A modernista Anita Malfatti em Curitiba

A paulista Anita Malfatti foi uma revolucionária da estética. Suas pinturas chacoalharam o Brasil dos anos 20 e sua personalidade foi vital para o movimento modernista que teve seu auge na Semana de Arte Moderna de 1922. Pois desde o início de novembro, cerca de 100 obras assinadas por ela estão em exposição no Museu Oscar Niemeyer em Curitiba e poderão ser vistas até 29 de janeiro. A mostra é uma iniciativa da Secretaria de Estado da Cultura do Paraná e as pinturas que estão expostas na sala Miguel Bakun fazem parte de coleções particulares e de instituições públicas e privadas.

"O circo" é uma das obras da exposição de Anita Malfatti

SERVIÇO

Quando: até 29 de janeiro
Horário: de terça a domingo, das 10h às 18h
Ingressos: R$ 4,00 inteira e R$ 2,00 estudantes
identificados (crianças de até 12 anos, maiores de 60
e grupos de estudantes de escolas públicas, do ensino
médio e fundamental, pré-agendados não pagam)
Onde: Museu Oscar Niemeyer – Rua Marechal Hermes, 999
Mais informações: (41) 3350-4400

Um brinde aos escritores

Verão combina com viagem, que combina com férias, que combina com uma bebidinha, que combina com… escritores. E é para fazer um brinde a tudo isso que separamos aqui alguns autores e suas bebidas preferidas. Tim tim!

Entre as bebidas favoritas de William Faulkner estava o Mint Julep, uma mistura nada inocente de uísque e cerveja:

Charles Bukowski era amante da Boilermaker, cerveja “emparelhada” com uma dose de uísque. Funciona assim: primeiro, o cidadão bebe o uísque de um gole só. Depois, degusta sua cerveja (de preferência escura), lentamente. Mas esse é só para os fortes como o velho Buk…

William Burroughs gostava de algo mais simples: Vodka com coca-cola. Este nem precisa de receita. Basta acrescentar gelo:

F. Scott Fitzgerald e sua Zelda adoravam Gin Rickey, um coquetel que mistura gin, suco de limão e água com gás:

A bebida de Dorothy Parker era o Whisky Sour que leva uísque, suco de limão e açúcar… Uma espécie de caipirinha inglesa.

Ernest Hemingway gostava de um bom Mojito, bebida que ele descobriu em Havana e que se prepara com rum, limão e hortelã:

E pra mostrar que a gente também lembra de quem está no hemisfério norte, onde o frio anda de lascar, sugerimos a bebida preferida de Oscar Wilde: o poderoso Absinto.

Só não esqueça: se beber, não dirija. Aliás, fique em casa. Quem sabe lendo um bom livro…

A morte do cronista da era do jazz

Entre os dias 22 e 23 de dezembro de 1940, os principais jornais norteamericanos traziam a notícia de que o romancista, contista e roteirista Franz Scott Fitzgerald morrera aos 44 anos, na sua casa em Hollywood, no dia 21 de dezembro, três semanas depois de sofrer um ataque cardíaco. Achamos um site que traz os obituários e as principais notícias da época sobre Fitzgerald, publicadas dos jornais New York Herald Tribune, The New York Times e Los Angeles Times. Nos textos, há de tudo um pouco, a maioria associando o escritor ao excesso dos anos 20. Os obituários mais respeitosos expressaram um sentimento de pesar, mas nenhuma das matérias previu que o autor de O grande Gatsby teria um lugar de honra entre os maiores escritores norteamericanos. Ao morrer, Fitzgerald deixou um espólio de “mais de 10.000 dólares” para a mulher Zelda e a filha Francis e um romance inacabado, The Last Tycoon (O último magnata), publicado postumamente em 1941.

Fitzgerald é considerado o cronista da “era do jazz”, como são chamados os anos 20. Em homenagem a ele, ao jazz e ao verão que começa oficialmente amanhã, nada como ouvir “Summertime”, de George Gershwin:

Catálogo L&PM e-books chega a 400 títulos

A boa notícia de final de ano é essa: estamos chegando aos 400 títulos em e-book e, no início de janeiro, o catálogo de livros digitais da L&PM já terá ultrapassado esta marca. São opções dos mais variados gêneros e autores para todos os gostos que incluem Jack KerouacBukowski, Balzac, Nietzsche, Moacyr Scliar, Millôr Fernandes, Jane Austen, Agatha Christie, Georges Simenon, Patricia Highsmith, Caio Fernando Abreu, Eduardo GaleanoMartha Medeiros, entre muitos outros. Há romances, contos, poesia, ensaios, quadrinhos. 

A distribuição dos e-books L&PM é feita pela DLD (Distribuidora de Livros Digitais), que é administrada por um grupo que reúne as editoras Record, Objetiva, Sextante, Rocco, Planeta e, claro, L&PM. A DLD possui acordo operacional como as livrarias Saraiva, Cultura, Curitiba e com os portais Positivo, Abril e Copia. Ou seja: basta clicar aqui, escolher entre estas centenas de opções, entrar no site das livrarias e… feliz download 2012!

