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“A Tempestade” começa hoje em São Paulo

A tempestade foi a última peça escrita por William Shakespeare. Uma história de vingança, amor e conspirações que estreia em nova montagem hoje, no Teatro Raul Cortez, em São Paulo. Tudo começa quando um navio, açoitado por uma grande tempestade, é levado em direção à uma ilha onde vivem o mágico Próspero e sua filha Miranda. Ele, ex-Duque de Milão, foi exilado em meio ao mar depois de perder o trono para seu traiçoeiro irmão, Antônio, que não por acaso é um dos passageiros do navio que naufraga. Sedento por vingança, Próspero preparou a tormenta que atacou a embarcação em que viajavam todos os seus inimigos. Na ilha, o grupo fica à mercê dos poderes de Próspero, do encanto de Miranda e das artimanhas do espírito Ariel. Mas junto com seus desafetos (que deverão ser levados à loucura), Próspero também coloca na ilha um belo príncipe, noivo potencial para Miranda. Se o amor acontece entre os dois jovens, se a vingança de Próspero é bem sucedida, se além de dor haverá reconciliação, só mesmo assistindo a peça para saber. Ou, melhor ainda: lendo o livro que, na L&PM, tem tradução de Beatriz Viégas-Faria.

A direção da peça é de Marcelo Lazzaratto e tem Carlos Palma no papel de Próspero, Thaila Ayala como Miranda, Sergio Abreu como Príncipe Ferdinand e Paulo Goulart Filho como Ariel. A temporada vai de 26 de maio a 26 de junho no Teatro Raul Cortez (Rua Dr. Plínio Barreto, 285 – Tel. 11 3254-1631). Quintas e sextas às 21h30min, Sábados às 21h e Domingos às 20h.

Os rascunhos de Pessoa

Escrever à mão, rabiscar páginas, riscar palavras, colecionar cadernos. Difícil encontrar um grande poeta que não tenha passado por isso. Aqui, por exemplo, é possível ver um rascunho de Fernando Pessoa para o poema que abre o livro “O guardador de rebanhos”, que ele escreveu entre 1911 e 1912 e que está no livro Poemas de Alberto Caeiro, Coleção L&PM POCKET. Os que têm olhos de lince (ou um bom computador), talvez consigam ver algumas palavras que Pessoa alterou como a troca de “Pertence” por “Conhece” no início do quarto verso. Embaixo da imagem, você pode ler a primeira parte deste poema sem precisar fazer tanto esforço.

I.

Eu nunca guardei rebanhos,

Mas é como se os guardasse.

Minha alma é como um pastor,

Conhece o vento e o sol

E anda pela mão das Estações

A seguir e a olhar.

Toda a paz da Natureza sem gente

Vem sentar-se a meu lado.

Mas eu fico triste como um pôr-do-sol

Para a nossa imaginação,

Quando esfria no fundo da planície

E se sente a noite entrada

Como uma borboleta pela janela.

Machado de Assis em versão Facebook

Uma dupla de publicitários brasileiros radicados em Portugal teve uma ideia no mínimo diferente: adaptar um livro para o Facebook. Se a princípio fica difícil imaginar como isso seria possível, basta pensar em como nós contamos histórias todos os dias nas redes sociais (sobre o nosso dia, nossas atividades, eventos que participamos, etc). No caso do livro, o personagem principal ganha um perfil e as ações da trama são traduzidas em ações na rede social – curtir, compartilhar, fazer amigos… “Se o personagem escuta uma música, coloco um link com o vídeo dela no YouTube. Se vai para a Itália e cita o Mussolini, complemento com um link sobre ele da Wikipedia”, contou Thiago Carvalho, um dos idealizadores da adaptação, em entrevista à Folha de S. Paulo

A partir da ideia dos rapazes, a ilustradora Beatriz Carvalho desenvolveu o protótipo de como seria  a adaptação de Dom Casmurro, de Machado de Assis, para o Facebook. Veja como ficou: 

(Clique na imagem para ampliar)

 

