Canções para Wendy

Wendy… Impossível pronunciar este nome sem pensar em Peter Pan. E a ligação não é à toa: antes de J. M. Barrie criar a história do menino que jamais cresceria, Wendy era raramente usado para batizar as menininhas recém nascidas. Originário do nome galês Gwendydd (pronunciando-se Gwen-deeth), o nome escolhido por Barrie tornou-se tão popular que, ainda hoje, é fácil encontrar “Wendys” nas listas telefônicas do mundo, principalmente na Inglaterra. Músicas em homenagem à Wendy também não faltam. Talvez você nunca tenha percebido, mas na canção On With the Show dos Rolling Stones, lá está ela no meio da letra: “Your hostess here is Wendy, you’ll find her very friendly, too”. David Bowie também a homenageou na música All the Young Dudes em um verso que diz: “Wendy’s stealing clothes from unlocked cars”. Bruce Springsteen menciona a amiga de Peter em Born to run: “Wendy, let me in, I wanna be your friend”. E Prince refere-se à garotinha Wendy no refrão de Kiss: “Yes, on I think I wanna dance / Gotta, gotta / Little girl Wendy´s parade / Gotta, gotta, gotta”. E não é só nas letras que ela está presente. Muitas são as músicas que já trazem Wendy no título. Só para citar algumas: Wendy do The Beach Boys, Wendy Time do The Cure, Wake Up Wendy de Elton John (o cantor também faz menção à Wendy na canção Goodbye Marlon Brando) e Tomorrow Wendy, música de Andy Prieboy que ganhou fama ao ser entoada pelo Concrete Blonde. Mesmo melancólica, e tendo como refrão “Tomorrow Wendy is going to die” (Amanhã Wendy está indo morrer), vale a pena ouvir a bela canção. No clipe abaixo, Andy Prieboy canta com Johnette Napolitano.

Peter e Wendy seguido de Peter Pan em Kensington Gardens acaba de ser lançado pela Coleção L&PM POCKET.

12. Vítimas do Plano Cruzado

Por Ivan Pinheiro Machado*

O Eduardo “Peninha” Bueno, cujo post anterior eu tracei um rápido perfil, me acompanhou várias vezes à Feira Internacional do Livro de Frankfurt. Como eu já disse, vivenciamos dezenas de histórias hilárias pelo mundo afora. Claro que houve algumas meio desagradáveis, mas nenhuma tão sinistra como esta que eu vou contar.

Era o auge do Plano Cruzado em 1985. O “cruzado” era a moeda da vez e os preços estavam congelados. Nossa moeda era fortíssima e todo o Brasil viajava. Você andava pela rua em Paris, Nova York, Roma e só se ouvia português… Os aeroportos estavam apinhados de brasileiros excitados. Enfim, tudo um pouco parecido com o que acontece hoje em dia. Trabalhamos duro em Frankfurt, passamos uns dias em Paris e fomos para Madrid onde pegaríamos o vôo de volta via Ibéria. Havia uma verdadeira multidão (80% eram brasileiros) em frente aos balcões da Ibéria. Mostramos nossa passagem para a atendente, ela olhou no “sistema” e lascou: “vocês não estão no vôo”. E mais não disse. Ou melhor, nem nos olhou, mandou passar o próximo e nós ficamos gritando em vão no meio de uma multidão totalmente indiferente. Começava aí um drama que duraria 50 horas. Ou seja, ficamos mais de dois dias feito zumbis, nos arrastando pelo famigerado aeroporto de Barajas tentando falar com alguém que nos desse atenção. Quando estávamos já praticamente desesperados, definitivamente invisíveis, Deus, na sua infinita bondade nos mandou um anjo salvador; era de Minas Gerais e trabalhava para a legendária Stella Barros Turismo. Penalizada pelo nosso miserável estado de decomposição depois de 50 horas perambulando pelo aeroporto, dormindo nos bancos de madeira, ela milagrosamente conseguiu nos colocar num vôo da Aerolineas Argentinas para Buenos Aires, com escala em Nova York para troca de aeronave. Só que não tínhamos visto para entrar nos EUA. Portanto, quando descemos do avião em NY, fomos levados escoltados diretamente para a emigração e colocados numa espécie de cela guarnecida por um daqueles rapazes afro-americanos, tipo um negrão de 2 metros de altura. Um gentil policial que nos disse com um sorriso sádico: “esperamos que o pessoal da Aerolineas Argentinas venha buscá-los, se não…”. Ficou aquela ameaça no ar. A temperatura era de 2 graus em Nova York. O Peninha e eu estávamos em mangas de camisa, pois ainda fazia calor em Madrid.  O detalhe é que, por coincidência, a sala dos quase-deportados, era o único lugar do aeroporto que não tinha calefação. Passaram-se 10 minutos, meia hora, 1 hora e quando começou a bater o desespero, eis que, como uma visão do paraíso, surgiu uma lourinha de olhos azuis, sorridente, que dirigiu-se a nós numa maravilhoso sotaque portenho: “Vamos?”. E lá fomos nós com as ilusões no ser humano restauradas até beijar o solo abençoado do aeroporto Salgado Filho em Porto Alegre depois de quatro dias com a mesma roupa, sem banho, sem cama e sem fazer a barba.

