Angeli e as fantasias pro Carnaval

Em 1986, quando publicava textos, cartuns, sacadas e quadrinhos avulsos na revista Chiclete com banana, Angeli sugeriu algumas fantasias de Carnaval aos leitores. Sempre com aquela ironia que o caracteriza, claro. Fantasias que depois foram parar nas páginas do livro Os broncos também amam (Coleção L&PM Pocket) e que agora compartilhamos aqui. Vá que você ainda não tenha fantasia e esteja precisando de uma sugestão…

Quadro de Amadeo Modigliani leiloado por cerca de R$ 80 milhões

Um retrato pintado pelo mestre modernista italiano Amadeo Modigliani em 1919 foi leiloado nesta quarta-feira (6 de fevereiro) em Londres por 26,9 milhões de libras na Christie”s. A quantia equivale a 42,1 milhões de dólares – ou quase R$ 80 milhões de reais. A venda superou as expectativas da famosa casa de leilões. Um porta-voz da Christie´s não indicou em um primeiro momento quem havia adquirido esta obra, que desde 2006 pertencia a um grande colecionador de Nova York, que a tinha obtido por 16,3 milhões de libras (cerca de 30 milhões de dólares ao câmbio da época).

O quadro em questão é “Jeanne Hebuterne (de chapéu)”, um retrato da grande musa de Modigliani, Jeanne Hébuterne que, grávida, suicidou-se logo após a morte do pintor. A obra foi feita em 1920, ano em que o pintor morreu, aos 35 anos.

No fim do ano [1919], sua saúde piora de maneira alarmante, a febre o consome, ele não para mais de tossir, às vezes cospe sangue. Devastando seu peito, a tuberculose escava seu impiedoso caminho. Apesar disso, ele não descansa e continua a trabalhar, encadeando quadros. Telas e desenhos de Jeanne, o retrato de Paulette Jourdain, a pequena criada dos Zborowski, mais um último retrato de Jeanne e depois seu único auto-retrato pintado, o único desde a infância, a carvão, de 1899. Ele se apresenta com a paleta de pincéis na mão direita, esgotado, o rosto muito magro, os traços abatidos e sem expressão, sem olhar, ou melhor, com o olhar virado para si mesmo, como que desprendido, como se pressentisse o fim. Seu último quadro será o retrato do músico grego Mario Varvogli. Segundo os historiadores da arte e os biógrafos, sem contar os desenhos, os esboços, Modigliani pintou aproximadamente 120 telas entre 1918 e 1919.  (Trecho de Modigliani, de Chistian Parisot, Série Biografias L&PM)

“A maldição do espelho” reflete um mistério da vida real

A trama de A maldição do espelho, de Agatha Christie, tem como figura central uma atriz de cinema americana chamada Marina Gregg. Quando Marina vai morar no pacato vilarejo de St. Mary Mead, Miss Marple assiste tudo de sua janela e fica curiosa em saber porque uma estrela de Hollywood foi parar ali. A curiosidade aumenta quando, em uma festa na mansão da atriz, uma das convidadas morre envenenada. Marina tem certeza de que ela era o alvo – mas quem poderia querer matá-la? Um mistério que só Miss Marple, ao embrenhar-se no passado dos envolvidos, poderá desvendar.

A maldição do espelho foi lançado originalmente em 12 de dezembro de 1962. E logo depois de sua chegada às livrarias, a editora Collins recebeu uma carta indignada de um leitor americano reclamando que Agatha Christie teria se baseado na tragédia pessoal da famosa atriz Gene Tierney para criar esta novela. Os editores responderam que Agatha só soube da tragédia pessoal de Tierney muito depois de ter escrito seu livro. Mas ainda hoje há gente que defende o contrário.

