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Carta inédita mostra como Stefan Zweig salvou um preso político de Mussolini

Nesta quarta-feira, 30 de outubro, às 19h, acontece a abertura da exposição “Stefan Zweig e o Caso Germani” no Centro Cultural Midrash no Rio de Janeiro. Entre fac-símiles das cartas e um filme sobre Zweig, a mostra apresenta uma carta inédita que o escritor austríaco enviou para Mussolini com o objetivo de salvar um preso político.

Segundo matéria publicada no Jornal O Globo, a carta foi encontrada por um historiador italiano, em 2006, em meio à papelada do arquivo nacional de seu país. E era muito estranha. Nela, o escritor austríaco, conhecido por sua defesa do pacifismo, bajulava um personagem inesperado: o ditador fascista Benito Mussolini (1883-1945). Zweig agradecia a Mussolini por “Sua” bondade (assim mesmo, com letra maiúscula) e declarava-se um admirador. O autor dizia, ainda, que o ditador havia salvado a vida de “uma senhora torturada”.

O documento remete à história de três personagens cujas vidas se cruzam. A “senhora torturada” era Elsa Germani, mulher de Giuseppe Germani, preso pelo regime de Mussolini depois de carregar o caixão do político socialista Giacomo Matteotti, seu amigo, pelas ruas de Roma. Foi Elsa que escreveu a Zweig pedindo que ele usasse sua fama para ajudar o marido — daí a carta dele a Mussolini, que atendeu ao pedido. A história ficou conhecida como “O Caso Germani”.

Cmovido com a história de Germani, Zweig bem que tentou, ao longo de meses, convencer amigos escritores a interceder junto ao regime fascista. Mas eram anos difíceis na Itália, e todos tinham medo. Como sabia que Mussolini era admirador de seus livros, resolveu escrever para o ditador em pessoa. Bajulando Mussolini, Zweig não questiona a sentença, mas pede clemência para Germani. Poucos dias depois, Mussolini manda transferir o médico para uma prisão onde pode receber visitas. Dois anos depois, Giuseppe Germani é solto.

Quando a carta apareceu, Zweig foi tratado por setores da imprensa italiana como admirador de Mussolini. — Eu vi essas notícias que saíram na Itália, mas não era nada disso. Os radicais continuam aí, intransigentes como sempre. A missão do Zweig era salvar uma vida, e ele conseguiu. Ele teve que bajular o Mussolini, claro. Não tinha outra forma de isso ser feito — diz o jornalista Alberto Dines, presidente da Casa Stefan Zweig.

O escritor austríaco, pacifista, encarou o sucesso na libertação de Germani como uma prova de que a palavra pode vencer a força bruta. Não à toa, escreveu empolgado para Romain Rolland, um de seus mentores intelectuais: “Acabo de obter o meu maior sucesso literário, maior ainda do que o Prêmio Nobel — salvei o doutor Germani”.

Stefan Zweig

Agora, toda a correspondência que Zweig enviou a Elsa, inédita, chega a público no livro “Contei com sua palavra, e ela foi como uma rocha — Como Zweig salvou Giuseppe Germani dos cárceres de Mussolini”, editado pela Casa Stefan Zweig. O lançamento acontecerá junto com a abertura da exposição, às 19h, no Midrash. E, no sábado, 02 de novembro, uma mostra semelhante será aberta na própria Casa Stefan Zweig, em Petrópolis, onde o autor de Brasil, o país do futuro (publicado na Coleção L&PM Pocket) viveu até se suicidar, em 23 de fevereiro de 1942.

Os eventos acontecem no momento em que o cineasta francês Patrice Leconte se prepara para lançar, em janeiro, “Uma promessa”, baseado no conto “Viagem ao passado”, de Zweig. E também enquanto o diretor Matt Zemlin roda o filme “The week before”, uma nova versão do romance “Carta de uma desconhecida”. Os dois filmes fazem referência ao Caso Germani.

A abertura da mostra e o lançamento do livro contarão com a presença da jornalista Monika Germani, nora de Giuseppe e viúva de seu filho Hans. Ela, que está no Brasil especialmente para o evento, entrou em contato com a Casa Stefan Zweig em 2010. Kristina Michahelles, diretora da instituição, aproveitou uma viagem à África do Sul para ver as cartas e organizou a publicação.

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O cartaz da exposição e lançamento do livro

Clique aqui e leia mais na matéria publicada no Jornal O Globo de 30 de outubro de 2013.

