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Um Sherlock Holmes inédito

Na verdade, é um Sherlock Holmes diferente, que vive uma história que nunca passou pela cabeça de Sir Arthur Conan Doyle. O criador da nova saga é o escritor e roteirista inglês Anthony Horowitz e o lançamento mundial pela editora Orion está previsto para setembro. Fã de histórias policiais desde a adolescência, Horowitz garante que seu Sherlock Holmes será exatamente o mesmo dos livros de Conan Doyle. Ele vai apenas inserir o personagem numa nova trama policial que, da mesma forma que no original, será ambientada no século XIX.

Anthony Horowitz é autor de livros para crianças como a série The Diamond Brothers e adaptou as histórias de Hercule Poirot, o famoso detetive de Agatha Christie, para uma série de TV na Inglaterra. Como as histórias de Sir Arthur Conan Doyle estão sob domínio público (ele morreu em 1930), não há entraves jurídicos, mas o que os fãs de Sherlock Holmes pensam disso?

O único negócio mais lucrativo do que petróleo e tráfico de drogas

*Por Ivan Pinheiro Machado

Há alguns meses atrás, eu escrevi neste blog um post protestando contra o marketing de um grande banco holandês/brasileiro que batizou de Van Gogh sua unidade destinada a atender clientes ricos. Uma ironia perversa, uma ofensa à memória do grande pintor que suicidou-se no desespero e na miséria, tendo vendido durante toda a vida apenas um quadro. Nenhuma novidade, pois os bancos estão sempre por trás das piores histórias. Principalmente no Brasil, campeão mundial de taxa de juros, cujo escorchante e humilhante escore é o pilar da política econômica do país desde FHC. Receituário aliás, seguido a risca pelo PT de Lula e Dilma. Aqui os grandes bancos fazem a maior farra do planeta. E patrocinados pelo governo. Afinal é o governo que determina as taxas de juros. A cada trimestre são anunciados os bilhões de lucros dos bancos. Como diria o Boris Casoy, “uma vergonha!”. Até porque, banco não produz nada. Pega o seu dinheiro, aplica a 0,8% e empresta a 10%…

Mesmo lá fora, onde a farra é menor – afinal as taxas de juro são infinitamente mais baixas do que no Brasil – a imagem dos bancos não é melhor. O exemplo maravilhoso é esta tira do “Hagar, o Horrível” que expressa a universalidade da péssima reputação dos banqueiros.

Dalí e seus duplos

Quando se fala em Salvador Dalí, não basta apenas contemplar, tem que vestir o personagem. É com esse espírito que o Museu Salvador Dalí, que inaugurou seu novo prédio no início deste mês na cidade de São Petesburgo, na Flórida, está à caça de “double takes” do artista catalão. O Double Takes: The Dalí Look-Alike Contest é uma espécie de concurso, em que os participantes elaboram vídeos de um minuto com imitações ou releituras da figura, da obra ou do universo do pintor. Em 2009, um dos vídeos incritos mostrava uma versão para o nascimento de Salvador Dalí:

Os vencedores escolhidos pelo juri participam da cerimônia de premiação que acontece no início de maio, durante as comemorações do aniversário do artista. Os realizadores dos vídeos comparecem à festa devidamente caracterizados:

As regras e o formulário de inscrição estão disponíveis no site do concurso. Ainda dá tempo de participar!

Enquanto isso, conta pra gente: qual a sua versão de Salvador Dalí?

Canções para Wendy

Wendy… Impossível pronunciar este nome sem pensar em Peter Pan. E a ligação não é à toa: antes de J. M. Barrie criar a história do menino que jamais cresceria, Wendy era raramente usado para batizar as menininhas recém nascidas. Originário do nome galês Gwendydd (pronunciando-se Gwen-deeth), o nome escolhido por Barrie tornou-se tão popular que, ainda hoje, é fácil encontrar “Wendys” nas listas telefônicas do mundo, principalmente na Inglaterra. Músicas em homenagem à Wendy também não faltam. Talvez você nunca tenha percebido, mas na canção On With the Show dos Rolling Stones, lá está ela no meio da letra: “Your hostess here is Wendy, you’ll find her very friendly, too”. David Bowie também a homenageou na música All the Young Dudes em um verso que diz: “Wendy’s stealing clothes from unlocked cars”. Bruce Springsteen menciona a amiga de Peter em Born to run: “Wendy, let me in, I wanna be your friend”. E Prince refere-se à garotinha Wendy no refrão de Kiss: “Yes, on I think I wanna dance / Gotta, gotta / Little girl Wendy´s parade / Gotta, gotta, gotta”. E não é só nas letras que ela está presente. Muitas são as músicas que já trazem Wendy no título. Só para citar algumas: Wendy do The Beach Boys, Wendy Time do The Cure, Wake Up Wendy de Elton John (o cantor também faz menção à Wendy na canção Goodbye Marlon Brando) e Tomorrow Wendy, música de Andy Prieboy que ganhou fama ao ser entoada pelo Concrete Blonde. Mesmo melancólica, e tendo como refrão “Tomorrow Wendy is going to die” (Amanhã Wendy está indo morrer), vale a pena ouvir a bela canção. No clipe abaixo, Andy Prieboy canta com Johnette Napolitano.

