Arquivo da tag: Cenas de uma revolução

Nada de dar meias pro seu pai!

Ainda não sabe o que dar de presente para o seu pai? Meias, cuecas, pantufa e pijama nem pensar! Gravata também não parece ser uma boa ideia. Garrafa de vinho você já deu no ano passado. Caneta seu pai já tem várias. Celular novo ele ganha de presente da operadora. IPad ainda está meio caro. Então, quem sabe… livros! E nem venha dizer que ele é do tipo que não lê. Até porque, aqui na L&PM, tem livros até para pais que preferem histórias em quadrinhos e receitas. Vale tudo. Só não vale esquecer dele.

CENAS DE UMA REVOLUÇÃO – Um livro perfeito para pais que gostam de cinema. Escrito pelo jornalista Mark Harris, Cenas de Uma Revolução conta a história de cinco filmes que concorreram ao Oscar 1967: Bonnie & Clyde, A primeira noite de um homem, O fantástico Doutor Dolittle, Adivinhe quem vem para o jantar e No calor da noite. A partir da história destas cinco produções, Harris traça um painel cultural do embate que estava acontecendo entre a velha e a nova Hollywood. Divertido e atual! (leia a crítica que o jornalista Goida escreveu sobre este livro)

AS VEIAS ABERTAS DA AMÉRICA LATINA – É muito provável que seu pai já conheça este livro de Eduardo Galeano. Mas talvez ele nunca tenha visto a nova edição publicada pela L&PM – em formato convecional e pocket – com nova capa e  introdução do autor, tradução de Sergio Faraco e índice analítico. As veias abertas da América Latina é repleto de humanismo e vendeu milhões de exemplares em todo mundo. Se o seu pai é de esquerda (ou simpatizante dela), não pense duas vezes: este é o presente para ele!

CAIXA ESPECIAL GASTRONOMIA – Pais que gostam de dar uma de cheff de cozinha (ou que pelo menos tentam cozinhar) com certeza vão curtir esta caixa que reúne dez livros da série Gastronomia L&PM. Tem de tudo: receitas de carnes, pescados, churrasco, molhos, pratos lights, patisseria, aves, arroz e muito mais. Sem contar que fica linda na cozinha.

PEANUTS COMPLETO 4 – Se o seu pai é do tipo descolado (ou adora o estilo vintage) ele vai achar o máximo este livro com capa dura e formato diferenciado. Peanuts completo: 1957- 1958 é o quarto volume desta série com as primeiras tiras que Charles Schulz desenhou com Charlie Brown, Linus, Lucy, Schroeder, Violet, Patty Pimentinha, Woodstock e, claro, o cão mais querido do planeta: Snoopy. Se achar que é pouco, você ainda pode optar pela caixa com dois volumes. Que puxa! Vai ser um presentão.

A ENTREVISTA DE MILLÔR FERNANDES – O que o seu pai andava fazendo lá pelos anos 80? Ok, ok, melhor nem perguntar… É que foi nesta época que Millôr Fernandes concedeu uma grande entrevista à Revista Oitenta. Entrevista que virou um livro com as grandes pérolas do pensamento de Millôr (“Agora, esse negócio de hippie dizer que vai destruir a família é besteira; a família é um nódulo eterno”). O longo, denso e divertido depoimento permanece atual e é um presente que dá o que falar (e o que pensar).

FELIZ POR NADA – Se o seu pai for um cara romântico, sensível, que gosta de pensar na vida, filosofar sobre o amor e valoriza a família e a amizade, provavelmente o mais recente livro de crônicas de Martha Medeiros será um ótimo presente pra ele. São mais de 80 crônicas que abordam assuntos atuais, de forma leve e muito próxima ao leitor. Feliz por nada tornou-se o livro mais vendido do Brasil na categoria “não ficção” e atualmente está no topo da lista da Revista Veja.

JÔ NA ESTRADA – Seu pai gosta de uma história picante? Se a resposta foi “sim”, aqui está o livro certo pra ele. Em Jô na Estrada, David Coimbra narra, em forma de folhetim, as aventuras da voluptosa Jô e seus “seios apontados para o céu, o bumbum impecável, as pernas longas, roliças, rijas”. E o melhor é que essa descrição vem acompanhada de muitos desenhos do ilustrador Gilmar Fraga – que tratou de fazer jus à personagem.

