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As últimas horas de vida de John F. Kennedy

21 DE NOVEMBRO DE 1963
A BORDO DO AIR FORCE ONE
14h

Em suas últimas horas de vida, o presidente John F. Kennedy está voando com estilo a bordo do Air Force One. Ele examina os documentos confidenciais da inteligência que transbordam de sua velha pasta executiva preta de pele de crocodilo. JFK faz leitura dinâmica à velocidade habitual de 1.200 palavras por minuto, os óculos equilibrados na ponta do nariz, concentrado em seu estudo. No sofá encostado na parede oposta ao escritório de bordo de JFK, Jackie Kennedy fala suavemente em espanhol, praticando um discurso que fará esta noite em Houston para um grupo de mulheres latino-americanas.

O rom-rom em castelhano da primeira-dama é um acréscimo bem-vindo ao santuário particular do presidente a bordo do avião. John Kennedy está tão feliz que Jackie esteja viajando ao Texas com ele que até teve o gesto pouco usual de ajudá-la a escolher as roupas que vestirá em suas muitas aparições públicas. Um dos trajes, um tailleur de lã rosa da Chanel combinando com um pequeno chapéu redondo sem aba, é o favorito da primeira dama.

desembarque_JFK

(…)

Às onze horas da manhã, o presidente deu um último abraço em John Jr. e pisou na pista de decolagem antes de subir as escadas rumo ao Air Force One. A primeira-dama estava ao lado dele. Cinco minutos depois, o avião decolou de Andrews para o voo de três horas e meia até o Texas. John Kennedy Jr. observou o grande jato subir ao céu e desaparecer na distância.

(…)

No solo, em Dallas, Lee Harvey Oswald enche caixas de papelão com livros enquanto preenche pedidos no Texas School Book Depository. Mas hoje ele está distraído, e  um mapa do itinerário do comboio presidencial impresso na primeira página da edição vespertina do Dallas Times Herald chama sua atenção. Oswald só precisa olhar pela janela mais próxima para ver precisamente onde a limusine do presidente fará uma lenta curva para a direita, da Main Street para a Houston, e então uma curva ainda mais lenta pra a esquerda para entrar na Elm Street, onde passará quase debaixo das janelas do depósito. Dar uma boa olhada no presidente será tão simples quanto olhar para a rua logo abaixo. Mas Lee Harvey Oswald está planejando fazer muito mais do que dar uma olhada.

Trechos de Os últimos dias de John F. Kennedy, de Bill O’Reilly e Martin Dugard, L&PM Editores.

O encontro de John Kennedy e Greta Garbo

13 DE NOVEMBRO DE 1963
CASA BRANCA
TARDE DA NOITE

O homem  com nove dias restantes de vida admira Greta Garbo enquanto ela tira os sapatos e deita sobre o colchão no Quarto de Lincoln. Há um jantar em Camelot esta noite, e a atriz sueca famosamente reclusa é a convidada de honra. Jackie Kennedy, como ela mesma admite, está “obcecada” por Garbo, por quem sente afinidade. Mas foi o presidente quem se ofereceu para guiar a beldade de 58 anos por uma visita àquela que seus funcionários chamam simplesmente de “Mansão”.

greta

Durante o jantar, Greta Garbo, nervosa, bebeu de um só trago um copo de vodca atrás de outro. Mas o presidente foi a imagem da abstinência, não fumando um único charuto nem tomando uma gota de álcool. “Eu me senti uma condenada quando acendi um cigarro”, Greta Garbo recordará mais tarde.

John Kennedy está encantado por Greta Garbo, e ela por ele. Em vez de escapar da festa logo após o jantar para desfrutar de alguns momentos de tranquila solidão antes de ir para a cama, como é seu hábito, JFK fica por “mais tempo do que já fiquei desde que me tornei presidente”.

(…)

Assim é a vida em Camelot: um dia inteiro resolvendo problemas do mundo, duas sessões de nado terapêutico sem roupa, celebridades à mesa para a ceia e um passeio pela residência mais famosa da América com uma glamorosa ex-atriz de cinema. Em que outro lugar do mundo acontece algo desse tipo?

Mas a noite termina de maneira abrupta.

– Preciso ir para casa. Estou ficando bêbada – declara Greta Garbo antes de desaparecer para o hotel.

Assim acaba o último jantar oferecido em Camelot.

A memória desta noite mágica irá perdurar, e nem mesmo uma pessoa tão famosa como Greta Garbo está imune aos encantos de Camelot: “Foi uma noite extremamente atípica que passei com vocês na Casa Branca”, ela escreve em seu bilhete de agradecimento a Jackie Kennedy. “Foi realmente fascinante e encantadora. Eu pensaria que foi um sonho…”

(…)

Mas Camelot não é sonho. É realidade – e essa realidade está prestes a tomar um rumo que transformará a América para sempre.

(Trecho de Os últimos dias de John F. Kennedy, de Bill O’Reilly & Martin Dugard, que acaba de sair pela L&PM Editores)

O livro que deu origem ao filme que estreia no dia 10 de novembro no NatGeo

Há exatos 50 anos, JFK tomava posse como presidente dos EUA

Há exatamente 50 anos atrás, em 20 de janeiro de 1961, o 35º presidente dos Estados Unidos da América tomava posse. John Fitzgerald Kennedy seria o mais popular (e o mais amado) governante norteamericano. Ao assumir o posto presidencial, diante do Capitólio, em Washington, ele emocionou o mundo com seu discurso de paz e liberdade. Morreria pouco mais de dois anos depois, em um assassinato de cenas chocantes que acendeu as mais diferentes polêmicas e hipóteses sobre “como”, “quem” e “por que”.

Mas será que o “bom moço” era mesmo tão bonzinho assim? Em O lado negro de Camelot – Sexo e corrupção na Era Kennedy (1998, L&PM), o premiado jornalista investigativo Seymour M. Hersh mostra um John F. Kennedy diferente daquele cultuado pela mídia. Em seu livro, Hersh revela que, liderados pelo patriarca Joe e movidos por um código moral próprio, os Kennedy eram capazes de tudo, acima de todos. Negócios com o crime organizado, eleições fraudulentas, complôs de assassinatos, um apetite voraz por belas atrizes…  Cada página traz uma revelação surpreendente. O lado negro de Camelot descortina o sexo, a espionagem e a corrupção por trás do poder. Mas  também mostra que John Kennedy era um homem fascinante e carismático. Mesmo que usasse esse fascínio e esse carisma em proveito próprio.  

O lado negro de Camelot ainda pode ser adquirido nas livrarias,  sob encomenda.