Os 45 anos de carreira de Edgar Vasques

O cartunista Edgar Vasques, criador do “Rango”, personagem do primeiro livro publicado pela L&PM, em 1974, está comemorando 45 anos de carreira. Para marcar a data, será lançado nesta terça-feira, dia 29 de outubro, em Porto Alegre, o livro “Edgar Vasques – Desenhista crônico” (org. de Susana Gastal), que reúne boa parte da produção do artista.

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Além do livro, a obra de Edgar Vasques pode ser contemplada pelo público na exposição homônima que fica em cartaz no Centro Cultural CEEE Érico Veríssimo de 30 de outubro de 2013 a 31 de janeiro de 2014 (terça a sexta, das 10h às 19h, e sábado, das 11h às 18h).

“A arte da guerra” na arte da negociação

Especialista em negociação e professor da HSM Educação, Renato Hirata escreveu um artigo no Jornal Zero Hora de domingo, 27 de outubro, no qual demonstra como A arte da guerra, de Sun Tzu, pode ser aplicado aos negócios e ao cotidiano. Hirata lista 12 passagens do livro que interessam, em especial, aos gestores. Leia abaixo o texto na íntegra:

A ARTE DA NEGOCIAÇÃO

Por Renato Hirata

De acordo com os filósofos da antiga China, quando distorcia seus propósitos de vida em consequência das ambições pessoais, a sociedade vivia em perpétuo estado de guerra. Os filósofos converteram a guerra em uma preocupação particular ao estudar os mecanismos de conflito humano e ao trans­formar sua compreensão em uma ciência de administra­ção de crises. Os clássicos sobre estratégia, como o famoso livro A Arte da Guerra, de Sun Tzu, geralmente contêm um apa­nhado filosófico da antiga China. Sun Tzu foi um general chinês que viveu no século 4 a.C. e que, no comando do exército real de Wu, acumulou vitórias, apesar da escassez de recursos. O dogma básico de Sun Tzu é que, se sua es­tratégia estiver bem fundamentada, você vencerá e, se tiver uma estratégia verdadeiramente boa, o fará sem lutar. Essa ênfase oriental difere da estratégia ocidental, que enfatiza a ação de lutar como meio de vencer uma guerra. As máximas de Sun Tzu são simples e, ainda assim, perspicazes. Seu poder prático é impres­sionante. Elas aplicam-se aos negócios e ao cotidiano. Abaixo, 12 passagens de sua obra que interes­sam aos gestores.

1. “Se você conhece o inimigo e a si mesmo, não tema o resultado de cem batalhas. Se se conhece, mas não ao inimigo, para cada vitória sofrerá uma de­rrota. Se não conhece nem o inimigo nem a si, perderá todas as lutas.”

É uma versão da matriz SWOT, formada por pontos fortes e fracos e amea­ças e oportunidades. Autoconhecimento e conhecimento do oponente são fa­tores críticos de qualquer planejamento estratégico. Reconhecer o que não se sabe é a maneira mais rápida de encontrar soluções em um cenário de incertezas.

2, “A arte da guerra é uma questão de vida ou morte, um caminho tanto para a segurança quanto para a ruína.”

Negociadores que estão comprome­tidos com o resultado estão prontos para “morrer” pela causa em questão. Quando “compram” o propósito, as agendas se abrem, facilitan­do o processo de entendimento dos interes­ses mútuos. Vendedores que acreditam que o problema deles é o cumprimento de metas não focam nos reais proble­mas dos clientes e, portanto, não têm nenhum compro­misso em resolvê-los.

3. “O mérito supremo consiste em quebrar a resis­tência do inimigo sem lutar.”

Uma das melhores ferramentas de negociação é a capa­cidade de ouvir. Quando sabemos ouvir, conseguimos en­tender. Negociadores que têm essa habilidade conseguem “desar­mar” com facilidade seus oponentes.

4. “O guerreiro inteligente vence com facilidade.”

A equação “fazer mais com menos e melhor” deve estar na mente do negociador de alta performance. Quando o esforço é descomunal, provavelmente esse profis­sional não está pensando estrategicamente.

5. “Preparar iscas para o inimigo, fingir de­sorganização e depois esmagá-lo. Quando perto, fazer ele acreditar que estamos longe. Se ele for superior, evite combate. Se ele for temperamental, procure irritá-lo. Finja estar fraco, ele se tornará arrogante. Ataque quando ele se mostrar despreparado.”

