Van Gogh na Série Biografias L&PM, Cartas a Theo em pocket e Cartas a Theo e outros documentos sobre a vida de Van Gogh em formato grande. Além disso, será publicado, ainda em 2018, o livro O capital de Van Gogh – Ou como os irmãos Van Gogh foram mais espertos do que Warren Buffet, de Wounter Van Der Veen, livro que mostra que, através da aquisição de obras de muitos artistas, bem como a criação de pinturas de Vincent, os dois irmãos pacientemente reuniram uma coleção de valor inestimável. Ao fazê-lo, criaram uma empresa inigualável que até hoje emprega milhares de pessoas em todo o mundo e assegura bilhões de dólares.

Van Gogh Capital capa primeira

“Neste dia da minha libertação”

Condenado à prisão perpétua em 1964, Mandela se recusou a se retirar da atenção mundial. Em vez disso, tornou-se o foco de um crescente movimento internacional contra o apartheid. O slogan “Libertem Nelson Mandela” foi ouvido em muitas manifestações durante os anos 1970 e 1980 – e inclusive se tornou, em 1984, o refrão de uma canção de sucesso da banda inglesa de ska The Specials.

Apesar da desaprovação internacional, no entanto, o apartheid perdurou. Houve irrupções de violência severa em cidades negras, notadamente em Soweto, perto de Johannesburgo. No início dos anos 1980, o primeiro-ministro P. W. Botha (mais tarde, presidente) aceitara uma necessidade de mudança, anunciando que os brancos deveriam “se adaptar ou morrer”. Algumas leis do apartheid foram revogadas, mas Mandela se recusou a renunciar à luta armada em troca de uma oferta condicional de soltura em 1985.

Em 10 de fevereiro de 1990, o sucessor de Botha, F. W. de Klerk, finalmente ordenou a soltura de Mandela. No dia seguinte, o mundo inteiro assistiu a Mandela sair da prisão, admirado com a figura nobre e ereta que fora ocultada da vista por tanto tempo. Mais tarde, ele falou em um comício na praça Grand Parade, na Cidade do Cabo. Em seu discurso, ele saúda aqueles que o apoiaram durante seu confinamento e que mantiveram viva a luta contra o apartheid. Em seguida, insiste na necessidade de uma África do Sul democrática e não racial.

Mandela_discurso

“Neste dia da minha libertação”

11 de fevereiro de 1990, Cidade do Cabo, África do Sul 

“Amigos, camaradas e concidadãos sul-africanos, eu os saúdo em nome da paz, da democracia e da liberdade para todos. Estou aqui diante de vocês não como um profeta, e sim como um humilde servo do povo. Seus sacrifícios heroicos e incansáveis tornaram possível eu estar aqui hoje. Eu, portanto, coloco em suas mãos os anos de vida que me restam.

Neste dia da minha libertação, expresso minha afetuosa e sincera gratidão aos milhões de compatriotas e àqueles que, no mundo todo, lutaram incansavelmente para que eu fosse libertado.

Agradeço especialmente ao povo da Cidade do Cabo, esta cidade em que vivi por três décadas. Suas manifestações de massa e outras formas de luta serviram como uma fonte constante de força para todos os prisioneiros políticos.

Saúdo o Congresso Nacional Africano, que cumpriu todas as nossas expectativas em seu papel como líder da grande marcha para a liberdade.

Saúdo nosso presidente, o camarada Oliver Tambo, por liderar o CNA mesmo nas circunstâncias mais difíceis.

Saúdo os membros da base do CNA, que sacrificaram a vida pela causa nobre da nossa luta.

Saúdo os combatentes do Umkhonto we Sizwe, como Solomon Mahlangu e Ashley Kriel, que pagaram o preço mais alto pela liberdade de todos os sul-africanos.

Saúdo o Partido Comunista da África do Sul por sua excelente contribuição à luta pela democracia. Vocês sobreviveram a quarenta anos de perseguição implacável. A memória de grandes comunistas como Moses Kotane, Yusuf Dadoo, Bram Fisher e Moses Mabhida será estimada pelas futuras gerações.

Saúdo o secretário-geral Joe Slovo, um de nossos melhores patriotas. Ficamos animados com o fato de que a aliança entre nós e o partido continua forte como sempre.

