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Pequeno momento nostálgico

Era um pequeno pedaço de papel estampado, geralmente quadrado ou retangular, com picotes em todos os seus vértices. Pássavamos cola em seu verso – outras vezes, num ato de paixão, era a língua que, como um pincel, liberava sua goma – e assim o colávamos nos envelopes e cartões postais. Cuidadosamente desenhado, com figuras variadas, o minúsculo papel tinha diferentes valores. Cada desenho ou cor continha em si uma espécie de tributo. Impossível atravessar uma fronteira sem ele. Muitos eram os colecionadores. Os caçadores de raridades. Os que iam em busca de carimbos distantes. Hoje, os selos continuam sendo impressos, mas se distanciam cada vez mais das palavras. Uma pena… (Paula Taitelbaum) 

Separamos alguns selos com estampas de escritores. Quem sabe você não se empolga e começa uma nova coleção? Aqui estão Edgar Allan Poe, Tolstói, Dostoiévski, Machado de Assis, Alexandre Dumas, Shakespeare, Rimbaud, Balzac, Kafka, Émile Zola, Allen Ginsberg, Jack London, Kerouak, Stefan Sweig, Tennessee Williams, Sir Arthur Conan Doyle e Agatha Christie.

Peter, uma das paixões de Agatha Christie

Agatha Christie era apaixonada por Peter. Branco, peludo, alegre e carinhoso, ela fala várias vezes nele em sua Autobiografia. E também dedica seu livro Poirot perde uma cliente ao mascote: “Ao querido Peter, o mais leal dos amigos e a mais querida das companhias, um cão em mil”. Para você entender bem a relação de Agatha e de sua filha, Rosalind, com Peter, separamos aqui alguns trechos da Autobiografia da autora em que ele é citado.

“As coisas ruins sempre aconteciam quando eu não estava presente. Rosalind recebeu-nos com sua habitual exuberância e bom humor e imediatamente anunciou o desastre: ‘Peter mordeu Freddie Potter no rosto’. A última coisa que desejaríamos saber, ao chegarmos em casa, é que nossa preciosa cozinheira-governanta-residente tivera seu precioso filhinho mordido no rosto pelo nosso precioso cachorrinho” Rosalind explicou que não fora, realmente, culpa de Peter. Ela dissera a Freddie Potter que não colocasse o rosto cada vez mais perto de Peter, roncando, de modo que, é claro, Peter mordeu-o.”

Em outra passagem do livro, Agatha Christie pergunta à filha o que ela pensa de sua mãe casar-se com Max (Max Mallowan) ao que a filha responde que ele era a melhor escolha.

“[Rosalind] prosseguiu enumerando, com a maior franqueza, do seu utilitário ponto de vista, as vantagens do meu casamento: ‘E Peter gosta dele’ acrescentou como aprovação definitiva e final.

Peter no colo do segundo marido de Agatha Christie, o arqueólogo Max Mallowan

 

Agatha Christie saturada de Hercule Poirot?

Agatha Christie em 1971 Foto: Divulgação

Agatha Christie estava cansada de seu mais famoso personagem, Hercule Poirot. Foi o que declarou o neto da Rainha do Crime, Mathew Pritchard durante uma entrevista à radio da revista Times.

“Nunca faltou a ela ideias para seus livros, mas algumas dessas ideias não eram apropriadas para Poirot, dessa maneira ela se exorcizava dele escrevendo histórias diferentes com novos personagens”, contou.

Agatha Christie repassou os direitos de seu trabalho para sua filha e seu neto antes de morrer aos 85 anos, em 1976.

Pritchard revelou ainda outras curiosidades sobre sua relação com a avó: “Ela era uma pessoa muito generosa. Quando eu tinha nove anos ela assinou ‘A Ratoeira’ para mim. Eu era jovem demais para apreciá-lo na época”.

O livro Guinness de Recordes Mundiais afirma que a escritora britânica é a maior vendedora de livros de todos os tempos, chegando ao número de dois bilhões em vendas. Também é a autora mais publicada em qualquer idioma, somente ultrapassada pela Bíblia e por Shakespeare.

Entre os quase trinta títulos que a L&PM publica, estão “Assassinato no Expresso Oriente” adaptado para os quadrinhos. Em breve, chegará também “O caso dos dez negrinhos e Morte na Mesopotâmia” também em HQ.

