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Museus que exibem literatura

18 de maio é o Dia Mundial dos Museus, esses lugares sagrados que abrem suas portas para expor arte e vida, história e memória. Há museus enormes como um castelo e também há aqueles tão pequenos que mais parecem uma garagem. Há museus que foram construídos para serem museus e há também os que um dia já foram a casa de alguém. Para marcar a data, separamos museus de escritores famosos em diferentes partes do mundo. Não deixe de visitá-los caso sua viagem for para alguma dessas cidades.

Franz Kafka Museum em Praga. É um museu interativo e moderno que exibe a vida e obra do mais famoso escritor da República Tcheca. O autor de A Metamorfose e O Processo ganhou um espaço à altura de sua obra com um museu que possui seus diários, fotos e primeiras edições originais de obras famosas do escritor. O complexo possuiu uma loja onde é possível encontrar os livros de Kafka em diversas línguas, bem como pôsteres, camisetas e outras lembrancinhas. Olha que ótimo o vídeo do museu:

Jane Austen House Museum em Hampshire, Inglaterra –  Foi nessa casa em estilo georgiano que a autora de Orgulho e Preconceito e Persuasão viveu com sua irmã Cassandra entre 1809 e 1817. Em 1949, a residência das irmãs Austen virou museu independente e é administrado pelo “Jane Austen Memorial Trust”. Dizem que as pessoas que visitam a casa são envolvidas por uma sensação de paz e que, frequentemente, portas se abrem sozinhas e se ouve passos. Uma funcionária do museu já contou que, certa vez, estava sozinha na casa transcrevendo uma das cartas de Cassandra quando ouviu um barulho estranho no jardim. Ao olhar pela janela, ela não viu nada, mas ao sentar-se novamente para continuar a transcrição, escutou uma voz sussurrando “Cas, Cas…” Isso aconteceu algumas vezes e a moça ficou convencida de que, naquele dia, não foi apenas ela quem leu a carta de Cassandra. Para a funcionária, Jane Austen estava mesmo ao seu lado. Ai, que arrepio!

Jane Austen House

The Sherlock Holmes Museum em Londres – O museu do mais famoso detetive da literatura. Se você sabe um pouco sobre Sherlock Holmes, já deve ter ouvido falar no endereço Baker Street, 221b em Londres. Criado por Sir Arhur Conan Doyle, o número da morada do grande detetive e de seu fiel amigo Dr. Watson era, em princípio, fictício. A rua Baker era real, mas o 221b tinha sido inteiramente criado por ele. No entanto, tudo mudou em 27 de março de 1990 quando então o número passou a existir de verdade. Neste dia, o endereço mundialmente conhecido foi inaugurado em uma casa construida em 1815 para abrigar um museu que quer mostrar a casa de Sherlock Holmes exatamente como ela é descrita nos livros de Conan Doyle. Até os 17 degraus que levam ao piso superior estão lá.

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The Beat Museum, São Francisco, Califórnia – Este é um dos museus dedicados aos escritores da geração beat com destaque para Jack Kerouac, autor de On the road. Ele apresenta uma extensa coleção de memorabília dos beats, além de manuscritos originais e primeiras edições. Mas ele não é o único. Há também o Beat Museum em Alhambra, também na Califórnia para o qual foi doada a réplica do carro de Kerouac usado no filme “Na estrada”, de Walter Salles.

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Casa Museu Pablo Neruda em Isla Negra, Chile – Esta não é a única Casas Museu de Pablo Neruda, mas é a mais famosa. Até porque é aqui que estão sepultados Neruda e sua amada Matilde. Nesta casa, com bela vista para o Pacífico, o escritor e sua mulher viveram. No “complexo” há um café e tendas de artesanato onde se pode comprar lembranças, inclusive livrinhos em miniatura feitos à mão das obras de Neruda.

Neruda Isla Negra

Casa Stefan Zweig em Petrópolis, Rio de Janeiro – Na serra de Petrópolis, está a casa onde o escritor Stefan Zweig que, mais do que um museu, é um moderno centro de memória interativo. O quarto em que o escritor se envenenou ao lado da mulher está lá e as pessoas poderão ler, em alemão, o texto de despedida de Zweig em que ele agradece a “este maravilhoso país, o Brasil”. Há também a máscara mortuária do escritor austríaco, feita por um escultor amador de Petrópolis e doada pelos herdeiros. Ok, é um pouco mórbido, mas Zweig merece a visita.

casa Stefan Zweig

Carta inédita mostra como Stefan Zweig salvou um preso político de Mussolini

Nesta quarta-feira, 30 de outubro, às 19h, acontece a abertura da exposição “Stefan Zweig e o Caso Germani” no Centro Cultural Midrash no Rio de Janeiro. Entre fac-símiles das cartas e um filme sobre Zweig, a mostra apresenta uma carta inédita que o escritor austríaco enviou para Mussolini com o objetivo de salvar um preso político.

