O assunto é… as prisões do Rio de Janeiro

Neste final de semana, o mundo inteiro voltou seus olhos para o Rio de Janeiro. Tanto que a capital fluminense chegou ao primeiro lugar nos “trending topics” (assunto mais comentado) no Twitter. Aproveitando o momento, separamos aqui um pequeno trecho de Millôr definitivo, a Bíblia do caos, escrito pelo carioca Millôr Fernandes há alguns anos:

“As autoridades encarregadas da segurança do Rio repetem enfadonhamente sua impossibilidade de enfrentar aquilo que outrora se chamava crime. Por falta de homens, de material, de prisões. Quanto à falta de homens, não sei; nem quanto à falta de material. Mas nossas prisões, as que conheço, são as melhores do mundo. Nosso sistema carcerário pode mesmo ser considerado sem par. Estive em várias de nossas prisões ultimamente: são locais bem protegidos, de guardas e vigilantes bem arrumados e bem pagos; boas instalações, portas pesadas e com os mais modernos sistemas de controle e segurança. As pessoas aí confinadas vivem bem, e se alimentam magnificamente. Reclamam apenas das saídas, cada vez mais difíceis; só lhes é permitido tomar sol e fazer uns exercícios em quadras polivalentes. Quando tentam, porém, querem escapar ao confinamento, chegam à rua, são agredidas, violentadas ou mesmo mortas, sem qualquer explicação ou julgamento. De qualquer forma, repito, nossas prisões são tão boas que, na Barra da Tijuca, o custo de uma delas, tipo condomínio, atualmente é 500.000 dólares”.

A Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, antes das "prisões" invadirem o local

Nos últimos dias, ao contrário de quando o texto foi escrito, vimos o Rio de Janeiro tem homens e materiais. Agora só resta saber se as prisões mudaram…

Há 88 anos nascia Charles M. Schulz, criador do Snoopy!

Se estivesse vivo, Charles M. Schulz completaria hoje 88 anos de vida. Desde o nascimento, os quadrinhos tiveram um papel importante em sua trajetória. Charles sempre soube que queria ser cartunista e ficou muito feliz quando Robert Ripley publicou no Ripley’s Believe it or Not seus primeiros desenhos, em 1937. Depois de muitos “nãos”, Schulz finalmente realizou seu sonho de ter uma tira nacional diária quandoPeanuts debutou em sete jornais em 2 de outubro de 1950 e posteriormente se tornou um grande sucesso internacional. Em 1965, Schulz foi homenageado com o Reuben Award concedido pela National Cartoonist Society.

Uma das criações de Schulz fez sucesso na tradicional Parada Macy´s de Ação de Graças em Nova York, que aconteceu ontem. Entre os 8 mil participantes do desfile estava um boneco gigante do Snoopy.Veja algumas fotos da abertura do desfile, que passou pela Columbus Circle, pelo Central Park e pela Times Square. A L&PM publica dez livros com histórias de Snoopy e sua turma e também Peanuts Completo, criações de Charles M. Schulz.

O pai da fábula escrita

Quem não conhece fábulas como A tartaruga e a lebreO Lobo e o CordeiroA Cigarra e a Formiga? Mas ao contrário do que todos pensam, não foi Esopo quem escreveu essas histórias como as conhecemos hoje. Suas fabulações faziam parte da tradição oral grega. As únicas informações sobre a sua vida que chegaram até aos dias de hoje são transmitidas por Heródoto, Plutarco e Heracles Pôntico, mas são contraditórias. Muitos chegam a duvidar da existência de Esopo. Suas fábulas foram reunidas e escritas, tendo inclusive inspirado outros grandes fabulistas, como La Fontaine e Fedro. Consta que Esopo era corcunda, mas a aparência estranha era suprimida pelo seu dom da palavra, ao contar suas histórias carregadas de ensinamentos. Seus personagens  são geralmente animais, personificados, que falam, erram e demonstram bem as muitas saliências do caráter humano. Diz a lenda que Esopo foi escravo e teria sido libertado por encantar seu último senhor com suas histórias de caráter moral e fantasioso. As histórias contadas por Esopo estão reunidas no livro Fábulas, publicado pela L&PM. Lá você encontra histórias como Guerra e Violência e Hermes e o Escultor. Vale a pena ler e refletir.

GUERRA E VIOLÊNCIA
Cada um dos deuses se casou com a mulher que
o destino lhes havia reservado. Quando foi a vez do
deus Guerra, só havia sobrado a Violência: ele se apaixonou
loucamente por ela e a desposou. Desde então,
ele a acompanha por toda parte.
A violência impera numa cidade ou entre as nações,
trazendo guerra e discórdia.

