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Millôr onipresente na Flip

Millôr está na Praça da Matriz de Paraty: em letras gigantes que reproduzem o modo como ele próprio desenhava seu nome.

Millor praca

Millôr está na Casa de Cultura: em uma exposição que traça um paralelo entre sua vida e obra e que se divide em módulos que relembram todas as fases de seu trabalho.

Millor expo

Millôr está em todas as palestras da Tenda dos Autores: no fundo do palco, em um painel que exibe seus inconfundíveis traços.

Millor Palco

Millôr está em todas as mãos: ao longo da Flip estão sendo oferecidas edições do Daily Millôr, um jornal diário feito exclusivamente para o evento.

Daily Millor

Por fim, Millôr está nas livrarias da histórica cidade: a L&PM, por exemplo, tem diferentes títulos a oferecer.

Millor_todos

A Flip 2014 – Festa Literária Internacional de Paraty, que homenageia Millôr Fernandes, termina no domingo, 3 de agosto. Mas seguiremos festejando o guru do Méier! 🙂

 

Paraty é uma cidade poética

Paraty é a soma de casas históricas, pedras irregulares, cores vibrantes, águas calmas. E se isso não bastasse para dar vontade de versejar, há ainda um príncipe (D. João de Orleans e Bragança – descendente de D. Pedro) que ali vive cercado de uma natureza abençoada que cheira a cachaça dourada, coco maduro e peixe fresco. Em época de Flip – a festa literária – quando o movimento deixa as ruas congestionadas de gente, a cidadezinha fica mais internacional e pulsante do que nunca. Para os que vivem do turismo, é um prato cheio. Já para os que só estão por lá em busca de sossego, é uma espécie de pesadelo. O evento não dura muito, somente cinco dias, mas o suficiente para que a literatura penetre por todos os poros das pedras polidas nas ruelas. Este ano, na décima edição da Flip, novamente grandes escritores do mundo, autores de diferentes etnias e sotaques, ali se reuniram como numa grande fraternidade. O colombiano Juan Gabriel Vásquez, autor de Os informantes e História Secreta de Costaguana (editados pela L&PM), foi um dos convidados. E assim como seus colegas de letras, ele apaixonou-se por Paraty. Paraty, que tem um pé em Paradise, Paradies, Paradis, Paradijs e todas as outras formas e idiomas de se chegar ao “paraíso”. (Paula Taitelbaum)

As águas de Paraty

O céu de Paraty

Árvore de livros em Paraty

Painéis da Flip com Millôr Fernandes em primeiro plano

A conferência com a participação de Juan Gabriel Vásquez (no centro e no telão)

Fotos: Nanni Rios

Flp, Flp, Flp, flip, fliiip, fliiip, FLOOOOP!!

Marcos e Rachel Ribas moram há anos em Paraty e são donos do Teatro Espaço. Com exclusividade para o Blog da L&PM, Marcos escreveu um texto sobre a Festa Literária Internacional de Paraty, evento que ele acompanha (como morador da cidade) desde antes da primeira edição.

Marcos Ribas

A nave mãe baixa finalmente sobre o Areião do Pontal, ao lado da Santa Casa da Misericórdia, o hospital da cidade.
Vai começar a Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP), provavelmente o maior evento literário do mundo com este formato.
Lembro de quando, em 2002, Liz Calder e Louis Baum (seu marido) convidaram Rachel e eu para jantar e para falar sobre o plano que ela tinha de fazer um evento literário em Paraty, num formato que ela conheceu numa cidade pequena da Inglaterra.
Confesso que achei a ideia meio maluca. Imaginei alguns autores estrangeiros lendo seus textos literários, que eram reproduzidos em tradução simultânea por pessoas sem muita formação na área, e me lembrei da expressão italiana “traduttore, traditore”. Mas ouvi com atenção. Afinal, aquela mulher (muito simpática, diga-se de passagem) era a co-fundadora da Bloomsbury Publishing, a editora do Harry Potter.
Perguntei se eles tinham já o principal que, naturalmente, era o dinheiro para o evento. Ela me disse que não. Que estava em contato com uma editora de São Paulo, mas que se dispunha a investir uns US$ 50.000,00 de dinheiro dela. Pensei “que maluquice”, mas educadamente disse: “Que legal, que bom para Paraty. Vai em frente, faz aí.”
E seguimos comendo da boa comida que ela servia, tomando do bom vinho e proseando sobre outros assuntos divertidos, como sempre acontecia nas nossas visitas daquela época.
Caramba, como aquilo deu certo! Como cresceu!
De cima da ponte, olho para a nave mãe de um lado do Rio Perequê-açu e para as duas enormes tendas do outro lado e fico totalmente pasmado. Que coisa enorme que é a Flip. Perto das duas tendas grandes, a Flipinha colore e transforma a Praça da Matriz, que praticamente desaparece no meio do colorido, dos bonecos gigantes, dos livros pendurados nas árvores, e das muitas atividades oficiais e penetras. A Flip é um fenômeno, um enorme fenômeno muito maior do que Paraty…
Mas vamos voltar para a Liz Calder, a criadora da Festa, a inventora da Flip. Engraçado este nome, não é? Flip. To flip em inglês quer dizer fazer dar voltas. Palavra muito usada na expressão to flip the coin que significa literalmente jogar a moeda para cima, ou jogar cara ou coroa.
Já faz algum tempo que a gente não se encontra com calma para jantar e conversar fiado, como se dizia na minha cidade natal lá do norte de Minas. E fico pensando como é que a Liz, que já não tem mais casa em Paraty, que circula pelo evento mais como uma rainha mãe, se sente sobre tudo isto agora, oito Flips depois, fliping um orçamento de 6,3 milhões de reais in the air. Quite a lot of coins, I would say.
Se a festa faz bem para a cidade? Acredito que sim, mas no começo pensava: “como será que Paraty vai digerir a Flip?”  Hoje penso: “como será que a Flip vai digerir Paraty?” O futuro dirá.
No presente, não tenho do que me queixar. No Teatro Espaço, nosso espetáculo está cheio. Lotado, mesmo na noite do show de abertura, que é na Praça, quase aberto para o público e sempre com grandes nomes como Caetano, Gilberto Gil, este ano com Edu Lobo e (veja você) Fernando Henrique Cardoso.
Só é chato a história de não poder comer fora sem fazer fila, e a mania que o povo tem de me confundir com o Paulo Coelho…(hehe) Mas que fazer, não é?
A Flip tem seus prós e tem seus contras, é assim mesmo, é natural. Quero ver a conferência do Robert Crumb e do Gilbert Shelton (Fritz the Cat x Freak Brothers), o horário só me permite assistir uma parte antes do nosso espetáculo e só consegui um ingresso. Tudo bem, fazer o que? A confusão dos ingressos é o problema maior que eles têm. Mesmo para nós moradores.
Eu não falo nada. Fico quieto, só no meu canto, mineiramente esperando. Olhando aquele mundão de gente e esperando até que flooop, fliiip, fliip, fliip, flip, flip, flip, vupt! A nave mãe foi embora. Ufa! Paz de novo em Paraty…