Ivan Pinheiro Machado, Mirian Goldfader, Eduardo Bueno e Lais Pinheiro Machado, Paris, 1985 – Foto tirada pouco antes do embarque para Madrid

O Plano Cruzado foi a primeira grande euforia econômica dos brasileiros. Um congelamento artificial paralisou os preços e a economia, depois de uma inflação beirando os aterrorizantes 40% ao mês. Com os preços congelados e o dólar quase um por um, todos viajavam e compravam muito. Mas a alegria durou pouco. Demagógico, improvisado, “a farra” do Plano Cruzado logo começou a fazer água. Desabastecimento, mercado negro, especulação, em pouco tempo tudo voltou a ser como era antes. O monstro inflacionário atacou novamente! Velho Sarney! O périplo de horrores econômicos que vivemos a partir do fracasso do “Plano Cruzado” acabou levando à presidência da república o famoso Fernando Collor de Mello. E esta história todos conhecem; confisco da poupança, corrupção… A curiosidade, que de certa forma é uma fábula deste país, é que, passados mais de 20 anos, Sarney e Collor – um responsável pelo maior índice de inflação da história do Brasil e o outro condenado no processo de impeachment  –  atualmente são senadores, apoiaram Lula apaixonadamente e circulam pelos corredores do congresso como se nada tivesse acontecido.

 
 

Exposição abre diários de grandes pensadores

A Morgan Library & Museum inaugurou a exposição The Diary: Three Centuries of Private Lives com os escritos íntimos de alguns ilustres pensadores como Albert Einstein, Thoreau e Santo Agostinho. Os diários revelam mais de três séculos de histórias secretas contadas por pensonalidades famosas e algumas praticamente desconhecidas. Os diários da irmã de Victor Hugo, que também fazem parte da exposição, já tinham sido abertos em 1975 e serviram de inspiração para o filme L’histoire d’Adèle H., de Truffaut. Já as confissões escritas pelo fundador  da Morgan Library & Museum, JP Morgan, aos 9 anos de idade eram inéditas até então.

Conheça os guardiões das memórias secretas de Thoreau, Einstein e da Rainha Vitória da Inglaterra:

Thoreau escrevia seu diário com lápis fabricado pela empresa de sua família

O diário de viagem de Einstein traz cálculos sobre eletromagnetismo

O dia-a-dia da Rainha Vitória

O New York Times fez uma galeria com diversas imagens de outras raridades secretas que fazem parte da exposição. Vale a pena conferir!

De onde vem a inspiração dos grandes artistas?

O quadrinista argentino Liniers, cujas tirinhas ilustram a página de humor do jornal La Nación, sugere algumas possibilidades:


Liniers mantém dois blogs, um especial para as tirinhas de seu personagem mais famoso, o Macanudo, e outro para publicar trabalhos diversos. Vale conferir!

