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Galeano na mais bela livraria de Buenos Aires

Visitar a livraria El Ateneo Grand Splendid, em Buenos Aires, é uma experiência um tanto esplendorosa, como o próprio nome indica. Não apenas pela quantidade de livros que habitam os 2 mil metros quadrados de seus três andares, mas porque a arquitetura do que um dia foi o famoso Teatro Grand Splendid segue preservada. Considerada a segunda livraria mais bonita do mundo pelo jornal britânico The Guardian, lá ainda estão as varandas originais das galerias e as esculturas e os ornamentos tal como eram no tempo em que recebiam grandes artistas em noites de gala. Hoje, é possível subir ao palco para tomar um bom café com medialunas, sentar nas cadeiras espalhadas pelos salões sem precisar pagar ingresso e ler um livro num dos balcões que nos primórdios era ocupado pela nata da sociedade argentina.  Mas o ponto alto – e bota alto nisso – do prédio erguido em 1919 está no teto do salão principal: a cúpula pintada pelo italiano Nazareno Orlandi.

E é sob essa pintura que atualmente encontra-se Eduardo Galeano. Ou melhor: seu mais recente livro, Los hijos de los días (Os filhos dos dias), que será lançado pela L&PM este ano com tradução de Eric Nepomuceno. Galeano é bastante popular em Buenos Aires e já figura como o segundo mais vendido na El Ateneo. Aproveitando o clima de teatro só o que temos a dizer é: palmas para ele!  

Pintura no teto, cortinas vermelhas e afrescos são a moldura do café sobre o palco / Foto: Dudu Contursi, feita com iPhone

Na imagem recente, a pilha de livros de Eduardo Galeano se mostra convidativa / Foto: Dudu Contursi com iPhone

"Los hijos de los días" é o segundo mais vendido da El Ateneo

A Livraria El Ateneo Grand Splendid fica na Avenida Santa Fé, 1860, na Recoleta.  

Nasceu o novo filho de Galeano

Eduardo Galeano lançou seu novo livro Los hijos de los dias nesta terça-feira, dia 3 de abril, no Teatro Solis, em Montevidéu. Quem compareceu ao evento teve o privilégio de ouvir vários trechos do novo livro lidos pelo próprio Galeano. São 366 pequenos contos, um para cada dia do ano, sobre assuntos variados, em geral relacionados à América Latina. Sempre certeiro e atual, ele aproveitou a oportunidade para fazer críticas à Igreja e ao FMI e fez considerações sobre a nova Constituição da Bolívia que “mudou a condição dos índios de mão de obra a filhos da pátria”, e a do Equador, “que reconhece a natureza como sujeito de direito”.

A L&PM já está preparando a edição brasileira de Los hijos de los dias, com lançamento previsto para agosto.

Galeano e a vitamina “D”

Segunda-feira, 16 de janeiro, na capital de Cuba, Eduardo Galeano realizou a abertura do Prêmio Casa de las Américas deste ano.  Em seu poético discurso, ele disse “Obrigado, mil obrigados por este alimento de vitamina D, ‘D’ de dignidade, que tanto nos ajuda a acreditar que o dever de obediência, imposto pelos poderosos deste mundo é, pode ser, nossa penitência, mas não é, nem pode ser, nosso destino”.

No evento, o autor de “As veias abertas da América Latina” reafirmou sua amizade com a Casa de las Américas, fundada em abril de 1959 na cidade de Havana.  Abaixo, seu discurso:

E vem livro novo de Eduardo Galeano em 2012. “Los hijos de los días” já está sendo traduzido por Eric Nepomuceno.

Eduardo Galeano abrirá prêmio Casa das Américas 2012 em Cuba

O escritor e jornalista uruguaio Eduardo Galeano abrirá o Prêmio Literário Casa das Américas 2012, que será realizado no próximo dia 16 de janeiro, em Havana, informou neste domingo a imprensa local.

Galeano, que manteve um longo vínculo com a Casa das Américas, será uma espécie de convidado especial da 53º edição da premiação criada em 1959, anunciaram fontes da instituição cultural cubana.

O escritor uruguaio já recebeu três prêmios do festival literário de Havana, com: A Canção de Nós (1975) e Dias e Noites de Amor e de Guerra (1978). Na edição deste ano, o escritor recebeu o prêmio extraordinário de narrativa “José María Arguedas” com o título Espelhos – Uma História Quase Universal.

Na edição de 2012, o júri do Prêmio Casa avaliará as obras nas categorias: teatro, literatura para crianças e jovens, literatura brasileira e literatura caribenha em francês e crioulo.

A programação do festival, que será realizado durante dez dias, incluirá painéis de intelectuais, conferências e a apresentação das obras ganhadoras de 2011, entre elas A Bota Sobre o Touro Morto, do cubano Emerio Medina Peña (conto) e Seu Passo, do argentino Carlos Enrique Bischoff (literatura testemunhal).

Desde sua criação em 1959, após o triunfo da revolução liderada pelo agora ex-presidente cubano Fidel Castro, o Prêmio Casa é considerado um dos prêmios com maior história e prestígio da literatura.

*Texto publicado originalmente no site Folha.com em 25/12/2011. Em 2012, a L&PM vai publicar um novo livro de Eduardo Galeano, “Los hijos de los días”.

