Arquivo da tag: Victor Hugo

O ritual diário de célebres escritores

Quem não tem um ritual matinal? Nem que seja desligar o despertador do iPhone, escovar os dentes e correr pro trabalho de barriga vazia mesmo. Há outros hábitos mais refinados, no entanto. Jane Austen, por exemplo, costumava tocar piano enquanto a casa ainda dormia e Victor Hugo lia cartas de amor de manhã cedinho…

O escritor nova iorquino Mason Curry pesquisou e colocou no papel 161 diferentes rituais – entre eles os de vários autores famosos – que em algum momento foram descritos em cartas ou nos diários deles. O resultado foi o livro “Rituals: How great minds make time, find inspitation, and get to work”, ainda inédito no Brasil. Dê só uma olhadinha em alguns deles:

JANE AUSTEN

A escritora levantava-se bem cedo, antes das outras mulheres acordarem, e tocava piano. Às 9h, ela organizava o café da manhã familiar, seu principal trabalho doméstico. Em seguida, sentava-se na sala de estar para escrever, enquanto sua mãe e irmã costuravam silenciosamente. Se convidados aparecessem, ela escondia seus papéis e participava da conversa. A principal refeição do dia era servida entre às 15h e 16h. Depois, seguida de uma conversa, uma jogatina, e chá. À noite, leituras em voz alta de romances e era nessa hora que Jane lia seu trabalho em andamento para a família.

O piano de Jane Austen que atualmente está no museu que leva seu nome

O piano de Jane Austen que atualmente está no museu que leva seu nome

VICTOR HUGO

Ele se levantava de madrugada, acordado diariamente por um tiro disparado de um forte relativamente próximo à sua casa, e então recebia uma xícara de café fresco e uma matutina carta de Juliette Drouet, sua amante, que ele havia instalado em Guemsey, há apenas nove portas dali. Depois de ler as apaixonadas palavras de “Juju” para seu “amado Cristo”, Hugo engolia dois ovos crus, trancava-se e escrevia até às 11h em uma pequena mesa que ficava em frente a um espelho.

Hugo)juliette

Os jovens Victor Hugo e Juliette e seus monogramas

MARK TWAIN

Sua rotina era simples: depois de seu café da manhã, ele ía ler e escrever e assim ficava até seu jantar, por volta das 17h. Como ele pulava o almoço, pois sua família não se aproximava durante o estudo – tocariam uma corneta se precisassem dele – ele podia trabalhar sem interrupções por horas a fio. No verão, costumava apreciar o vento: “Em dias quentes”, escreveu ele a um amigo. “Eu abro meus estudos, ancoro meus papéis com pesos, e escrevo em meio a um furacão, vestido com tecido de linho”.

Mark Twain escrevendo

Mark Twain trabalha vestido de linho

FRANZ KAFKA

Em 1908, Kafka conseguiu um emprego no Instituto de Seguro de Acidentes do Trabalhados em Praga, onde ele teve a sorte de trabalhar apenas um turno único. Nessa época, ele estava vivendo com sua família em um apartamento apertado, onde podia se concentrar e escrever apenas de madrugada, quando todos já estavam dormindo. Como Kafka escreveu a Felice Bauer, em 1912, “o tempo é curto, minha força é limitada, o escritório é horrível, o apartamento é barulhento e por isso precisamos ter jogo de cintura para viver a vida de maneira agradável”. Na mesma carta, ele descreve sua rotina: “…às 10h30 (as vezes após, mas não depois das 11h30) eu sento para escrever, dependendo da minha força, inclinação e sorte, até às 14h, 15h, 16h, de vez em quando, até às 6h da manhã.

Kafka 1908

Franz Kafka em 1908

CHARLES DICKENS

Primeiro, ele precisa de absoluto silêncio; tanto que, em uma de suas casas, uma porta extra teve de ser instalada para bloquear o barulho. Seu estudo era precisamente organizado, com uma mesa posta na frente de uma janela e, na própria mesa seus materiais de escrita – canetas de pena e tinta azul – em meio a diversos outros ornamentos: uma pequeno vaso de flores, um grande abre cartas, uma folha dourada com um coelho em cima, e duas estátuas de bronze (uma representando um par de sapos duelando, outra um cavalheiro cercado por filhotes de cachorros).