Bob Dylan e sua nova casa

Por Paula Taitelbaum*

Ler ao som de Forever Young

Bob Dylan sete vezes dez. “Like a Rolling Stone Age”. Setenta anos na ativa. Altivo: Forever Young. Bob Dylan que nasceu Robert Allen Zimmerman em 24 de maio de 1941. Mas mudou. Inventou fases e faces. Fez, tez, não perdeu a vez. Bob Dylan nos anos setenta. Oitenta. Noventa. Cem. Sem máscaras, sem mordaças, sem…pre mordaz. Bob Dylan americanamente desamericano. Talvez insensato, mas jamais insano. Bob Dylan declaradamente leitor influenciado por Arthur Rimbaud, ThoreauBaudelaire, Jack Kerouac. Amigo de Allen Ginsberg. E amante de Joseph Conrad, Franz Kafka, Mark Twain, John Steinbeck, Lawrence Ferlinghetti, William Shakespeare e até Sun Tzu. Bob Dylan que é L&PM: Lyric, Poet, Master. E que por isso, com certeza, aqui se sentiria em casa… E não apenas na casa dos setenta – esta na qual ele entra hoje como uma pedra que rola.

Bob Dylan e Allen Ginsberg junto ao túmulo de Jack Kerouac em 1976

* Paula Taitelbaum é escritora, coordenadora do Núcleo de Comunicação da L&PM e fã confessa de Bob Dylan.

Um inimigo do povo

Henrik Ibsen nasceu na Noruega em 20 de março de 1828 e morreu em 23 de maio de 1906. Destacou-se pela magnífica obra em dramaturgia, que lhe valeu uma indicação ao prêmio Nobel de Literatura em 1902. Escreveu alguns grandes clássicos do teatro ocidental como Hedda Gabler, Pato selvagem, Casa de Bonecas, Um Inimigo do Povo, entre outras.

No momento em se lembra Ibsen, no aniversário de sua morte, é obrigatório que se lembre de Um Inimigo do Povo, seu trabalho mais polêmico e mais importante, escrito na Itália em 1882. Talvez a primeira grande alusão literária a um crime ecológico. E mais: através deste crime ecológico, Ibsen se coloca diante da constatação melancólica daquilo que Millôr Fernandes diz ser a “inviabilidade” do ser humano.

A peça trata de um médico, o dr. Stockmann, profundamente identificado com sua cidade – uma estação de veraneio no interiror da Noruega –, que descobre que os resíduos de uma fábrica próxima da cidade passaram a poluir o lençol freático da região, contaminando as águas que são procuradas pelos turistas. Num primeiro momento, ele é aclamado pela descoberta. Mas imediatamente os interesses de uma minoria se impõe e ele passa a ser escorraçado pelos cidadãos. Insuflados pelos governantes e proprietários, os moradores da região o acusam de querer acabar com a fonte de renda da cidade…

Profético, no que diz respeito à denuncia de um crime ambiental, Ibsen trata de um tema antigo como o mundo, que é a inveja, a ambição, o egoísmo e a perversidade do ser humano. (Ivan Pinheiro Machado)

A folha de rosto original de "Um inimigo do povo" (En Folkefiende), com a letra de Ibsen

O dia em que Bonnie e Clyde sairam de cena (e entraram no cinema)

O livro de Toland fazia referência a dois criminosos não muito conhecidos da época, Clyde Barros e Bonnie Parker. Benton era de uma pequena cidade do leste do Texas chamada Waxahachie, e tinha mais familiaridade com as façanhas do casal – que foi morto em 1934, quando ele tinha dois anos de idade – do que Newman. “Todo mundo no Texas ouvia falar de Bonnie e Clyde quando criança” afirmou Benton. “Meu pai foi ao enterro deles. Em qualquer festa de Dia das Bruxas sempre havia um menino vestido de Clyde e uma menina vestida de Bonnie.”