59. Vinte anos de Eduardo Galeano

Por Ivan Pinheiro Machado*

Nosso primeiro encontro foi em 1976, na Feira do Livro de Frankfurt. Naquele ano, o tema era “Literatura latino-norteamericana” e eu, então um jovem de 24 anos, fui apresentado pelo meu amigo Fernando Gasparian, dono da editora Paz e Terra, a um promissor escritor uruguaio editado por ele. Seu nome: Eduardo Galeano.

Galeano, que na época tinha 36 anos, já era festejado com seu “Las venas abiertas de América Latina”. Eu, filho de comunista que era, já tinha lido o livro em espanhol, pois a obra era proibida no Brasil. Fiquei fascinado com sua figura e continuamos mantendo contato.

Nosso primeiro Galeano: "O livro dos abraços" que agora é publicado na Coleção L&PM POCKET

Quinze anos depois, recebi um telefonema de sua agente no Brasil. Queria uma nova editora brasileira para publicar O livro dos abraços, lançado em espanhol em 1989 e que ainda não tinha edição por aqui. Entrei em contato com Eric Nepomuceno, brilhante jornalista que já traduzia Galeano no Brasil, e que aceitou de imediato fazer mais esta tradução. E assim, em 1991, publicamos nosso primeiro Galeano.

Ou seja: fechamos 2011 comemorando 20 anos de convívio com Eduardo Galeano e 14 livros publicados incluindo As veias abertas da América Latina. Eduardo Galeano é uma grande figura humana. Ele consegue transmitir para sua vida pessoal a ternura e a poesia que são a matéria-prima do qual é feita a sua obra. Generoso, postou-se sempre ao lado dos fracos e dos oprimidos, tornando-se um símbolo de resistência às injustiças e às espoliações cometidas contra a América Latina. Não é preciso dizer que foi perseguido pelas ditaduras uruguaias e argentinas naqueles tempos tétricos de operação Condor nos anos 70 e 80. Solidário, esteve conosco nos piores momentos, quando a crise econômica de meados dos anos 90 quase abateu a L&PM. Alertado de que “sua editora estava mal”, Galeano respondeu: “Não faz mal, eu vou ficar até o fim”. Ele me contou isso somente 10 anos depois, quando tudo já estava resolvido e já tínhamos a maior e mais prestigiada coleção de livros de bolso do Brasil.

Há cerca de três semanas, recebi um email seu, singelo, onde ele contava do novo livro, Los hijos de los dias, que mostra como cada um dos dias do ano é capaz de fazer nascer uma nova história. Neste seu email, que trazia o livro em anexo, ele dizia: “si te parece publicable, manos a la obra.” Emocionado, li numa noite as 366 histórias (contando um ano bissexto) que compõem este livro belíssimo. No outro dia, liguei para o Eric Nepomuceno e… mãos à obra. O novo Galeano sai em meados de 2012.

O generoso Eduardo Galeano em foto dos anos 1980

*Toda terça-feira, o editor Ivan Pinheiro Machado resgata histórias que aconteceram em mais de três décadas de L&PM. Este é o quinquagésimo nono post da Série “Era uma vez… uma editora“.

690 mil libras na palma da mão

As irmãs Charlotte e Emily Brontë (autora de O morro dos ventos uivantes) começaram a escrever muito cedo. Como várias meninas, foi na adolescência que elas arriscaram suas primeiras aventuras no mundo da literatura. A diferença é que algumas das histórias criadas pela irmãs Brontë na adolescência apareceram mais tarde em livros de gente grande.

Em um dos manuscritos da época, foi encontrada a versão original de uma cena que aparece no romance Jane Eyre, de Charlotte Brontë, em que Bertha, a esposa de Mr Rochester, tenta matar o marido ateando fogo nas cortinas do quarto. O conjunto de 19 páginas com cerca de 4 mil palavras foi leiloado pela Sotherby’s na semana passada pela bagatela de 690 mil libras. Apesar da grandeza literária e do número de zeros do seu valor de venda, o manuscrito parece “coisa de criança” e cabe na palma da mão.

O leilão foi arrematado pelo Museu de Letras e Manuscritos de Paris e deve ser exposto ao público a partir de janeiro. Há outros quatro manuscritos semelhantes em exposição no Brontë Parsonage Museum, fundado e mantido pela família Brontë.

Verbete de hoje: Liniers

Com o lançamento da nova Enciclopédia dos Quadrinhos“, de Goida e André Kleinert, o Blog L&PM publicará, nos domingos, um verbete do livro. O de hoje é  o argentino Liniers (1973)