Segundo matéria publicada no Jornal O Globo, a carta foi encontrada por um historiador italiano, em 2006, em meio à papelada do arquivo nacional de seu país. E era muito estranha. Nela, o escritor austríaco, conhecido por sua defesa do pacifismo, bajulava um personagem inesperado: o ditador fascista Benito Mussolini (1883-1945). Zweig agradecia a Mussolini por “Sua” bondade (assim mesmo, com letra maiúscula) e declarava-se um admirador. O autor dizia, ainda, que o ditador havia salvado a vida de “uma senhora torturada”.

O documento remete à história de três personagens cujas vidas se cruzam. A “senhora torturada” era Elsa Germani, mulher de Giuseppe Germani, preso pelo regime de Mussolini depois de carregar o caixão do político socialista Giacomo Matteotti, seu amigo, pelas ruas de Roma. Foi Elsa que escreveu a Zweig pedindo que ele usasse sua fama para ajudar o marido — daí a carta dele a Mussolini, que atendeu ao pedido. A história ficou conhecida como “O Caso Germani”.

Cmovido com a história de Germani, Zweig bem que tentou, ao longo de meses, convencer amigos escritores a interceder junto ao regime fascista. Mas eram anos difíceis na Itália, e todos tinham medo. Como sabia que Mussolini era admirador de seus livros, resolveu escrever para o ditador em pessoa. Bajulando Mussolini, Zweig não questiona a sentença, mas pede clemência para Germani. Poucos dias depois, Mussolini manda transferir o médico para uma prisão onde pode receber visitas. Dois anos depois, Giuseppe Germani é solto.

Quando a carta apareceu, Zweig foi tratado por setores da imprensa italiana como admirador de Mussolini. — Eu vi essas notícias que saíram na Itália, mas não era nada disso. Os radicais continuam aí, intransigentes como sempre. A missão do Zweig era salvar uma vida, e ele conseguiu. Ele teve que bajular o Mussolini, claro. Não tinha outra forma de isso ser feito — diz o jornalista Alberto Dines, presidente da Casa Stefan Zweig.

O escritor austríaco, pacifista, encarou o sucesso na libertação de Germani como uma prova de que a palavra pode vencer a força bruta. Não à toa, escreveu empolgado para Romain Rolland, um de seus mentores intelectuais: “Acabo de obter o meu maior sucesso literário, maior ainda do que o Prêmio Nobel — salvei o doutor Germani”.

Stefan Zweig

Agora, toda a correspondência que Zweig enviou a Elsa, inédita, chega a público no livro “Contei com sua palavra, e ela foi como uma rocha — Como Zweig salvou Giuseppe Germani dos cárceres de Mussolini”, editado pela Casa Stefan Zweig. O lançamento acontecerá junto com a abertura da exposição, às 19h, no Midrash. E, no sábado, 02 de novembro, uma mostra semelhante será aberta na própria Casa Stefan Zweig, em Petrópolis, onde o autor de Brasil, o país do futuro (publicado na Coleção L&PM Pocket) viveu até se suicidar, em 23 de fevereiro de 1942.

Os eventos acontecem no momento em que o cineasta francês Patrice Leconte se prepara para lançar, em janeiro, “Uma promessa”, baseado no conto “Viagem ao passado”, de Zweig. E também enquanto o diretor Matt Zemlin roda o filme “The week before”, uma nova versão do romance “Carta de uma desconhecida”. Os dois filmes fazem referência ao Caso Germani.

A abertura da mostra e o lançamento do livro contarão com a presença da jornalista Monika Germani, nora de Giuseppe e viúva de seu filho Hans. Ela, que está no Brasil especialmente para o evento, entrou em contato com a Casa Stefan Zweig em 2010. Kristina Michahelles, diretora da instituição, aproveitou uma viagem à África do Sul para ver as cartas e organizou a publicação.

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O cartaz da exposição e lançamento do livro

Clique aqui e leia mais na matéria publicada no Jornal O Globo de 30 de outubro de 2013.