O filme Bonnie e Clyde: uma rajada de balas foi uma ideia do diretor de arte da revista Esquire, Robert Benton, e de seu amigo e colega David Newman, jornalista e editor da mesma revista. Benton e Newman nunca haviam escrito um roteiro para cinema antes e quase não conheciam ninguém do meio. Mas escreveram uma história que ajudou a eternizar Bonnie e Clyde e que deu origem a um dos filmes que revolucionou Hollywood – como mostra o recém lançado Cenas de uma revolução, livro de Mark Harris que conta  tudo sobre as cinco produções que concorreram ao Oscar de melhor filme 1967 (além de Bonnie e Clyde, O Fantástico Doutor Dolittle, A primeira noite de um homem, Adivinhe quem vem para jantar e No calor da noite). O trecho inicial deste post, por exemplo, está no primeiro capítulo.

E não é difícil imaginar porque o casal, que nos cinemas foi vivido por Warren Beatty e Faye Dunaway, era perfeito para ser filmado. Os verdadeiros Bonnie e Clyde tinham 20 anos quando se conheceram, em 1930. Foi amor à primeira vista e Bonnie largou tudo para seguir Clyde em uma vida cheia de aventuras e crimes. Juntos, eles formaram uma quadrilha que realizou muitos assaltos e alguns assassinatos.  Tinham ares de pop star e adoravam fazer pose para fotos que, hoje, mais parecem editoriais de moda.

Bonnie e Clyde na vida real e no cinema

A pose de Bonnie inspirou Faye

Bonnie e Clyde viraram mito ao serem mortos numa emboscada, depois de uma longa caçada, numa estrada deserta perto de Bienville Parishem, no estado da Louisiana, em 23 de maio de 1934. Ou seja: há exatamente 77 anos atrás. Abaixo, o vídeo que mostra o verdadeiro carro da dupla, cravado de balas, acompanhado de uma locução que vai dizendo o que havia dentro do automóvel no instante em que Bonnie e Clyde foram pegos pela polícia.

O testamento de Cristóvão Colombo

Cristóvão Colombo foi um dos maiores navegadores da história. “Todos os mares em que hoje se navega, eu o percorri” escreveu ele ao rei da Espanha em 1501. Apaixonado pela ideia de chegar ao Oriente pela rota do Oeste, venceu o desafio das lendas e navegou na direção do poente. Disposto a atingir a qualquer preço o mundo fabuloso descrito por Marco Polo, até o fim de seus dias Colombo recusou-se a admitir que havia descoberto um novo Mundo. Morreu há exatos 505 anos atrás, em 20 de maio de 1406, pobre e esquecido. Anos antes, no entanto, deixou pronto um testamento, onde cita como seus herdeiros Dom Diego e Dom Fernando, seus filhos. Abaixo, a reprodução completa deste documento, que faz parte de Diários da Descoberta da América, obra que, segundo Gabriel García Márquez, é “O primeiro livro de realismo mágico” da história.

Parabéns Monsieur Balzac

Por Ivan Pinheiro Machado

Eu já escrevi neste blog sobre “eu e Balzac”. Sobre como me tornei – sem querer – um “especialista amador” no legendário romancista. Volto ao assunto porque hoje é o aniversário de Balzac. Ele nasceu em 20 de maio de 1799, portanto, se vivo fosse, tipo um personagem bíblico, teria 212 anos.

Na sua torturada biografia, Balzac debateu-se várias vezes com o fracasso, tanto como homem de negócios, como na vida amorosa e, principalmente, como homem de letras. Embora tenha atingido grande sucesso de público, foi preterido frequentemente pela “inteligentzia” parisiense. Concorreu várias vezes a uma cadeira na Academia Francesa e foi sistematicamente recusado. Mas a vida sempre foi assim. Muitos daqueles que desfrutaram em sua época o tão sonhado “prestígio literário”, hoje ninguém sabe quem são. Nem se houve falar. Ficaram perdidos nas profundezas do tempo que engole implacavelmente as mediocridades. E, no entanto, dois séculos depois, estamos falando de Balzac. O grande maluco. O autor de mais de 200 romances, novelas e contos, dos quais assinou somente 100 com o seu nome. Justamente as que compõem o maior monumento da literatura ocidental, a “A Comédia Humana”.