As tiras de Macanudo, publicadas no La Nacion, de Buenos Aires, são de uma criatividade sem-fim. Liniers (o pseudônimo de Ricardo Siri), desde o início de 2002, faz algo que o diferencia no mundo das HQs. Às vezes, a tira chega a ter 25 quadros. O formato muda todos os dias. Os numerosos personagens são originais e muito engraçados. A menina Enriqueta, o gato Fellini e o ursinho de pelúcia Madariaga aparecem com mais frequência, mas não são mais importantes que os pinguins; Oliverio, a azeitona; gente que anda por aí; a vaca Cinéfila; as ovelhas lanudas; os duendes; o homem‑lobo (que nos dias de lua cheia vira pinguim); o senhor da cabeça pequena; Z-25, o robô sensível; o homem que traduz o nome dos filmes; Ramindez, o melancólico; coisas que passaram a Picasso; Alfio, a bola troglodita e por aí vai. Fontanarrosa (que faleceu em 2008) sempre foi um grande admirador de Liniers. “Tudo parece um pouco ingênuo”, garante ele, “mas cuidado, desprevenido viajante. É a ilusória ingenuidade de um leão cercando uma gazela”. Publicada na Argentina em álbuns pelas Ediciones de la Flor, Macanudo ganhou tradução no Brasil através da Zarabatana Books.

Aterrorizado
pelo som da minha própria voz
e pela sonoridade dos pássaros
cantarolando em fios ardentes
numa quietude de domingo vi a mim mesmo
trucidando inúmeros pecadores e perus
cães barulhentos com pontudas tetas mortas
e cavaleiros negros em armaduras
com rótulos Brooks
e calças com cadeados Yale
Sim
e com pênis erectus como lança
perfurei velhas damas
rejuvenescendo-as
num espasmo de minha espantosa espada
retrocedendo-as à virgindade
capuzes e cabeças
oh sim
adormecida hipocrisia encapuçada

prosseguimos conquistando tudo
mas enquanto isso
o tempo padrão real segue em frente
e novos bebês engarrafados com dentes reais
devoram nosso fantástico
futuro fictício.

(De Um parque de diversões na cabeça, Lawrence Ferlinghetti, poema traduzido por Eduardo Bueno)

Ainda dá tempo de entrar na Cripta de Poe

“A Cripta de Poe”, um espetáculo multimídia criado a partir de algumas histórias de Edgar Allan Poe, é uma parceira da Cia. Nova de Teatro com o grupo italiano Teatro del Contagio. A peça, que fica em cartaz até este domingo, no CCSP em São Paulo, conta com a participação, em vídeo, do ator Paulo César Peréio, que vive o “Velho Poe”. Entre os textos que formam a base do espetáculo estão “O Retrato Ovalado”, “Berenice” e “Ligeia” do livro A carta roubada (Coleção L&PM POCKET). O espetáculo tem direção do carioca radicado em São Paulo Lenerson Polonini.

SERVIÇO

Local: Centro Cultural São Paulo – Espaço Cênico Ademar Guerra
Rua Vergueiro, 1.000 – Liberdade- São Paulo. Tel. 11 3397-4002
Sexta e sábado às 21h, Domingo às 20h
Temporada: 01 a 18 de dezembro
Ingressos: R$ 20,00 inteira e R$ 10,00 meia
Contatos da Cia:
11- 7225 3466/ 73228625
021- 9491 6198

Os livros estão de luto

Quem conhece Paris provavelmente já visitou a livraria Shakespeare and Company. Aconchegante e abarrotada de (bons) livros, essa que hoje é ponto turístico dos apaixonados pela literatura,  já foi ponto de encontro de intelectuais como Arthur Miller, James Baldwin, Samuel Beckett, Anaïs Nin, Lawrence Durrel, William Burroughs, Gregory Corso e Allen Ginsberg. Escritores que lá iam para comprar seus livros e se encontrarem com George Whitman, o dono da livraria que morreu quarta-feira, 14 de dezembro, dois dias depois de completar 98 anos.

Segundo o jornal The New York Times, Whitman faleceu devido a complicações que surgiram após um derrame sofrido há dois meses. Em outubro, ele se recusou a ficar no hospital e exigiu ser levado para casa, que fica em cima da Shakespeare and Company. Ontem, quinta-feira, a livraria estava fechada e, em sua porta, velas, flores e romances foram colocados juntos ao comunicado que anunciava a morte de Whitman. Os admiradores também colaram bilhetes com agradecimentos e elogios a ele.

Whitman nasceu em Nova Jersey, nos Estados Unidos, mas passou parte da infância na China. Mudou-se para Paris em 1948, tendo uma bicicleta e um gato como as suas únicas posses. Em 1951, ele abriu a livraria Le Mistral que depois seria rebatizada de Shakespeare and Company, em homenagem a Sylvia Beach, proprietária da Shakespeare & Company original, responsável pela primeira edição de Ulisses, de James Joyce. Quando morreu, em 1962, Sylvia Beach deixou para Whitman os direitos da marca e os seus livros. Dois anos depois, a Le Mistral de Whitman tornou-se Shakespeare & Company dois anos depois.

Mais do que dono de livraria, George Whitman foi uma lenda. Seu lema de vida tinha sido tirado de um poema de W.B. Yeats: “Não seja inóspito a estranhos, pois eles podem ser anjos disfarçados”. Atualmente, quem cuida da Shakespeare and Company é a filha de George, Sylvia Beach Withman.

O editor Ivan Pinheiro Machado, que também é artista plástico, eternizou a Shakespeare and Company em uma das pinturas que estava em sua mais recente exposição