Arquivo da tag: Billie Holiday

Billie Holiday, jazz e gardênias

A pequena Eleanora aos 2 anos de idade

Em 7 de abril de 1915, ela dá à luz uma garotinha, Eleanora. Ela a registra sob o nome de DeViese. É o nome do rapaz que está namorando nessa época. Mesmo que ela soubesse com certeza que o pai é Clarence Holiday, talvez estivesse então entretendo projetos matrimoniais com Frank DeViese. Aliás, quando ela se casa mais tarde com Philip Gough, ela dá à garotinha o sobrenome de seu marido. Com o bebê nos braços, Sadie se resigna a retornar para Baltimore. Encontra um trabalho em uma fábrica de roupas. Mas o que fazer com uma criança, quando se trabalha o dia inteiro? E, depois, é preciso confessar que Sadie gosta muito de se divertir e que os homens de sua vida são bastante numerosos.

Essa criança a incomoda, e ela encontra mil desculpas para deixá-la com sua família. Eleanora tem dois anos e é bonita como um coração. Dessa época longínqua só existe uma fotografia, em que ela usa uma bata clara e botinas, com flores brancas nos cabelos. Seriam já gardênias?

(trecho de Billie Holiday na Série Biografias)

A pequena Eleanora Fagan Gough da foto acima cresceu e virou Billie Holiday, encantando o mundo com sua voz  inigualável. Aí vai a nossa sugestão para o dia de hoje:

Se você é fã da grande musa do jazz, vale muito a pena ler Billie Holiday da Série Biografias L&PM.

No aniversário de Billie Holiday, presentes que são a sua cara

Em 7 de abril de 1915, nascia Billie Holiday, considerada por muitos a maior de todas as cantoras de jazz que o mundo já ouviu. Negra, pobre, vulnerável e com uma voz lânguida e vigorosa, Lady Day teve uma vida atribulada. Os problemas com álcool e drogas que a acompanharam até o fim dos seus dias, culminando na morte por overdose em 1959. A carreira de cantora começou por acaso, em 1930, quando resolveu percorrer os bares do Harlem, em Nova York, à procura de emprego. Conseguiu, inicialmente, um bico como dançarina, mas a primeira apresentação foi um desastre. Sensibilizado, o dono do bar pediu, então, que ela tentasse cantar e, sem querer, fez nascer ali uma estrela. Billie nunca teve educação musical formal e aprendeu a cantar ouvindo Bessie Smith e Louis Armstrong. Após três anos se apresentando em bares, foi descoberta pelo crítico John Hammond, o responsável pela gravação de seu primeiro disco.

Hoje, 100 anos depois do seu nascimento, são muitos os que continuam cultuando não apenas a sua voz, como também a sua imagem. Basta entrar no site de vendas e-bay, por exemplo, para encontrar presentes de aniversário que são a cara da diva.  Aqui vão os nossos preferidos.

Rara carta de baralho por U$ 8,95

Billie Holiday e Louis Armstrong em uma pintura original de Bobby Hill por U$ 1.200,00

Manta super fashion por U$ 119,00

Boneca de Lady Day por U$ 59,84

A história completa da musa do jazz está registrada no livro Billie Holiday, de Sylvia Fol, publicado pela L&PM na série Biografias.

A intimidade de Billie Holiday

Esta é a musa do jazz Billie Holiday fritando um bife ao lado de seu cão Mister na cozinha do apartamento onde morou no Harlem, em Nova York, em 1949. O “flagra” é do fotógrafo americano Herman Leonard.

A intimidade de uma das maiores vozes do jazz de todos os tempos está no livro Billie Holiday da Série Biografias.

billie

via Pinterest

Billie Holiday e Orson Welles juntos

Orson Welles vai lá todas as noites. Ele já é célebre. Seu filme Citizen Kane (Cidadão Kane), que parodia a vida do magnata da imprensa Randolph Hearst, provocou uma tremenda polêmica. Welles tem 25 anos, é brilhante, sedutor e adora jazz. Ele formulou um projeto de fazer um documentário sobre a história do Jazz, It´s All True, que nunca chegaria a ser produzido. Fascinado pelo mundo das drogas clandestinas, pede a Billie que o leve à Central Avenue, nas zonas de pior reputação do bairro negro de Los Angeles. Billie sente-se fascinada por sua personalidade, sua inteligência e sua eloquência. Eles são vistos juntos com frequência até o momento em que Billie começa a receber telefonemas anônimos em seu hotel. Ela é acusada de estar destruindo a carreira de Orson Welles, é ameaçada de jamais trabalhar em Hollywood caso continue a conviver com ele. Uma negra não pode se mostrar publicamente ao lado de um branco sem desencadear os golpes de toda espécie de censura. Já entre as mulheres, há muito menos problemas. Se Billie quiser, pode dar uma escapada até o México com uma das amiguinhas de Orson Welles!  

