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Para ver (e ler) com as crianças

As aulas estão canceladas. E agora? O que fazer com as crianças em casa? Apesar da gente preferir livros no lugar de séries, a Netflix parece fazer parte das opções de dez entre dez pais. E já que o streaming é mesmo inevitável (não que a gente não goste dele, mas como já dissemos, preferimos livros), que tal assistir a animações que foram inspiradas em clássicos da literatura? Seguem aqui algumas sugestões que tiveram origem em livros que fazem parte do catálogo L&PM:

O LIVRO DA SELVA e MOGLI, ENTRE DOIS MUNDOS – São duas adaptações em live action baseadas na mais famosa obra de Rudyard Kipling; O livro da selva, que conta a história do menino lobo e de sua luta contra o malvado tigre Shere-Khan.

O LIVRO DA SELVA

MOGLI ENTRE DOIS MUNDOS

CANINOS BRANCOS – O desenho animado baseado na obra homônima de Jack London é uma ótima opção para toda a família. Já o livro que conta a história de um cão selvagem, que descobre o que há de pior e de melhor no ser humano, certamente vai agradar a ala adolescente da casa.

CANINOS BRANCOS

AS AVENTURAS DE ROBINSON CRUSOÉ – Nessa animação belga, o clássico de Daniel Defoe é mais bem humorado do que no livro. Mas se o objetivo do filme é dar boas risadas, o da obra literária é fazer refletir sobre o herói que passa 25 anos em uma ilha na mais completa solidão. A L&PM publica As aventuras de Robinson Crusoé em pocket e na série Clássicos em quadrinhos.

ROBINSON CRUSOE

O PEQUENO PRÍNCIPE – Apesar do título, não é uma adaptação exata do livro de Saint-Exupéry, já que tem como personagem principal uma menina cuja mãe quer que ela cresça rápido demais. Essa menina conhece um velho aviador que lhe conta uma grande aventura que viveu no deserto. Na L&PM, O Pequeno Príncipestá em formato convencional e pocket.

PEQUENO PRINCIPE

SHERLOCK GNOMES – O próprio nome do filme já explica: essa animação transporta o mais famoso detetive da literatura para o mundo dos gnomos. E não bastasse isso, ainda tem mais dois personagens clássicos nessa história: Gnomeu e Julieta. Uma ótima oportunidade para explicar para as crianças quem são Sherlock Holmes e Romeu e Julieta.

SHERLOCK GNOMES

Leia, seja, apoie essa ideia

Campanha de valorização à leitura transforma personalidades em personagens de clássicos da literatura.

Bernardinho, Washington Olivetto, Baby do Brasil, Bela Gil, Cauã Reymond e Pedro Bial são as estrelas de uma campanha de valorização do livro e do papel transformador da leitura que foi lançada oficialmente nesta quinta-feira, 31 de agosto, durante a abertura da Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro. A ação LEIA. SEJA. é uma realização do SNEL – Sindicato Nacional dos Editores de Livros e as peças da campanha foram criadas pela agência WMcCann.

Os astros da campanha foram escolhidos por sua paixão pelos livros e pela leitura e cada um deles assumiu um personagem da literatura:

Cauã Reymond é Dom Quixote de la Mancha, personagem criado por Cervantes.

Cauã Reymond é Dom Quixote de la Mancha, personagem criado por Cervantes.

Bela Gil virou Capitu, personagem de "Dom Casmurro", de Machado de Assis

Bela Gil virou Capitu, personagem de “Dom Casmurro”, de Machado de Assis

Pedro Bial é Sherlock Holmes, o famoso detetive criado por Sir Arthur Conan Doyle

Pedro Bial é Sherlock Holmes, o famoso detetive criado por Sir Arthur Conan Doyle

Bernardinho como Capitão Rodrigo, do livro "O tempo e o vento", de Érico Verissimo

Bernardinho como Capitão Rodrigo, do livro “O tempo e o vento”, de Érico Verissimo

Diretamente do Sítio do Picapau Amarelo: Washington Olivetto como Visconde de Sabugosa e Baby do Brasil como Emília

Diretamente do Sítio do Picapau Amarelo: Washington Olivetto como Visconde de Sabugosa e Baby do Brasil como Emília

O conceito desenvolvido pela agência parte da ideia de que, quando lemos, nos tornamos parte da história – ler estimula a imaginação, a criatividade e a inspiração; faz rir e chorar, refletir e viajar. Na campanha, as personalidades dão vida aos personagens, lendo trechos dos títulos escolhidos. Assim que fecham os livros, voltam a ser eles mesmos, com o semblante transformado pelo prazer e a reflexão que uma boa leitura oferece.