E realmente as coincidências entre realidade e ficção são grandes. O drama pessoal que ocorreu com Gene Tierney e que está descrito em sua autobiografia (Auto-Retrato, New York: Wyden, 1979) aconteceu em junho de 1943. Ela estava grávida de sua primeira filha quando contraiu rubéola durante uma única aparição em um nightclub chamado “A Cantina Hollywood”. Por conta disso, sua bebê, que recebeu o nome de Daria, nasceu prematura, surda, parcialmente cega e com uma deficiência mental séria, o que levou a atriz à depressão. Algum tempo depois, em uma festa, Tierney foi abordada por uma fã que pediu-lhe um autógrafo e revelou que, em 1943, havia escapado de sua quarentena de rubéola só para ir à “Cantina Hollywood” ver Tierney de perto. Ou seja… Estava ali a culpada de tudo.

Agora cabe a você ler A maldição do espelho, que acaba de chegar à Coleção L&PM Pocket, investigar e tirar suas próprias conclusões sobre se Agatha Christie teria ou não usado este fato real para compor sua trama – que, aliás, é considerado um dos mistérios mais psicologicamente intensos da Rainha do Crime.

Gene Tierney era considerada uma das mais lindas atrizes de Holywood

Inspirados em Lutzenberger, manifestantes protegem árvores

Na quarta-feira, 6 de fevereiro, a Smam (Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Porto Alegre) iniciou a remoção de 115 árvores de uma praça no centro da cidade, localizada em frente à Usina do Gasômetro. Até o início da tarde, 14 árvores haviam sido derrubadas, mas moradores da região iniciaram uma série de protestos que suspenderam temporariamente o trabalho. Eles subiram nas árvores para impedir que elas fossem ao chão. Uma das moradoras contou que os residentes souberam, por assembleia, que a rua seria duplicada, mas nada foi dito sobre o corte das árvores.

Um dos manifestantes foi fotografado lendo o livro Manual de Ecologia – Do jardim ao poder (Coleção L&PM Pocket), de José Lutzenberger, ecologista brasileiro de projeção mundial que faleceu em 2002. A foto ganhou destaque nas redes sociais.

Manifestante lê livro de Lutzenberger

Em 25 de fevereiro de 1975, um jovem estudante de engenharia elétrica da Universidade Federal do RS foi o primeiro a lançar esse tipo de protesto no Brasil. Ao ver que funcionários da Secretaria Municipal de Obras estavam cortando dezenas de árvores para construir um viaduto, o mineiro Carlos Alberto Dayrell subiu em uma grande árvore em frente à Faculdade de Direito da UFRGS, em uma das principais vias da cidade, a avenida João Pessoa. Dayrell, que era sócio da Agapan (Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural), subiu numa Tipuana e lá permaneceu durante o dia inteiro. O protesto funcionou, pois a árvore segue linda e frondosa até hoje.

José Lutzenberger, que foi o primeiro presidente da Agapan, declarou em 1998 que “O protesto do Dayrell foi o fato que mais sacudiu a opinião pública na época”. Naquela época, o manifestante foi parar na delegacia de polícia política, pois impedir o corte de árvores era crime contra a segurança nacional. A foto de Dayrell foi para em muitos jornais e ganhou destaque de capa de O Estado de São Paulo. Considerada a mais importante manifestação ecológica de Porto Alegre, esta história ainda hoje é lembrada e serve de exemplo.

Dayrell em 1975

A mulher que queimava poesia

Foi em meio à ditadura de Stálin na Rússia que Anna Akhmátova criou seus poemas mais célebres. Depois de dois maridos mortos e um filho preso pelo regime, ela encontrou no próprio sofrimento e na agonia da espera a inspiração para seus versos.

O contexto socio-político conturbado influenciou não só o conteúdo da literatura produzida naquela época, mas também a técnica: para não ser descoberta pela polícia secreta, ela anotava seus versos em pedaços de papel apenas como um recurso de memorização e, quando o poema estivesse decorado, queimava as anotações num cinzeiro. É por isso que “Réquiem”, uma das peças mais comoventes de sua Antologia poética, é composta por uma porção de poemas curtos. E o mesmo aconteceu com vários escritores da época.