Dickens

Dickens precisava de silêncio total

Via Shortlist.com

 

 

Félix e “Os Miseráveis”

O capítulo de segunda-feira, 6 de janeiro, da novela “Amor à Vida”, começou com o popular “ex-vilão” Félix prestes a contar todas as suas maldades para a irmã Paloma e o cunhado Bruno. Pressionado para que revelasse tudo o que havia feito com Paulinha, sua sobrinha, o personagem de Mateus Solano resolve apelar para “Os Miseráveis”, de Victor Hugo, a fim de mostrar que, assim como Jean Valjean, ele também havia mudado:

Félix: Já já eu vou contar sobre as coisas que eu fiz, mas primeiro eu quero que você ouça uma história: quando eu estive morando com a Márcia, vendendo Hot Dog na 25 de março, o Jonathan [filho de Félix] me falou sobre um livro, “Os Miseráveis”.

Bruno: Eu vi o filme…

Paloma: Eu vi o filme, o musical, pode continuar?

Félix: O Jonathan me falou sobre esse personagem, cheio de angústias, cheio de desejo de vingança, o Jean Valjean, um personagem conturbado, mas que muda através de um gesto de generosidade.

E assim Félix segue usando o personagem de Victor Hugo como exemplo para mostrar que, assim como Jean Valjean, ele também se regenerou a partir da bondade alheia.

Clique na imagem para assistir à cena em que Félix cita "Os Miseráveis"

Clique na imagem para assistir à cena em que Félix cita “Os Miseráveis”

A questão é que, pelo menos nessa cena, ninguém foi capaz de dizer que a obra citada é do grande escritor francês, autor também de “O Corcunda de Notre Dame”. Normalmente, em outros momentos dessa novela das nove da Globo, os personagens que aparecem em cena lendo um livro sempre mostram o nome do escritor após revelar o título da obra que têm nas mãos (o que muitas vezes soa até falso). Por que não citar também Victor Hugo? Independente disso, ver um  livro em ação durante uma novela sempre nos dá um fio de esperança de que alguém será estimulado com isso. E, claro, citar um clássico como “Os Miseráveis” tem um grande mérito.

Se você ficou curioso com a história de Jean Valjean, a L&PM Editores publica uma ótima e fiel adaptação dessa extensa obra na Série Clássicos da Literatura em QuadrinhosClique aqui para saber mais

miseraveis_blog

 

 

A primeira vez de “Os Miseráveis” de Victor Hugo

Em 3 de abril de 1862, foi lançada a primeira edição de “Os Miseráveis“, de Victor Hugo. Mais de 150 anos depois, este romance épico segue encantando o mundo. E Cosette, a menina pobre que, depois de perder a mãe, é criada por Jean Valjean, continua sendo uma das figuras mais conhecidas da grande obra. Para comemorar esse aniversário de publicação, aqui vão algumas imagens da menina, eternizada pelos mais variados artistas:

A primeira imagem de Cosette, de Emile Bayard, edição de 1862 de "Os Miseráveis", de Victor Hugo

A primeira imagem de Cosette, de Emile Bayard, na primeira edição de “Os Miseráveis”, de Victor Hugo

cosette_teatro

A pequena Cécile d’Aubray viveu Cosette no teatro em 1878. Foto de Étienne Carjat

