O triste fim de Edgar Allan Poe

Edgar Allan Poe morreu em 7 de outubro de 1849. O escritor das histórias fantásticas e sombrias, dos contos extraordinários e repletos de mistérios influenciou autores como Conan Doyle, Agatha Christie, G. K. Chesterton e Jorge Luis Borges. Em sua coluna do dia 7 de outubro de 2012,  publicada no Jornal Zero Hora, o jornalista e escritor David Coimbra, autor do recém lançado Uma história do mundo, escreveu sobre o dramático fim do grande Poe:

Histórias Extraordinárias – Por David Coimbra*

Num domingo como hoje, 7 de outubro como hoje, o grande Edgar Allan Poe morreu por causa de uma eleição como a de hoje. Conta a lenda que cabos eleitorais o embriagaram e o arrastaram de uma circunscrição eleitoral a outra, a fim de que votasse várias vezes no mesmo candidato. Depois de muita bebida diferente e muito voto igual, Poe foi deixado numa rua de Baltimore. Encontraram na sarjeta no dia 4 de outubro, febril e desfalecido. Levaram-no para um hospital. Passou quatro dias delirando e morreu, miserável, aos 40 anos de idade.

Se é verdade a história dos cabos eleitorais assassinos, também é verdade que eles só conseguiram fazer isso com Poe porque Poe era um alcoólatra incurável. Bebia sem parar, embriagava-se com um único copo de vinho e, às vezes, ingeria álcool puro, tudo para escapar da melancolia. No entanto, foi a melancolia que o tornou imortal, porque só a dor torna um homem imortal. Poe casou com uma prima que tinha apenas 13 anos de idade – nos anos 30 do século 19 isso não era pedofilia. Como vivessem muito mal, sem ter dinheiro nem para comer, ela morreu de tuberculose. Para ela, Poe teceu um poema tão triste quanto terno:

Pois a lua jamais brilha sem trazer-me sonhos
Da bela Annabel Lee.
E as estrelas jamais surgem sem que eu sinta os brilhantes olhos
Da bela Annabel Lee.
E, assim, durante toda a maré noturna, deito-me ao lado
Da minha querida – minha querida –, minha vida e minha noiva
Em seu sepulcro junto ao mar,
Em sua tumba junto ao rumoroso mar.

Leia Histórias Extraordinárias, e beba um pouco da beleza sombria de Edgar Allan Poe.

* Este texto foi originalmente publicado na pg. 46 do Jornal Zero Hora de 7 de outubro de 2012, na coluna “O Código David”

A Coleção L&PM Pocket publica cinco títulos de Edgar Allan Poe.

O scroll de “On the road” chega a Londres

Pouco antes da estreia do filme “On the road/Na estrada” na capital inglesa, o “manuscrito original” do livro mais famoso de Jack Kerouac chega às terras da Rainha. A exposição “On the Road: Jack Kerouac’s Manuscript Scroll”, inaugurada nesta quinta, 4 de outubro, oferece ao público, o “scroll” com 36 metros de comprimento e uma série de raras gravações em áudio feitas pelos membros da chamada Geração Beat, entre eles Allen Ginsberg, autor do Uivo, William Burroughs, autor de Almoço nu, e Neal Cassady, em quem Kerouac se inspirou para criar Dean Moriarty, personagem principal de On the road.

Para quem nunca viu o scroll, ele aparece neste vídeo sendo desenrolado para uma exposição em 2007:

Além da versão tradicional e editada de On the road, a L&PM também publica o “manuscrito original” na Coleção L&PM Pocket.

Os amantes de Tuareg

Não faz muito tempo que escrevi um texto dizendo que o livro Tuareg é um romance imperdível. E parece que não sou só eu que penso assim. Uma matéria publicada no Jornal O Estado de Minas, de Belo Horizonte, em 23 de setembro passado, revelou que há um livreiro especializado em indicar este livro aos seus clientes. A história é ótima e vale ler! (Paula Taitelbaum)

Tradicional livreiro do Centro de BH fez de “Tuareg” um best-seller entre a sua vasta clientela

Eduardo Tristão Girão – EM Cultura

É fato. Se você não leu Tuareg por indicação do livreiro Johan Van Damme, conhece alguém (ou alguém que conhece alguém) que o tenha feito dessa forma. Proprietário da loja que leva seu sobrenome, no Centro de Belo Horizonte, ele ganhou fama por frequentemente sugerir aos fregueses o clássico do escritor espanhol Alberto Vázquez-Figueroa. Essa obra ocupa a primeira posição na estante batizada de “Sugestões do Sr. Van Damme”, que soma 90 títulos, à entrada da livraria.