59. Vinte anos de Eduardo Galeano

Por Ivan Pinheiro Machado*

Nosso primeiro encontro foi em 1976, na Feira do Livro de Frankfurt. Naquele ano, o tema era “Literatura latino-norteamericana” e eu, então um jovem de 24 anos, fui apresentado pelo meu amigo Fernando Gasparian, dono da editora Paz e Terra, a um promissor escritor uruguaio editado por ele. Seu nome: Eduardo Galeano.

Galeano, que na época tinha 36 anos, já era festejado com seu “Las venas abiertas de América Latina”. Eu, filho de comunista que era, já tinha lido o livro em espanhol, pois a obra era proibida no Brasil. Fiquei fascinado com sua figura e continuamos mantendo contato.

Nosso primeiro Galeano: "O livro dos abraços" que agora é publicado na Coleção L&PM POCKET

Quinze anos depois, recebi um telefonema de sua agente no Brasil. Queria uma nova editora brasileira para publicar O livro dos abraços, lançado em espanhol em 1989 e que ainda não tinha edição por aqui. Entrei em contato com Eric Nepomuceno, brilhante jornalista que já traduzia Galeano no Brasil, e que aceitou de imediato fazer mais esta tradução. E assim, em 1991, publicamos nosso primeiro Galeano.

Ou seja: fechamos 2011 comemorando 20 anos de convívio com Eduardo Galeano e 14 livros publicados incluindo As veias abertas da América Latina. Eduardo Galeano é uma grande figura humana. Ele consegue transmitir para sua vida pessoal a ternura e a poesia que são a matéria-prima do qual é feita a sua obra. Generoso, postou-se sempre ao lado dos fracos e dos oprimidos, tornando-se um símbolo de resistência às injustiças e às espoliações cometidas contra a América Latina. Não é preciso dizer que foi perseguido pelas ditaduras uruguaias e argentinas naqueles tempos tétricos de operação Condor nos anos 70 e 80. Solidário, esteve conosco nos piores momentos, quando a crise econômica de meados dos anos 90 quase abateu a L&PM. Alertado de que “sua editora estava mal”, Galeano respondeu: “Não faz mal, eu vou ficar até o fim”. Ele me contou isso somente 10 anos depois, quando tudo já estava resolvido e já tínhamos a maior e mais prestigiada coleção de livros de bolso do Brasil.

Há cerca de três semanas, recebi um email seu, singelo, onde ele contava do novo livro, Los hijos de los dias, que mostra como cada um dos dias do ano é capaz de fazer nascer uma nova história. Neste seu email, que trazia o livro em anexo, ele dizia: “si te parece publicable, manos a la obra.” Emocionado, li numa noite as 366 histórias (contando um ano bissexto) que compõem este livro belíssimo. No outro dia, liguei para o Eric Nepomuceno e… mãos à obra. O novo Galeano sai em meados de 2012.

O generoso Eduardo Galeano em foto dos anos 1980

*Toda terça-feira, o editor Ivan Pinheiro Machado resgata histórias que aconteceram em mais de três décadas de L&PM. Este é o quinquagésimo nono post da Série “Era uma vez… uma editora“.

Mais um filho de Galeano

Ele chegou há poucos dias, por email. E causou furor. Os originais de “Los hijos de los días”, o novo livro de Eduardo Galeano, já estão aqui. Emocionante, lindo e intenso, ele traz uma pequena história para cada dia do ano, sempre centrada em um fato real que aconteceu naquela data. Pode ser o nascimento de alguém, o pronunciamento de um presidente, a morte de um mártir. Ou o que mais Galeano possa ter descoberto de interessante naquele dia e em diferentes épocas. “Los hijos de los días” é mais uma forma que o escritor encontrou para resgatar a história e a transformar em poesia. Como só mesmo Eduardo Galeano sabe fazer.

Diciembre
5

La voluntad de belleza

El presidente de la Sociedad Española de Historia Natural dictaminó, en 1886, que las pinturas de la caverna de Altamira no tenían miles de años de edad:

– Son obra de algún mediano discípulo de la escuela moderna actual – afirmó, confirmando las sospechas de casi todos los expertos.

Veinte años después, los tales expertos tuvieron que reconocer que estaban equivocados. Y así se demostró que la voluntad de belleza, como el hambre, como el deseo, había acompañado desde siempre la aventura humana en el mundo.

Mucho antes de eso que llamamos Civilización,  habíamos convertido en flautas los huesos de las aves, habíamos perforado los caracoles para hacer collares y habíamos creado colores, mezclando tierra, sangre, polvo de piedras y jugos de plantas, para alindar nuestras cavernas y para que cada cuerpo fuera un cuadro caminante.

Cuando los conquistadores españoles llegaron a Veracruz, encontraron   que los indios huastecos andaban completamente desnudos, ellas y ellos, con los cuerpos pintados para gustar y gustarse:

– Estos son los peores – sentenció el conquistador Bernal Díaz del Castillo.

“Los hijos de los días” traz 366 pequenas histórias como esta que você leu acima, a do dia de hoje. O livro terá cerca de 400 páginas, sairá em formato convencional e será traduzido por Eric Nepomuceno. A previsão de lançamento é o primeiro semestre de 2012. (Paula Taitelbaum)