Táticas competitivas precisam ser utilizadas sempre que houver uma disputa. Para vencer, a saída é focar as fraquezas do adversá­rio para desequilibrar suas forças.

6. “Quando os emissários do inimigo são lisonjeiros, desejam trégua. Quando, sem prévio acordo, pedem trégua, estão arquitetando algo. Quando há desordem nas tropas, o general perdeu prestígio.”

Outra forma de evitar o confronto em áreas de desvantagem é gerar desordem e conflitos in­ternos no adversário. Se a companhia tem produtos co­moditizados (fornecidos por muitas empresas), sua força está no capital humano. Um processo de atração de ta­lentos pode enfraquecer o adversário.

7. “O tempo vale mais do que a superioridade numérica.”

Quando o tempo para a conclusão da ne­gociação é uma variável crítica de sucesso, o foco de de­cisão do negociador é minimizar perdas e não maximizar ganhos. Isso faz com que ele não consiga pensar em outras possibilidades de solução de problemas.

8. “Será vencedor quem souber quando e como lutar, manobrar e quem tiver capacidade militar, não sofrendo a interfe­rência do soberano.”

Negociadores que não têm alçada para decidir são “sol­dados”, cumprem com seu script. Não pensam e, portanto, não têm discernimento do timing de avançar e de recuar.

9. “Apenas gostar de palavras não basta, é preciso saber transformá-las em atos e ações.”

Alguns vendedores insistem que falar é me­lhor do que ouvir. Negociadores e líderes que têm discur­sos excepcionais, mas não conseguem entregar o que está no discurso perdem credibilidade com muita rapidez. A melhor maneira de ganhar credibilidade como negocia­dor ou como líder é cumprir com aquilo que se promete.

10. “O guerreiro vence os combates não come­tendo erros, pois conquista um inimigo já derrotado.”

O método tentativa e erro em negociação é irresponsável. Muitos executivos vão para uma reunião apenas com um “vamos ver o que eles desejam” . Se preparar para uma negociação não se resume em desenhar a estratégia. É importan­te que se faça o simulado para que todas as táticas sejam executadas com perfeição.

11 “O guerreiro hábil põe-se numa posição que torna a derrota impossível e não perde a oportunidade de aniquilar o inimigo.”

Quando temos outras formas de resolver nosso problema, nos colocamos em uma posição de alto poder. Isso faz com que possamos dirigir o processo de negociação.

12. “Quem ocupa primeiro o campo de opera­ções, esperando o inimigo, é aquele que se garante em posição de força. O que chega de­pois, lançando-se ao combate, já está enfraquecido.”

Em negociação, ocupar o campo de operações signifi­ca posicionar a marca na mente do consumidor como única opção. Os grandes players lutam para um market share cada vez maior. Quanto maior o poder, mais a estratégia se torna necessária.

A L&PM publica "A arte da guerra" em várias versões: ilustrado, grande, pequeno, em mangá e capa dura

A L&PM publica “A arte da guerra” em várias versões: ilustrado, grande, pequeno, em mangá e capa dura

Lou Reed (1942-2013)

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Lou Reed: Estou completamente sozinho. Ninguém pra conversar. Dá uma chegada aqui, daí posso falar com você… Há um tempão a gente tocava junto num apartamento de trinta dólares por mês e não tinha grana pra nada; comia mingau de aveia todo o dia e vendia sangue, entre outras coisas, ou posava praqueles tabloides semanais baratos. Quando posei pra eles, minha foto saiu dizendo que eu era um maníaco sexual assassino que tinha matado quatorze crianças e gravado tudo, e que rodava aquelas fitas num celeiro no Kansas à meia-noite. E quando a foto de John Cale saiu no tabloide, dizia que ele tinha matado o amante porque o cara ia casar com a irmã dele, e ele não queria ver a irmã casada com um veado. (Trecho inicial do livro Mate-me por favor (Please kill me) – A história sem censura do punk, por Legs McNeal e Gillan McCain.

O domingo, 27 de outubro de 2013, foi marcado pela morte de Lou Reed. Aos 71 anos, o guitarrista e compositor norte-americano, ex líder da banda The Velvet Underground, faleceu em decorrência de complicação de um transplante de fígado que havia realizado em maio deste ano.