HERMES E O ESCULTOR
Hermes quis saber qual o grau de estima que os homens lhe devotavam. Tomou a aparência de um mortal e foi ao ateliê de um escultor. Ao ver uma estátua de Zeus, perguntou:
– Quanto custa?
– Um dracma – respondeu-lhe o homem.
Hermes sorriu:
– E aquela, de Hera?
– É mais cara.
Hermes viu então sua própria estátua. Achava que, sendo ao mesmo tempo mensageiro e deus do comércio, seu preço seria bem mais alto.
– E Hermes, quanto custa? – quis saber.
– Oh, se comprares as outras duas, a levas de
brinde.
Quem se acha o tal termina valendo menos que
o esperado.

Lady Day e a canção do século

Billie Holiday andou pelas ruas do Harlem até as mais prestigiosas salas de espetáculo de Nova Iorque. Sexo, álcool, drogas, Lady Day queria experimentar tudo. E experimentou. Sua vida como cantora começou por necessidade. Ameaçada de despejo, por falta de pagamento, aos 15 anos buscava desesperadamente algum dinheiro para ajudar a mãe. Entrou em um bar,  ofereceu-se como dançarina e foi um total desastre. O destino lhe reservou sorte: o pianista que testava as dançarinas perguntou se Billie sabia cantar. Billie cantou.

É impossível falar sobre Lady Day sem falar em Strange Fruit, música do vídeo abaixo.  Strange Fruit foi composta como um poema, escrito por Abel Meeropol, um professor judeu de um colégio do Bronx, sobre o linchamento de dois homens negros. Depois de linchados, eles foram enforcados em árvores. Por isso eram os “frutos estranhos”. Holiday cantou a música pela primeira vez no Cafe Society em 1939. A canção passou a fazer parte regular de suas apresentações ao vivo. Em dezembro de 1999, a revista Time deu a Strange Fruit o título de canção do Século.

Billie Holiday é um dos grandes nomes da série Biografias, publicada pela L&PM.

3. A ditadura que odiava os livros – parte I

Por Ivan Pinheiro Machado*

Foi em setembro de 1978 que a última apreensão de um livro por motivos políticos aconteceu no Brasil. O título da obra em questão: “Memórias: a verdade de um revolucionário”. Seu autor: General Olympio Mourão Filho. Sua editora: a L&PM. Mesmo que estivéssemos no início de uma “abertura” – que mais parecia uma fresta de redemocratização, a censura insistiu em bater novamente à nossa porta. O general Mourão Filho havia sido o chefe das tropas que insurgiram em 31 de março de 1964, derrubando Jango e dando início à ditadura militar. Estabelecido o governo golpista, Mourão acabou sendo preterido na hora da escolha no Presidente da República. Primeiro, em detrimento do General Castelo Branco e, depois, do General Costa e Silva. A partir de então, o General Mourão deixou-se corroer pelo sentimento de injustiça até morrer amargurado em 1972. No leito de morte, legou a um amigo, o historiador Hélio Silva, um pacote com os originais das suas memórias, obtendo de Hélio a promessa de que o livro seria publicado. Louco de curiosidade com o que tinha nas mãos, assim que chegou em seu amplo apartamento na Avenida Atlântica, Hélio abriu o pacote e começou a ler a cópia datilografada em papel de seda, com tipos azulados do carbono. Ao final de algumas horas, ele já havia vencido 300 das 500 páginas do original. Estava pasmo. Tinha consigo uma metralhadora giratória cujos alvos eram os poderosos ex-presidentes Castelo Branco, Costa e Silva e Médici. Engoliu em seco ao lembrar do juramento ao General moribundo. Meses depois da morte de Mourão, Hélio havia mostrado os originais a todos os editores importantes do Rio de Janeiro e, diante das recusas em série, concluiu que só um louco seria capaz de publicar aquilo. Mas não desistiu. Mais do que obstinado, Hélio era um católico convicto e, para ele, juramento era algo divino.

Corria o ano de 1977. Meu pai, Antonio Pinheiro Machado Netto, era dono de um colégio, o Educandário Cecília Meirelles, que inaugurou em Porto Alegre a prática de trazer grandes personagens da cultura brasileira para conferências pagas. Lembro de Décio Pignatari, Barbosa Lima Sobrinho, Antonio Callado, Helio Pelegrino e muitos outros, entre os quais Hélio Silva, considerado na época um dos principais historiadores brasileiros do período republicano. Ele falou, foi brilhante e, no final de sua conferência, foi apresentado a mim e ao Lima pelo meu pai. Ali, ficou sabendo que tínhamos uma editora e interessou-se. Era um dos grandes autores nacionais, editado pela Civilização Brasileira, a mais importante editora do país na época. Seu “Ciclo de Vargas”, em 16 volumes de mais de 500 páginas cada, um é uma referência obrigatória para quem quer conhecer a História recente do Brasil. Pois bem. Hélio olhou para nós e perguntou sem rodeios:

“Vocês teriam coragem de publicar um material altamente explosivo?”

