Feliz Dia da Sogra!

Pobres sogras…lado a lado com papagaios e portugueses, elas são personagens de piadas das mais maldosas. E geralmente por parte dos próprios genros e noras! Veja só a sogra do Hagar, por exemplo:

(clique na imagem para ampliar)

Já os que acham que umas piadinhas não fazem mal a ninguém, vale renovar o repertório com as anedotas do livro Piadas para sempre, da Coleção L&PM Pocket. No livro 4, há um capítulo inteiro só com piadas sobre sogras.

O que Richard Prince tem que você não tem

Richard Prince

Discreto e taciturno, quem vê o artista Richard Prince nas ruas da pequena cidade de Rensselaerville, Nova York, onde mora há 15 anos com a esposa e a filha, não imagina que ele é dono de uma das mais incríveis coleções de relíquias relacionadas à literatura moderna dos Estados Unidos. Entre os milhares de objetos, livros e fotos que ele guarda em casa estão o exemplar de On the road com dedicatória de Jack Kerouac a Neal Cassady e os manuscritos de O poderoso chefão, de Mario Puzo. Sentiu o nível da coleção?

Graças aos milhões que ganha com a venda de seus quadros – em geral, grandes pinturas que já foram arrematados por até 8 milhões de dólares em leilões pelo mundo – Richard Prince possui o que muitos idolatram. Cheques devolvidos de Jack Kerouac, as famosas cartas de Truman Capote a Perry Smith, cuja correspondência deu origem ao célebre A sangue frio, os originais de Naked Lunch com anotações de William Burroughs, esboços das músicas de Jimmy Hendrix e uma excitante coleção de cartoons eróticos também fazem parte do acervo particular de Prince, que foi obrigado a adquirir novos espaços só para acomodar as peças que não param de chegar.

Em meio a tudo isso, uma ótima notícia: já é possível ver todas estas relíquias de perto! Parte do acervo de Richard Prince compõe a exposição American Prayer, em cartaz na Bibliotèque Nationale de France até o dia 26 de junho.

Mas se você não tem planos de ir à França nas próximas semanas, estas fotos dão um gostinho de como está a exposição.

Agatha Christie tinha outra por dentro

Agatha também era Mary. Não apenas Agatha Mary Clarissa Miller (que ao casar tornou-se “Christie”), mas também Mary Westmacott. Esse foi o pseudônimo escolhido para seus livros não policiais. Um nome que, aliás, Agatha nunca explicou exatamente de onde veio. O Mary é seu segundo nome. Mas e o Westmacott? Seria o sobrenome uma homenagem a Richard Westmacott, o famoso escultor britânico, autor do Vaso Waterloo que encontra-se no Palácio de Buckingham? Ela nunca deixou muito claro… Agatha escreveu seis romances sob esse pseudônimo (estreou como Mary em 1930), os primeiros livros sem que ninguém soubesse que era ela. Em sua autobiografia, a escritora falou sobre isso:

O que eu gostaria de fazer, agora, seria escrever um livro que não fosse policial. De modo que, com certo sentimento de culpa, diverti-me escrevendo um romance chamado Entre dois amores [Giant´s Bread]. Era sobretudo a respeito de música, e desvendava, aqui e ali, que eu possuía alguns conhecimentos técnicos no assunto. A crítica foi boa e vendeu-se razoavelmente para o que era considerado “primeiro livro”. Usava o pseudônimo de Mary Westmacott e ninguém sabia que o livro fora escrito por mim. Consegui conservar esse fato por 15 anos.

Escrevi outro livro sob o mesmo pseudônimo, um ou dois anos mais tarde, chamado Retrato inacabado  publicará este livro com o título de O retrato inacabado]. Só uma pessoa suspeitou de meu segredo: Nan Watts – agora Nan Kon. Nan possuía boa memória, e alguma frase que eu empregara acerca de umas crianças e um poema no primeiro livro atraíram sua atenção. Imediatamente disse para consigo “Tenho certeza de que foi Agatha quem escreveu isto.”

Um dia, cutucou-me as costelas e disse, num tom de voz levemente afetado: “Outro dia li um livro seu de que gostei muito; agora, deixe-me ver – como era mesmo o título? O Sangue dos amores, é isso, sim!” E piscou o olho para mim da maneira mais maliciosa. Quando a levei para casa, disse-lhe: “Conte-me agora – como foi que você descobriu a respeito de Entre dois amores?”

