Um delicioso bolo para servir na Páscoa

Sábado tem sempre uma “Receita do dia” vinda diretamente dos livros da Série Gastronomia L&PM. A receita de hoje, que é uma dica para deixar a sua Páscoa ainda mais deliciosa, está no livro 100 receitas de Patisseria, de Sílvio Lancelotti:

BOLO DE NOZES

Ingredientes:

2 xícaras, de chá, de açúcar – 2 colheres, de sopa, de manteiga, amolecida à temperatura ambiente – 3 gemas – 1 xícara, de chá, de leite – 1 xícara, de chá, de nozes bem moidinhas – 3 xícaras, de chá, de farinha de trigo, peneirada – 1 colher, de chá, de fermento em pó – Creme de Chantilly – Metades de nozes

Modo de fazer:

Bater o açúcar e a manteiga. Acrescentar as gemas. Bater e rebater. Adicionar o leite, as nozes, a farinha de trigo e o fermento. Bater e rebater. Despejar na forma. Levar ao forno, médio, até que a superfície do bolo fique bem tostadinha. Desenformar. Virar num prato bonito. Cobrir com o Chantilly. Enfeitar com as nozes cortadas pela metade.

Livros que são a sua cara

Você se parece com seu escritor predileto? E com o seu personagem favorito, se parece?
A agência de propaganda Love Agency, da Lituânia, preparou uma campanha para a livraria Mint Vinetu que explora exatamente isso. Batizada de “Become someone else” (“Torne-se alguém”), a ideia da série de cartazes é criar uma identificação do leitor com os livros. E quem nunca pensou em entrar dentro de uma trama, tornar-se personagem e poder interferir nos rumos da história? Na campanha, há personagens para todos os gostos: de Frankenstein a Hamlet. E, você, com quem se identifica?

Frankenstein

Frankenstein "Become someone else"

Dom Quixote

Dom Quixote "Become someone else"

Hamlet

Hamlet "Become someone else"

Livros versus ovos de Páscoa

Ainda não comprou os ovos de Páscoa? Então pense bem: quem sabe, este ano, pra variar, você não troca o chocolate pelos livros? Não tem certeza? Então dá uma olhada nos doze motivos que listamos para tentar convencer você:

1. Enquanto, ao ser levado na bolsa, o chocolate do ovo de Páscoa tem grande chance de derreter, escapar do papel e melecar tudo, um livro pode ficar ali quanto tempo você quiser. De preferência, até o dia que de você termine de lê-lo, é claro.

2. Um ovo de Páscoa de 300g tem em média 1.600 calorias (alguns até mais)! Em contrapartida, segundo uma pesquisa da cadeia de livrarias britânica Borders, livros de ação fazem a gente gastar duas calorias por minuto, pois suas histórias levam o corpo a produzir mais adrenalina. Agatha Christie e Conan Doyle são, portanto, emagrecedores!

3. O ovo de Páscoa pode durar de alguns minutos a semanas, enquanto o livro vai durar até a próxima Páscoa. Ou melhor: pode ficar com você por toda vida. Quem sabe até passar pra seus filhos, seu netos, bisnetos…

4. Um ovo de Páscoa pode ser dividido (apesar de muita gente preferir comer tudo sozinho), mas compartilhar um livro é espalhar conhecimento e emoção…

5. Livros, apesar de serem feitos de papel, podem ser considerados mais ecológicos, pois não produzem lixo. Já os ovos são embalados em papel alumínio e papel celofane, vem com fita, adesivo, embalagem do recheio…

6. Você já ouviu falar de alguém que tenha alergia ou intolerância a livros?

7. Enquanto os ovos de chocolate têm apenas opções do tipo “ao leite”, “meio amargo”, “amargo”, “branco” e “com flocos”, livros oferecem uma gama enorme de gêneros que vão dos romances aos quadrinhos.