Le petite Cosette de Pompon - Escultura do século XIX

Le petite Cosette de Pompon – Escultura do século XIX

A bela Cosette abraçada em sua boneca, pintada ´pr Leon Comerre

A bela Cosette abraçada em sua boneca, pintada por Leon Comerre

Antiga ilustração de Cosette cobiçando a boneca

Antiga ilustração de Cosette cobiçando a boneca

A Cosette que está na adaptação de "Os Miseráveis" para a HQ publicada pela L&PM

A Cosette que está na adaptação de “Os Miseráveis” para a HQ publicada pela L&PM

Por que ler “Os miseráveis” em HQ depois de assistir ao filme

Por Paula Taitelbaum

É provável que o filme Os miseráveis venha a ser primeiro contato de muitas pessoas com a grande obra de Victor Hugo. É o seu caso? Não se condene por isso: mergulhar nas tantas páginas e nos vários personagens do livro original não é tarefa fácil. Quando eu era uma jovem e voraz leitora (mais jovem do que voraz) cheguei a pegar o livro e li várias partes, mas não me dediquei a ele como deveria. O que me dá uma certa vergonha.

Mas desse tempo ficaram algumas lembranças que vieram à luz quando assisti ao filme.

Não tenho nada contra musicais, mas sempre acho que eles ficam melhores sobre um palco da Broadway. Sem contar que fiquei um pouco irritada com o fato de Jean Valjean e Javert não envelhecerem praticamente nada com o passar dos anos. Se no teatro é difícil envelhecer, no cinema é facílimo. Portanto, qual a explicação para os atores Hugh Jackman e Russel Crowe passarem dos 40 para os 60 anos sem uma ruga a mais no rosto ou um fio de cabelo branco extra na cabeça? E isso é uma coisa que me marcou: Valjean era velho.

O que não quer dizer que o filme não tenha lá seus predicados. O elenco está muito bem dirigido, o ponto alto é mesmo Anne Hathaway cantando a música tema (apesar de eu ter lembrado da Suzy Boyle) e as crianças – principalmente o menino que interpreta Gavroche – são um espetáculo à parte. E por ser um musical e, assim uma versão da obra de Victor Hugo, muita coisa fica no ar para quem não conhece a história original.

É por isso que, depois de assistir ao filme, você precisa – repito: precisa –  ler a bela adaptação de Os miseráveis da série Clássicos da Literatura em Quadrinhos. Eu fiz isso e, abaixo, listo dez motivos que fazem valer essa minha sugestão:

1. Como essa versão para os quadrinhos é bastante fiel ao original, você conhecerá passagens importantes que o filme mudou ou que foram omitidas nesta adaptação cinematográfica.

2. Ao ler Os Miseráveis em HQ, você vai descobrir como Jean Valjean tornou-se prefeito de Montreuil-Sur-Mer e porque Fantine estava lá. Para completar, saberá como Cosette foi parar nas mãos do casal  Thénardier.

2.  Na cena em que Jean Valjean decide ir ao tribunal, ele encontra-se com três  condenados que são testemunhas de um caso, o diálogo entre eles é fundamental para entender o contexto dessa passagem. E isso não aparece no filme.

3. No quadrinho, como no original, a relação de Jean Valjean com Fantine é mais longa do que no filme. E você verá que Javert ajudou a apressar o fim dessa personagem, o que o torna ainda mais odiável.

4. Você vai conhecer um trecho do livro que foi abandonado no musical: Jean Valjean é preso novamente, ganha um novo número e acaba sendo dado como morto.

5. A batalha de Waterloo está presente na história original e Thénardier, que no filme é vivido por Sacha Baron Cohen, salva a vida do pai de Marius, o que será importante a certa altura da história.

6. Ao ler a adaptação para HQ, você fica sabendo o que aconteceu com o pai de Marius e porque o jovem foi criado pelo avô materno, um monarquista. Também descobre como Marius conheceu os revolucionários.

7. Vai saber o nome da boneca que Cosette ganhou de seu protetor. E também descobrirá onde Jean Valjean e Cosetti ficaram – e no que ele trabalhou – enquanto a menina crescia.

8. Conhecerá um pouco mais da história do menino Gavroche e terá uma surpresa ao saber de quem ele era filho.

9. Verá que o final do livro é um pouco diferente. Além disso, conhecerá o poema criado por Victor Hugo para o túmulo de Jean Valdjean.