“É claro que eu sabia que foi você. Conheço sua maneira de falar”, disse Nan.

De tempos em tempos, eu escrevia canções, baladas sobretudo – mas não fazia a menor ideia de que teria a sorte estupenda de entrar em outro setor da arte literária inteiramente diferente e de que o iria fazer, ademais, numa idade em que já não é fácil empreender novas aventuras.

A Coleção L&PM Pocket publica todos os seis títulos de Agatha Christie como Mary Westmacott: Ausência da Primavera (um dos livros preferidos de Agatha sob o pseudônimo de Mary); Filha é filha (que, segundo sua única filha, Rosalind, foi baseado na relação entre ela e sua mãe); Retrato inacabado; O fardo; O conflito e Entre dois amores.

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25. O dia em que Victor Hugo me apresentou a Balzac

Por Ivan Pinheiro Machado*

O túmulo de Balzac no cemitério Père Lachaise em Paris

Meu pai gostava de discursos. Como deputado e advogado, foi um orador brilhante. Abastecia-se na leitura e em particular nos grandes discursos. Com isso, apresentava um pouco da grande literatura a mim e a meu irmão. Assim, conhecemos discursos célebres como o monólogo shakesperiano de Marco Antonio diante do cadáver de Julio César; o discurso de Churchill diante da ameaça nazista, onde ele pedia aos ingleses sangue, suor e lágrimas; a emocionada oração de Martin Luther King pela igualdade racial e muitos outros, entre os quais o discurso de Victor Hugo diante do túmulo de Balzac. Uma vez meu pai o leu em voz alta. Éramos pequenos, pré-adolescentes e aquelas palavras pungentes me impressionaram definitivamente. Muito anos depois, uma das frases do autor de “Os miseráveis” e “Corcunda de Notre Dame” ainda estava guardada nos recônditos da memória: “Monsieur de Balzac era um dos primeiros entre os maiores e um dos mais altos entre os melhores”. Foi então que um dia eu pensei… preciso ler este cara. Portanto, o discurso fúnebre, de tão brilhante, me levou a Balzac, cuja obra está sendo publicada na coleção L&PM Pocket. E aqui, neste espaço de lembranças, eu gostaria de compartilhar com meus 12 leitores este texto maravilhoso. Principalmente, se considerarmos o contexto em que foi dito. Quando morreu, em 18 de agosto de 1850, Balzac era um escritor muito, muito popular. Mas era detestado pela “inteligentzia” que o ridicularizava. Seu gênio estriônico, sua superprodução e a imensa empatia com o grande público, irritava os intelectuais. O genial Victor Hugo foi um dos poucos grandes escritores do seu tempo que teve a sensibilidade de antever o gênio de Balzac. Vejam só:

Discurso Fúnebre para Honoré de Balzac, por Victor Hugo – 21 de agosto de 1850

Cavalheiros:

O homem que acaba de descer a esta tumba era um daqueles a quem a dor pública acompanha seu cortejo fúnebre. Nos tempos por que passamos, todas as ficções se desvanecem. Doravante, os olhos não se fixam mais sobre as cabeças reinantes, mas sobre as cabeças que pensam, e o país inteiro sofre um abalo quando uma dessas cabeças desaparece. Hoje, o luto popular é provocado pela morte de um homem de talento; o luto nacional é a morte de um homem de gênio.

Cavalheiros, o nome de Balzac se incluirá no rastro luminoso que nossa época irá deixar para o futuro. Monsieur de Balzac fazia parte dessa pujante geração de escritores do século XIX que surgiu depois de Napoleão, do mesmo modo que a ilustre plêiade do século XVII depois de Richelieu, tal como se, no desenvolvimento da civilização, houvesse uma lei que faça suceder os que dominaram através do gládio por aqueles que dominam pelo espírito.