“O Brasil precisa com urgência de uma revolução de cidadania e ética, e acreditamos que a leitura tem um papel fundamental a desempenhar nessas áreas. A campanha LEIA.SEJA. quer mostrar exemplos de pessoas reconhecidas pelo público em geral, que tiveram suas trajetórias marcadas pelos livros de diferentes maneiras”, afirma Marcos da Veiga Pereira, presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros. “Nosso desejo é que essa ação reverbere pelos meses seguintes, estimulando o hábito da leitura ao redor do país e propondo uma conscientização sobre o seu valor”, completa.

O grupo foi fotografado por Miro, um dos mais consagrados fotógrafos brasileiros, em cenários que remetem às obras. As imagens serão utilizadas em anúncios impressos, outdoors, mídia urbana Out Of Home (OOH) e mídia digital, espalhados por diversas partes do país.

Durante o lançamento oficial da campanha houve a transmissão de um filme sobre os bastidores da campanha e a divulgação da hashtag #LeiaSeja nas redes sociais, através da fanpage no Facebook (www.facebook.com/leiaseja) e do perfil no Instagram (@leiaseja).

Ao longo de toda a Bienal, que vai até 10 de setembro, o público poderá conferir uma exposição das fotos dos personagens, que estarão acompanhadas de vídeos com o making-of e depoimentos das personalidades sobre a influência dos livros em suas vidas pessoais e profissionais.

Além disso, modelos circularão pelos pavilhões da Bienal nos fins de semana e no feriado de 7 de setembro com os trajes que foram usados pelas celebridades, divulgando a campanha entre os visitantes.

E aí? Curtiu essa ideia? Então leia e seja o personagem que você quiser.

Série Sherlock viaja no tempo em episódio especial de Natal

Mesmo faltando tempo para a estreia da quarta temporada de “Sherlock” , os fãs da série que tem Benedict Cumberbatch como o famoso detetive e Martin Freeman como Dr. Watson vão ganhar um presente de Natal: um episódio especial em dezembro deste ano.

E vai ser especial mesmo, já que a dupla vai voltar no tempo, direto para o século 19 (para quem não conhece a série, basta dizer que ela se passa nos dias atuais). O primeiro clipe desse episódio especial foi exibido na quinta-feira, dia 9 de julho, durante o evento Comic-Con 2015 em San Diego. Assista aqui:

Escrito por Mark Gatiss e Steven Moffat, criadores da série, o episódio leva os personagens para a época original dos livros de Sir Arthur Conan Doyle.Ainda sem data definida para ir ao ar, o episódio especial ainda guarda uma surpresa: ele será exibido em algumas salas de cinema escolhidas no mundo todo.

Os espíritos de Conan Doyle

Já contamos aqui que Sir. Arthur Conan Doyle acreditava em fadas. Não é de se espantar, portanto, que ele também achasse que os espíritos poderiam ser fotografados. Conan Doyle foi um dos mais fervorosos defensores da veracidade das fotografias apresentadas por William Hope, em que os mais variados tipos de fantasmas posavam ao lado dos vivos. Hope, que era carpinteiro, ganhou destaque nos círculos paranormais depois de afirmar, em 1905, que era capaz de capturar espíritos, através de sua lente. O esperto fotógrafo fazia uma coisa que hoje não é nenhum mistério: tirava uma foto em cima da outra no mesmo pedaço de filme e criava efeitos fantasmagóricos de pessoas meio apagadas, flutuando sobre as que estão no fundo. Os resultados foram considerados tão impressionantes que, em 1922, mesmo quando alguns céticos conseguiram provar que tudo não passava de uma farsa, Conan Doyle e outros crentes continuaram defendendo que as fotos eram autênticas. O criador de Sherlock Holmes seguiu com esta certeza até o dia de sua morte, em 7 de julho de 1930. Mesmo assim, até hoje, Conan Doyle ainda não apareceu em nenhuma foto post mortem que tenhamos notícia. Chamem William Hope!