10. O final da adaptação de Os miseráveis da Série Clássicos da Literatura em quadrinhos traz um dossiê sobre o autor, sua época e sua obra. 16 páginas que contam, através de um ótimo texto e várias imagens, muita coisa interessante sobre Victor Hugo, a França do século XIX e as pessoas que viviam em Paris naquela época.

A chegada de “Os miseráveis”

Os miseráveis chega hoje aos cinemas de todo Brasil. A adaptação feita para a tela  grande do clássico romance de Victor Hugo é a versão cinematográfica do musical Broadway.

Os miseráveis, de Victor Hugo, é um romance sobre os excluídos e mostra a vida de Jean Valjean (no filme vivido por Hugh Jackman, vencedor do Globo de Ouro por essa atuação). Tudo começa em 1815 quando ele é solto da prisão depois de vinte anos. Condenado por ter roubado um pão, teve sua pena prorrogada em virtude de tentativas de fuga.

Valjean era apenas mais um ladrão andarilho como muitos outros, vítima da fome, da severidade dos julgamentos e de um preconceito sem fim. Até que encontra o bispo de Digne, monsenhor Myriel, que lhe oferece abrigo. Valdjean rouba a prataria do monsenhor, é preso pelos gendarmes, mas depois inocentado pelo próprio bispo, que alegou serem aqueles presentes seus para ele. A partir dessa atitude, Jean Valjean muda seu comportamento e decide fazer só o bem. Por seu caminho, passam Fantine e sua filha Cosette, o casal Thénardier, o menino Gavroche, o policial Javert e o jovem Marius. Personagens que também estão na adaptação de Os miseráveis para HQ, um belo livro que está na Série Clássicos da Literatura em Quadrinhos.

Os miseráveis em cor e movimento

“Este livro é um drama cujo personagem principal é o infinito. O homem é secundário”. Assim Victor Hugo definiu seu mais célebre romance, Os miseráveis. “O infinito” aparece exatamente como uma tentativa de reunir tudo em um único livro. A amplitude dessa obra-prima é condizente com seus propósitos, que se espalham por todas as direções, e com sua maneira de lidar com a questão do tempo: ao incorporar o presente ao passado para esboçar os horizontes do futuro, Hugo deseja retratar fielmente o seu século, apontar suas zonas de luz e de sombra, suas mazelas e suas esperanças. O infinito é também o território espiritual de seu personagem secundário, “o homem”, dividido em inúmeras figuras, homens e mulheres, crianças, jovens e velhos, de todos os estratos sociais – patrões, aristocratas, bispos, policiais, ladrões, prisioneiros, órfãos, operários, estudantes, prostitutas, meninos de rua, criaturas decadentes, alegres, sofredoras, maliciosas, generosas, apaixonadas… Hugo criou um mosaico de rostos que, reunidos, compõem a humanidade; a esperança do escritor era a união de suas forças.

Por tudo isso, adaptar Os miseráveis seja para o teatro, cinema ou quadrinhos não é tarefa fácil. Mas com talento e conhecendo profundamente a obra, é possível. Tanto que seu sucesso na Broadway é imenso e agora a adaptação deste musical está nos cinemas. Nos quadrinhos, a tarefa de adaptar a grande obra de Victor Hugo coube a Daniel Bardet que traçou um roteiro primoroso desenhado por Bernard Capo e que foi colorido pelo artista Arnaud Boutle. Uma equipe reunida originalmente pela editora francesa Glénat e que agora chega à Série Clássicos da Literatura em Quadrinhos L&PM com tradução de Alexandre Boide. Para completar, todos os volumes desta série contam com um dossiê sobre o autor, sua obra e sua época. Simplesmente imperdível. Tanto para os que já conhecem o romance de Victor Hugo como para os que querem ter um primeiro contato com sua história.