Monsieur de Balzac era um dos primeiros entre os maiores e um dos mais altos entre os melhores. Este não é o lugar de dizer tudo o que era essa esplêndida e soberana inteligência. Todos os seus livros formam apenas um só livro, o livro vivo, luminoso, profundo, em que se vê ir e vir, andar e mover-se, com um algo de assustador e terrível misturado ao real, toda a nossa civilização contemporânea; um livro maravilhoso que o poeta intitulou “comédia”, mas que poderia ter denominado “história”; que assume todas as formas e todos os estilos; que ultrapassa o picante e vai até Suetônio; que atravessa Beaumarchais e chega até Rabelais; um livro que é a observação e a imaginação; que prodigaliza o verdadeiro, o íntimo, o burguês, o trivial e o material; e que, por momentos, através de todas as realidades bruscamente e amplamente dilaceradas, deixa de repente entrever o ideal mais sombrio e mais trágico.

Contra sua vontade, quer ele quisesse ou não, quer consentisse ou não, o autor desta obra estranha e imensa tem o rosto vigoroso dos escritores revolucionários. Balzac vai direto ao fim. Ele enfrenta corpo a corpo a sociedade moderna. Ele arranca a todos alguma coisa: de alguns tira uma ilusão; de outros, a esperança; arranca destes um grito e àqueles uma máscara. Ele revira os vícios, disseca as paixões, esvazia e sonda o interior dos homens, sua alma, seu coração, suas entranhas e seu cérebro, o abismo que cada um de nós traz dentro de si mesmo. E, por um dom de sua livre e vigorosa inteligência, por esse privilégio das inteligências de nosso tempo que, tendo visto de perto as revoluções, percebem melhor o fim da humanidade e compreendem melhor a Providência, Balzac se destaca, sorridente e sereno, desses estudos temíveis que nos produziram a melancolia de Molière e a misantropia de Rousseau.

Vejam o que ele fez entre nós. Eis a obra que nos deixa; a obra elevada e sólida, robusto amontoado de lápides de granito: um monumento! A obra do alto da qual resplandecerá doravante sua celebridade. Os grandes homens constroem seus próprios pedestais; o futuro encarrega-se de erguer-lhes as estátuas.

Sua morte encheu Paris de estupor.

Há apenas alguns meses, ele retornara à França. Sentindo que a morte se aproximava, quis rever a pátria, como na véspera de uma grande viagem vamos abraçar nossa irmã. Sua vida foi curta, mas plena, mais cheia de obras que de dias. Ai de nós! Este trabalhador pujante, que nunca se fatigava, este filósofo, este pensador, este poeta, este gênio, viveu entre nós esta vida de borrascas, de lutas, de disputas, de combates, em todos os tempos o destino comum de todos os grandes homens. Hoje, aqui se encontra ele, em paz. Ele sai das contestações e dos ódios. No mesmo dia, ele entra na glória e no túmulo. Ele vai reluzir daqui para a frente, acima de todas estas nuvens escuras que se acumulam sobre nossas cabeças, entre as estrelas da pátria!

Todos vocês que estão aqui, não se sentem tentados a invejá-lo? Cavalheiros, qualquer que seja nossa dor em presença de tal perda, devemos sempre resignar-nos a tais catástrofes. Aceitá-las naquilo que elas têm de mais pungente e severo. É bom talvez, quem sabe é necessário, em uma época como a nossa, que de tempos em tempos uma grande morte comunique aos espíritos devorados pela dúvida e pelo ceticismo uma comoção religiosa. A Providência sabe o que faz, no momento em que coloca o povo assim, face a face com o mistério supremo e quando o faz meditar sobre a morte, que é a grande igualdade e que é também a grande liberdade.

A Providência sabe o que faz, pois este é o mais elevado de todos os ensinamentos. Aqui não podem existir senão os pensamentos mais austeros e mais sérios em todos os corações, quando um sublime espírito faz majestosamente sua entrada na outra vida, quando um desses seres que planaram por longo tempo acima das multidões com as asas visíveis do gênio, desfraldando de repente estas outras asas que não se viam, mergulha bruscamente no desconhecido.

Não, não é o desconhecido!… Não, eu já disse em outra ocasião dolorosa e não me cansarei de repeti-lo!… Não, não é a noite, é a luz! Não é o fim, é o começo! Não é o nada, é a eternidade! Todos vocês que me escutam, não é verdade? São justamente esses féretros que nos demonstram a imortalidade; é na presença de certos mortos ilustres que sentimos mais distintamente os destinos divinos dessas inteligências que atravessam a terra para sofrer e para se purificar e que o homem pára e pensa e então diz a si mesmo que é impossível que aqueles que foram gênios durante a vida não se transformem em almas depois da morte!