Maratona de Shakespeare nas Olimpíadas

Ainda falta mais de um ano, mas como o tempo passa voando, não custa nada avisar com antecedência. Durante as Olimpíadas de 2012, em Londres, acontecerá uma outra espécie de competição (essa sem direito à medalha). O teatro Shakespeare’s Globe será palco (ou seria melhor dizer pista?) de uma maratona teatral que irá apresentar 38 peças de Shakespeare nos mais variados idiomas. “A megera domada” será encenada em urdu, “O Rei Lear” em língua aborígene, “Trabalhos de amor perdidos” em libras (a linguagem de sinais) e ainda haverá peças em maori, turco, grego, lituano e os mais distantes dialetos que se possa imaginar como o zimbaubuano shona. As apresentações começam em 23 de abril, dia do aniversário de Shakespeare, e entram Olimpíadas a dentro. Mas enquanto 2012 não chega, vá curtindo Shakespeare em português. A L&PM tem praticamente todos os títulos do maior de todos os bardos.

O vídeo abaixo mostra o local onde a maratona de peças vai acontecer, através de uma apresentação bastante didática do Shakespeare´s Globe:

iPads na sala de aula

Nanni Rios
Direto da Campus Party*, em São Paulo

Na tarde desta quinta, no palco principal da Campus Party Brasil, profissionais da educação se reuniram para compartilhar suas experiências pedagógicas com cultura digital – e também para exibir resultados pra lá de animadores. Mas muito ainda precisa ser feito. O que os relatos dos educadores têm em comum é a necessidade de trazer tecnologia, games e gadgets para dentro da sala de aula, mas não só. É importante trazer também a cultura digital e suas noções de compartilhamento, remix, interação e criação colaborativa.

Educadores debatem experiências na cultura digital

Iniciativas como o Flatworld Knowledge (uma editora de livros didáticos que permite a criação de obras digitais derivadas) só vão ter espaço no Brasil quando a cultura digital for plenamente compreendida. Tecnicamente, é só querer. O Flatworld Knowledge funciona assim: um autor elabora um livro didático, que entra para o catálogo da editora, mas qualquer outro autor tem a liberdade de propor alterações sobre a obra original, criando, assim, obras derivadas. Os direitos autorais são divididos entre os criadores de acordo com a política da empresa. Assim, todo mundo sai ganhando: o autor que “criou” a obra, os autores secundários que terão em mãos uma obra customizada e adequada às suas necessidades, e os alunos que ganham material didático em sintonia com a sua realidade.

A ideia é que os livros didáticos da Flatworld sejam consumidos em formato digital por meio de e-readers como o iPad, por exemplo. E é aí que surge a necessidade de trazer estes gadgets para as escolas. Aqui no Brasil, já se fala até na possibilidade de desenvolver tablets mais baratos, com o objetivo de popularizar o produto. Mas a ideia de ter livros didáticos em formato digital ainda parece um pouco distante. Um dos principais entraves é a falta de preparo dos professores para trabalhar com o novo material. A hierarquia tradicional da sala de aula também impede que os mestres vejam seus alunos como parceiros de trabalho, que podem construir juntos e de forma colaborativa uma nova forma de aprender unindo técnica e conhecimento. Mais de 400 universidades nos Estados Unidos utilizam e recriam os livros da Flatworld e muitas escolas de ensino infantil já usam o iPad na sala de aula, com o objetivo de atrair o interesse dos alunos pelos conteúdos.

E por falar em e-books, o lançamento dos primeiros livros digitais da L&PM está previsto para breve.

* Campus Party é o maior evento de tecnologia do mundo e a edição brasileira acontece anualmente na cidade de São Paulo. Durante 5 dias, cerca de 7 mil pessoas das mais diversas áreas do conhecimento se reúnem para compartilhar suas experiências, além de participar de oficinas e debates.

O pai da expressão “beat”

Qual a origem do termo “geração beat”? De todas as versões, a considerada definitiva e confirmada é aquela publicada no prefácio de um livro de Allen Ginsberg, The Beat Book: “A expressão ‘beat generation’ surgiu em uma conversa específica entre Jack Kerouac e John Clellon Holmes em 1948. Discutiam a natureza das gerações, lembrando o glamour da lost generation, e Kerouac disse: ‘Ah, isso não passa de uma geração beat’. Mas o que nem todo mundo sabe é que o autor de On the road captou o termo de Herbert Huncke. Kerouac ficou encantado com o modo como Huncke usava sem parar o termo “beat” – que nos circos itinerantes significa “cansado” e “abatido” – e empregou a expressão para batizar toda uma geração (Kerouac também chegou a dizer que o termo derivava de “beatific”).