Saúdo a Frente Democrática Unida, o Comitê Nacional da Crise na Educação, o Congresso da Juventude Sul-Africana, os congressos indianos de Transvaal e Natal e o Cosatu, e as muitas outras formações do Movimento Democrático de Massa.

Também saúdo a Faixa Negra e a União Nacional dos Estudantes Sul–Africanos. Observamos com orgulho que vocês agiram como a consciência dos sul-africanos brancos. Mesmo durante os dias mais obscuros na história da nossa luta, vocês mantiveram erguida a bandeira da liberdade. A mobilização de massa em larga escala dos últimos anos é um dos fatores principais que levaram ao início do capítulo final da nossa luta.

Estendo meus cumprimentos à classe trabalhadora do nosso país. Sua força organizada é o orgulho do nosso movimento. Vocês continuam sendo a força mais confiável na luta pelo fim da exploração e da opressão. Presto tributo às muitas comunidades religiosas que prosseguiram com a campanha por justiça quando as organizações do nosso povo foram silenciadas.

Saúdo os líderes tradicionais do nosso país. Muitos de vocês continuam a seguir os passos de grandes heróis como Hintsa e Sekhukune.

Presto tributo ao incessante heroísmo da juventude, vocês, os jovens leões. Vocês, os jovens leões, energizaram toda a nossa luta.

Presto tributo às mães, esposas e irmãs da nossa nação. Vocês são o alicerce da nossa luta. O apartheid causou mais sofrimento a vocês do que a quaisquer outras pessoas.

Nesta ocasião, agradecemos à comunidade mundial por sua grande contribuição à luta contra o apartheid. Sem o seu apoio, nossa luta não teria chegado até aqui. O sacrifício dos Estados na linha de frente será para sempre lembrado pelos sul-africanos.

Minhas saudações ficariam incompletas sem expressar meu profundo apreço pela força que recebi de minha amada esposa e família durante meus longos e solitários anos na prisão. Estou convencido de que a dor e o sofrimento de vocês foram muito maiores do que os meus […]

Hoje, a maioria dos sul-africanos, negros e brancos, reconhece que o apartheid não tem futuro. Precisa acabar por meio de nossa ação decisiva para construir a paz e a segurança. A campanha das massas em desafio ao apartheid e outras ações da nossa organização e do nosso povo só podem culminar no estabelecimento da democracia.

A destruição causada pelo apartheid em nosso subcontinente é incalculável. O tecido da vida familiar de milhões do meu povo foi destruído. Milhões estão desabrigados e desempregados. Nossa economia está em ruína e nosso povo está envolvido em rixas políticas. Nosso recurso à luta armada em 1960, com a formação da ala militar do CNA, o Umkhonto we Sizwe, foi uma ação puramente defensiva contra a violência do apartheid. Os fatores que exigiram a luta armada existem ainda hoje. Não temos outra opção senão continuar. Expressamos a esperança de que logo se crie um clima que conduza a um acordo negociado, para que não haja mais necessidade de luta armada. Sou um membro leal e disciplinado do Congresso Nacional Africano. Portanto, estou totalmente de acordo com todos os seus objetivos, estratégias e táticas.

A necessidade de unir o povo do nosso país é, hoje, uma tarefa tão importante como sempre foi. Nenhum líder individual é capaz de realizar
essa tarefa enorme sozinho. É nossa tarefa, como líderes, apresentar nossas opiniões à organização e permitir que as estruturas democráticas decidam. Quanto à questão da prática democrática, sinto o dever de esclarecer que um líder do movimento é uma pessoa que foi eleita democraticamente numa conferência nacional. Esse é um princípio que deve ser seguido sem exceções.

Hoje, desejo informar a vocês que minhas conversas com o governo têm o objetivo de normalizar a situação política no país. Ainda não começamos a discutir as demandas básicas da luta. Desejo enfatizar que eu, em momento algum, entrei em negociações sobre o futuro do nosso país, exceto para insistir em uma reunião entre o CNA e o governo.

O sr. De Klerk foi mais longe do que qualquer outro presidente nacionalista ao dar passos reais para normalizar a situação. No entanto, há outros passos, conforme delineados na Declaração de Harare, que precisam ser dados antes que as negociações sobre as demandas básicas do nosso povo possam começar. Reitero o apelo por, entre outras coisas, o fim imediato do estado de emergência e a libertação de todos, e não apenas alguns, os prisioneiros políticos. Somente tal situação normalizada, que permita a livre atividade política, pode nos permitir consultar nosso povo a fim de obter um mandato.