Nos cinemas, uma super produção de Os miseráveis tem estreia prevista para 14 de dezembro no EUA e 29 de março no Brasil. O filme é uma adaptação quase fiel àquela apresentada na Broadway. E contará com grande elenco: Hugh Jackman, Russel Crowe, Anne Hathaway, Sacha Baron Cohen e Helena Bonham Carter. Veja aqui o teaser do filme em que Anne Hathaway canta a música tema do filme:

“Os Miseráveis”: um grande romance adaptado para os quadrinhos

Acaba de ser lançado Os Miseráveis de Victor Hugo, décimo volume da coleção “Clássicos da Literatura em Quadrinhos”, uma série inteiramente apoiada pela UNESCO, o que por si só já garante a excelência do projeto. A exemplo dos outros títulos da coleção, “Os miseráveis” é um magnífico volume a cores, com 114 páginas, capa dura, com a adaptação da história por Daniel Bardet, e magnificamente desenhado por Bernard Capo. No final do volume há um “dossier” com detalhes da biografia de Victor Hugo, sua época e um detalhado estudo sobre este que é um dos romances mais célebres da literatura universal.

Os Miseráveis é um romance grandioso. Narrando fatos que se estendem da derrota francesa em Waterloo, em 1815, aos levantes antimonarquistas de junho de 1832 em Paris, Victor Hugo ultrapassou as barreiras da ficção para criar uma obra que é, ao mesmo tempo, um drama romântico, uma epopéia, um documento histórico, um ensaio filosófico, um tratado de ética e um estudo sobre literatura e linguagem. Nada disso seria possível sem o fascínio exercido pelas reviravoltas de seu enredo e pelo carisma dos seus personagens. Como o protagonista Jean Valgean, um criminoso em busca da redenção. Ou a explorada e prostituída Fantine e sua filha Cosette. Ou ainda o pequeno Gavroche, filho de um lar desajustado que foge de casa para viver nas ruas. Unidos pelo idealismo e pelo gênio narrativo de Victor Hugo, esses excluídos e heróis improváveis fazem de Os Miseráveis um grito de liberdade que continua a ecoar até os dias de hoje.

Conheça os outros títulos da coleção “Clássicos da Literatura em Quadrinhos”:

A ilha do tesouro – R. L. Stevenson

A volta ao mundo em 80 dias – Julio Verne

Odisseia – Homero

Viagem ao centro da terra – Julio Verne

Guerra e Paz – Leon Tolstói

As mil e uma noites – anônimo

Robinson Crusoé – Daniel Defoe

Um conto de Natal – Charles Dickens

Dom Quixote – Cervantes

Aleluia!!! Os quadrinhos foram reabilitados!!!

Bons ventos sopram pela chamada “academia”; finalmente foram “descriminalizadas” as histórias em quadrinhos nas escolas. Aqueles que são jovens há mais tempo lembram muito bem que, num passado bem recente, as HQs eram proibidas em sala de aula. Professores de literatura e português faziam sinal da cruz diante de um álbum de quadrinhos, como se estivessem em frente ao demônio.

Mas, como tudo passa, esta onda também passou. Uma geração mais arejada de professores absolveu as HQs dos pecados da superficialidade dos quais era acusada e colocou finalmente nas mãos dos jovens leitores algumas obras-primas de arte e literatura.

Nós aqui da L&PM, que mourejamos nesta área desde os anos 70 – e que tivemos que abandonar temporariamente o barco devido à profunda rejeição – estamos de volta já há algum tempo e com um extraordinário cardápio de lançamentos. Na Coleção L&PM POCKET, os quadrinhos já conquistaram milhares de novos leitores com títulos dos consagrados Garfield, Snoopy, Hagar, Dilbert e o timaço de autores brasileiros composto por Laerte, Angeli, Adão Iturrusgarai, Glauco, Edgar Vasques, Paulo Caruso, Mauricio de Sousa, Santiago entre outros. Todos por R$ 11,00.

Além do quadrinho em livros de bolso, a editora voltou a investir em grandes projetos, como Peanuts Completo, uma série em capa dura e acabamento luxuoso que publicará todo o magnífico trabalho de Charles Schulz. Já foram editados 4 volumes e o quinto sai em março. Publicamos também belas adaptações a cores das histórias de Agatha Christie, o clássico pacifista Valsa com Bashir, cuja versão em animação foi finalista ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2010 e iniciamos a publicar a festejada série afro-francesa Aya de Margarite Abouet, que trata da vida dos jovens nos países africanos. Recomeçamos também a publicar álbuns para adultos como o clássico Erma Jaguar do craque do desenho erótico Alex Varenne.