Peter e Wendy seguido de Peter Pan em Kensington Gardens acaba de ser lançado pela Coleção L&PM POCKET.

12. Vítimas do Plano Cruzado

Por Ivan Pinheiro Machado*

O Eduardo “Peninha” Bueno, cujo post anterior eu tracei um rápido perfil, me acompanhou várias vezes à Feira Internacional do Livro de Frankfurt. Como eu já disse, vivenciamos dezenas de histórias hilárias pelo mundo afora. Claro que houve algumas meio desagradáveis, mas nenhuma tão sinistra como esta que eu vou contar.

Era o auge do Plano Cruzado em 1985. O “cruzado” era a moeda da vez e os preços estavam congelados. Nossa moeda era fortíssima e todo o Brasil viajava. Você andava pela rua em Paris, Nova York, Roma e só se ouvia português… Os aeroportos estavam apinhados de brasileiros excitados. Enfim, tudo um pouco parecido com o que acontece hoje em dia. Trabalhamos duro em Frankfurt, passamos uns dias em Paris e fomos para Madrid onde pegaríamos o vôo de volta via Ibéria. Havia uma verdadeira multidão (80% eram brasileiros) em frente aos balcões da Ibéria. Mostramos nossa passagem para a atendente, ela olhou no “sistema” e lascou: “vocês não estão no vôo”. E mais não disse. Ou melhor, nem nos olhou, mandou passar o próximo e nós ficamos gritando em vão no meio de uma multidão totalmente indiferente. Começava aí um drama que duraria 50 horas. Ou seja, ficamos mais de dois dias feito zumbis, nos arrastando pelo famigerado aeroporto de Barajas tentando falar com alguém que nos desse atenção. Quando estávamos já praticamente desesperados, definitivamente invisíveis, Deus, na sua infinita bondade nos mandou um anjo salvador; era de Minas Gerais e trabalhava para a legendária Stella Barros Turismo. Penalizada pelo nosso miserável estado de decomposição depois de 50 horas perambulando pelo aeroporto, dormindo nos bancos de madeira, ela milagrosamente conseguiu nos colocar num vôo da Aerolineas Argentinas para Buenos Aires, com escala em Nova York para troca de aeronave. Só que não tínhamos visto para entrar nos EUA. Portanto, quando descemos do avião em NY, fomos levados escoltados diretamente para a emigração e colocados numa espécie de cela guarnecida por um daqueles rapazes afro-americanos, tipo um negrão de 2 metros de altura. Um gentil policial que nos disse com um sorriso sádico: “esperamos que o pessoal da Aerolineas Argentinas venha buscá-los, se não…”. Ficou aquela ameaça no ar. A temperatura era de 2 graus em Nova York. O Peninha e eu estávamos em mangas de camisa, pois ainda fazia calor em Madrid.  O detalhe é que, por coincidência, a sala dos quase-deportados, era o único lugar do aeroporto que não tinha calefação. Passaram-se 10 minutos, meia hora, 1 hora e quando começou a bater o desespero, eis que, como uma visão do paraíso, surgiu uma lourinha de olhos azuis, sorridente, que dirigiu-se a nós numa maravilhoso sotaque portenho: “Vamos?”. E lá fomos nós com as ilusões no ser humano restauradas até beijar o solo abençoado do aeroporto Salgado Filho em Porto Alegre depois de quatro dias com a mesma roupa, sem banho, sem cama e sem fazer a barba.

Ivan Pinheiro Machado, Mirian Goldfader, Eduardo Bueno e Lais Pinheiro Machado, Paris, 1985 – Foto tirada pouco antes do embarque para Madrid

O Plano Cruzado foi a primeira grande euforia econômica dos brasileiros. Um congelamento artificial paralisou os preços e a economia, depois de uma inflação beirando os aterrorizantes 40% ao mês. Com os preços congelados e o dólar quase um por um, todos viajavam e compravam muito. Mas a alegria durou pouco. Demagógico, improvisado, “a farra” do Plano Cruzado logo começou a fazer água. Desabastecimento, mercado negro, especulação, em pouco tempo tudo voltou a ser como era antes. O monstro inflacionário atacou novamente! Velho Sarney! O périplo de horrores econômicos que vivemos a partir do fracasso do “Plano Cruzado” acabou levando à presidência da república o famoso Fernando Collor de Mello. E esta história todos conhecem; confisco da poupança, corrupção… A curiosidade, que de certa forma é uma fábula deste país, é que, passados mais de 20 anos, Sarney e Collor – um responsável pelo maior índice de inflação da história do Brasil e o outro condenado no processo de impeachment  –  atualmente são senadores, apoiaram Lula apaixonadamente e circulam pelos corredores do congresso como se nada tivesse acontecido.