Lewis Allan Reed nasceu no dia 2 de Março de 1942 no bairro do Brooklyn em Nova York. De família  judaica, aprendeu a tocar guitarra ouvindo rádio ainda na década de 1950 quando estava no colegial. Foi nessa época que ele sofreu uma de suas experiência mais traumáticas e que seria tema de canções ao longo de sua carreira: bissexual assumido, seus pais o submeteram a um tratamento de choque para tentar supostamente curá-lo.

Da amizade de Lou Reed com o músico galês John Cale nasceria uma das bandas mais importantes para a origem do punk rock nos Estados Unidos: o The Velvet Underground que contava ainda com o guitarrista Sterling Morrison e a baterista Maureen Tucker. O grupo chamou a atenção do artista plástico Andy Warhol que quase imediatamente colocou o The Velvet Underground como uma das atrações do  Exploding Plastic Inevitable, uma série de eventos multimídia organizados por ele. O contato com Warhol deu novas dimensões à criatividade de Reed que começou cada vez mais mostrar um perfil artístico multifacetado. A relação, entretanto, nem sempre foi harmônica: para o disco de estreia, Warhol insistiu que a banda gravasse com a ex-modelo alemã e cantora Nico. Para expressar sua objeção a banda batizou o disco de The Velvet Underground & Nico, mostrando que a vocalista era apenas uma convidada.

Apesar da resistência, Reed escreveu a maioria das canções do álbum pensando na voz de Nico e os dois chegaram a ter um breve relacionamento amoroso (mais tarde ela teria um outro pequeno affair com Cale). O famoso disco apresentou uma obra de Warhol na capa, a célebre banana.  

Depois de deixar o The Velvet, Reed se dedicou à carreira solo. Desde 2008 estava casado com Laurie Anderson.

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Andy Warhol e Lou Reed

Quinta-feira, 20 de julho, 1978 – (…) De táxi até o Bottom Line ($6). Steve Paul estava lá, acho que ele é empresário de David Johansen. Lou Reed estava numa mesa próxima e Catherine estava loucamente apaixonada por ele. (…) Quando estávamos entrando uns garotos ficaram cochichando, “Aquele é o Lou Reed.” Ele disse para eles, “Vão se matar”. Não é ótimo? Os dois dachshund que ele comprou depois de ver os meus são adoráveis – Duke e Baron. Ele está meio separado de Rachel, o travesti, mas não completamente, eles têm apartamentos separados. Na realidade, o lugar onde Lou mora é mais como uma casa. É um lugar de aluguel controlado que uma namorada conseguiu para ele, seis quartos, e ele só paga $485 por mês. A melhor peça é um banheiro comprido e estreito, 70cm x 4m, e ele disse que está pensando em reformar e eu disse que não deveria, que é ótimo como está. E ah, a vida de Lou é tudo que eu gostaria que a minha vida fosse. (Trecho de Diários de Andy Warhol – Volume 1)

Santiago em Santiago

Foi em 1976, no Jornal Folha da Tarde, que o cartunista Santiago criou um personagem que foi batizado de “Macanudo Taurino Fagunde”. Segundo o artista, Macanudo foi criado com características de pessoas que ele conheceu.

Agora, Santiago acaba de lançar O melhor de Macanudo Taurino, livro da Coleção L&PM Pocket que ele autografa neste sábado, 26 de outubro às 21h na Feira do Livro de Santiago, no interior do Rio Grande do Sul.

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Uma das charges de Macanudo Taurino, um gaúcho bem gaúcho

Na Feira do Livro de Porto Alegre, o cartunista vai participar de um evento no dia 14 de novembro às 17h e autografar o livro às 19h.

Os anos 40 e seus mistérios

Os anos 40 foram férteis para a Rainha do Crime. Entre 1940 e 1949, Agatha Christie lançou 15 livros. Quatro deles estão agora reunidos em um único volume chamado Agatha Christie – Mistérios dos Anos 40 que acaba de ser lançado pela L&PM Editores. M ou N?, Hora Zero, Um brinde de cianureto e A casa torta são as histórias que, juntas, formam esse belo volume.

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Em M ou N?,  lançado em 1941, a escritora inspirou-se no que estava acontecendo naquele momento: a Segunda Guerra Mundial. Tudo começa quando, pouco antes de morrer, um agente secreto britânico profere suas últimas palavras: “M ou N, ‘São Susí’”. Em meio ao clima de desconfiança que reina durante a guerra, essas letras desconexas podem significar alguma pista. Entra em cena o casal Tommy e Tuppence Beresford que, já com os filhos crescidos, são recrutados para uma difícil missão: descobrir quem está espionando para o governo alemão.