Como estamos livres para publicar o que de melhor se faz no mundo e para recomendar às escolas que usem e abusem das histórias em quadrinhos (já que não é mais pecado), um dos grandes destaques da programação de HQ da L&PM Editores é sem dúvida a série de Clássicos da literatura em quadrinhos. Um coleção espetacular feita por roteiristas e desenhistas belgas e franceses, publicada originalmente pela Editora Glénat com o apoio da UNESCO, órgão cultural da ONU que só chancela projetos de alto valor pedagógico. Estes livros possuem, além da história em quadrinhos a cores, um “dossier” que traça um rico painel sobre o livro, o autor, sua vida e seu tempo. Já foram lançados Volta ao mundo em 80 dias de Júlio Verne, A Ilha do Tesouro de Robert Louis Stevenson, Um conto de Natal de Charles Dickens, Dom Quixote de Miguel de Cervantes, Odisseia de Homero e Robinson Crusoé de Daniel Defoe. Deverão sair nos próximos meses Guerra e Paz de Leon Tolstoi e Os miseráveis de Victor Hugo.

Mangás

Mas a grande novidade de 2011 foi a nossa entrada no mundo dos mangás. Iniciamos com os dois volumes de Solanin de Inio Asano e Aventuras de menino de Mitsuru Adashi, os três livros disponíveis nos mais de 2 mil pontos de venda da coleção L&PM Pocket pelo Brasil inteiro. Com a colaboração e a consultoria do tradutor e especialista em mangás Alexandre Boide, a L&PM está preparando novos títulos para 2012.

Enfim, a editora está definitivamente retomando uma de suas vocações que sempre foi a de editar HQs. E a prova disso é que, justamente o primeiro título da L&PM Editores, foi um livro de quadrinhos: Rango 1 de Edgar Vasques. (Ivan Pinheiro Machado)

Autor de hoje: Júlio Verne

 

Nantes, França, 1828 – † Amiens, França, 1905

Considerado o pai da moderna ficção científica, desde cedo demonstrou interesse pela literatura. Estudou Direito, mas não chegou a exercer a profissão. Trabalhou como secretário do Teatro Lírico entre 1852 e 1854 e, depois, tornou-se corretor de bens públicos, atividades que exerceu paralelamente à de escritor. Suas obras mais conhecidas são Viagem ao centro da Terra, Viagem ao redor da Lua, Vinte mil léguas submarinas e A volta ao mundo em 80 dias. Nelas, o autor prevê um grande número de descobertas científicas, incluindo o submarino, o aqualung, a televisão e as viagens espaciais. Tendo desfrutado em vida de enorme popularidade, Júlio Verne é considerado um dos maiores escritores franceses e um dos mais influentes da literatura universal. Em 1892, foi condecorado com a Legião de Honra.

OBRAS PRINCIPAIS: Viagem ao centro da Terra, 1864; Viagem ao redor da Lua, 1865; Vinte mil léguas submarinas, 1870; Volta ao mundo em 80 dias, 1873; A ilha misteriosa, 1874

JÚLIO VERNE por Luiz Paulo Faccioli

A França entrou no século XIX ainda sob o impacto da Revolução e guiada pela mão megalômana de Napoleão Bonaparte. Com a queda do imperador, sobreveio uma longa fase de turbulência política: ora restaurava-se a república, ora ressurgia a monarquia, ora voltava o império. Para as artes, contudo, foi um século fulgurante. E, especialmente para a literatura, basta dizer que nele encontramos Flaubert, Stendhal, Dumas – pai e filho –, Victor Hugo, Balzac, Maupassant, Rimbaud, Baudelaire, Verlaine. O romantismo que dominava no início cedeu lugar à estética do realismo e do naturalismo que sobreviveu ao nascer do século XX. Cinqüenta anos antes, o público começara a cansar daquela concepção romântica que punha o indivíduo no centro do mundo e se dedicava a extrair dele suas confidências e aflições. O progresso da ciência estimulava o homem a olhar para fora de si, e a arte não poderia deixar de absorver e retratar essa nova realidade. É nesse cenário que Júlio Verne aparece com seus relatos de viagens fantásticas, antecipando na ficção um futuro que viria a se confirmar nos detalhes de suas projeções tecnológicas, e logo se torna um dos mais populares escritores franceses de todos os tempos.

