Astro de Harry Potter deve protagonizar remake de Nada de novo no front

Daniel Radcliffe, vulgo “Harry Potter”, assinou para protagonizar o remake de Nada de novo no front, filme de 1930 dirigido por Lewis Milestone e baseado no clássico de Erich Maria Remarque publicado na Coleção L&PM Pocket.

Radcliffe ficou encantado com o roteiro do remake / Divulgação

O novo longa tem o roteiro assinado por Ian Stokell e Lesley Paterson, mas ainda está sem diretor e, portanto, não tem qualquer definição com relação a datas. Se o projeto realmente sair do papel, Radcliffe interpretará Paul Baumer, um estudante idealista que é levado a se alistar no exército alemão por um professor ultranacionalista. A ideia é mostrar a desilusão dos soldados alemães durante a Primeira Guerra e o estranhamento na volta para casa, alguns anos depois. Stokell disse à revista Variety que Radcliffe traz vulnerabilidade e inocência ao personagem: “Quando nos demos conta de o quanto ele gostou do script ficamos muito felizes, porque sabemos que ele pode encontrar o equilíbrio entre intensidade e credibilidade que é essencial para esse papel.”

No primeiro filme, Paul Baumer foi interpretado pelo ator Lew Aires e recebeu indicações para o Oscar nas categorias de melhor fotografia e diretor. Assista ao trailer:

Com informações do The Guardian

Brasil é país convidado na Feira do Livro de Frankfurt de 2013

É graças a Feira do Livro de Frankfurt que muitos livros chegam até você. O mega evento, que acontece anualmente desde setembro de 1949, é onde as editoras do mundo inteiro se encontram para comprar e vender seus títulos. Pois essa semana foi divulgado que, em 2013, o Brasil será novamente o tema da Feira – a primeira vez foi em 1994. O que isso significa? Que, se você é escritor, terá mais chances do seu livro ser vertido para o alemão e outras línguas. Que, se você é livreiro, seus títulos poderão ter maior destaque na Europa. E que você, leitor, provavelmente terá mais novidades para escolher nas livrarias.

Corredores da Feira de Frankfurt em 2009 / Bob O'Hara

A homenagem ao Brasil foi divulgada após um encontro que reuniu o diretor da Feira, Jüergen Boos, e o Ministro da Cultura do Brasil, Juca Ferreira. Outro que participou da reunião foi Mauricio de Sousa. “O mundo passa por lá para saber o que há de melhor no mercado editorial e nós estaremos lá. Temos que trabalhar para que Frankfurt possa ser a melhor vitrine”, disse o criador da Turma da Mônica. Já o diretor Boos destacou a presença da imprensa: “O importante é que nesses cinco dias são 11 mil jornalistas presentes. Fiz uma pesquisa do que eles escrevem e 60% do noticiário se refere ao país tema, que é convidado de honra”.

Enquanto 2013 não chega, trataremos de aproveitar a 62ª edição da Feira de Frankfurt desse ano, que ocorrerá entre 6 e 10 de outubro. Há cerca de 20 anos a L&PM participa do evento.

A leveza de um suspiro e a precisão de um punhal

Por Jorge Furtado*

Em meu último filme (Saneamento Básico) tem uma cena que termina com uma frase de Dostoiévski na qual eu acredito profundamente: “a beleza salvará o mundo”. Trata-se de um strip-tease de Silene (Camila Pitanga), intercalado com imagens da exuberante natureza da serra gaúcha, regatos, folhas, flores, pedras, musgos, tudo o que há de mais bonito no mundo. Não demorei muito tempo para escolher a trilha da cena, o som de maior beleza possível: a voz de Billie Holiday.

Billie teve uma vida de cão, e não dos mais sortudos. Violentada aos dez anos e internada numa casa de correção, aos 12 era faxineira dos mais sórdidos puteiros de Baltimore. Prostituta aos 14, alcóolatra e viciada em heroína, apanhou e foi roubada por seus sucessivos maridos. Sofreu o que pode até sua morte, aos 44 anos.

Em troca de tanta dor, deixou ao mundo uma obra de raríssima beleza. Billie Holiday é uma força da natureza, uma das maiores artistas da história da humanidade. Sua voz é um instrumento musical capaz de contracenar com o trompete de Louis Armstrong, os pianos de Duke Ellington e Count Basie, o sax de Lester Young e os clarinetes de Benny Goodman e Artie Shaw. Seu ritmo é único e seu timbre, inconfundível. Era também boa compositora, mas nem precisava. Sua interpretação tem, ao mesmo tempo, a leveza de um suspiro e a precisão de um punhal. Corta fundo e assopra, mata e cura. Melhor que o silêncio, só Billie Holiday.