Grupo que fazia parte da “Sociedade de Pesquisas Psíquicas”, incluindo Sir Arthur Conan Doyle e sua esposa (no centro à esquerda). Notem a bruma fantasmagórica que envolve o pessoal

Sir Arthur Conan Doyle fotografado junto a um espírito. Ele seguiu acreditando, mesmo depois de provada a farsa

Sir Arthur Conan Doyle fotografado junto a um espírito. Ele seguiu acreditando, mesmo depois de provada a farsa

Vai dizer que essa foto de William Hope não daria medo numa noite escura?

Mais uma das fotos de William Hope que impressionou Conan Doyle

A L&PM publica muitas aventuras do detetive mais famoso da literatura, criado por Sir Arthur Conan Doyle: Sherlock Holmes.

O verdadeiro Sherlock Holmes

WisherNem todo mundo sabe, mas o mais famoso detetive da literatura, Sherlock Holmes, criado por Sir Arthur Conan Doyle, foi inspirado em um homem de carne e osso. Seu nome era Jonathan Whicher e ele era um dos oito investigadores da Scotland Yard em meados do século XIX, na Inglaterra vitoriana. Conhecido como o “príncipe dos detetives”, pela sua capacidade de dedução e percepção apurada, Whicher foi o inspetor designado para solucionar um trágico caso: o de um garoto de três anos sequestrado e degolado na casa de campo dos seus pais, o casal Mary e Samuel Kent, na manhã de 29 de junho de 1860. O crime escandalizou a sociedade inglesa e ficou conhecido como “o assassinato de Road Hill”. A forma como Whicher solucionou o caso o tornou famoso e desencadeou uma “febre detetivesca”. Mas, cá entre nós, a fama dele não chegou nem aos pés de Sherlock Holmes, né?

Conheça os livros de Sir Arthur Conan Doyle publicados pela L&PM Editores.

O espírito de Sir Arthur Conan Doyle

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Em vida, Sir Arthur Conan Doyle falou que preferia ser lembrado por seus escritos sobre o espiritismo do que por seus romances de Sherlock Holmes. Mas isso, como você bem sabe, não aconteceu. A ligação do escritor britânico com o espiritismo, no entanto, segue sendo mencionada sempre que se pensa em alguém famoso que tenha realmente se dedicado a estudar, defender e disseminar essa “doutrina baseada na crença da sobrevivência da alma e da existência de comunicação, por meio da mediunidade, entre vivos e mortos, entre os espíritos encarnados e os desencarnados” conforme verbete do dicionário Aurélio.

A Biblioteca Britânica possui em seu acervo gravações raras do escritor, feitas não apenas antes como também depois de sua morte. Em uma delas, divulgada no site da British Library, é possível ouvir uma conferência de Conan Doyle sobre espiritismo, realizada em 14 de maio de 1930, apenas dois meses antes de sua morte. Ele abriu sua palestra dizendo

“As pessoas perguntam o que você tem a ganhar com o espiritismo. A primeira coisa é que ele dissipa totalmente o medo da morte. Segundo, ele é uma ponte para que possamos nos comunicar com aqueles entes queridos que possamos vir a perder.”

Clique sobre a imagem do disco para escutar as palavras do próprio Conan Doyle:

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O espiritismo surgiu em meados do século 19 na América, mas foi principalmente após a Guerra Civil Americana, quando as pessoas procuravam ajuda para se comunicar com os familiares falecidos, que ele ganhou mais adeptos. Apesar de Conan Doyle ter ficado intrigado com o fenômeno já em 1880, sua crença só se afirmou depois que ele participou de uma sessão na qual teve certeza de ter contatado seu filho Kingsley, que morreu de pneumonia em 1917, após ter sido ferido na França.