Nova Casa de Cultura Stefan Zweig abre suas portas para o público

Stefan Zweig não é um nome muito popular no Brasil. Mas merecia ser. Famoso escritor austríaco que visitou o Brasil em 1936, Zweig era romancista, contista, ensaísta e biógrafo de personalidades como Maria Antonieta, Montaigne, Américo Vespúcio e Balzac. Ligou-se eternamente ao Brasil quando, em 1941, já morando em Petrópolis no Rio de Janeiro, lançou o clássico ufanista Brasil, um país do futuro, livro que fez grande sucesso na época. Sensível e emotivo, ficou tão deprimido pela guerra, pelo avanço do nazismo e da intolerância contra os judeus, principalmente na Áustria que, em 1942, suicidou-se junto com sua mulher na casa de Petrópolis.

Agora, finalmente, o imóvel onde Zweig passou seus últimos tempos reabriu neste domingo, 29 de julho, como um moderno centro cultural. A inauguração da Casa Stefan Zweig é o principal evento comemorativo de uma série de efemérides que se sucedem desde o ano passado: o lançamento de Brasil, um país do futuro, os 130 anos do nascimento de Zweig (que aconteceu em novembro de 1881) e os 70 anos de sua morte.

O projeto, orçado em R$ 1,2 milhão, foi financiada por amigos e admiradores do escritor. “Um bando de loucos”, segundo declarou à Folha de S. Paulo o diretor do Centro Cultural Stefan Zweig, Alberto Dines. Mais do que um museu, as pessoas encontrarão um moderno centro de memória interativo. O quarto em que o escritor se envenenou ao lado da mulher está lá e as pessoas poderão ler, em alemão, o texto de despedida de Zweig em que ele agradece a “este maravilhoso país, o Brasil”. O presidente da casa destaca como peça mais importante a máscara mortuária de Zweig, feita por um escultor amador de Petrópolis e doada pelos herdeiros.

Se você estiver passando pela cidade, não deixe de visitar.

A recém inaugurada Casa Stefan Zweig em Petrópolis

SERVIÇO

O que: Exposição Stefan Zweig e Memorial do Exílio
Quando: A partir do dia 29 de julho, sexta a domingo das 11h às 17h
Onde: Casa Stefan Zweig – Rua Gonçalo Dias, 34, Petrópolis, RJ – Fone: 24-2245-4316

De Stefan Zweig, a Coleção L&PM Pocket publica Brasil, um país do futuro, 24 horas na vida de uma mulher e Medo e outras histórias.

Há 69 anos, morria o escritor Stefan Zweig

Dizem que o Brasil é o país do futuro (e parece que sempre será). Mas o que nem todos sabem é que a frase que hoje é clichê não foi criada por um brasileiro, mas proferida em livro por um austríaco, o escritor Stefan Zweig. Em 1936, convidado para um congresso em Buenos Aires, Zweig aproveitou para visitar também o Brasil. Chegou esperando encontrar “uma daquelas repúblicas sul-americanas que não distinguimos bem umas das outras, com clima quente e insalubre, situação política instável e finanças em desordem…”, como depois escreveria. Mas ao desembarcar no Rio de Janeiro, a sensação foi outra: “Fiquei fascinado e, ao mesmo tempo, estremeci. Pois não apenas me defrontei com uma das paisagens mais belas do mundo, esta combinação ímpar de mar e montanha, cidade e natureza tropical, mas ainda com um tipo completamente diferente de civilização”. A partir de então, Zweig envolveu-se tão intensamente pelo Brasil que, em 1941 mudou-se para Petrópolis, virou biógrafo de Américo Vespúcio e escreveu o apaixonado ensaio histórico Brasil, um país do futuro.

Em 23 de fevereiro de 1942, deprimido com as barbáries da Segunda Guerra e sem esperanças no futuro da humanidade, cometeu suicídio junto com a esposa Lotte na casa que moravam em Petrópolis, ingerindo uma alta dose de barbitúricos. No dia seguinte, o Jornal do Brasil trazia a notícia: “Morre tragicamente um dos maiores escritores contemporâneos – Stefan Zweig e sua esposa suicidaram-se em Petrópolis na tarde de ontem – Os funerais serão feitos pelo governo e se realizarão hoje.”

Tombada pelo IPHAN, a última morada do escritor hoje é a Casa Stefan Zweig, uma entidade cultural sem fins lucrativos que homenageia sua memória, através do acervo físico com objetos pessoais e relativos às suas obras e à sua época, com coleção de livros, fotos, documentos, vídeos, filmes, biblioteca.

Além de Brasil, um país do futuro, a L&PM publica em pocket Medo e outras histórias e 24 horas na vida de uma mulher.