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As origens de Balzac, o aniversariante do dia

Balzac nasceu em Tours, em 20 de maio de 1799. Nasceu provinciano da Touraine, e esse dado é essencial. Toda a sua obra traz as imagens da província francesa e dessa Touraine à qual voltará frequentemente e onde situa diversos romances: O cura de Tours, O ilustre Gaudissart, O romeiral, A mulher de trinta anos, O lírio do vale. Apreciará descrever as paisagens, o reflexo do rio, a bruma nas encostas, as florestas, os bosquetes tranquilos. Se quisermos continuar, como ele mesmo fez, a descer o rio, chegamos a Saumur, outro lugar monárquico, onde se desenrola Eungénie Grandet. A seguir, as regiões dos chouans, os partidários da realeza durante a Revolução Francesa, e, para terminar, a península de Guérande, onde ocorre o impiedoso huis clos amoroso de Béatrix.

(…)

Os pais de Balzac não parecem muito inclinados a se ocupar dos filhos no dia-a-dia. Em todo caso, resulta daí uma tenra cumplicidade, que nunca se desmentirá, entre o irmão e a irmã, ambos isolados numa família emprestada e interessada sobretudo nos ganhos. Honoré permanecerá convencido, durante sua adolescência e juventude, de que o único ser nesse mundo que o ama e o compreende é essa irmã, com quem dividiu as brincadeiras e os machucados de menino. Ela nunca cessará de defendê-lo; confiarão um ao outro os seus segredos. Em uma das suas primeiras tentativas romanescas, Sténie, ele abordará o carinho ambíguo entre um irmão e uma irmã “de leite”, a ponto de o menino sentir um ciúme violento quando ela se casa.

(Trechos de Balzac, de François Taillandier, Série Biografias L&PM Pocket)

Desenho de Honoré de Balzac feito em 1820, quando ele tinha entre 19 e 20 anos

Desenho de Honoré de Balzac feito em 1820, quando ele tinha entre 19 e 20 anos

 

A morte de um gênio chamado Balzac

“Em 18 de agosto, Victor Hugo, tendo ouvido que o seu colega se encontrava em um estado alarmante, apresenta-se ao cair da noite na Rue Fortunée. É recebido. Descreveu a cena. O quarto empestado. Os médicos mandaram colocar produtos destinados a livrar o ar do odor da gangrena que tomou conta de uma das pernas. Balzac está na cama, emagrecido, lívido, o rosto tomado pela barba. Não reconhece o visitante. Morre durante a madrugada. Será impossível, como então era costume, realizar uma máscara mortuária: nas horas que seguem à morte, as carnes do rosto já estão apodrecendo. (…) Durante essa noite de 18 de agosto, Hugo, de volta à sua casa, disse que a Europa ia perder um dos seus grandes espíritos. A sua admiração é real e profunda. O poeta do cérebro épico captou qual era a visão e o alcance do romancista. Durante os funerais em Saint-Philippe-du-Roule, quando um oficial evoca o ‘homem distinto’ que era Balzac, responde em voz alta: ‘Era um gênio’.” (Trecho de Balzac, de François Taillandier, série Biografias L&PM).

Honoré de Balzac e seu amigo Victor Hugo eternizados por Auguste Rodin

Massacrado pela péssima alimentação e atormentado pelas dívidas, Balzac se foi em 18 de agosto de 1850, aos 51 anos, dois meses após ter casado com a condessa polonesa Éve Hanska, o grande amor de sua vida. Três dias depois, em seu enterro, Victor Hugo proferiu o discurso fúnebre em sua homenagem. Ele pode ser lido aqui, em um dos posts da Série Especial Balzac, publicada neste blog.

A L&PM publica dezesseis títulos de autoria de Balzac.