*Jorge Furtado é diretor, roteirista e escritor. Pela L&PM publicou Meu tio matou um cara.

Para saber mais sobre a biografia da maior diva do blues, leia Billie Holiday, o mais recente lançamento da Série Biografias.

Toshiba lança portátil para concorrer com iPad e Kindle

A Toshiba lançou na última segunda-feira um computador portátil de pequeno porte que pode também funcionar como e-reader. A diferença do Libretto, como o aparelho foi batizado, para os tablets tradicionais é o formato: o portátil da Toshiba possui duas telas, enquanto iPad e kindle, para citar os mais “famosos”, têm formato de prancheta.

Libretto pode ser notebook ou e-reader / Divulgação

O Libretto começará a ser vendido no Japão no final de agosto e depois segue para outros mercados. De qualquer maneira, não deve exercer muita influência no mercado dos livros digitais a curto prazo, já que ainda não firmou acordo com provedores de conteúdo.

Acusado de roubar obra de Shakespeare vai a julgamento

Em 1998, o First Folio (Primeiro Fólio), publicado em 1623 e considerado uma das obras mais importantes da literatura inglesa, foi roubado da Universidade de Durham. Só reapareceu 10 anos depois, quando um playboy chamado Raymond Scott se apresentou na Folger Shakespeare Library de Washington tentando vendê-lo. Ele alegava, e ainda alega, que o livro foi presente de um amigo cubano. O fato é que os funcionários da Biblioteca não acreditaram muito nessa história, ligaram para a polícia e a perícia confirmou que se tratava da obra roubada.

Edição publicada em 1623 reapareceu em público / Reprodução The Independent

Scott foi preso em janeiro de 2009, mas pagou a fiança e foi solto pouco depois. Agora, em junho de 2010, o julgamento teve início. Começou na semana passada e deve se estender até julho. No último sábado, 19, o First Folio foi levado ao tribunal e mostrado em público pela primeira vez desde 1998. Já Scott, o acusado, quer mesmo é aparecer. Chegou ao tribunal de limusine, usando um chapéu panamá e fazendo o V de vitória para os fotógrafos…

Veja todas as obras de Shakespeare publicadas pela L&PM.

Original inédito de Mark Twain é vendido nos Estados Unidos

Os leilões estão mesmo bombando nos últimos dias (vide post anterior sobre a máquina de escrever do Kerouac). O inédito “A Family Sketch”, de Mark Twain, foi vendido por mais de US$ 242 mil na última quinta-feira, bem mais que os US$ 180 mil esperados pelos organizadores. O comprador não foi identificado.

O manuscrito era uma homenagem do autor de As aventuras de Tom Sayer a sua filha, Olivia “Susy” Clemens (para os mais desavisados, o verdadeiro nome de Mark Twain é Samuel Langhorne Clemens). Susy inspirou duas das histórias do pai e morreu aos 24 anos, depois de contrair meningite.

“A Family Sketch”, de 64 páginas, estava entre outros duzentos manuscritos, cartas e fotografias de Twain. O restante dessa coleção de documentos, que pertencia ao executivo James S. Copley, deve ser vendida por no mínimo US$ 750 mil.

Última máquina de escrever de Kerouac será leiloada

Essa é para mexer com o coração – e com o bolso – dos fãs da geração beat: a última máquina de escrever usada por Jack Kerouac, esse modelo Hermes vintage verde da foto, está sendo leiloada pela Christie’s. Foi nela que Kerouac escreveu as novelas Vanity e Pic (além de algumas cartas de cobrança para seu agente), entre 1966 e 1969. Para quem se interessou, o ideal é já começar a fazer as contas: os lances devem ficar entre US$ 20 mil e US$ 30 mil.

Mais Hunter Thompson na coleção de bolso e no cinema

A L&PM acaba de lançar Medo e delírio em Las Vegas, e, ainda para esse ano, estão previstos mais dois títulos do gonzo jornalista Hunter Thompson. Primeiro, Hell’s Angels, que deve chegar à Coleção POCKET em setembro, e Rum: diário de um jornalista bêbado, em dezembro.
Rum… irá também ao cinema. O lançamento está previsto ainda para 2010, nos Estados Unidos. No elenco está Johnny Depp, que volta às telas em mais uma adaptação de Thompson (ele foi o protagonista da versão cinematográfica de Medo e delírio) .
Os trailers ainda não estão disponíveis, mas já algumas fotos já estão por aí, como essa aí embaixo:


