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Leia, seja, apoie essa ideia

Campanha de valorização à leitura transforma personalidades em personagens de clássicos da literatura.

Bernardinho, Washington Olivetto, Baby do Brasil, Bela Gil, Cauã Reymond e Pedro Bial são as estrelas de uma campanha de valorização do livro e do papel transformador da leitura que foi lançada oficialmente nesta quinta-feira, 31 de agosto, durante a abertura da Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro. A ação LEIA. SEJA. é uma realização do SNEL – Sindicato Nacional dos Editores de Livros e as peças da campanha foram criadas pela agência WMcCann.

Os astros da campanha foram escolhidos por sua paixão pelos livros e pela leitura e cada um deles assumiu um personagem da literatura:

Cauã Reymond é Dom Quixote de la Mancha, personagem criado por Cervantes.

Cauã Reymond é Dom Quixote de la Mancha, personagem criado por Cervantes.

Bela Gil virou Capitu, personagem de "Dom Casmurro", de Machado de Assis

Bela Gil virou Capitu, personagem de “Dom Casmurro”, de Machado de Assis

Pedro Bial é Sherlock Holmes, o famoso detetive criado por Sir Arthur Conan Doyle

Pedro Bial é Sherlock Holmes, o famoso detetive criado por Sir Arthur Conan Doyle

Bernardinho como Capitão Rodrigo, do livro "O tempo e o vento", de Érico Verissimo

Bernardinho como Capitão Rodrigo, do livro “O tempo e o vento”, de Érico Verissimo

Diretamente do Sítio do Picapau Amarelo: Washington Olivetto como Visconde de Sabugosa e Baby do Brasil como Emília

Diretamente do Sítio do Picapau Amarelo: Washington Olivetto como Visconde de Sabugosa e Baby do Brasil como Emília

O conceito desenvolvido pela agência parte da ideia de que, quando lemos, nos tornamos parte da história – ler estimula a imaginação, a criatividade e a inspiração; faz rir e chorar, refletir e viajar. Na campanha, as personalidades dão vida aos personagens, lendo trechos dos títulos escolhidos. Assim que fecham os livros, voltam a ser eles mesmos, com o semblante transformado pelo prazer e a reflexão que uma boa leitura oferece.

“O Brasil precisa com urgência de uma revolução de cidadania e ética, e acreditamos que a leitura tem um papel fundamental a desempenhar nessas áreas. A campanha LEIA.SEJA. quer mostrar exemplos de pessoas reconhecidas pelo público em geral, que tiveram suas trajetórias marcadas pelos livros de diferentes maneiras”, afirma Marcos da Veiga Pereira, presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros. “Nosso desejo é que essa ação reverbere pelos meses seguintes, estimulando o hábito da leitura ao redor do país e propondo uma conscientização sobre o seu valor”, completa.

O grupo foi fotografado por Miro, um dos mais consagrados fotógrafos brasileiros, em cenários que remetem às obras. As imagens serão utilizadas em anúncios impressos, outdoors, mídia urbana Out Of Home (OOH) e mídia digital, espalhados por diversas partes do país.

Durante o lançamento oficial da campanha houve a transmissão de um filme sobre os bastidores da campanha e a divulgação da hashtag #LeiaSeja nas redes sociais, através da fanpage no Facebook (www.facebook.com/leiaseja) e do perfil no Instagram (@leiaseja).

Ao longo de toda a Bienal, que vai até 10 de setembro, o público poderá conferir uma exposição das fotos dos personagens, que estarão acompanhadas de vídeos com o making-of e depoimentos das personalidades sobre a influência dos livros em suas vidas pessoais e profissionais.

Além disso, modelos circularão pelos pavilhões da Bienal nos fins de semana e no feriado de 7 de setembro com os trajes que foram usados pelas celebridades, divulgando a campanha entre os visitantes.

E aí? Curtiu essa ideia? Então leia e seja o personagem que você quiser.

Quando todo dia era dia de índio

Calcula-se que eles eram cerca de quatro milhões, espalhados pela Terra Brasilis. Hoje, segundo o site da FUNAI, não passam de 460 mil. Os índios das Américas – assim chamados porque, em um primeiro momento, Colombo acreditou ter chegado às Índias – ganharam um dia só para eles em 19 de abril de 1940, durante o Primeiro Congresso Indigenista Interamericano realizado na cidade de Patzcuaro no México.