8. Em caso de compras de última hora, ao optar por livros, você não vai precisar entrar em fila, ficar com os “restos” ou brigar com aquela senhora que insiste que o último ovo da Barbie é dela e não seu.

9. Livros vêm com mais surpresas do que um ovo de Páscoa. Pode ter certeza.

10. O livro pode ir junto pra cama e, mesmo no caso do sono se abater sobre você, ele não vai sujar o seu lençol. Ah, você também não precisa escovar os dentes depois.

11. Livros em excesso não fazem mal à saúde. Muito pelo contrário. Já os ovos…

12. Os livros da Coleção L&PM POCKET custam mais barato do que a maioria dos ovos de Páscoa.

Se mesmo com tudo isso, você ainda insistir nos ovos de Páscoa, a gente entende, afinal, eles são o símbolo da Páscoa. Mas quem sabe você também não coloca um livro no ninho?

Kerouac em dobro no cinema em 2012

Se você é fã da literatura beat, deve estar contando os dias para assistir ao On the road, de Walter Salles, que tem estreia prevista para o início do ano que vem. Pois vá preparando o coração para emoções em dobro em 2012: o diretor Michael Polish já começou a filmar Big Sur, baseado no livro que é considerado o mais honesto e pessoal de Jack Kerouac. Lançado em 1962, Big Sur mostra a deterioração física, mental e de ideais vivida pelo personagem Jack Duluoz (alter ego de Kerouac). Outros nomes da geração beat são retratados nesta obra autobiográfica como Neal Cassady, Carolyn Cassady e Lawrence Ferlinghetti. No filme, Jack Kerouac será interpretado pelo ator Jean Marc-Barr

Após o frenesi causado pelo lançamento do livro On the road, em 1957, Kerouac passou um período retirado na cabana de Ferlinghetti, seu amigo, poeta e dono da City Lights Books, editora que publicava (e ainda publica) os beat. Na região de Big Sur, na Califórnia, ele dedicou seus dias à escrita de um novo romance. É o próprio Ferlinghetti que conta esta história no vídeo a seguir: 

Clique para ver o vídeo no Youtube

24. E-books: vanguarda “avant la lettre”

Por Ivan Pinheiro Machado*

No ano de 1999, virada de século, falava-se muito em fim do mundo e, creia, em e-books. Os jornais noticiavam insistentemente e as feiras dedicavam espaços generosos à nova tecnologia. Afinal, o livro seria o produto ideal para transações via internet. Paga-se e pronto: o download é feito imediata e rapidamente no suporte escolhido. Influenciados pela mídia que exaltava o “novo livro”, resolvemos fazer aquela que seria a primeira “editora digital” do país. Conversamos com o editor e especialista em questões digitais Sérgio Lüdtke que recém tinha vendido sua participação na editora Artes e Ofícios em Porto Alegre. O resultado desta conversa foi a criação de uma empresa chamada “Digibook”, onde a L&PM entraria com os arquivos digitais de seus livros e Sérgio daria o suporte tecnológico para operarmos online. Trabalhamos durante uns seis meses nesta novidade. Digitalizamos 200 títulos, enquanto o Sérgio tentava desenvolver uma interface para ser instalada nos computadores. Através desta interface, seria feito o download do livro.

Apesar de termos trabalhado muito, nossa Digibook não decolou. Acabamos ficando no meio do caminho por falta de solução a várias questões técnicas. Enquanto isso, a mídia foi silenciando, silenciando, até que, lá pelos idos de 2002, ninguém mais falava em “livro digital”. Nem aqui, nem nas grandes feiras de livro, como Frankfurt e Londres. Nós arquivamos a nossa Digibook e seus 200 títulos num CD e seguimos tocando a vida. Depois da “bolha” de desinteresse que durou uns cinco anos, o tema e-book voltou à tona no Brasil. Enquanto os Estados Unidos rapidamente criavam um mercado importante, por aqui, o assunto engatinhava. Somente a partir de 2009 os editores se mobilizaram. Hoje, começa a haver uma oferta importante de títulos. Surfando na onda dos iPads, o mercado brasileiro dá seus primeiros passos rumo ao futuro. Para termos um mercado de livros digitais, precisamos ter o suporte ou, os e-readers, aparelhos nos quais o público lerá os livros digitais. E a venda de leitores tem crescido exponencialmente no Brasil, embalada pela febre dos tablets.