Durante alguns anos, o “Réquiem” foi se formando e sendo guardado de memória até o dia que fosse possível colocá-lo no papel. Sobre a prisão do filho, ela escreve:

Levaram-te embora ao amanhecer
Atrás de ti, como quem acompanha um carro fúnebre, eu segui.
No quarto às escuras, as crianças soluçavam
e a vela gotejava diante do ícone.
Teus lábios estavam gelados como uma medalhinha.
Do suor mortal em tua fronte nunca me esquecerei.
Como as viúvas dos Striéltsi, eu também
irei gritar diante das torrers do Kremlin.

(…)

Há dezessete meses choro,
chamando-te de volta pra casa.
Já me atirei aos pés do teu carrasco.
És meu filho e meu terror.
As coisas se confundem para sempre
e não consigo mais distinguir, agora,
quem a fera, quem o homem,
e quanto rerei de esperar até a sua execução.
Só o que me resta são flores empoeiradas
e o tilintar do turíbulo e pegadas
que levam de lugar nenhum a parte alguma.
E bem nos olhos me olha,
com a ameaça de uma morte próxima,
uma estrela enorme.

(…)

A L&PM publica uma Antologia poética de Anna Akhmátova, com tradução direto do russo feita por Lauro Machado Coelho, na Coleção L&PM Pocket.

“Memórias do Esquecimento” será publicado na China

A coluna de Ancelmo Gois, no Jornal O Globo desta quarta-feira, 6 de fevereiro, conta que o livro Memórias do esquecimento, de Flávio Tavares, relançado há pouco na Coleção L&PM Pocket, vai ser publicado na China.

Memórias do esquecimento recebeu o Prêmio Jabuti 2000 na categoria melhor reportagem. O livro é um relato descarnado e cru sobre a prisão e a tortura após o golpe militar de 1964 no Brasil. Flávio Tavares participou da resistência à ditadura e foi preso. Acabou libertado com outros catorze presos políticos em troca do embaixador dos Estados Unidos, em 1969, iniciou longo exílio no qual foi vítima (e sobrevivente) da chamada Operação Condor.

Nos bolsos do sobretudo eu carregava “segredos militares” e, daí em diante, tudo mudou. Na manhã seguinte, o Exército uruguaio enviou um emissário a Brasília para me oferecer ao governo brasileiro, “vivo ou morto”, como quisessem. Era, porém uma sexta-feira e em Brasília não havia ninguém para decidir. (Trecho de Memórias do esquecimento)

Shakespeare na boca do povo

Shakespeare é pop. Muito pop. Não só porque suas histórias são conhecidas no mundo inteiro – e porque Romeu e Julieta virou nome de queijo com goiabada -, mas também pelo fato de que muitas das expressões que estão na boca do povo foram inventadas por ele. “Isso parece grego pra mim”, “Mais pra lá do que pra cá”, “Sem pregar o olho”, “Dias melhores virão”, “O próprio diabo encarnado” são expressões shakespearianas ditas por seus personagens. Sem contar aquelas que são o próprio nome de livros como “Medida por medida” e “Bem está o que bem acaba”. Não bastasse isso, ele criou 1.700 novas palavras que hoje fazem parte do vocabulário mundial. Alguns exemplos são Advertising (Publicidade), Bandit (Bandido), Champion (Campeão), Generous (Generoso), Obscene (Obsceno), Torture (Tortura) e Zany (Bobo). 