Hora Zero, de 1944, marca a última aparição do superintendente Battle, astuto oficial da Scotland Yard que, de férias, acaba investigando um mistério que envolve uma fracassada tentativa de suicídio, uma injusta acusação de roubo contra uma estudante e a vida romântica de um famoso jogador de tênis.

Um brinde de cianureto foi publicado em 1945 e é centrado na morte súbita de uma mulher linda e elegante que acontece após ela ingerir uma taça de champanhe com cianureto. Tudo indica que foi suicídio, mas quando os personagens contam sua versão daquele dia, surgem novas suspeitas.

A casa torta, de 1949, foi considerado por Agatha Christie como uma de suas melhores histórias. Nos arredores de Londres há uma mansão com uma inusitada característica: ela é torta. É ali que o milionário octogenário Aristide Leonides mora com a esposa, cinquenta anos mais jovem, além de filhos, noras, netos e uma cunhada, irmã da primeira mulher. Quando a polícia descobre que o patriarca foi envenenado, todos os habitantes da casa se tornam suspeitos, e a discórdia passa a imperar entre os membros da família.

Mauricio de Sousa Produções lança campanha para afastar menores do álcool

A Ambev e a Mauricio de Sousa Produções estão unidas no programa “Papo em Família” que usa os personagens da Turma da Mônica para ajudar pais e educadores a conversar sobre o consumo indevido de bebidas alcoólicas com filhos e alunos menores de 18 anos, sem que o tema se torne um tabu.

O conteúdo do projeto foi desenvolvido com base em estudos de instituições especializadas no assunto e contou com a participação de um grupo de profissionais das áreas da saúde, educação e sociologia.

Além da cartilha, principal peça da campanha, há animações que falam sobre o assunto:

Tesouros de Emily Dickinson online

Harvard acaba de lançar um site com todo o acervo de Emily Dickinson

Harvard acaba de lançar um site com todo o acervo de Emily Dickinson

Emily Dickinson sempre relutou em publicar seu trabalho. Os poucos poemas que chegaram ao público, foram publicados anonimamente em jornais.

A partir de agora, Harvard vai mostrar tudo que a escritora tentou esconder durante a vida. A universidade acaba de lançar o “Dickinson Eletronic Archive“, um arquivo digital que reúne, pela primeira vez em um só lugar, todos os documentos da poeta como manuscritos autografados e cartas, além de transcrições contemporâneas de seus poemas.

O desenvolvimento deste acervo digital não aconteceu sem solavancos e ressentimentos – muitos deles enraizados nos conflitos pela posse da obra de Dickinson, datada do final do século 19 e que refletem o fervor profundo e duradouro que o seu trabalho inspira.

O projeto teve início há quase dois anos, quando outra universidade, a Amherst College, também grande depositária dos manuscritos de Dickinson, se aproximou de Harvard. Depois de um prolongado vai-e-vem, durante o qual Harvard iniciou o planejamento do projeto digital, Amherst concordou em compartilhar sua coleção no site que, segundo ela defende, abrange 40% do Dickinson Eletronic Archive.

O que os representantes de Amherst reclamam agora é que eles quase não foram consultados e que o site faz pouca menção às suas contribuições. Segundo o diretor de arquivos e coleção especiais da Amherst College, Mike Kelly, não ficou claro que este é um projeto comum. O porta-voz de Harvard, Colin Manning, recusou-se a tecer comentários sobre a polêmica, limitando-se a dizer que o que importa é que “pela primeira vez, a maioria dos manuscritos originais de Emily Dickinson estará disponível para acesso aberto em um único local.”

O conflito reflete uma antiga disputa entre Harvard e Amherst sobre quem é mais “dono” de Emily Dickinson. Quando a escritora morreu, sua irmã, Lavinia, descobriu quase dois mil poemas. Lavinia se aproximou da cunhada, Susan Dickinson, para saber como editar os poemas. Como Susan estava demorando muito para tomar alguma atitude, Lavinia procurou Mabel Loomis Todd, esposa de um professor de Amherst e amante do irmão de Emily Dickinson. Todd contou com a ajuda de Thomas Wentworth Higginson e os dois editaram os poemas – mudando a pontuação, alterando o texto original e adicionando títulos. Eles publicaram três volumes da obra de Dickinson, a última em 1896. Dois anos depois, surgiu uma disputa entre Todd e os Dickinsons.