*Toda terça-feira, o editor Ivan Pinheiro Machado resgata histórias que aconteceram em mais de três décadas de L&PM. Este é o vigésimo quinto post da Série “Era uma vez… uma editora“.

Peter Pan em superproduções

Peter Pan, Wendy, Capitão Gancho e Sininho parecem não envelhecer mesmo nunca. Tanto é assim que, entra ano, sai ano, algum novo espetáculo, filme ou minissérie surge para dar nova vida ao texto de J. M. Barrie (Coleção L&PM POCKET). Entre eles está um mega musical que estreou no ano passado em São Paulo, passou por várias capitais do país e agora chega ao sul do Brasil. “Peter Pan – The Broadway Musical” é realmente um show ao estilo da Times Square com direito a imagens em 3D, 10 toneladas de equipamentos, 27 atores, 180 figurinos, 4 cenários giratórios e 15 trocas de palco. Um espetáculo pirotécnico com produção da Black & Red que, desde 2003, vem adaptando clássicos infantojuvenis para quem gosta de ver a Broadway em solo nacional. Dias 29 e 30 de abril e 01 de maio acontecem apresentações no Salão de Atos da UFRGS em Porto Alegre. E nos dias 7 e 8 de maio será a vez de Florianópolis.

Já nos EUA, onde Peter Pan é sucesso de bilheteria garantido, há a opção de assistir “Peter Pan, o musical”, em Chicago, numa temporada que vai de 29 de abril a 19 de junho.

E para quem não se contenta só em assistir e também quer participar, atenção: há uns 15 dias atrás, o produtor da Broadway Tom McCoy anunciou que fará a formação do elenco pelo Youtube para “Peter Pan” estrelado por Cathy Rigby. As audições em vídeo podem ser enviadas até o dia 01 de maio para os papéis (não dançantes) de: Wendy, John, Michael e Smee. Além de estar concorrendo a um papel, aquele que tiver o vídeo mais acessado no Youtube ganhará quatro entradas para ver Peter Pan no Madison Square Garden, um encontro com Cathy Rigby nos bastidores e a oportunidade única na vida de voar com a Cathy pelo palco. Em http://www.peterpancasting.com é possível obter mais informações de como participar. E se você quiser ver alguns que já foram postados, basta colocar no Youtube “Peter Pan Casting Vídeo”.

Mídias Sociais e Mercado Editorial

Por Nanni Rios*

No início de março, quando nos encontramos para jantar e tomar um vinho no Ateliê das Massas, em Porto Alegre, Ana Brambilla ainda engatinhava no projeto do que viria a ser o e-book gratuito Para entender as mídias sociais, lançado ontem, pontualmente às 17h, no Twitter. Lembro que ela estava muito entusiasmada com o novo trabalho. E não era pra menos! A ideia era reunir artigos e depoimentos de muita gente bacana sobre um assunto que ela domina e curte muito: mídias sociais.

Sou suspeita pra falar, mas o resultado ficou excelente e pode ser lido ou baixado gratuitamente no blog do projeto. Compartilho com vocês a seguir o artigo Mídias Sociais e Mercado Editorial, um pequeno relato sobre o meu trabalho com mídias sociais aqui na L&PM.

Uma das coisas mais importantes que aprendi sobre mídias sociais é que a comunicação tem que ser humanizada, não importa o uso ou a finalidade – editorial, publicidade, marketing ou mesmo pessoal. Já faço aqui o mea culpa se estou dizendo algo muito óbvio, mas este é o testemunho de quem constata isso todos os dias.

Sou responsável pelas mídias sociais da L&PM, uma editora de livros de bolso e outros formatos, cujo mérito foi colocar no mercado livros de qualidade a preços acessíveis, dos clássicos à literatura contemporânea. A L&PM foi uma das poucas editoras no Brasil que ouviu de fato a principal reclamação dos leitores – o alto preço dos livros – e propôs uma solução para o problema. Hoje, a L&PM Pocket é a maior coleção de livros de bolso do país – até o final do ano vamos chegar ao pocket número 1.000! A importância de compartilhar estas informações aqui vai além da autopromoção, pois na minha opinião, elas explicam também o jeito como a L&PM atua nas mídias sociais. “Ouvir” é a palavra de ordem no relacionamento com leitores e ela se estende às redes sociais, seguida sem hierarquia por “responder”, “trocar” e “compartilhar”.