Conan Doyle escreveu mais de sessenta livros sobre espiritismo, incluindo A História do Espiritismo, um tomo de dois volumes publicado em 1924. Ele também desenvolveu uma forte amizade com Harry Houdini que, além de acreditar na vida após a morte, também se dedicava a desmascarar golpistas que queriam lucrar com o movimento espírita. O relacionamento entre Conan Doyle e Houdini chegou a um amargo fim quando o escritor convidou o ilusionista para uma sessão privada, durante a qual a mulher de Conan Doyle, Jean, alegou ter entrado em contato com a mãe de Houdini. O problema foi que a mensagem teve início com o sinal da cruz, o que seria impossível, já que o espírito em questão tinha sido esposa de um rabino. Acreditando ter sido vítima de uma farsa, Houdini se ressentiu profundamente.

Em julho de 1930, uma semana após a morte de Conan Doyle, milhares de pessoas participaram de uma sessão espírita no Royal Albert Hall em que um médium alegou ter se comunicado com ele.

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Quatro anos depois, em 28 de abril de 1934, uma sessão espírita realizada por Noah Zerdin no Aeolian Hall, New Bond Street, em um auditório com capacidade para 560 pessoas, registrou contato com 44 espíritos e Conan Doyle teria sido um deles.  A famosa sessão realizada no Aeolin Hall foi gravada em 26 discos de acetato que ficaram guardadas por décadas até que, em 2001, foram reveladas por Dan Zerdin, filho de Noah.

Clique aqui e ouça a gravação em que o suposto espírito de Sir Arthur Conan Doyle envia a mensagem: “Cuide dos meus meninos e de minha boa esposa, Jean.”

A L&PM Editores não publica nenhum livro de Conan Doyle sobre espiritismo, mas histórias de Sherlock Holmes temos muitas.

Sherlock Holmes: o homem que nunca viveu e nunca morrerá

O mais famoso detetive da literatura nunca viveu no mundo real, mas ao mesmo tempo estará sempre vivo entre seus fãs – que se renovam a cada geração. E já que o personagem de Conan Doyle segue despertando paixões e adaptações, nada mais natural do que Londres – cidade que está diretamente ligada a ele – organizasse uma grande exposição para mostrar o que fez desse detetive um mito.

A mostra Sherlock Holmes: the Man Who Hás Never Lived and Will Never Die, que teve início no dia 17 de outubro de 2014 e vai até 12 de abril de 2015 no Museu de Londres, é a maior deste tipo dos últimos 60 anos.

Entre as peças em exibição, há a primeira edição de “Um estudo em vermelho”, peças antigas que pertenceram ao escritor, souvenirs usados por Holmes, pinturas, ilustrações, cartazes de filmes e artigos modernos como o emblemático casaco Belstaff e o sobretudo Derek Rose usado pelo ator Benedict Cumberbatch no seriado de TV exibido pela BBC.

Imperdível para quem passar por lá.

O cartaz da exposição sobre Sherlock Holmes

O cartaz da exposição sobre Sherlock Holmes

As primeira edições da primeira história de Sherlock Holmes: "Um estudo em vermelho"

As primeira edições da primeira história de Sherlock Holmes: “Um estudo em vermelho”

Conan Doyle presenteou Holmes com estes objetos: a famosa boina e o cachimbo de 1868 e um revólver Webley RIC

Conan Doyle presenteou Holmes com estes objetos: a famosa boina e o cachimbo de 1868 e um revólver Webley RIC

Ilustração de uma das histórias de Sherlock Holmes e Dr. Watson, publicada na Strand Magazine - Coleção Privada

Ilustração de Sidney Paget para uma das histórias de Sherlock Holmes e Dr. Watson, publicada na Strand Magazine

Pintura de Conan Doyle que faz parte do acervo do Museu de Londres. A tela é de 1897, autoria de Sidney Paget que ilustrou várias histórias de Holmes

Pintura de Conan Doyle que faz parte do acervo do Museu de Londres. A tela é de 1897, autoria de Sidney Paget que ilustrou várias histórias de Holmes

Cartaz de um filme australiano de 1932, da RKO Pictures, que adaptou para o cinema a segunda história do detetive, criada por Conan Doyle

Cartaz de um filme australiano de 1932 que adaptou para o cinema “O signo dos quatro”.

Conheça os títulos de Sherlock Holmes publicados pela L&PM.