Van Damme calcula ter vendido o livro do espanhol “a pelo menos nove mil pessoas” desde 1980, quando foi lançado no Brasil. O protagonista do romance é o tuareg Gacel Sayah, pertencente à população de costumes muito antigos e estilo de vida nômade que vive no deserto do Saara, no Norte da África. Habilidoso, o personagem domina o território e faz parte do grupo conhecido como Povo do Véu, cujo integrante jamais deixa um estranho conhecer-lhe o rosto. Só os olhos estão à vista.

A ação começa quando Sayah dá abrigo a dois fugitivos, seguindo seu próprio código de hospitalidade, sem se dar conta de quem são eles. O encontro o leva a uma aventura de desdobramentos impensáveis, envolvendo honra, costumes, estratégia, coragem e morte.

Van Damme conheceu Tuareg numa das remessas de editoras que chegam à sua livraria a todo momento, somando centenas de títulos novos por mês. “Na página 20, já estava incendiado e não consegui mais parar”, relembra o livreiro. Ele já leu o romance 14 vezes – inclusive a versão original, em espanhol. “Não perde a graça, pois é como um filme de cujo tema ou história a gente gosta”, garante. “A versão em português é excelente e não deixa nada a dever à espanhola”, completa.

O livreiro leu toda a obra de Vázquez-Figueroa. Ainda assim, Tuareg permanece no topo de suas preferências. “Esse romance toca muito. Mostra de onde tirar energia quando a gente acha não tê-la mais e como manter a tenacidade para alcançar os objetivos. É como naquela frase famosa: o covarde nunca começa, o fracassado nunca termina e o vencedor nunca desiste”, avalia.

Van Damme tem certeza de que ajuda a manter o romance espanhol popular, por meio de suas incansáveis indicações. A cada 20 meses, ele encomenda nova tiragem à editora gaúcha L&PM, cada uma com 2 mil exemplares. Tuareg está em sua 12ª edição brasileira e custa R$ 49,90 (R$ 22,00 em versão pocket).

Johan Van Damme

O sucesso de “Figura na sombra”

O lançamento de Figura na sombra, novo livro de Luiz Antonio de Assis Brasil, que aconteceu na quarta-feira, 3 de outubro, foi um grande sucesso. Antes das 19h, uma grande fila já se formava dentro e fora da Livraria Saraiva do Moinhos Shopping em Porto Alegre. Pontualmente, o escritor deu início aos autógrafos e só parou após às 21h. Escritores como Sergio Faraco, Tabajara Ruas e Cintia Moscovich estiveram por lá. Em novembro tem mais: dia 08, Assis Brasil autografa na Livraria da Vila do Shopping Higienópolis em São Paulo e dia 10 na Feira do Livro de Porto Alegre.

A fila para os autógrafos de Luiz Antonio de Assis Brasil começou antes das 19h

Pontualmente, o escritor deu início às dedicatórias

O escritor Tabajara Ruas também entrou na fila

Figura na sombra é o quarto e último livro da série Visitantes ao Sul, da qual fazem parte O pintor de retratos (2001), A margem imóvel do rio (2003) e Música perdida (2006).

Turma da Mônica cada vez mais moderna

Mônica está prestes a completar 50 anos, mas sua turma está cada vez mais moderna. Acabam de ser lançadas as novas skins da marca I-Stick para iPhone, iPad, iPod e celular Sansung Androide que trazem não apenas os personagens como também tirinhas especiais da turma. Aqui mostramos algumas, mas para conhecer todas é só clicar aqui e ir direto para a loja virtual.