12 anos nos separam do nosso projeto pré-histórico. A Digibook acabou indo parar naquele velho CD, no fundo de alguma gaveta. Mas o mundo não acabou – ao contrário, evoluiu – e a L&PM sobreviveu à virada do século, criando a maior coleção de livros de bolso do país e já está disponibilizando mais de 150 títulos digitais nos sites das livrarias Saraiva e Cultura. Enquanto isso, o nosso parceiro Sérgio Lüdtke tem tido uma brilhante carreira como jornalista e expert em mídias digitais. Hoje, ele edita a revista Época nas versões online e para Ipad. Só não vingou como futurólogo. Indagado pelo jornal de negócios “Gazeta Mercantil” sobre o futuro dos e-books (era o ano de 1999) ele declarou “vocês verão, no Natal de 2001 todo mundo vai ganhar um e-book de presente”…

A L&PM e o livro digital

A partir de hoje, dia 19 de abril, a L&PM Editores inicia de forma profissional a sua entrada no mundo dos livros digitais. Distribuídos pela DLD (Distribuidora de Livros Digitais), ele já estão disponíveis para o grande público em nosso catálogo. O objetivo é disponibilizar mais de 400 títulos até o fim do ano e 1.000 títulos até o final de 2012.

*Toda terça-feira, o editor Ivan Pinheiro Machado resgata histórias que aconteceram em mais de três décadas de L&PM. Este é o vigésimo quarto post da Série “Era uma vez… uma editora“.

O aniversário do incansável Monteiro Lobato

Escritor, editor, tradutor, advogado, promotor, industrial e dono de Cia. de Petróleo. José Bento Renato Monteiro Lobato foi tudo isso em seus 66 anos de vida. Nascido em 18 de abril de 1882, em Taubaté, interior de São Paulo, Monteiro Lobato foi criado em um sítio que, mais tarde, o inspiraria a escrever as histórias de Narizinho, Pedrinho, Emília, Dona Benta, Visconde e Tia Anastácia.

Mas apesar de ter ficado famoso com seus escritos infantis – que tiveram o mérito de misturar o folclore brasileiro com mitologia grega, quadrinhos e cinema – Monteiro Lobato foi muito além do Sítio do Picapau Amarelo. Escreveu contos, artigos, críticas, prefácios, cartas, uma autobiografia e um romance chamado “Presidente Negro”. Disse ter recebido influência das fábulas de Esopo e de La Fontaine. E também de J.M. Barrie, autor de Peter Pan, e de Lewis Carroll, criador de Alice no País das Maravilhas.

Monteiro Lobato também foi o pai do popular Jeca Tatu (que depois ganharia força como garoto propaganda do Biotônico Fontoura). E traduziu, entre outros, Conan Doyle e Jack London, ambos nos anos 1930. Foi incansável, inigualável, insuperável no que se refere à literatura infantojuvenil brasileira. Justamente por isso, em 2002, ano dos 120 anos de seu nascimento, foi instituída uma lei que firmou o aniversário de Monteiro Lobato como o Dia Nacional da Literatura Infantil. Dia de incentivar ainda mais a leitura dos pequenos. Aliás, se precisar de alguma dica, a L&PM tem vários livros para crianças.