Conan Doyle e sua lista de histórias preferidas

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Minhas aventuras favoritas de Sherlock Holmes

Por Arthur Conan Doyle (Texto publicado no posfácio de Aventuras inéditas de Sherlock Holmes – Coleção L&PM Pocket)

Quando essa competição foi discutida pela primeira vez entrei nela displiscentemente, achando que seria a coisa mais fácil do mundo escolher as doze melhores histórias de Holmes. Na prática descobri que havia assumido uma tarefa complicada. Em primeiro lugar tinha de ler as histórias com alguma atenção. “Eta canseira desalmada”, como diria uma senhoria que conheci.

Comecei por eliminar de todo as últimas doze histórias que se encontram dispersas na Strand dos últimos cinco ou seis anos. Estão em via de serem publicadas em livro sob o título O Último Adeus de Sherlock Holmes, mas o público não teria acesso fácil a elas. Se pudessem ser lidas eu teria escolhido duas delas: “A Juba do Leão” e “O Cliente Ilustre”. A primeira dessas é prejudicada por ser contada pelo próprio Sherlock, um método que empreguei apenas duas vezes, e que definitivamente tolhe a narrativa. Por outro lado, a trama em si está entre as melhores da série e mereceria o destaque. Já “O Cliente Ilustre” não se distingue pela trama, mas possui uma certa teatralidade e se desenvolve de maneira interessante, em círculos, de modo que também mereceria um lugar entre as doze.

No entanto, excluídas essa duas, deparo-me agora com umas quarenta e tantas candidatas que devem ser comparadas umas às outras. Há, sem dúvida, algumas cujo eco chegou-me de todas as partes do mundo e creio que isso é prova final de certo merecimento. Há a assustadora história da serpente, “A Faixa Malhada”. Essa, tenho certeza, estará em todas as listas. A seguir, tanto na minha estima quanto na do público, eu colocaria “A Liga dos ‘Cabeça Vermelha’” e “Os Dançarinos”, ambos os casos pela originalidade da trama. Assim, não poderíamos deixar de fora a história sobre o único inimigo que realmente engrandeceu Holmes e que enganou o público (e Watson) fazendo-os inferir erroneamente a sua morte. Creio que a primeira história da série também deveria entrar, pois abriu caminho para as outras e tem mais interesse para as mulheres do que normalmente. E, por último, acho que a história que explica a difícil tarefa de justificar a pretensa morte de Holmes, ao mesmo tempo que apresenta um vilão da categoria do coronel Sebastian Moran, deveria merecer um lugar. Isso coloca “O Problema Final”, “Um Escândalo na Boêmia” e “A Casa Vazia” na nossa lista e teremos completado a primeira meia dúzia.

Mas agora surge o problema crucial. Há um certo número de histórias que são, na realidade, difíceis de separar. De um modo geral creio que encontraria lugar para “As Cinco Sementes de Laranja”, que embora curta possui uma certa teatralidade própria. Portanto, restam apenas cinco lugares a preencher. Há duas histórias que envolvem a alta diplomacia e a intriga. Estão entre as melhores da série. Uma é “O Tratado Naval” e a outra, “A Segunda Mancha”. Não há lugar para as duas na lista e no todo considero a última melhor. Portanto, vamos escolhê-la para o oitavo lugar.

E agora? “O Pé do Diabo” tem mérito. É sinistra e nova. Vamos dar-lhe o nono lugar. Creio que também “A Escola do Priorado” merece um lugar, ainda que apenas pelo momento dramático em que Holmes aponta o dedo para o duque. Só tenho mais dois lugares. Hesito entre “Silver Blaze”, “Os Planos do Submarino Bruce-Partington”, “O Corcunda”, “O Homem do Lábio Torcido”, “A Tragédia do ‘Gloria Scott’”, “O Intérprete Grego”, “Os Magnatas de Reigate”, “O Ritual Musgrave” e “O Residente Internado”. Em que devo me basear para escolher duas entre todas essas? O detalhe das corridas em “Silver Blaze” deixa muito a desejar, de modo que devemos desqualificá-la. Mas há pouco que escolher entre as demais. Um pequeno detalhe pode pesar. “O Ritual Musgrave” tem um toque histórico que lhe acrescenta distinção. É também uma lembrança da vida de Holmes. E assim chegamos à última. Seria preferível tirar o nome de um saco, pois não vejo razão para preferir uma a outra. Quaisquer que sejam seus méritos – e não digo que tenham -, todas são tão boas quanto me seria possível fazê-las. No total talvez Holmes demonstre mais inventividade em “Os Magnatas de Reigate”, portanto essa será a décima segunda da lista.