Conheça os livros da Turma da Mônica publicados na Coleção L&PM Pocket.

O dia e o livro dos bichos

4 de outubro é o Dia Mundial dos Animais, data escolhida por ser o dia do nascimento de São Francisco de Assis, o protetor de toda a fauna. Ao sabermos da data, lembramos de um livro organizado por Sergio Faraco em 1997: “Livro dos Bichos“. Atualmente esgotado, este que é o número 50 da coleção L&PM Pocket (que agora já passa dos 1.000 títulos!), reune poemas de diversos autores da língua portuguesa sempre centrados em animais das mais diferentes espécies. Selecionamos “Borboleta” para marcar o dia:

BORBOLETA

Casimiro de Abreu

Borboleta dos amores,
como a outra sobre as flores,
por que és volúvel assim?
Por que deixas, caprichosa,
por que deixas tu a rosa
e vais beijar o jasmim?

Pois essa alma é tão sedenta
que um só amor não contenta
e louca quer variar?
Se já tens amores belos,
pra que vais dar teus desvelos
aos goivos da beira-mar?

Não sabes que a flor traída
na débil haste pendida
em breve murcha será?
Que de ciúmes fenece
e nunca mais estremece
aos beijos que a brisa dá?…

Borboleta dos amores,
como a outra sobre as flores,
por que és volúvel assim?
Por que deixas, caprichosa,
por que deixas tu a rosa
e vais beijar o jasmim?

Lisboa de Pessoa

Por Paula Taitelbaum

Semana passada estive em Lisboa. Lisboa que emana poesia: “Ó mar salgado, quanto do teu sal, são lágrimas de Portugal…”. Fernando Pessoa, aliás, é onipresente nesta cidade que se esparrama a partir das margens do Tejo. Valorizado por tudo e por todos, o poeta está não apenas nas vitrines das livrarias, mas também nas paredes dos restaurantes, no souvenir oferecido ao turista, nos desenhos do artista anônimo da esquina, nos grafites dos prédios. Imaginar que ele andou pelas mesmas ruas por onde passei, que viu a mesma paisagem, já seria bom demais. Mas entrar na livraria Betrand do bairro do Chiado – aliás, bem pertinho da casa onde nasceu Pessoa – e pensar que ele muitas vezes esteve ali, levou-me para uma viagem além do Tejo… Quase pude vê-lo “a folhear” alguma obra, quem sabe autografando um livro (pra mim!). Fundada em 1732, a Bertrand é considerada a mais antiga do mundo pelo Guiness Book e você pode imaginar quanta gente letrada já passou por lá nesses mais de dois séculos e meio.

A fachada da Bertrand do Chiado, a mais antiga livraria do mundo

O anúncio da vitrine revela que a Bertrand foi testemunha até do grande terremoto que destruiu Lisboa em 1755 (clique para ampliar)

O ano do Brasil em Portugal começou no dia 21 de setembro e vai até junho de 2013. Quem sabe você não aproveita e vai conhecer o país de Fernando Pessoa, Eça de Queiroz, Florbela Espanca e Luís de Camões. Pra facilitar, a TAP (Transporte Aéreos Portugueses) tem vôos que partem direto de dez capitais do Brasil. Pois, pois…

Sergio Capparelli e Moacyr Scliar entre os 100 melhores para crianças

Uma edição especial da Revista Nova Escola apresenta uma lista com os 100 melhores livros para bebês, crianças e adolescentes eleitos pela Fundação Victor Civita. A escolha foi feita em parceria com especialistas em leitura e oferece opções que têm como objetivo apoiar educadores e famílias na escolha de obras literárias. O critério utilizado para escolher as publicações foram as características de cada idade, as temáticas que mais interessam, a qualidade editorial dos livros e a diversidade de gêneros e autores. Com base nisso, os títulos literários e informativos considerados imperdíveis foram divididos em quatro grupos: até 3 anos (Livros para explorar), de 4 a 5 anos (Livros para sonhar), de 6 a 10 anos (Livros para se aventurar); e de 11 a 14 anos (Livros para crescer).