Monteiro Lobato e as crianças para as quais ele escrevia

O dia em que o cérebro de Einstein se foi

Inverno de 1955: Einstein está velho, esgotado. Seus raros visitantes não reconhecem mais o homem outrora risonho. O rosto está cavado. Rugas marcam cada pedacinho da pele. O olhar perdeu todo o brilho. Seu discurso é desprovido de qualquer vigor, de qualquer otimismo. Ele vê o mundo correndo para a morte, levado pela loucura dos homens. Lamenta por vezes não ter consumado sua tarefa e lança seu doravante célebre: “Se fosse para recomeçar, eu teria sido encanador…”. Ele perdeu, um a um, todos os seus. Os que ele amara, os que haviam acompanhado os dias felizes e os dias de desespero, os que o haviam apoiado. (…) Seu filho Hans Albert veio da Califórnia para ficar com ele. Einstein esboça um sorriso ao vê-lo. O filho senta-se na cabeceira do pai, coloca a mão em cima da mão do sábio. Uma mão fria, tão fria. Permanecem calmos os dois. Einstein olha para o filho. O brilho do seu olhar renasce por um instante. (…) Ele fica sozinho. Alguém apagou a luz. Ou talvez seja seu olhar que não vê mais. Uma noite eterna – alguma vez acreditou nisso? Não percebe mais o encadeamento dos minutos e das horas. Mas talvez o tempo tenha acelerado sua corrida. Diz a si mesmo que abraçou o tempo, que o apertou com a mesma força, ele se lembra agora, com uma energia igual àquela que usara ao abraçar o pai e a mãe, que foram esperá-lo na estação de Pávia quando ele tinha quinze anos e tinha abandonado, envergonhado, porém determinado, o ginásio de Munique. (…) Agora ele tenta mexer o braço, mas não tem mais forças. Seu braço não mexe. Seu corpo não responde mais. Talvez o aneurisma tenha se rompido. A bomba explodiu no meio de sua barriga. O cataclismo interior foi desencadeado. A hemorragia interna. Ainda bem que ele aceitou as injeções. Não sente a intensidade da dor. Alguém acendeu a luz. Uma senhora de roupa branca. Ela se aproxima de seu rosto. Algumas palavras, cujo sentido ele mesmo não chega a captar, escapam de seus próprios lábios. É alemão, o que ela pode compreender, essa senhora de roupa branca que aproximou o ouvido de sua boca? É alemão, colorido de sotaque suábio. É uma hora e quinze da manhã. Chegou a hora de Albert se juntar aos seus. (trechos de Albert Einstein, de Laurent Seksik, Série Biografias L&PM) 

Albert Einstein morreu em 18 de abril de 1955, aos 76 anos, vítima de um aneurisma que desencadeou uma hemorragia interna. Durante a autópsia, sem que ninguém percebesse, seu cérebro foi roubado pelo patologista do Hospital de Princeton, o doutor Thomas Harvey. Harvey levou o cérebro de Einstein para sua casa, onde o dissecou para estudos, na esperança de descobrir o que havia por dentro da mente do gênio. Não chegou a grandes conclusões, mas deixou uma boa história para contar. Aliás, a história do mistério envolvendo o sumiço do cérebro de Einstein deu origem a alguns documentários. Um deles, exibido pela National Geographic, tem dublagem em português. Mas atenção: se o seu estômago for sensível à autópsias, recomendamos assistir de olhos fechados:

Autor de hoje: Anton Tchékhov

Tanganrov, Rússia, 1860 – † Badenweiler, Alemanha, 1904

Descendente de servos da gleba e filho de um pequeno comerciante, formou-se médico pela Universidade de Moscou. Trabalhou duramente para pagar seus estudos e sustentar a família, exercendo a medicina numa clínica rural. Depois de alguns anos, dedicou-se apenas à literatura, publicando contos e revistas. A contenção necessária do conto, numa época em que o governo russo exercia rigorosa censura sobre a intelectualidade, fez dele o criador de textos intensos e concisos. Mestre do gênero, sua visão de mundo é ética e democrática, voltada para o combate das injustiças e para a sátira contra a sociedade. Apontado pela crítica como o criador do conto sem enredo ou de atmosfefra, sua obra veicula simpatia e compaixão entre os homens, sendo considerado o intérprete dos intelectuais, das mulheres e das crianças. Dramaturgo, romancisa e contista, seus textos influenciaram toda a literatura ocidental.