A narrativa de aventura não era nova e já havia produzido bons frutos pelas mãos de Jonathan Swift, em As viagens de Gulliver, e de Daniel Defoe, em Robinson Crusoé. Verne agregou a ela o conceito de verossimilhança científica inaugurado por Edgar Allan Poe e produziu uma obra original que ainda instiga e muito ainda irá instigar. Dono de um estilo fácil e envolvente, sem prescindir da elegância característica da escrita de sua época, foi um autor inventivo e meticuloso. Autodidata, passou a vida mergulhado em leituras, viajando pela Terra, por dentro dela e pelo espaço sem ter saído muitas vezes de casa. As inovações tecnológicas imaginadas por ele, mas que o mundo só viria a conhecer no século XX, formam uma lista longa que inclui o fax, a televisão, o helicóptero, os mísseis teleguiados, os arranha-céus, o cinema falado, o gravador e tantas outras.

Pai da moderna ficção científica, Júlio Verne ganhou a merecida fama de ter sido um visionário, mas não há nada de místico ou sobrenatural nesse atributo. Ele foi um intelectual profundamente identificado com o seu tempo, atento às mudanças que a evolução das ciências impuseram à humanidade e dedicado a exercitar o raciocínio lógico e científico. Não houve mágica, e sim sede de conhecimento e leitura, muita leitura.

* Guia de Leitura – 100 autores que você precisa ler é um livro organizado por Léa Masina que faz parte da Coleção L&PM POCKET. Todo domingo,você conhecerá um desses 100 autores. Pra melhor configurar a proposta de apresentar uma leitura nova de textos clássicos, Léa convidou intelectuais para escreverem uma lauda sobre cada um dos autores. Veja os outros autores já publicados neste blog.

A morte de um gênio chamado Balzac

“Em 18 de agosto, Victor Hugo, tendo ouvido que o seu colega se encontrava em um estado alarmante, apresenta-se ao cair da noite na Rue Fortunée. É recebido. Descreveu a cena. O quarto empestado. Os médicos mandaram colocar produtos destinados a livrar o ar do odor da gangrena que tomou conta de uma das pernas. Balzac está na cama, emagrecido, lívido, o rosto tomado pela barba. Não reconhece o visitante. Morre durante a madrugada. Será impossível, como então era costume, realizar uma máscara mortuária: nas horas que seguem à morte, as carnes do rosto já estão apodrecendo. (…) Durante essa noite de 18 de agosto, Hugo, de volta à sua casa, disse que a Europa ia perder um dos seus grandes espíritos. A sua admiração é real e profunda. O poeta do cérebro épico captou qual era a visão e o alcance do romancista. Durante os funerais em Saint-Philippe-du-Roule, quando um oficial evoca o ‘homem distinto’ que era Balzac, responde em voz alta: ‘Era um gênio’.” (Trecho de Balzac, de François Taillandier, série Biografias L&PM).

Honoré de Balzac e seu amigo Victor Hugo eternizados por Auguste Rodin

Massacrado pela péssima alimentação e atormentado pelas dívidas, Balzac se foi em 18 de agosto de 1850, aos 51 anos, dois meses após ter casado com a condessa polonesa Éve Hanska, o grande amor de sua vida. Três dias depois, em seu enterro, Victor Hugo proferiu o discurso fúnebre em sua homenagem. Ele pode ser lido aqui, em um dos posts da Série Especial Balzac, publicada neste blog.

A L&PM publica dezesseis títulos de autoria de Balzac.