Quando alguém fala com a L&PM no Twitter ou no Facebook (principais territórios sociais em que a editora atua), sabe que é ouvido, pois nenhuma manifestação fica sem resposta. E cabe aqui dizer que isso é fruto de uma cultura interna baseada nestes princípios, pois quando entrei no Núcleo de Comunicação, no final de 2010, os leitores já estavam “mal acostumados” com este jeito de fazer relacionamento online.

E para cativar este público, é preciso fazer com que ele se sinta especial. Foi o que fizemos no último dia 12 de março de 2011, aniversário de Jack Kerouac, ícone da geração beat, cuja obra é publicada no Brasil pela L&PM. Conseguimos uma foto de making of  inédita do filme “On the road”, gentilmente cedida pelo diretor Walter Salles, e decidimos compartilhar o privilégio com nossos leitores. Anunciamos na véspera que a imagem seria publicada no site e os primeiros a saber seriam nossos seguidores no Twitter e os amigos no Facebook. Dito e feito: o frenesi foi geral! O link com a foto ganhou o mundo, a notícia foi traduzida e publicada em vários blogs e sites gringos e os fãs de Kerouac e dos atores do filme recomendaram e repassaram o link em diversas redes. Pode-se dizer que o retorno de investimento (o famigerado ROI) foi abundante e em moeda corrente: capital social.

Eis aí um ponto chave que talvez me coloque numa posição mais confortável do que a de muitos colegas que trabalham com mídias sociais: o investimento da L&PM nesta área não tem foco em vendas, mas em relacionamento. E antes que me chamem de ingênua, explico: a L&PM não vende para as pessoas com quem eu passo o dia conversando no Twitter e no Facebook. Estas pessoas compram das livrarias, que compram de distribuidoras, que – estas sim! – são os clientes diretos da editora. Certamente, meu trabalho influencia nesta cadeia, mas a conversão em vendas não é o impacto direto esperado – e seria loucura tentar medi-lo desta forma.

Ter o retorno de vendas em segundo plano não quer dizer, no entanto, que não tenho metas a cumprir.  Cada ação planejada em mídias sociais deve prever objetivos, que envolvem, em geral, imagem (afirmação dos princípios ligados à marca), publicidade (cases que viram notícia e geram buzz) e capital social (credibilidade, relevância e reciprocidade na rede). Aumento do número de followers, de retweets, de fãs no Facebook e no número de acessos ao site também agradam, mas são só o tempero nos relatórios que consolidam as ações.

Volto a dizer que, se tudo que coloquei aqui está dito à exaustão nas bíblias das mídias sociais por aí, fica o meu testemunho de que é tudo verdade e dou fé.

*Nanni Rios é editora de mídias sociais da L&PM.

Arte, Cultura, Museu e Pasté de Angú

Por Fernanda Scherer*

Imagine um lugar bem mineiro, com nome de personagem, fogão à lenha e panela de barro e que oferece aos visitantes iguarias feitas de milho. Agora imagine um museu de objetos antigos: móveis, telefones, instrumentos musicais, moedas, recortes de jornais, eletrodomésticos, discos de vinil e até uma lambreta.

Junte tudo isso e temos o “Jeca Tatu – Museu e lanchonete”, uma famosa banca na BR-356, no município de Itabirito– MG (entre Belo Horizonte e Ouro Preto).

Além da decoração caprichada, que inclui poemas do proprietário nas paredes, quem passa pelo local se encanta com a Biblioteca Jeca Tatu: um ônibus escolar fora de funcionamento, mas sempre aberto para a comunidade e turistas de passagem pela região.

Os títulos disponíveis variam de clássicos da literatura até livros didáticos e revistas antigas.

E se você passou de carro na estrada e não viu, não se preocupe, logo em seguida uma placa indicará “Jeca Tatu ficou para trás. Passe na volta” .

 * Fernanda Scherer é supervisora de marketing da L&PM e passou a Páscoa em Minas Gerais em meio a doce de leite e pão de queijo. Mas ela diz que, de tudo o que viu e provou, o melhor foi mesmo o “Magic Bus” Jeca Tatu.