(Trecho de Billie Holiday, Série Biografias L&PM)

Lady Day e a canção do século

Billie Holiday andou pelas ruas do Harlem até as mais prestigiosas salas de espetáculo de Nova Iorque. Sexo, álcool, drogas, Lady Day queria experimentar tudo. E experimentou. Sua vida como cantora começou por necessidade. Ameaçada de despejo, por falta de pagamento, aos 15 anos buscava desesperadamente algum dinheiro para ajudar a mãe. Entrou em um bar,  ofereceu-se como dançarina e foi um total desastre. O destino lhe reservou sorte: o pianista que testava as dançarinas perguntou se Billie sabia cantar. Billie cantou.

É impossível falar sobre Lady Day sem falar em Strange Fruit, música do vídeo abaixo.  Strange Fruit foi composta como um poema, escrito por Abel Meeropol, um professor judeu de um colégio do Bronx, sobre o linchamento de dois homens negros. Depois de linchados, eles foram enforcados em árvores. Por isso eram os “frutos estranhos”. Holiday cantou a música pela primeira vez no Cafe Society em 1939. A canção passou a fazer parte regular de suas apresentações ao vivo. Em dezembro de 1999, a revista Time deu a Strange Fruit o título de canção do Século.

Billie Holiday é um dos grandes nomes da série Biografias, publicada pela L&PM.

Museu de Nova York adquire inéditas de Billie Holiday

O Museu de Jazz dos Estados Unidos adquiriu uma coleção de quase mil discos que contém músicas inéditas de Billie Holiday e Ella Fitzgerald, entre outros. A coleção foi gravada por um técnico de áudio chamado William Savory nos anos 1930 e era desejada pelo museu desde então. Mas nem tudo foi motivo de comemoração: os discos estavam em péssimo estado e precisaram ser recuperados por engenheiros de áudio. O trabalho deles você vê nesse ótimo vídeo produzido pelo New York Times: 

A L&PM publica  Billie Holiday, de autoria de Sylvia Fol, na série Biografias.

A leveza de um suspiro e a precisão de um punhal

Por Jorge Furtado*

Em meu último filme (Saneamento Básico) tem uma cena que termina com uma frase de Dostoiévski na qual eu acredito profundamente: “a beleza salvará o mundo”. Trata-se de um strip-tease de Silene (Camila Pitanga), intercalado com imagens da exuberante natureza da serra gaúcha, regatos, folhas, flores, pedras, musgos, tudo o que há de mais bonito no mundo. Não demorei muito tempo para escolher a trilha da cena, o som de maior beleza possível: a voz de Billie Holiday.

Billie teve uma vida de cão, e não dos mais sortudos. Violentada aos dez anos e internada numa casa de correção, aos 12 era faxineira dos mais sórdidos puteiros de Baltimore. Prostituta aos 14, alcóolatra e viciada em heroína, apanhou e foi roubada por seus sucessivos maridos. Sofreu o que pode até sua morte, aos 44 anos.

Em troca de tanta dor, deixou ao mundo uma obra de raríssima beleza. Billie Holiday é uma força da natureza, uma das maiores artistas da história da humanidade. Sua voz é um instrumento musical capaz de contracenar com o trompete de Louis Armstrong, os pianos de Duke Ellington e Count Basie, o sax de Lester Young e os clarinetes de Benny Goodman e Artie Shaw. Seu ritmo é único e seu timbre, inconfundível. Era também boa compositora, mas nem precisava. Sua interpretação tem, ao mesmo tempo, a leveza de um suspiro e a precisão de um punhal. Corta fundo e assopra, mata e cura. Melhor que o silêncio, só Billie Holiday.

*Jorge Furtado é diretor, roteirista e escritor. Pela L&PM publicou Meu tio matou um cara.

Para saber mais sobre a biografia da maior diva do blues, leia Billie Holiday, o mais recente lançamento da Série Biografias.