Via Trabalho Sujo

Primeira visita à Biblioteca de São Paulo

Caroline Chang

Eis que no domingo fui almoçar num restaurante distante aqui em São Paulo, e, na volta, desci na estação Carandiru da linha azul do metrô, para conhecer a Biblioteca de São Paulo, há pouco inaugurada. Bem, fiquei pasma com o que vi, e achei que era o caso de partilhar com pessoas que acreditam no poder civilizatório dos livros e da literatura: dezenas de jovens, e não só jovens, da periferia estudando, usando computador, lendo num ambiente totalmente acolhedor, amigável, aberto e moderno (inclusive para deficientes físicos). Mais do que pelo acervo, a biblioteca surpreende pela maneira eficiente com que convida as pessoas da comunidade para lá. Não lembro de ter visto algo assim no Brasil.

Não bastasse isso, a biblioteca fica encravada no Parque da Juventude – também construída na área do do ex-complexo penitenciário do Carandiru. O parque é lindíssimo, igualmente friendly, e equipado com aparelhos de exercício para cadeirantes. Não pude deixar de pensar que oferecendo alternativas desse tipo deve ser mais fácil evitar que jovens, da periferia ou não, se envolvam com drogas e criminalidade.

Adeus a Saramago, o único Prêmio Nobel da língua portuguesa

Por Ivan Pinheiro Machado

Aquela quarta-feira de outubro de 1998 parecia uma quarta-feira comum na Feira do Livro de Frankfurt. Os corredores apinhados de editores, agentes e livreiros em geral cumpriam a rotina de vender e comprar livros e direitos de publicação. O segundo andar da ala 5, no enorme espaço destinado às Feiras, era ocupado pelos estandes das editoras espanholas, italianas, gregas, turcas e pelo estande oficial do Brasil que ficava há poucos metros do estande oficial de Portugal. Um espaço bem grande, onde os editores portugueses recebiam seus clientes e amigos.

Estávamos tomando o primeiro café do dia no estande brasileiro, prontos para cumprir uma agenda que inclui uma média de 10 reuniões por dia, de quarta à sábado, quando ouviu-se uma explosão de gritos, risos e assovios vindos do estande ao lado. Parecia gol de Portugal. Os 30 hectares da Feira de Frankfurt, com seus longos corredores acarpetados e suas esteiras rolantes que comunicam os pavilhões, costumam guardar um certo recato silencioso. Negócios de milhões de dólares são sussurrados pelos estandes. Não é comum gritos, assovios, cantorias. Salvo quando um autor é comunicado de que acaba de ganhar o prêmio Nobel.

Enquanto saíamos curiosos de onde estávamos, tivemos tempo de ver um senhor magro e alto ser arrastado em triunfo por uma multidão de conterrâneos emocionados que cantava o hino da Revolução dos Cravos, “Grândola Vila Morena”. José Saramago havia recebido a notícia, coincidentemente no meio dos livros, em território do seu país, na grande feira internacional. A correria foi infernal. Em minutos, centenas de jornalistas, emissoras de TVs, curiosos e seguranças engolfavam o estande português marcado por aquele momento histórico. Todos estavam comovidos, inclusive nós brasileiros e nossa velha língua portuguesa. José Saramago escreveu, entre outros romances, “Evangelho segundo Jesus Cristo”, “A jangada de Pedra”, Ensaio sobre a cegueira”, “Memorial do convento” e o maravilhoso “O ano da morte de Ricardo Reis”.

Hoje pela manhã, enquanto a Sérvia estava prestes a derrotar a Alemanha na segunda rodada da Copa do Mundo, recebi a notícia de que José Saramago morrera na sua cidade de Lazarota, nas Ilhas Canárias, aos 87 anos. É sempre triste receber a notícia da morte de um homem bom. E com José Saramago morreu um símbolo de humanismo, fé na utopia e esperança de um mundo mais justo e igual. Membro do Partido Comunista Português, foi um dos pilares de sustentação intelectual da famosa Revolução de Cravos de 1975, que acabou com a terrível ditadura Salazarista. Aqueles “que são jovens há menos tempo do que nós”, como diz o Anonymus Gourmet, talvez não saibam. Mas não foi pouco acabar com a sanguinária tirania de Salazar, um déspota à altura dos seus piores colegas latinoamericanos da época. E Saramago lutou pelos seus ideais, foi perseguido, preso e, por fim, venceu a ditadura. Morreu fiel a sua utopia, acreditando que era possível haver um mundo melhor do este em que vivemos.

José Saramago recebendo o Prêmio Nobel de Literatura 1998