Veja aqui alguns exemplos de expressões criadas por Shakespeare e descubra em que livros elas estão:

Meu reino por um cavalo! (Ricardo III)

Nem tudo o que reluz é ouro. (O mercador de Veneza)

Há mais coisa entre o céu e a terra do que sonha a nossa vã filosofia. (Hamlet)

O resto é silêncio… (Hamlet)

O que não tem remédio, remediado está. (Otelo)

Prudência! Quem mais corre, mais tropeça! (Trabalhos de amor perdidos)

Há algo de podre no reino da Dinamarca. (Hamlet)

A mulher é um prato para os deuses, quando não é o demônio que a prepara. (Antonio e Cleópatra)

Morrer…dormir… talvez sonhar. (Hamlet)

O bem que os homens fazem quase sempre é enterrado com seus ossos… (Julio César)

Colocar o carro na frente dos bois. (Ricardo III)

O ciúmes é um monstro de olhos verdes. (Otelo)

Você pode conhecer mais citações de Shakespeare no livro Shakespeare de A a Z. A Coleção L&PM Pocket publica 22 peças assinadas por ele e com traduções primorosas feitas por mestres como Millôr Fernandes e Beatriz Viégas-Faria: Medida por medida, Hamlet, O Rei Lear, A megera domada, Romeu e Julieta, Otelo, Macbeth, Ricardo III, Antonio e Cleópatra, Julio César, Como gostais / Conto de inverno, Tito Andrônico, Bem está o que bem acaba, O mercador de Veneza, Henrique V, A tempestade, Trabalhos de amor perdidos, Sonho de uma noite de verão, Noite de reis, Muito barulho por nada, A comédia dos erros e As alegres matronas de Windsor.

“Meu reino por um cavalo!”: descoberta ossada de Ricardo III

Na literatura, graças à Shakespeare, ele ficou associado à frase “Um cavalo, um cavalo, meu reino por um cavalo”. Pois eis que agora se descobriu que Ricardo III estava justamente enterrado sob muitos cavalos-de-força. Isso se forem somados os carros estacionados sobre sua sepultura.

Arqueólogos acabam de divulgar que a ossada de Ricardo III, morto em 1485, e que foi encontrada sob um estacionamento de Leicester, na região central da Inglaterra, é mesmo do monarca. “A conclusão acadêmica da Universidade de Leicester é que, além de qualquer dúvida razoável, o indivíduo exumado em Greyfriars, em setembro de 2012, é efetivamente Ricardo III, o último rei da Inglaterra da casa Plantagenet”, afirmou o arqueólogo Richard Buckley, que encabeçou a investigação, desencadeando aplausos do público.

Cientista mostra imagem ampliada do crânio que tem as marcas de Ricardo III

A escavação feita pela equipe da Universidade no ano passado descobriu um convento preservado debaixo deste estacionamento no centro da cidade e também um esqueleto com uma curvatura na coluna vertebral e cheio de cicatrizes, similares às agressões letais que o rei sofreu no campo de batalha. Após uma bateria de testes e análises de DNA, os especialistas da Universidade anunciaram que os restos mortais encontrados são realmente do último rei da casa Plantagenet.  

William Shakespeare imortalizou Ricardo III como um tirano corcunda que matou os dois sobrinhos que impediam seu acesso ao trono da Inglaterra. Sua história está na Coleção L&PM Pocket com tradução de Beatriz Viégas-Farias.

Capa da edição de "Ricardo III" da Coleção L&PM Pocket traz a única imagem que se conhece deste monarca

Casa que F. Scott Fitzgerald morou em Baltimore está à venda

Está à venda a casa onde o escritor F. Scott Fitzgerald morou em Baltimore, de 1933 a 1935, com sua esposa Zelda – depois que ela ateou fogo na casa onde eles moravam antes. O anúncio descreve a propriedade como uma “uma residência agradável e elegante” com “varandas e um jardim privado”. São 3.600 m² no total pela bagatela de 450 mil dólares!

Ainda segundo o anúncio, vários detalhes da construção original datada de 1900 estão preservados, como as lareiras ornamentadas, as janelas enormes e as portas em estilo francês. Enquanto morou na casa de Baltimore, Fitzgerald publicou seu último romance, Suave é a Noite, e algumas partes de Crack-up.

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