Todd disse que o irmão de Emily Dickinson tinha prometido a ela um pedaço de terra e, como ela não recebeu o prometido, negou-se a devolver os originais. Em 1956, a filha de Todd doou a coleção – cerca de 850 poemas e fragmentos e mais 350 cartas – para a Amherst College, instituição da qual o avô de Dickinson foi um dos fundadores e seu pai e irmão serviram como tesoureiros. Enquanto isso, os manuscritos que permaneceram na família Dickinson – cerca de 700 poemas e 300 cartas – acabaram sendo vendidos para Gilbert Montague, um primo distante de Dickinson, que em 1950 havia doado tudo para Harvard.

Desde então, existe a disputa entre as duas uniersidades. Algumas décadas atrás, Harvard sugeriu que Amherst não tem a propriedade legítima da coleção porque “Mabel nunca devolveu o que pegou aos Dickinsons”.

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O “Dickinson Eletronic Archives” já está no ar

A Coleção L&PM Pocket publica Poemas escolhidos de Emily Dickinson em edição bilíngue e com tradução de Ivo Bender.

Que dia… Que livro

Por Goida*

Poucas semanas antes de começar o “Dia D”, o desembarque das forças aliadas na Normandia, o Marechal Rommell disse ao seu lugar-tenente W. Lang: “As primeiras vinte e quatro horas da invasão serão decisivas… o destino da Alemanha depende desse resultado… para os aliados, do mesmo modo que para nós, será o mais longo dos dias… o dia mais longo do século.”

O nosso encontro com esse longo dia, o primeiro da chamada “Operação Overlord”, foi através dos jornais que se seguiram àquele 6 de junho de 1944. Pouco depois, chegaram as imagens da invasão na cine-atualidades norte-americanas, que eram exibidas na grande maioria dos cinemas de Porto Alegre. Uma visão quase só gloriosa e épica daquela gigantesca saga militar. Nada sobre as incontáveis baixas na praia de Omaha. Nada sobre o massacre quase total dos paraquedistas aliados que tentaram, na madrugada do 6 de junho, marcar pontos de apoio para as tropas invasoras.

Em 1963, lá em Montevidéu, encontrei uma edição do livro O mais longo dos dias de Cornelius Ryan – em espanhol, claro – com imagens reais do desembarque e também cenas do filme produzido por Darryl F. Zanuck para a Fox, em 1962, e ainda não exibidas no Brasil. Era um super espetáculo com três horas de duração, dividido em três campos: o Exército Nazista, os aliados (norte-americanos, canadenses, ingleses) e alguns civis franceses, ligados à chamada “Resistência” contra os invasores alemães. O filme teve três diretores – Gerd Oswald, Ken Annakin e Andrew Marton – mas o próprio Zanuck chegou a dirigir algumas sequências. Cornelius Ryan havia participado do roteiro, com mais cinco escritores (entre eles Romain Gary). Todos ouviam uma exigência quase constante de Zanuck, que pedia: “Usem, o máximo possível, os fatos e os personagens descritos na obra de Ryan”. Cornelius, como correspondente de guerra, esteve na invasão da Normandia e também em outros pontos do conflito na Europa. Para escrever o livro sobre o “Dia D”, ele entrevistou mais de mil sobreviventes, sintetizando tudo numa obra compacta de 300 páginas, de absorvente leitura. A obra é dedicada “para todos os homens do Dia D”.

Curiosamente, só bem depois da morte de Cornelius (1974), o diretor Steven Spielberg  resolveu abordar o tema do desembarque dos aliados em Ohama. O título do filme foi  O resgate do Soldado Ryan (1998, vejam até coincidência nos nomes). A história parecia tirada de O mais Longo dos Dias.

Em junho de 2014 lá se irão 70 anos dessa operação armada que mudou os rumos da Segunda Guerra Mundial. Ainda na Normandia se encontram milhares de sepulturas dos soldados que lá pereceram. Cornelius Ryan ajudou a imortalizá-los neste livro magnífico que tem a mesma força – sem romantismo – do Guerra e Paz de Tolstói.

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 *Jornalista, crítico de cinema e pesquisador. Este texto foi escrito especialmente para o Blog da L&PM.