No Brasil, o 19 de abril só virou Dia do Índio três anos depois, quando Getúlio Vargas colocou a data no calendário oficial do país. Para marcar o dia, separamos alguns trechos de livros que trazem o índio como personagem principal ou como tema central. Vale a pena ler e descobrir uma época em que, como diria Baby do Brasil (ex Baby Consuelo), “todo dia era dia de índio”.

Com as cores do amanhecer tingindo a cena de dourado, os seis ou sete homens  que estavam na praia juntaram seus arcos e flechas e se prepararam para um encontro com os desconhecidos. De onde viriam os recém-chegados? De alguma ilha ou de alguma terra além-mar? Vinham provavelmente da Terra Sem Males, julgaram os mais experientes: o lugar onde todos eram felizes e ninguém morria, e que ficava para lá da imensidão das águas salgadas (Brasil: Terra à Vista! , de Eduardo Bueno)

Nesse mesmo instante, dois segundos talvez depois que a última flecha caíra no aposento, a folhagem do óleo que ficava fronteiro à janela de Cecília agitou-se e um vulto embalançando-se sobre o abismo, suspenso por um frágil galho de árvore, veio cair sobre o peitoril. Aí agarrando-se à ombreira saltou dentro do aposento com uma agilidade extraordinária; a luz dando em cheio sobre ele desenhou o seu corpo flexível e as suas formas esbeltas. Era Peri. (O Guarani, de José de Alencar)

Toda essa gente é guerreira e possui tanta astúcia para proteger-se de seus inimigos como se fossem criados na Itália e em contínua guerra. Quando estão em guerra costumam assentar suas casas nas encostas dos morros, fazendo cavernas nestes, que é onde costumam dormir. As mulheres e as crianças são levadas par as partes mais altas, através de estreitas trilhas que abrem. Os homens andam com o corpo totalmente pintado, como forma de camuflagem. (Naufrágios & Comentários, de Álvaro Núñes Cabeza de Vaca)

Certa vez, os índios vinham ao nosso encontro para nos receber, à distância de dez léguas de uma grande vila, com víveres e viandas delicadas e toda espécie de outras demonstrações de carinho. E tendo chegado ao lugar, deram-nos grande quantidade de peixe, de pão e de outras viandas, assim como tudo quanto puderam dar. Mas es incontinenti que o Diabo se apoderara dos espanhóis e que passam a fio de espada, na minha presença e sem causa alguma… (O paraíso destruído, de Frei Bartolomé de Las Casas)

Devíamos tomar cuidados especiais com os Tupinambás duas vezes por ano, quando entravam com violência nas terras dos Tupiniquins. Uma dessas épocas é novembro, quando o milho, que eles chamam de abati, fica maduro, e com o qual preparam uma bebida que chamam de cauim. Para tanto também usam raízes de mandioca, de que empregam um pouco na mistura. (Duas viagens ao Brasil, de Hans Staden)

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Do céu a banda de dentro, / o menininho mostra a Terra, / e de dentro desse céu ele descobre / que a terra dos caxinauás não é grande / e que os rios também não são largos. / Por exemplo, diz ele, apontando para baixo, / aquele rio ali é só uma sucuri gigante / estendida no meio da relva! / E da Terra, quer dizer, do céu da Terra, / quer dizer, do céu aqui onde estou, / os narizes também não são assim tão grandes, / nem o meu corpo tão doente quanto era, / porque do céu da banda de dentro / tudo fica muito bonito, lindo de morrer, / e sabe disso até quem morre, / diz o menino levado ao céu pela andorinha. (O menino levado ao céu pela andorinha – Poemas e cantos indígenas, seleção e tradução de Sérgio Capparelli) 

9 de agosto: Dia Internacional dos Povos Indígenas

Como dizia Baby do Brasil (ex Baby Consuelo), havia uma época em que “todo dia era dia de índio”. Mas os tempos mudaram e agora eles têm dias específicos para serem homenageados. O Brasil comemora o Dia do Índio em 19 de abril. Já 9 de agosto é o Dia Internacional dos Povos Indígenas. Eduardo Galeano dedica uma página do seu novo livro, Os filhos dos dias a esta data:

Página do livro "Os filhos dos dias" de Eduardo Galeano (clique na imagem para ampliá-la)