Obas principais: A estepe, 1888; Enfermaria  n˚ 6, 1892; Tio Vânia, 1898; A dama do cachorrinho, 1898

ANTON TCHÉKHOV por Juremir Machado da Silva

Neto de servo, filho de pequeno comerciante, o adolescente Anton Tchékhov foi arrancado de sua cidade natal, Tanganrog, situada à beira do mar de Azov, pela falência do pai. Descobriu, então, as ruas de Moscou e a “escola da vida”. Graças a esse aprendizado diário do cotidiano, complementado pelo curso de medicina, ele se tornaria um extraordinário observador e narrador da vida comum. Não lhe interessavam os grandes heróis nem os sábios exemplares, mas sim os homens médios, a gente de todo dia, a existência menor que constituiu o social como um todo. De certo modo, Tchékhov, mestre da pecisão e da narrativa concisa, sempre quis entender as engrenagens do vivido a partir de sua essência: o banal.

Como se fosse um cientista examinando fenômenos bem delimitados, tratou de individualizar os casos abordados pelo seu olhar de escritor e de mostrar o existente com base em dados e elementos concretos em lugar de refletir sobre abstrações ou generalidades. Essa maneira de ver o mundo e de construir os seus personagens aparece nas suas novelas ou no seu teatro. Habituado a escrever histórias muito curtas para jornais e revistas, ele sempre soube ir direto ao ponto, mesclando detalhes com uma percepção aguda e, através do humor, revelando o absurdo das situações descritas. Escreveu mais de seiscentos textos em quarenta anos de vida.

Nunca mudou seu método. Quem descobre Tio Vânia, Três irmãs (1901), O jardim das cerejeiras (1904), ou qualquer uma das suas histórias célebres ou menos conhecidas, defronta-se com uma mistura de cômico, patético e trágico. Em resumo, acompanha a transfiguação do banal pelos incidentes do cotidiano. Em “Angústia”, história muito breve, que pode ser lida na edição basileira de O homem no estojo (1889), toda a arte de Tchekhov emerge: num anoitecer gelado, sob a neve, o cocheiro Iona tenta falar com alguém sobre a morte do filho. Ninguém quer ouvi-lo. Ao final de uma jornada de trabalho infrutífera, no mais fundo da sua solidão, ele encontra, enfim, quem lhe dê ouvidos: sua égua. Uma última frase econômica resume um mundo em desespero: “Iona se deixa arrebatar e conta-lhe tudo.”

* Guia de Leitura – 100 autores que você precisa ler é um livro organizado por Léa Masina que faz parte da Coleção L&PM POCKET. A partir de hoje, todo domingo,você conhecerá um desses 100 autores. Pra melhor configurar a proposta de apresentar uma leitura nova de textos clássicos, Léa convidou intelectuais para escreverem uma lauda sobre cada um dos autores.

Um toque uruguaio no seu churrasco

A partir de hoje, todo sábado, teremos uma “Receita do dia”. São delícias vindas diretamente dos livros da Série Gastronomia L&PM para deixar o seu final de semana muito mais saboroso. A receita de hoje está no livro Mais de 100 dicas de churrasco, de Leon Hernandes Dziekaniak:

MOLHO CHIMICHURRI

Companheiro popular das carnes no Uruguai e Argentina, o chimichurri ainda é pouco conhecido no Brasil. Além-fronteira, vem servido em um pequeno pote e, segundo o lugar, às vezes é espesso como um creme e outras vezes é bem ralo. O uso indica, conforme a sua fortidão, colocar um pouco sobre a carne ou então colocar o molho sobre o prato e tocar com a carne, só para dar uma espertada no gosto. Esta receita é autêntica e veio de uma churrascaria no Mercado do porto, em Montevidéu, templo sagrado dos apreciadores das carnes.