A tataravó de todas as livrarias

Ela foi considerada pelo Guiness Book of Records como a “livraria mais antiga do mundo”. E não há como contestar o feito: a livraria Bertrand, de Lisboa, foi aberta em 1732 no bairro Chiado. Para receber o certificado (que foi colocado em uma das paredes da loja) foi preciso passar por uma “rigorosa prestação de provas”. Entre elas, a Bertrand teve que confirmar que sua atividade nunca foi interrompida ao longo destes 279 anos.

A portuguesa Bertrand tem 279 anos e é considerada a mais antiga livraria do mundo

A Bertrand Livreiros foi fundada por Pedro Faure, que tinha origem francesa, e hoje é a maior cadeia de livrarias do país, com 53 filiais em Portugal e uma loja virtual que oferece mais de 100 mil títulos. No site da Betrand, aliás, pode-se ler o manifesto “Somos livros”. O texto (na verdade um poema) cita o terremoto de 1755 que devastou Lisboa, balançou as estruturas da Bertrand, mas, mesmo assim, não foi capaz de fazê-la fechar as portas. Abaixo, o manifesto:

O fim é o princípio.

Uma página que se vira.

Somos a tinta fresca em folha áspera.

A capa dura. Aquilo que procura.

Somos a História.

Desde sempre.

O terremoto de 55 e a revolução de 74.

Somos todos os nomes.

As pessoas do Pessoa,

Alexandre Herculano e Ramalho Ortigão.

O Mundo na mão.

Ponto de encontro.

De quem pensa. De quem faz pensar.

Temos pele enrugada de acontecimento.

As páginas são nossas.

E o pó que descansa na capa também.

Sabemos falar de guerra e paz,

explicar a origem das espécies

e dizer qual a causa das coisas.

Somos o que temos.

A tradição e a vocação.

A atenção. A opinião.

A história de dor e de amor.

Somos o nome do escritor.

A mão do leitor.

O certificado do Guiness Book está na parede da livraria Bertrand do bairro Chiado, que nunca deixou de funcionar. Ao visitar Lisboa, vale conhecer.

Marilyn

Por Luiz Antonio de Assis Brasil*

Em 2012 decorrem 50 anos do suicídio [?] de Norma Jeane Mortensen, aliás, Marilyn Monroe. Sua vida foi um longo ensaio para a loucura e a morte. Desde que nasceu a morte e a loucura a perseguiram, a começar por uma lendária cena de tentativa de homicídio, em que sua avó, louca, a asfixiava com um travesseiro. Depois foi a vez de internar Gladys, sua mãe, também por insanidade.

Seu pai, desconhecido.

Deu-se a sequência de ups and downs: matriculada sob o número 3463 num orfanato de Los Angeles, saiu de lá para diversos lares de ocasião, encontrando segurança apenas com Ana Lower, que tentou de todas as formas compensar os anos de abandono de sua pupila. Então surge a vida, com o desabrochar de uma beleza morena e forte, bem mais natural do que a famosa loira química dos anos seguintes.

O trabalho numa fábrica de paraquedas não poderia durar muito: descoberta por um fotógrafo, começou sua corrida irresistível rumo às páginas dos jornais, às capas das revistas ilustradas, à solitária foto que acabou nas paredes das borracharias, à Fox, ao cinema. Logo fez fama de loira burra, entregando-se, complacente, a essa imagem de caricatura.

Dentro dela, porém, subsistia a caipira Norma Jeane, um ser perplexo ante o sucesso que, no íntimo considerava imerecido. Começava a época dos ensaios: ensaios de vários casamentos, cada qual mais ruinoso do ponto de vista humano; ensaios de suicídios, alguns falsos, alguns verdadeiros. Daí foi um passo para as drogas, para o álcool, para as pílulas de dormir, de acordar.

O coquetel entre a demência e a compulsão para a morte começava a fazer seus efeitos, e a forma de superar esse círculo de ferro foi a sedução erótica – mas de fachada: Tony Curtis disse que beijar Marilyn era o mesmo que beijar Hitler. Paradoxo: o símbolo sexual do século não encontrou jamais qualquer espécie de consolo sentimental.

Grandes vidas, grandes biografias: tudo isso está no livro Marilyn Monroe, de Anne Plantagenet, saído em tradução de Rejane Janowitzer, pela L&PM, que consegue, numa habilidade e refinamento bem franceses, recriar essa mulher que, antes de um ser humano concreto, era uma tentativa em pessoa – até a última, a morte final, em 1962.