PERVERSAS FAMÍLIAS – Calma, não se assuste com o título. Seu pai com certeza é inteligente o suficiente para entender que você está dando a ele um ótimo livro e não uma mensagem subliminar. Perversas Famílias, de Luiz Antonio de Assis Brasil, é o primeiro livro da série “Um castelo no pampa” e narra a saga da família Borges da Fonseca e Menezes, que se confunde com a história do próprio Rio Grande do Sul. E vale dizer que seu pai nem precisa ser gaúcho para se emocionar com este romance. Um verdadeiro épico.

E claro que isso não é tudo. Outras sugestões são livros de Jack Kerouac, Woody Allen, Machado de Assis, Paris: biografia de uma cidade, além dos mais recentes títulos das séries Biografias e Encyclopaedia.

O dia em que Bonnie & Clyde enfrentaram Drácula

A pergunta é: de onde veio essa ideia? Afinal, juntar a dupla Bonnie & Clyde com Drácula não é, digamos, algo que passaria pela cabeça de qualquer um. Mas a questão é que alguém não só teve essa ideia como ela virou o filme “Bonnie & Clyde vs Drácula” com direção de Timothy Friend. Na película de horror, os gânsters acabam indo parar na mansão do vampiro e, como não poderia deixar de ser, despejam uma rajada de balas sobre ele. Veja o trailer, visite o site oficial e, quem sabe, chegue à conclusão: “como eu não pensei nisso antes?”

Agora, se você, como nós, prefere as histórias originais, nossa sugestão é que leia Drácula, de Bram Stoker, que agora também faz parte da nova Caixa Especial Horror. Já a verdadeira aventura de Bonnie & Clyde está em Cenas de uma revolução, livro que conta toda a história do filme com Faye Dunaway e Warren Beatty.

Sidney Poitier e o Oscar 1968

O ator [Rod Steiger] agradeceu à Academia, a Norman Jewison e ao público, e então respirou fundo. “Por fim, o mais importante de todos”, continuou ele. “Gostaria de agradecer ao sr. Sidney Poitier pelo prazer de sua amizade, que me deu o conhecimento e a compreensão sobre a questão do preconceito de que eu precisava para melhorar minha atuação. Muito obrigado, e nós venceremos.” Quando ele deixou o palco, a plateia estava em polvorosa. Steiger havia quebrado o protocolo – fazer referência a questões políticas em um discurso de agradecimento por uma premiação era algo raríssimo em 1968 – e escolhido o momento perfeito para fazer isso. Quando Bob Hope voltou, os aplausos para Steiger ainda não tinha cessado. “As coisas estão meio tensas, não?”, comentou o mestre de cerimônias enquanto esperava. A seguir, ele anunciou quem apresentaria o próximo prêmio: Sidney Poitier. (Depoimento de Dustin Hoffman que está no livro Cenas de uma revolução)

Clique na imagem e assista ao vídeo do Oscar 1968 com a cena descrita acima

Escrito pelo jornalista norteamericano Mark Harris, Cenas de uma revolução – o nascimento de uma nova Hollywood conta tudo e mais um pouco sobre os bastidores (e os holofotes) dos cinco filmes que concorreram ao Oscar 1968. O ator negro Sidney Poitier estrelava dois destes filmes, No Calor da Noite e Adivinhe quem vem para jantar; e quase co-estrelou um terceiro, Doutor Dolittle, além de ser considerado em 1967 a estrela número um de bilheteria dos EUA. Em entrevista exclusiva para o site L&PM, Mark Harris disse, inclusive que, se tivesse que eleger uma das personagens reais do seu livro como sendo “a mais fascinante”, seria Sidney Poitier. Clique aqui e leia a entrevista completa de Harris. Vale a pena.  