Ingredientes:

1 pimentão verde; 1 cebola média; 10 pimentas vermelhas frescas; 6 dentes de alho grandes; ½ xícara de orégano; 1 xícara de azeite de oliva; 1 xícara de água; 2 colheres (de sopa) de sal; ½ colher (de sopa) de pimenta moída.

Preparação:

Lave bem a cebola, para tirar o excesso de ardência. Corte-a em gomos e o pimentão em pedaços irregulares. Pique bem o alho e a pimenta vermelha. Coloque a cebola no liquidificador, com bem pouca água, e bata por um minuto. Acrescente os demais ingredientes e bata por mais dois ou três minutos, até o molho se tornar pastoso.

A primeira exposição dos impressionistas

Em 15 de abril de 1874 foi oficialmente aberta a exposição que deu origem ao movimento impressionista na Europa. Foram reunidas 165 obras de 27 artistas, entre eles Pissarro, Monet, Renoir, Degas e Cézanne, que exibia pela primeira vez ao público sua obra-prima La maison du pendu. Esta importante passagem na história da arte mundial está descrita no volume Cézanne da Série Biografias:

A grande exposição foi finalmente apresentada de 15 de abril a 15 de maio de 1874, não sem tergiversações. Guillemet desistira de participar. Sua situação melhorara consideravelmente e ele não queria correr o risco de  expor entre aqueles peludos vestidos de trapos. Eles precisavam evitar a qualquer preço dar a impressão de estar fundando uma escola, um movimento, quando tudo o que se queria era possibilitar que  as individualidades fossem expostas lado a lado. Finalmente encontraram um local. O fotógrafo Nadar acabara de mudar-se do seu amplo ateliê do Bulevar des Capucines e concordara em emprestá-lo para o período da exposição. O horário de abertura e o preço da entrada, um franco, foram fixados.

Poucos eventos artísticos deixaram uma marca social e artística tão profunda e suscitaram tantos comentários como este. Nem mesmo a Exposição dos Recusados, organizada um ano antes para acalmar os ânimos dos artistas recusados pela Real Academia Francesa de Pintura e Escultura – entre eles o próprio Cézanne e Manet – foi tão comentada. A chamada Exposição dos Impressionistas – nome cunhado pela imprensa da época – não tardou em transformar-se em um escândalo sem precedentes. A reação do público foi assim descrita:

A multidão comprimia-se em um grunhido de revolta, os escárnios e as gargalhadas zombeteiras explodiam, toda uma histeria maldosa traduzia o medo, a inquietação e a incompreensão. Quem disse que a arte era uma atividade inocente? Ela era o próprio pulso de uma sociedade, seu reflexo, sua dimensão imaginária. Ao mesmo tempo fascinado e colérico, o público aglutinava-se diante das obras daqueles que eram chamados de “os intansigentes”, os artistas em ruptura com o academicismo, os revolucionários. Se, como disse Picasso, é verdade que ninguém ouve mais bobagens em um dia do que um quadro exposto, os quadros daquela manifestação foram mimados. Era horrível, imundo, revoltante, aqueles pintores, pessoas perversas, charlatões. Pintavam ao acaso, jogavam cor na tela sem pensar.

Mas todo aquele barulho não foi por nada, pois uma certa visita mudou o rumo da história:

A exposição  podia ter sido um sucesso escandaloso, mas era um sucesso. A prova? Alguns dias depois, um visitante apresentou-se na exposição.Esse homem distinto, ardoroso e generoso era o conde Doria, um grande colecionador. Ele ficou parado na frente de La Maison du pendu durante algum tempo, procurou todos os motivos para detestar o quadro e desistiu no final. Ele vira e reconhecera uma obra de primeira grandeza nessa composição, nessas massas, nesse movimento telúrico que parecia fazer que a casa surgisse da terra. Ele a comprou.

Apesar desta glória, o retorno financeiro não foi suficiente nem para pagar as despesas da exposição.