É proverbialmente errado que um juiz justifique seu julgamento, mas analisei o meu, ainda que apenas para mostrar aos meus concorrentes que realmente me debrucei sobre a questão.

A lista, portanto, é a seguinte:

  1. A Faixa Malhada
  2. A Liga dos “Cabeça Vermelha”
  3. Os Dançarinos
  4. O Problema Final
  5. Um Escândalo na Boêmia
  6. A Casa Vazia
  7. As Cinco Sementes de Laranja
  8. A Segunda Mancha
  9. O Pé do Diabo
  10. A Escola Do Priorado
  11. O Ritual Musgrave
  12. Os Magnatas de Reigate

Sherlock Holmes no túnel do tempo

Os tempos mudaram. Sherlock Holmes agora não vive sem seu smartphone e manda torpedos para os jornalistas quando quer chamar a atenção. Seu fiel companheiro, Dr. Watson, serviu na Guerra do Afeganistão e trouxe alguns traumas de lá. Seu irmão, Mycroft, é o chefão da inteligência britânica e tudo indica que ninguém tem mais poder sobre a Rainha do que ele. Cachimbo? Nem pensar… Seria antiquado demais para ele.

Tanta modernidade, no entanto, não significa que o maior detetive que a literatura já lançou não siga sendo essencialmente ele mesmo em “Sherlock”, a mais assistida série da BBC dos últimos dez anos. Holmes continua morando na Baker Street 221B, onde cultiva seus vícios e esquisitices. Londres não deixou de ser personagem de suas aventuras. E a personalidade, percepção e ironia fina do personagem não mudaram. Se bem que tenho a impressão de que ele ficou mais alto.

Ontem, vendo o último episódio da terceira temporada, fiquei pensando que não importa a época em que Sherlock Holmes viva, ele sempre será envolvente para nós. Simplesmente porque, em meio à solidão e à depressão que a vida nos impõe, ele sinaliza que é possível ser competente e se destacar na multidão. E quem não quer algo assim para elevar a auto-estima?

Sir Arthur Conan Doyle foi um dos primeiros a mostrar que a ciência poderia ajudar o mundo a se defender de seus malfeitores. Mas também fez questão de colocar a percepção de um homem imperfeito como a grande heroína da história. E isso segue presente na série da BBC. Só não tenho certeza sobre o que Conan Doyle pensaria a respeito de Mary Watson. No episódio de ontem (e se você pretende assistir não leia o que vem a partir daqui), a amada esposa do Dr. Watson revela-se uma assassina profissional que traz incontáveis cadáveres nas costas e que, mesmo assim, acaba perdoada pelo marido – e esperando um filho seu. Hmmm… Não sei não…

Vale lembrar ainda que “Sherlock”, da BBC, não é a única série moderna que explora os vícios e virtudes do detetive de Conan Doyle. “Elementary”, exibida no canal Universal, também se passa nos dias atuais e, para modernizar ainda mais, resolveu transformar Watson em mulher(ão) na pele de Lucy Liu. Mas essa eu não assisti ainda. Até porque resolvi desligar a TV e ler as histórias originais. Só a L&PM tem mais de uma dúzia de livros de Sherlock. Oba! (Paula Taitelbaum)

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Sherlock da BBC

Elementary da CBS

Elementary da CBS

 

Agatha Christie e Sherlock Holmes são os reis do crime

Em 2013 a “Crime Writers Association”, do Reino Unido, celebra 60 anos de atividades, apoiando e promovendo o trabalho de autores de literatura policial, um dos gêneros literários mais populares e com a maior capacidade de se reinventar. Para celebrar a data, a entidade convocou uma comissão de escritores para eleger os melhores do gênero de todos os tempos. O resultado foi o seguinte:

– Melhor autor de todos os tempos – Agatha Christie

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– Melhor livro de todos os tempos – “O assassinato de Roger Ackroyd” de Agatha Christie

– Melhor série de livros policiais – Sherlock Holmes

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A L&PM publica as misteriosas histórias de Sherlock Holmes e os romances de Agatha Christie na Coleção L&PM Pocket.