Quem quiser saber tudo (ou quase tudo) sobre esta grande escritora pode visitar o Hotsite especial Agatha Christie http://www.lpm-agathachristie.com.br

O romance de Agatha Christie com William Shakespeare

Acaba de chegar à L&PM o livro Ausência na primavera de Mary Westmacott, pseudônimo escolhido por Agatha Christie para publicar uma série de romances escritos entre 1930 e 1956.  Poucos conhecem este outro lado da Rainha do Crime. O livro, publicado em 1944 na Inglaterra, explora a alma humana, seus conflitos e emoções.

Uma curiosidade interessante desta obra: Agatha buscou em William Shakespeare inspiração para o romance. Além do Soneto 98 From you I have been absent in the spring, que dá nome ao livro, há várias citações de Shakespeare na trama. “O mercador de Veneza”, “Cimbeline” e os Sonetos 18 e 116 estão por lá. Um dos personagens centrais da trama, chama-se…adivinhem! William! Seria uma homenagem? A escritora Paula Taitelbaum fez uma tradução livre do soneto 98. Deleitem-se!

 

Soneto 98 – De você estive ausente na Primavera

 

De você estive ausente na Primavera

Quando abril chegou e despediu-se de suas heras

Vestindo com espírito jovem tudo o que via

Rindo e saltando como se Saturno fosse pura alegria

 

Tão indefinível o quente canto adocicado das aves

O odor e a cor das flores que surgiam suaves

Nenhuma história de verão poderia isso contar

Pois seu orgulho a brandura do colo iria arrancar

 

Nem mesmo sei por que o lírio branco eu escolhi

Por que a vermelhidão da rosa eu não preferi?

Troquei a doçura pela soma do prazer

Terminamos em empate, ser versus não ser

 

No entanto, o inverno ainda geme e você continua ausente

Somente sua sombra brinca em minha frente

Neto de Agatha Christie critica Wikipedia por contar o final da história

A regra básica para resenhar um suspense é não contar o final da história – ou, no caso de Agatha Christie, não revelar a identidade do assassino. Pois a regra passou batida pelos editores da Wikipedia, que há um bom tempo mantém a informação disponível (e sem aviso de spoilers) em sua página dedicada à peça  A ratoeira (The mousetrap).

Agora os fãs da escritora ganharam um reforço de peso na batalha pela mudança da sinopse: o neto de Agatha, Matthew Prichard, que  possui os direitos da peça. “É uma pena que uma publicação, se é que podemos chamá-la assim, estraga de alguma maneira o prazer das pessoas que vão assistir à peça.  Não é questão de dinheiro ou qualquer coisa assim. É só uma pena”, disse ele ao Telegraph.

L&PM prepara hotsite para aniversário de Agatha Christie

Em setembro celebram-se os 120 anos de nascimento de Agatha Christie, e uma série de eventos marcará a data em todo o mundo. Até um festival está sendo organizado em Torquay, cidade natal da escritora no oeste da Inglaterra.  Enquanto isso, aqui no Brasil, a L&PM está preparando um hotsite especial para os fãs da Rainha do Crime.

Nele, estarão informações sobre os quase 30 livros de Agatha publicados pela Coleção L&PM Pocket, além de curiosidades, relação dos personagens mais importantes e um quiz para testar o conhecimento dos leitores-internautas.

Lançamentos na Bienal de São Paulo

No post anterior, falamos das 50 reedições deste mês.
E se em julho, que era para ser “o mês de cães danados”, já tivemos essa produção toda, agosto não poderia chegar em menor estilo. O grande acontecimento será a 21ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, a realizar-se no Anhembi de 12 a 22 de agosto.
E para marcar este importante evento, a L&PM terá excelentes novidades tanto entre os livros convencionais, como nos livros de bolso. Olha só:

Coleção L&PM POCKET:
Depois do Funeral – Agatha Christie
Maigret sai em viagem – Simenon
Radicci 7 – Iotti
A linha de sombra – Joseph Conrad
Lincoln (Série Encyclopaedia) – Allen Guelzo
Primeira guerra mundial (Série Encyclopaedia) – Michael Howard
Despertar: uma vida de Buda – Jack Kerouac
O amor é o cão dos diabos – Charles Bukowski
Bella Toscana – Frances Mayes