Dois livros publicados pela L&PM Editores estão entre os selecionados: Boi da cara preta, de Sergio Capparelli e Histórias para (quase) todos os gostos, de Moacyr Scliar.

Os livros de Capparelli e Scliar, selecionados pela Fundação Victor Civita

75 anos de Guernica

Há 75 anos, no amplo estúdio da rue des Grands-Augustins em Paris, Picasso pintava sua mais célebre obra, “Guernica”, que seria exibida no pavilhão espanhol da Exposição Universal de Paris de 1937. O quadro é uma violenta explosão de fúria e indignação diante da destruição da cidade basca de Guernica em 26 de abril de 1937 pela aviação nazista que apoiava o general fascista Francisco Franco. A enorme tela de 7,80 metros  x 3,50 metros ainda produz em que o vê um choque devastador. A cena de horror e sofrimento transmitida através de uma grandiosidade monocrômica é um violento libelo contra a guerra e a morte. Mas até chegar ao museu Reina Sofia em Madrid, este quadro rodou muito. Reza a lenda que, inclusive, ele esteve na caçamba de um caminhão completamente atolado na lama nos arredores do pavilhão do Ibirapuera em São Paulo, onde foi a grande estrela da 2ª Bienal de São Paulo em 1953. Na época, o quadro foi cedido pelo MoMA, o Museu de Arte Moderna de Nova York, que era o seu fiel depositário.

A história das andanças de “Guernica” começa em 1939 quando Picasso, convidado por Alfred Barr Jr., o fundador e diretor do MoMA, faz sua primeira grande exposição em Nova York. “Guernica” e mais 300 quadros causaram um verdadeiro rebuliço nos meios culturais novaiorquinos. O sucesso foi enorme e Picasso e Alfred Barr se tornaram grandes amigos a ponto do pintor deixar o grande quadro emprestado para o MoMA “até o dia em que Francisco Franco morresse e fosse restaurada a democracia na Espanha”. Sob estas condições, “Guernica” deveria ser entregue para o museu do Prado que seria sua morada definitiva. Franco morreu em 1973, em junho, coincidentemente 3 meses depois de Pablo Picasso. O processo de redemocratização ainda demorou alguns anos e, depois de muita diplomacia, idas e vindas, com enorme má vontade, o MoMA cumpriu o acordo e devolveu “Guernica” à Espanha. Tão expressivo e tão famoso, o gigantesco painel monocrômico pintado praticamente em preto e branco acabou ganhando seu próprio museu, o Reina Sofia, um anexo do Museu do Prado no centro de Madrid. (Ivan Pinheiro Machado)

Guernica em exposição na Bienal de Arte de São Paulo de 1953. Na foto, Ciccillo Matarazzo, responsável por trazer a obra de Picasso, em destaque ao lado de Juscelino Kubitschek

Picasso é um dos títulos da Série Biografias L&PM.

Os haicais de Kerouac estão mais perto de nós

Prepare-se para ler os haicais de Jack Kerouac em português a partir de 2013. Quinta-feira, 27 de setembro, Claudio Willer anunciou em seu blog que entregou à L&PM Editores parte da tradução do livro que traz os pequenos poemas de Kerouac. “Não resisti a postar o final do Livro de haicais de Kerouac (acabo de enviar ao editor o copião da tradução, sem revisão). Achei comovente. Ele escreveu até o fim, até seus últimos dias, até morrer. Acima de tudo, foi um poeta.”

Encolhido, arreganhando os dentes
para a nevasca,
Meu gato me encara

Encolhida na
nevasca, a antiga
Miséria do gato

Surpreendente briga de gatos
na sala em uma
Rancorosa noite de setembro

Chuva-na-Cara
olha desde a colina:
Custer lá embaixo

Touro Sentado ajusta
sua cinta: o cheiro
de peixe defumado

A mosca, tão
solitária como eu
Nesta casa vazia

O outro homem, tão
solitário como eu
Neste universo vazio

Willer, que também é o tradutor de Uivo, de Allen Ginsberg, é um verdadeiro expert em literatura beat. Autor do livro Geração beat, ele realiza uma palestra sobre hoje, 02 de outubro, às 18:30 na Livraria Sebinho em Brasília.