O povo precisa ser consultado sobre quem negociará e sobre o conteúdo dessas negociações. As negociações não podem acontecer por cima nem pelas costas do nosso povo. Acreditamos que o futuro do nosso país só pode ser determinado por um órgão que seja eleito democraticamente em uma base não racial. As negociações sobre o desmantelamento do apartheid terão de responder às demandas irrefutáveis do nosso povo por uma África do Sul unida, democrática e não racial. Deve haver um fim ao monopólio dos brancos sobre o poder político e uma reestruturação fundamental dos nossos sistemas político e econômico, para garantir que as desigualdades do apartheid sejam superadas e que nossa sociedade seja totalmente democratizada.

Devemos acrescentar que o próprio sr. De Klerk é um homem íntegro, plenamente ciente dos riscos de uma figura pública não honrar seus compromissos. Mas, como organização, baseamos nossas políticas e estratégias na dura realidade com a qual nos deparamos. E essa realidade é que ainda estamos sofrendo sob as políticas do governo nacionalista. Nossa luta chegou a um momento decisivo. Conclamamos nosso povo a aproveitar este momento, para que o processo rumo à democracia seja rápido e ininterrupto.

Esperamos tempo demais pela nossa liberdade. Já não podemos esperar. É hora de intensificar a luta em todas as frentes. Afrouxar nossos esforços agora seria um erro que as gerações futuras não seriam capazes de perdoar. A visão da liberdade despontando no horizonte deve nos encorajar a redobrar nossos esforços. É somente por meio da ação disciplinada das massas que nossa vitória pode ser assegurada.

Conclamamos nossos compatriotas brancos a se unirem a nós na construção de uma nova África do Sul. O movimento pela liberdade também é o seu lar político. Conclamamos a comunidade internacional a continuar a campanha pelo isolamento do regime de apartheid. Suspender as sanções agora seria correr o risco de abortar o processo rumo à completa erradicação do apartheid. Nossa marcha pela liberdade é irreversível. Não devemos permitir que o medo se interponha em nosso caminho.

O sufrágio universal com um registro unificado de eleitores numa África do Sul unida, democrática e não racial é o único caminho para a paz e a harmonia racial.

Para concluir, desejo citar minhas próprias palavras durante meu julgamento em 1964. Elas são tão verdadeiras hoje quanto foram na época: ‘Eu lutei contra a dominação branca e lutei contra a dominação negra. Nutri o ideal de uma sociedade livre e democrática em que todas as pessoas vivam juntas em harmonia e com iguais oportunidades. É um ideal pelo qual espero viver e o qual espero alcançar. Mas, se for necessário, é um ideal pelo qual estou preparado para morrer’.”

O discurso de Mandela e de outros grandes oradores estão na obra 50 Discursos que mudaram o mundo moderno.

“Sapiens” vai virar série pelas mãos de Ridley Scott e Asif Kapadia

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É isso mesmo: Ridley Scott, diretor de sucessos como o primeiro “Blade Runner” e “Alien, o oitavo passageiro” será o produtor e Asif Kapadia, vencedor do Oscar de melhor documentário por “Amy”, será o diretor.

Scott e Kapadia estão desenvolvendo juntos essa adaptação de “Sapiens: Uma breve história da humanidade“, livro de Yuval Noah Harari que é publicado no Brasil pela L&PM. O formato exato da produção ainda não está definido, mas ela está sendo pensada como um projeto audiovisual multiplataforma, podendo ir para a TV, o streaming, ou para ambos.

“Sapiens” é um relato eletrizante sobre a aventura de nossa extraordinária espécie – de primatas insignificantes a senhores do mundo. Na obra, Harari tenta explicar como o homo sapiens, apenas um dos muitos ramos da árvore genealógica do sapiens, passou a dominar o planeta.