Outros formatos:
Peanuts Completo volume 3 – Charles Schulz
Anjos da desolação – Jack Kerouac
Clássicos do Horror (Drácula, Frankenstein e O médico e o monstro) (Série Ouro) – Bram Stoker, Mary Shelley e Robert Louis Stevenson
Pedaços de um caderno manchado de vinho –Bukowski
Amores de alto risco – Walter Riso
A espécie fabuladora – Nancy Huston
Videiras de cristalLuiz Antonio de Assis Brasil
Assassinato no Expresso Oriente & Morte no Nilo (Versão em Quadrinhos) – Agatha Christie

Alguns trechos dos livros novos já estão disponíveis na seção Próximos Lançamentos do nosso site.

Walter Ego e outros alteregos da literatura

Foi para homenagear todos os alteregos – na verdade mais os “egos” do que os “alter”, que o cartunista Angeli criou Walter Ego, o mais emblemático de seus personagens e que, como o próprio nome sugere, ama a si mesmo acima de tudo (clique na tirinha para ampliar).

E foi aproveitando o tema e o nome sugerido por Angeli que resolvemos perguntar: você tem um alterego? Tipo um pseudônimo, uma personalidade dupla, um outro você? Não? Pois muitos escritores tem… Parte deles, simplesmente usava outro nome para assinar algumas de suas obras. Fernando Pessoa, por exemplo, era ao mesmo tempo Álvaro de Campos e Bernardo Soares. Agatha Cristhie virou Mary Westmacott na hora de publicar seus romances não policiais. E Nelson Rodrigues não só usou outro nome, como trocou de gênero. Na década de 1940, sem que os leitores soubessem, Nelson assinava Suzana Flag em folhetins que eram publicados nos jornais. O alterego feminino do escritor não só fez o maior sucesso como passou a receber cartas de homens apaixonados. E os alteregos literários não param por aí. Muitas vezes eles se escondem (ou não) nas páginas das próprias obras. O alterego de Franz Kafka seria Gregor Samsa, seu personagem em Metamorfose. Dizem que David Copperfield era o próprio Charles Dickens. E Lima Barreto teria criado Isaías Caminha com sua própria personalidade, enquanto João da Ega seria o alterego de Eça de Queiroz em Os Maias. Ficou inspirado? Então responda mais essa: se você tivesse que criar um outro você, quem ele seria?

Um jardim com todas as plantas venenosas das histórias de Agatha Christie

55 assassinatos por envenenamento foram cometidos nos livros de Agatha / Divulgação

A Coleção L&PM POCKET já soma mais de vinte títulos de Agatha Christie. Perfeitos para serem levados na mala, eles ainda podem servir de motivação para um tour pelo sul da Inglaterra.
Ao visitar o condado de Devon, onde a escritora nasceu, você poderá conhecer Greenway, a casa de veraneio da família Christie, e dar uma passada pela Ilha do Burgh, que inspirou a Rainha do Crime a escrever O caso dos dez negrinhos. Também terá a opção de ficar hospedado no The Grand Hotel, em Torquay, onde Agatha passou a noite de núpcias com o primeiro marido.
Em Torquay, aliás, cidade do condado às margens do Canal da Mancha, há ainda um museu com uma ala inteira dedicada à escritora e um jardim venoso em homenagem a ela. O jardim apresenta todas as plantas venenosas que aparecem em seus livros – dos 80 casos de assassinatos, 55 foram cometidos por envenenamento. O interessante é que o jardim tem um clima de mistério, pois além das ervas letais que apresenta, ainda oferece pistas que permitem ao visitante tentar descobrir os segredos de algumas delas.
 Torquay, chamada de “Riviera inglesa” pelo seu clima ameno, será o principal palco das celebrações dos 120 anos do nascimento da escritora que começam em setembro deste ano. Se você é fã, prepare as malas. 

As aventuras de Tommy e Tuppence

Tradutor de diversos títulos da Agatha Christie, Henrique Guerra publicou no seu blog um texto sobre os livros da dupla Tommy e Tuppence. Com a devida autorização, reproduzimos o aqui o texto dele. Da dupla, a L&PM já publicou Sócios no crime e Portal do destino. Os direitos de N or M? e By The Pricking of My Thumbs também foram adquiridos pela editora e serão publicados em breve.