 
 

Exposição abre diários de grandes pensadores

A Morgan Library & Museum inaugurou a exposição The Diary: Three Centuries of Private Lives com os escritos íntimos de alguns ilustres pensadores como Albert Einstein, Thoreau e Santo Agostinho. Os diários revelam mais de três séculos de histórias secretas contadas por pensonalidades famosas e algumas praticamente desconhecidas. Os diários da irmã de Victor Hugo, que também fazem parte da exposição, já tinham sido abertos em 1975 e serviram de inspiração para o filme L’histoire d’Adèle H., de Truffaut. Já as confissões escritas pelo fundador  da Morgan Library & Museum, JP Morgan, aos 9 anos de idade eram inéditas até então.

Conheça os guardiões das memórias secretas de Thoreau, Einstein e da Rainha Vitória da Inglaterra:

Thoreau escrevia seu diário com lápis fabricado pela empresa de sua família

O diário de viagem de Einstein traz cálculos sobre eletromagnetismo

O dia-a-dia da Rainha Vitória

O New York Times fez uma galeria com diversas imagens de outras raridades secretas que fazem parte da exposição. Vale a pena conferir!

De onde vem a inspiração dos grandes artistas?

O quadrinista argentino Liniers, cujas tirinhas ilustram a página de humor do jornal La Nación, sugere algumas possibilidades:


Liniers mantém dois blogs, um especial para as tirinhas de seu personagem mais famoso, o Macanudo, e outro para publicar trabalhos diversos. Vale conferir!

Maratona de Shakespeare nas Olimpíadas

Ainda falta mais de um ano, mas como o tempo passa voando, não custa nada avisar com antecedência. Durante as Olimpíadas de 2012, em Londres, acontecerá uma outra espécie de competição (essa sem direito à medalha). O teatro Shakespeare’s Globe será palco (ou seria melhor dizer pista?) de uma maratona teatral que irá apresentar 38 peças de Shakespeare nos mais variados idiomas. “A megera domada” será encenada em urdu, “O Rei Lear” em língua aborígene, “Trabalhos de amor perdidos” em libras (a linguagem de sinais) e ainda haverá peças em maori, turco, grego, lituano e os mais distantes dialetos que se possa imaginar como o zimbaubuano shona. As apresentações começam em 23 de abril, dia do aniversário de Shakespeare, e entram Olimpíadas a dentro. Mas enquanto 2012 não chega, vá curtindo Shakespeare em português. A L&PM tem praticamente todos os títulos do maior de todos os bardos.

O vídeo abaixo mostra o local onde a maratona de peças vai acontecer, através de uma apresentação bastante didática do Shakespeare´s Globe:

iPads na sala de aula

Nanni Rios
Direto da Campus Party*, em São Paulo

Na tarde desta quinta, no palco principal da Campus Party Brasil, profissionais da educação se reuniram para compartilhar suas experiências pedagógicas com cultura digital – e também para exibir resultados pra lá de animadores. Mas muito ainda precisa ser feito. O que os relatos dos educadores têm em comum é a necessidade de trazer tecnologia, games e gadgets para dentro da sala de aula, mas não só. É importante trazer também a cultura digital e suas noções de compartilhamento, remix, interação e criação colaborativa.

Educadores debatem experiências na cultura digital

Iniciativas como o Flatworld Knowledge (uma editora de livros didáticos que permite a criação de obras digitais derivadas) só vão ter espaço no Brasil quando a cultura digital for plenamente compreendida. Tecnicamente, é só querer. O Flatworld Knowledge funciona assim: um autor elabora um livro didático, que entra para o catálogo da editora, mas qualquer outro autor tem a liberdade de propor alterações sobre a obra original, criando, assim, obras derivadas. Os direitos autorais são divididos entre os criadores de acordo com a política da empresa. Assim, todo mundo sai ganhando: o autor que “criou” a obra, os autores secundários que terão em mãos uma obra customizada e adequada às suas necessidades, e os alunos que ganham material didático em sintonia com a sua realidade.

A ideia é que os livros didáticos da Flatworld sejam consumidos em formato digital por meio de e-readers como o iPad, por exemplo. E é aí que surge a necessidade de trazer estes gadgets para as escolas. Aqui no Brasil, já se fala até na possibilidade de desenvolver tablets mais baratos, com o objetivo de popularizar o produto. Mas a ideia de ter livros didáticos em formato digital ainda parece um pouco distante. Um dos principais entraves é a falta de preparo dos professores para trabalhar com o novo material. A hierarquia tradicional da sala de aula também impede que os mestres vejam seus alunos como parceiros de trabalho, que podem construir juntos e de forma colaborativa uma nova forma de aprender unindo técnica e conhecimento. Mais de 400 universidades nos Estados Unidos utilizam e recriam os livros da Flatworld e muitas escolas de ensino infantil já usam o iPad na sala de aula, com o objetivo de atrair o interesse dos alunos pelos conteúdos.

E por falar em e-books, o lançamento dos primeiros livros digitais da L&PM está previsto para breve.

* Campus Party é o maior evento de tecnologia do mundo e a edição brasileira acontece anualmente na cidade de São Paulo. Durante 5 dias, cerca de 7 mil pessoas das mais diversas áreas do conhecimento se reúnem para compartilhar suas experiências, além de participar de oficinas e debates.