Ridley Scott e Asif Kapadia

Ridley Scott e Asif Kapadia

John Malkovich na pele de Hercule Poirot

Quem diria que John Malkovich seria escalado para viver o famoso detetive Hercule Poirot. Pois o ator norteamericano de 64 anos incorporou o detetive belga criado por Agatha Christie. Ele já está filmando Os Crimes do ABC  (The ABC Murders), série baseada na obra homônima da Rainha do Crime. Rupert Grint, o Rony dos filmes de Harry Potter, também está no elenco. Fruto de uma parceira da BBC com a Amazon, que exibirá a atração nos EUA, a produção ainda não tem data de exibição.

Baseada no clássico romance de 1936, a história será dividida em três partes. Com o Reino Unido dividido e o ódio em ascensão, o drama mostra a busca de Poirot por um serial killer conhecido apenas como ABC. Primeiro, o criminoso ataca em Andover, depois em Bexhill e, por último, em Churston. À medida que a contagem de assassinatos aumenta, a única pista é a cópia de um famoso guia de trens deixada nas cenas dos crimes.

A L&PM publica Os Crimes do ABC na Coleção L&PM Pocket.

Poirot Malkovith com livro

Qual a cor do vestido de Alice?

A maioria vai responder: azul com avental branco, ora essa…

Essa é a cor mais familiar para todos nós. Mas a questão é que provavelmente essa não foi a primeira cor imaginada por Lewis Carroll e pelo ilustrador John Tenniel para vestir a famosa personagem. Na história criada em 4 de julho de 1862 e publicada em livro em 26 de novembro de 1865, Alice já usou, além do azul, vermelho e amarelo em diferentes versões.

As primeiras representações coloridas de Alice não aparecem nos livros originais, mas em produtos associados à história. Em “The Wonderland Quadrilles”, uma peça musical para piano-forte dedicada a Alice e publicada por volta de 1872, o cartaz traz ilustrações de Tenniel com cores aprovadas por Carroll. Nessa impressão, Alice usa vermelho e branco. Alice também aparece de vermelho na capa da edição de 1887 da editora britânica Macmillan (que publicou o livro em 1865), mas as ilustrações internas seguiram sendo em preto e branco.

Cartaz de uma peça musical para piano-forte inspirada na Alice de Lewis Carroll

Cartaz de uma peça musical para piano-forte inspirada na Alice de Lewis Carroll

A primeira vez que em que Alice ganhou cores nas ilustrações internas foi em 1889 no livro chamado The Nursery Alice, uma adaptação para crianças pequenas e onde Tenniel e Carroll optaram por Alice com vestido amarelo, avental branco e fitas e meias azuis. Estas mesmas cores aparecem em um selo postal criado por Lewis Carroll. E também foram as cores escolhidas para a capa de Alice no País das Maravilhas da Coleção L&PM Pocket.

Ilustração

Alice de amarelo em 1889

Cores aprovadas por Carroll estão na capa da L&PM

Cores aprovadas por Carroll estão na capa da L&PM

Em 1903, nas edições da Macmillan de Alice no País das Maravilhas e Alice Através do Espelho, a menina ganhou vestido azul, avental branco com detalhes amarelos e meias amarelas.

Alice1903

Alice em 1903

O vermelho voltou a ser usado em 1907, pela mesma editora, quando Alice aparece em todos os desenhos com vestido vermelho e avental branco com detalhes azuis. Mas as meias permaneceram amarelas.

McMillan1907

Alice na edição de 1907

Em 1911, Harry G. Theaker foi contratado para colorir dezesseis ilustrações de Tenniel para uma edição de Alice Através do Espelho. O azul utilizado por ele para colorir o vestido de Alice, o avental branco e as meias brancas listradas de azul, estabeleceram o vestido icônico que se manteve nas edições da Macmillan desde então. Posteriormente, esta seria a cor adotada por Walt Disney para seu filme de 1951.

A Disney optou pelo azul que se tornaria a cor mais conhecida

A Disney optou pelo azul que se tornaria a cor mais conhecida

Em 1927, John Macfarlane aplicou uma nova coloração nas ilustrações, mantendo o vestido azul, mas colocando detalhes em vermelho no avental branco. Há uma versão destas cores em que as meias são listradas e que a L&PM usa na capa de Alice no País do Espelho.

Alice-Flying-Cards-Macfarlane

Essa versão aparece pela primeira vez em 1927

alice no pais o espelho

As ilustrações de Tenniel também aparecem com vestido azul e branco, avental branco com vermelho e meias listradas

E aí, qual a sua preferida?