Tommy & Tuppence: sempre aventureiros

O universo de Tommy e Tuppence envolve espionagem, contraespionagem, mensagens cifradas, segredos de Estado, fugas, perseguições, reviravoltas, tiros, socos e até cabeçadas. Tommy, sempre com os pés no chão; Tuppence, intuição pura. Um casal que se ama e se alfineta com intensidade. Ao criar a dupla, Agatha Christie surpreendeu a Bodley Head (editora do livro de estreia da autora, O misterioso caso de Styles), que esperava novo whodunnit. Em vez disso, Agatha entregou um thriller insuperável.

O inimigo secreto (The secret Adversary, 1922), primeiro livro com Tommy e Tuppence e segundo de Agatha, tem como dedicatória: “A todos os que levam uma vida monótona, com votos de que experimentem em segunda mão os encantos e os perigos da aventura”. Ao cabo da Primeira Guerra, Tommy e Tuppence precisam encontrar Jane Finn, que antes de escapar de um naufrágio recebe importantes documentos de um agente secreto.

Sócios no crime (Partners in Crime,1929) é uma coletânea de contos que se interconectam. A segunda aventura dos Beresford inicia com Tuppence ansiosa por peripécias. Então Tommy recebe a missão oficial de cuidar de uma agência de detetives. Detalhe: em cada caso deslindado, Agatha homenageia (ou satiriza) um detetive da ficção policial (entre eles, o Padre Brown e Sherlock Holmes). Inclusive, numa das histórias, Tommy e Tuppence encarnam Poirot e Hastings para enfrentar ninguém menos que o Número 16 – brincadeira alusiva ao Número 4, vilão de Os Quatro Grandes.

Em M ou N? (N or M?, 1941), sua terceira aventura, T & T voltam à ativa em plena Segunda Guerra, quando agentes infiltrados (os “quinta-colunas”) no seio da comunidade britânica auxiliam os nazistas a realizar seus intentos. A ação se passa na pensão Sans Souci, pacato estabelecimento no litoral, onde podem estar hospedados M ou N, agentes nazistas da confiança de Hitler. A única informação de que os Beresford dispõem é que M é mulher e N é homem. Mistura perfeita de adrenalina e suspense.

By the pricking of my thumbs (1968), é uma citação da peça Macbeth (da fala de uma bruxa). No Brasil, ganhou o título Um pressentimento funesto. Em sua quarta aventura, Tommy e Tuppence vão visitar a tia Ada, que mora num asilo. Tuppence conversa com a sra. Lancaster, que olha para a lareira e comenta: “A coitadinha era sua filha?”. A sra. Lancaster é retirada do asilo de modo tempestuoso, deixando como única pista o quadro de uma bucólica residência. Tuppence decide investigar o paradeiro da sra. Lancaster e o sinistro mistério por trás da “criança morta na lareira”.

Publicada em 1973, a quinta aventura dos Beresford, Portal do destino (Postern of Fate), é a derradeira obra composta por Agatha. Depois ainda lançou dois romances escritos na década de 1940: Cai o Pano e Um crime adormecido (o último caso de Poirot e de Miss Marple). Portal do destino narra o mergulho no passado feito pelos Beresford ao encontrarem nas páginas de um livro no sótão da nova casa a mensagem: “Mary Jordan não morreu de morte natural”. Ladeados pelo cãozinho Hannibal, os Beresford voltam à ativa para desvendar o mistério. Uma curiosidade: Tuppence encontra na casa itens citados na autobiografia de Agatha (KK, Matilde e Truelove). Como em outras obras do fim de carreira de Agatha, Portal do destino foi gravado no ditafone e depois transcrito.

Em todas as cinco aventuras, o casal conta com a fiel colaboração do escudeiro Albert. Diálogos espirituosos, gosto pelo perigo e inesgotável juventude garantem aos Beresford lugar especial na galeria de personagens de Agatha Christie. Que teve um pressentimento nada funesto ao escrever em 1922 numa carta para sua mãe: “Não se preocupe com dinheiro. Algo me diz que a dupla Tommy e Tuppence será um sucesso.”