Herbert Huncke em 1947 na fazenda de William Burroughs

 Mas quem foi Herbert Huncke? Foi um garoto de programa, um ladrãozinho, um viciado. Mas, acima de tudo, uma figura fascinante e carismática. Huncke deu o primeiro pico a William Burroughs, guiou Kerouac e Ginsberg pelo submundo da Times Square nos anos 1940, inspirou personagens de muitos dos livros beats, escreveu os seus próprios sem muito sucesso. Nascido em uma família de classe média, costumava dizer que começou a usar drogas aos doze anos, vender sexo com dezesseis e que roubou tudo o que lhe passou pelas mãos. “Eu sempre segui o caminho mais fácil”, disse em uma entrevista de 1992. “Simplesmente continuei a fazer o que queria. Não pesava nem avaliava as coisas. Comecei desse jeito e de fato nunca mudei.”

Apesar de junkie, Huncke tinha modos finos, era elegante e não mentia jamais. Passou onze anos na prisão e boa parte da vida vivendo no Chelsea Hotel em Manhattan, onde faleceu em 9 de agosto de 1996 aos 81 anos de idade.

Há exatos 50 anos, JFK tomava posse como presidente dos EUA

Há exatamente 50 anos atrás, em 20 de janeiro de 1961, o 35º presidente dos Estados Unidos da América tomava posse. John Fitzgerald Kennedy seria o mais popular (e o mais amado) governante norteamericano. Ao assumir o posto presidencial, diante do Capitólio, em Washington, ele emocionou o mundo com seu discurso de paz e liberdade. Morreria pouco mais de dois anos depois, em um assassinato de cenas chocantes que acendeu as mais diferentes polêmicas e hipóteses sobre “como”, “quem” e “por que”.

Mas será que o “bom moço” era mesmo tão bonzinho assim? Em O lado negro de Camelot – Sexo e corrupção na Era Kennedy (1998, L&PM), o premiado jornalista investigativo Seymour M. Hersh mostra um John F. Kennedy diferente daquele cultuado pela mídia. Em seu livro, Hersh revela que, liderados pelo patriarca Joe e movidos por um código moral próprio, os Kennedy eram capazes de tudo, acima de todos. Negócios com o crime organizado, eleições fraudulentas, complôs de assassinatos, um apetite voraz por belas atrizes…  Cada página traz uma revelação surpreendente. O lado negro de Camelot descortina o sexo, a espionagem e a corrupção por trás do poder. Mas  também mostra que John Kennedy era um homem fascinante e carismático. Mesmo que usasse esse fascínio e esse carisma em proveito próprio.  

O lado negro de Camelot ainda pode ser adquirido nas livrarias,  sob encomenda.

Para participar do universo criativo de Picasso

Hoje é aniversário do pintor impressionista Paul Cézanne, que é apontado por Pablo Picasso e Henri Matisse como o precursor do Cubismo. O movimento artístico teve como marco inicial o quadro Les demoiselles d’Avignon, feito por Picasso em 1907, um ano após a morte de Cézanne.

Talvez tenha sido este o maior legado deixado por Cézanne ao mundo das artes. E é por este motivo que resolvemos apresentar aqui a exposição virtual Picasso: Themes and Variations promovida pelo MoMA (Museu de Arte de Nova York), que coloca os quadros e as técnicas do mestre cubista ao alcance de todos, via internet.

No site interativo, desenvolvido especialmente para promover a “visitação” virtual, é possível observar as obras em detalhes, comparar as diversas técnicas utilizadas, conhecer as técnicas de impressão experimentadas por Picasso como a litografia, além de explorar assuntos e temas relacionados a tudo que envolve o universo do pintor espanhol.

Por meio de uma animação interativa, é possível até acompanhar o passo a passo da elaboração de uma tela de Picasso:

O quadro "Jacqueline with headband", do primeiro ao último estágio

Para conhecer mais sobre a vida e a obra destes dois gênios das artes visuais, leia na Série Biografias L&PM: Cézanne, por Bernard Fauconnier, e Picasso, por Gilles Plazy.