Eu redescobri, e fui obrigado a ler Balzac, porque decidimos, aqui na L&PM, editar o mais importante da Comédia Humana e fui encarregado de capitanear este projeto. Balzac foi uma das maiores descobertas literárias da minha vida. Comecei lendo para cumprir uma tarefa. Acabei mergulhando num mundo que me fascinou e me fascina até hoje. Balzac jamais decepciona. É diversão garantida. E a obra que ele escreveu em menos de 20 anos é suficientemente imensa para abastecer uma vida inteira de fabulosos romances. Uma obra que atravessa os tempos com a mágica e o encanto intactos. E isto é o que se chama de clássico. Parabéns, monsieur Honoré de Balzac.

Observação: no blog da L&PM você encontra a “Série Balzac” com textos sobre sua vida e a sua obra. E clique aqui para ver os romances de Balzac publicados pela L&PM Editores em papel e em e-book.

O misterioso “teaser poster” de On the road

Por Paula Taitelbaum

No início desta semana, blogs do mundo inteiro começaram a divulgar o cartaz abaixo como sendo o “teaser poster” de On the road, o esperado filme dirigido por Walter Salles. Diziam que ele teria sido fotografado durante o Festival de Cannes 2011. A partir daí, alguns jornais também deram a notícia, chamando para “O primeiro cartaz do filme On the road“.

Eu só vi a foto desse poster hoje. E tudo nele me pareceu muito estranho. 

O "teaser poster" que teria sido fotografado numa parede do Festival de Cannes. Clique para aumentar

Achei muito esquisito o cartaz não ter o nome da produtora do filme. Fiquei pensando que Walter Salles não é do tipo que queira se promover sozinho. Defendi aqui na editora que um “teaser poster” é algo comercial (ainda mais se estiver em Cannes) e que por isso seria sem sentido não mostrar os atores. Pra completar, fiquei com a impressão de que, além da estética não ter nada a ver com as fotos já divulgadas do filme, esse cartaz estava parecendo um trabalho de alunos de alguma faculdade de design.

Como a L&PM publica On the road, seria bom se também déssemos a notícia do “primeiro cartaz do filme” aqui no blog. Mas antes de fazer isso, resolvi verificar se ele era mesmo verdadeiro. Pra ter certeza de que se tratava (ou não) de um poster original, enviei um email para o produtor do filme, Charles Gillibert, da Produtora MK2 de Paris. O título da minha mensagem era: “teaser poster on the road? is it true?”. Coloquei a foto em anexo. A resposta de Charles veio alguns minutos depois: “Dear Paula, It is absolutely not the OTR poster even not a teaser…” (Cara Paula, não é absolutamente o cartaz de OTR nem mesmo um teaser).

Agradeci a atenção dele e fiquei pensando que alguém deve estar muito feliz a essa hora. Contente por ter criado um  cartaz que ficou famoso. Um poster que nada mais é do que… fake. Tentei achar onde a notícia começou e os primeiros blogs que divulgaram a imagem no Brasil dizem que a informação veio do site “The Play List“. Mas basta entrar lá para ver que o último post é de Outubro de 2010. 

Resumo da ópera: o cartaz acima é uma fabulação, uma brincadeira, uma invenção. Um viral que foi, rapidamente, passando de blog em blog até chegar nos jornais. Não há dúvida de que a internet facilitou a vida dos jornalistas. Mas, às vezes, tenho a impressão de que essa facilidade faz com que eles esqueçam que nem tudo o que cai na rede é… peixe. Ou verdade.

Peanuts Completo na Galeria Melissa

Ninguém pode negar: Snoopy é completamente irresistível. Seja nos livros, seja estampando uma Melissa. E o que dizer quando alguém resolve juntar o mundo das tirinhas com o mundo fashion? Pois foi exatamente o que fez a Galeria Melissa da Oscar Freire, em São Paulo. O mundo maravilhoso dos sapatos plásticos usou a Coleção Peanuts Completo da L&PM para decorar a vitrine e o interior da loja. Não foi uma combinação perfeita?

Batizados de Melissa Wanting + Snoopy, estes modelos chegaram às lojas no mês passado. Mas, segundo a Grendene, a procura é tão grande que tem até lista de espera.