Os rascunhos de Pessoa

Escrever à mão, rabiscar páginas, riscar palavras, colecionar cadernos. Difícil encontrar um grande poeta que não tenha passado por isso. Aqui, por exemplo, é possível ver um rascunho de Fernando Pessoa para o poema que abre o livro “O guardador de rebanhos”, que ele escreveu entre 1911 e 1912 e que está no livro Poemas de Alberto Caeiro, Coleção L&PM POCKET. Os que têm olhos de lince (ou um bom computador), talvez consigam ver algumas palavras que Pessoa alterou como a troca de “Pertence” por “Conhece” no início do quarto verso. Embaixo da imagem, você pode ler a primeira parte deste poema sem precisar fazer tanto esforço.

I.

Eu nunca guardei rebanhos,

Mas é como se os guardasse.

Minha alma é como um pastor,

Conhece o vento e o sol

E anda pela mão das Estações

A seguir e a olhar.

Toda a paz da Natureza sem gente

Vem sentar-se a meu lado.

Mas eu fico triste como um pôr-do-sol

Para a nossa imaginação,

Quando esfria no fundo da planície

E se sente a noite entrada

Como uma borboleta pela janela.

Uma ideia sobre “Os rascunhos de Pessoa

  1. Rody Cáceres

    Dá licença de eu me nomear poeta? Em quatro anos de escrita já preenchi cinco cadernos, dez bloquinhos e incontáveis pedaços de papel. Me sinto um ceifador da natureza. Mas, em tempo de internet, também escrevi direto para o meu blog e sei de pessoas que escrevem apenas para o Twiter.. As coisas mudam, mas Fernando Pessoa continua grande…

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