Cinco anos antes do discurso de Rod Steiger, Sidney Poitier havia sido primeiro negro a receber o Prêmio de Melhor Ator no Oscar 1963

O dia em que Bonnie e Clyde sairam de cena (e entraram no cinema)

O livro de Toland fazia referência a dois criminosos não muito conhecidos da época, Clyde Barros e Bonnie Parker. Benton era de uma pequena cidade do leste do Texas chamada Waxahachie, e tinha mais familiaridade com as façanhas do casal – que foi morto em 1934, quando ele tinha dois anos de idade – do que Newman. “Todo mundo no Texas ouvia falar de Bonnie e Clyde quando criança” afirmou Benton. “Meu pai foi ao enterro deles. Em qualquer festa de Dia das Bruxas sempre havia um menino vestido de Clyde e uma menina vestida de Bonnie.”

O filme Bonnie e Clyde: uma rajada de balas foi uma ideia do diretor de arte da revista Esquire, Robert Benton, e de seu amigo e colega David Newman, jornalista e editor da mesma revista. Benton e Newman nunca haviam escrito um roteiro para cinema antes e quase não conheciam ninguém do meio. Mas escreveram uma história que ajudou a eternizar Bonnie e Clyde e que deu origem a um dos filmes que revolucionou Hollywood – como mostra o recém lançado Cenas de uma revolução, livro de Mark Harris que conta  tudo sobre as cinco produções que concorreram ao Oscar de melhor filme 1967 (além de Bonnie e Clyde, O Fantástico Doutor Dolittle, A primeira noite de um homem, Adivinhe quem vem para jantar e No calor da noite). O trecho inicial deste post, por exemplo, está no primeiro capítulo.

E não é difícil imaginar porque o casal, que nos cinemas foi vivido por Warren Beatty e Faye Dunaway, era perfeito para ser filmado. Os verdadeiros Bonnie e Clyde tinham 20 anos quando se conheceram, em 1930. Foi amor à primeira vista e Bonnie largou tudo para seguir Clyde em uma vida cheia de aventuras e crimes. Juntos, eles formaram uma quadrilha que realizou muitos assaltos e alguns assassinatos.  Tinham ares de pop star e adoravam fazer pose para fotos que, hoje, mais parecem editoriais de moda.

Bonnie e Clyde na vida real e no cinema

A pose de Bonnie inspirou Faye

Bonnie e Clyde viraram mito ao serem mortos numa emboscada, depois de uma longa caçada, numa estrada deserta perto de Bienville Parishem, no estado da Louisiana, em 23 de maio de 1934. Ou seja: há exatamente 77 anos atrás. Abaixo, o vídeo que mostra o verdadeiro carro da dupla, cravado de balas, acompanhado de uma locução que vai dizendo o que havia dentro do automóvel no instante em que Bonnie e Clyde foram pegos pela polícia.

Odisseias de Filmagens

Por Goida*

O enunciado da obra assusta um pouco. Mark Harris se propõe a analisar a partir de cinco filmes que concorreram ao Oscar em 1967 – Bonnie and Clyde, No Calor da Noite, Adivinhe Quem Vem Para o Jantar, A Primeira Noite de um HomemO Fantástico Dr. Dolittle – o nascimento da nova Hollywood. Em mais de 400 páginas ele conta as fases de realização de cada uma destas produções. Apesar da limitação quase total ao quinteto citado, o livro nos fascina. As coisas não foram fáceis. Por exemplo, os trabalhos com o roteiro de Bonnie and Clyde começaram em 1962. Entre os diretores que foram contatados para realizarem a fita, apareceram até dois franceses, François Truffaut e Jean Luc Godard. Para se chegar ao até “tudo pronto” de A Primeira Noite de um Homem houve brigas, buscas intermináveis de intérpretes, o encontro e a aposta em Dustin Hoffman e muitas outras coisas mais. É com que se frise, Hollywood vivia uma época em que todos olhavam com um pouco de inveja o que estava vindo da Europa. Os filmes da “Nouvelle Vague” francesa. As obras-primas de Fellini, Visconti e Antonioni. O “Free Cinema” da Inglaterra, revelando nomes como Tony Richardson, Karel Reisz, John Schlesinger e Richard Lester. O novo mundo se curvava à velha cultura europeia. Mais ainda: filmes de baixo custo, libertários, revolucionários, sem nenhum problema com a censura. Hollywood ainda estava aprisionada ao código de produção da MPAA (Motion Picture Associaton of America), que cortava as asas de qualquer um que tentava fugir da gaiola.