* Pela L&PM, Luiz Antonio de Assis Brasil publica Cães da Província, Perversas Famílias, Videiras de Cristalentre outros. Este texto foi originalmente publicado na pg. 06 no Segundo Caderno do Jornal Zero Hora, no dia 25 de abril.

Autor de hoje: William Shakespeare

Stratford-upon-Avon, Inglaterra, 1564 – † Stratford-upon-Avon, Inglaterra, 1616

Considerado um dos principais dramaturgos da literatura universal, sua vida é ainda um enigma, já que existem poucas informações seguras a respeito. Filho de um homem próspero e de boa posição social, que logo se arruinou, casou-se aos dezoito anos. Pouco depois, mudou-se para Londres e, sozinho, trabalhou como guardador de cavalos no teatro de James Burbage, O Globe Theatre. Nesse mesmo ambiente, tornou-se ator e dramaturgo, reescrevendo textos de autores que vendiam seus repertórios às companhias teatrais. Com o tempo, Shakespeare tornou-se famoso e recuperou a fortuna familiar. Além de textos para o teatro, escreveu poemas e sonetos. Sua obra principal é formada por tragédias e comédias que atravessaram séculos e que são fonte de inspiração para numerosas narrativas, uma vez que transmitem um profundo conhecimento da natureza humana.

Obras principais: Romeu e Julieta, 1594-1595; Hamlet, 1600-1601; Otelo, 1604-1605; O Rei Lear, 1605-1606; Macbeth, 1605-1606; A tempestade, 1611-1612

 WILLIAM SHAKESPEARE por Léa Masina

Embora Shakespeare tenha escrito bons sonetos, é mais conhecido pelas peças para o teatro, tanto tragédias quanto comédias, um completo repertório sobre a condição humana. O crítico Harold Bloom considera-o como o centro do cânone ocidental e, portanto, paradigma para avaliar a literatura.

É difícil escolher uma tragédias de Shakespeare e indicá-la como leitura obrigatória. Em meu entender, Hamlet, Otelo, Macbeth, O Rei Lear e A tempestade ocupam um espaço fundamental na construção do universo shakesperiano, embora não se possa deixar de ler os Henriques e os Ricardos, Romeu e Julieta e as comédias. Questões éticas, políticas, morais, naturais e suas transgressões compõem esse universo rico e amplo.

Para iniciar-se no universo Shakespeare, recomenda-se ler Macbeth. A leitura é fascinante, já que ali estão representadas questões humanas de extrema intensidade. Perpassado pela crueldade de uma época em que a Inglaterra estava em formação, encontra-se em Macbeth a articulação literária da ambição e da loucura. Lady Macbeth é uma personagem inesquecível, que domina a cena até mesmo quando desaparece. Os diálogos de Shakespeare e seus maravilhosos solilóquios ensinam aos escritores de hoje a arte de construir falas capazes de identificar o caráter de cada personagem. Há em Macbeth – como também em O Rei Lear – a identificação medieval do rei com a natureza. E disso decorre a denúncia de que o mundo adoece quando entram em crise os valores morais de uma época. Shakespeare elege o sofrimento como mecanismo de ação e cria relações humanas de extremo conflito para expor os desvãos da consciência humana nas falas e nas ações. Em Rei Lear, por sua vez, encontramos a complexidade das relações familiares, sempre perpassadas pelo poder feudal. O bobo da corte ali é a consciência explícita de um rei que se despoja de seu reino e do poder em favor das filhas. Essas, à exceção de Cordélia, irão traí-lo e humilhá-lo, o que torna proverbial a constatação do bobo de que ninguém deve envelhecer sem antes tornar-se sábio.

Com relação às comédias, há muito o que dizer: nelas se lê amor e desencontros. Cabe advertir que a obra de Shakespeare é um mundo a ser desvelado ao longo de toda uma vida. E nunca é tarde para começar.

* Guia de Leitura – 100 autores que você precisa ler é um livro organizado por Léa Masina que faz parte da Coleção L&PM POCKET. Todo domingo,você conhecerá um desses 100 autores. Para melhor configurar a proposta de apresentar uma leitura nova de textos clássicos, Léa convidou intelectuais para escreverem uma lauda sobre cada um dos autores.

Shakespeare é o escolhido deste final de semana porque dia 23 de abril foi seu aniversário de morte (e supõe-se que ele também tenha nascido neste dia).