Vindos de uma Nova York um pouco mais liberal começaram a se destacar em Los Angeles figuras como Mike Nichols e Arthur Penn. Stanley Kramer, produtor e diretor junto com alguns outros veteranos mais iluminados, queria fugir dos padrões superados e tirar o público da apatia reinante. Os cinco filmes recordados no livro de Harris não poderiam ser melhor escolhidos. As fases que passaram, até a estreia, são incrivelmente ricas em situações às vezes próximas ao ataque de nervos. Cenas de uma Revolução, ao narrar esta busca de um novo cinema, nos faz acompanhar verdadeiras odisseias. Contra os Ulisses de uma nova era, há de tudo para impedi-los chegarem até o sucesso. Sereias, gigantes de um olho só (os executivos presos à artificialidade do cinema de então) e outros tipos de monstros e obstáculos praticamente intransponíveis. Estas odisseias são repletas de casos e personagens variados. Destaco o capítulo onde Jane Fonda, vinda da Europa com Vadim, dá uma festança na sua casa beira mar, reunindo ao mesmo tempo a velha e a nova Hollywood. E a narrativa onde se conta a derradeira cena de Spencer Tracy para Adivinhe Quem Vem Para Jantar. Com a saúde em pandarecos, Spencer fez chorar todos que estavam no set. E a gente também, mesmo a distância, já que se sabe que Tracy morreu três dias depois.

Pois é, quase tudo assim. Um testemunhal vivo e rico sobre aquela fase de transição difícil. Você vai começar a leitura e só parar no “The End”.

* Goida é jornalista, pesquisador e autor, entre outros, de Enciclopédia dos quadrinhos que será relançado pela L&PM em setembro deste ano. Este texto foi especialmente escrito para o Blog L&PM.

E o Oscar de melhor busca vai para…

O Google sabe tudo. Todo o conteúdo disponível na rede mundial de computadores está registrado lá. Ele não perde uma atualização sequer e ainda consegue tornar tudo acessível  por meio de uma busca pra lá de eficiente. Como se não bastasse entender de passado e até de presente – faz buscas em tempo real no Twitter – agora o Google quer buscar o futuro. A primeira investida da empresa no ramo da futurologia diz respeito ao Oscar.

Faltam 10 dias para a grande festa e, provavelmente, os nomes ainda não foram definidos. Mas o Google diz que já sabe quais serão os ganhadores. Com base nas estatísticas de busca dos outros anos, a empresa detectou algumas coincidências, que de tanto se repetirem viraram aposta.

Segundo o Google, nos últimos três anos, o ganhador da categoria de melhor filme apresentou um aumento no volume de buscas nas quatro semanas que antecederam a premiação. Além disso, neste mesmo período houve um aumento no número de buscas feitas a partir da cidade de Nova York. Suspeito, não?

Sendo assim, se o Google realmente estiver com uma bola de cristal nas mãos, os candidatos com mais chances na categoria de melhor filme são A Rede Social (cujo volume de pesquisas aumenta há cinco semanas), Cisne Negro e O Discurso do Rei(os dois com a quantidade de buscas crescendo há quatro semanas). O site Oscar Search Trends foi criado pelo Google especialmente para acabar com qualquer mistério que ainda resta antes da premiação:

Por enquanto, as informações não passam de especulação. Podemos voltar neste assunto após o dia 27 de fevereiro, quando acontece a entrega do Oscar em Los Angeles.

E por falar em Oscar, o livro Cenas de uma revolução, escrito pelo jornalista britânico Mark Harris, chega às livrarias em março. Harris analisa de perto as histórias, os cineastas e as inovações de cinco filmes vencedores do Oscar em 1967 – Bonnie e Clyde, A primeira noite de um homem, No calor da noite, Adivinha quem vem para o jantar e Doctor Doolittle – e transforma tudo isso numa trama repleta de heróis, bandidos, intrigas e romances, em um cenário ao mesmo tempo psicodélico e turbulento. Uma ótima pedida para quem curte cinema e literatura!