“Como assim?” perguntou o Lima.

“As memórias do homem que iniciou a revolução de 1964”.

Eu ri e disse: “Desculpe professor, mas nós não somos uma editora de direita…”

Foi a vez dele rir: “Vocês nem imaginam o que ele diz dos milicos. Ele brigou com todos os generais. É um livro importantíssimo, pois há informações absolutamente inéditas sobre o golpe de 64”.

Fez uma pausa e acrescentou: “Por uma questão de honestidade, devo dizer a vocês que é um material perigoso, pois vai incomodar muita gente. Ele esculhamba os generais e ridiculariza o golpe.”

Estávamos espantados com a revelação. Éramos muito jovens, iniciantes e querendo nos firmar nacionalmente como editores. Esta poderia ser uma boa chance. Topamos na hora. O acordo foi no jantar, com brinde e tudo. Estávamos muito excitados com a possibilidade de editar o livro. Meses depois, estaríamos quase arrependidos e tecnicamente quebrados… (continua na próxima semana)

Ivan Pinheiro Machado e Paulo Lima com o livro de Hélio Silva nas mãos

Para ler o próximo post da Série “Era uma vez uma editora…” clique aqui.

 

Peter, uma das paixões de Agatha Christie

Agatha Christie era apaixonada por Peter. Branco, peludo, alegre e carinhoso, ela fala várias vezes nele em sua Autobiografia. E também dedica seu livro Poirot perde uma cliente ao mascote: “Ao querido Peter, o mais leal dos amigos e a mais querida das companhias, um cão em mil”. Para você entender bem a relação de Agatha e de sua filha, Rosalind, com Peter, separamos aqui alguns trechos da Autobiografia da autora em que ele é citado.

“As coisas ruins sempre aconteciam quando eu não estava presente. Rosalind recebeu-nos com sua habitual exuberância e bom humor e imediatamente anunciou o desastre: ‘Peter mordeu Freddie Potter no rosto’. A última coisa que desejaríamos saber, ao chegarmos em casa, é que nossa preciosa cozinheira-governanta-residente tivera seu precioso filhinho mordido no rosto pelo nosso precioso cachorrinho” Rosalind explicou que não fora, realmente, culpa de Peter. Ela dissera a Freddie Potter que não colocasse o rosto cada vez mais perto de Peter, roncando, de modo que, é claro, Peter mordeu-o.”

Em outra passagem do livro, Agatha Christie pergunta à filha o que ela pensa de sua mãe casar-se com Max (Max Mallowan) ao que a filha responde que ele era a melhor escolha.

“[Rosalind] prosseguiu enumerando, com a maior franqueza, do seu utilitário ponto de vista, as vantagens do meu casamento: ‘E Peter gosta dele’ acrescentou como aprovação definitiva e final.

Peter no colo do segundo marido de Agatha Christie, o arqueólogo Max Mallowan

 

Relacione trechos e livros no “Jogo da literatura”

Você é um bom leitor? Bom mesmo? Então prove isso no “Jogo da Literatura”, um game que a Revista Nova Escola apresenta em seu site e onde você pode avaliar seu conhecimento sobre 25 clássicos da literatura nacional e internacional, entre eles Os Lusíadas, Hamlet e Édipo Rei,  todos da Coleção L&PM POCKET. O desafio é relacionar dez trechos a seus respectivos livros. Vá lá, clique aqui e faça o teste.  

Um século sem Leon Tolstói

Há poucos dias, fez 100 anos que Leon Tolstói morreu. Foi em 20 de novembro de 1910 que o mundo inteiro chorou a perda do grande escritor russo, considerado (por muitos) o maior de todas as épocas. Tão impactante foi sua morte que, alguns anos depois, o escritor Thomas Mann disse que “se o moralista Leon Tolstói ainda estivesse vivo, teria sido possível evitar a Primeira Guerra Mundial”. Um século depois do seu falecimento, seu texto continua fascinando leitores de todos os cantos do planeta. E seu nome permanece na lista dos mais admirados. No Tolstoy Estate-Museum, localizado em Moscou, na casa em que o escritor viveu por quase duas décadas com a esposa Sophia e dez filhos, foi organizada uma exposição e eventos literários. Com um enorme jardim, o local preserva muitos dos objetos pessoais de Tolstói e os visitantes ficam com a impressão de que o escritor pode voltar para sua casa a qualquer momento. A preservação do mobiliário, fotos e porcelana sobre a mesa de jantar foi conservada mesmo depois da Revolução para que os russos pudessem ter a chance de ver como o aristocrata vivia. No amplo salão, entre 1882 e 1901, circularam celebridades como os compositores Skriabin, Rachmaninov e Rimsky-Korsakov, e os também escritores Anton Tchékhov e Máximo Gorki. Durante os 19 que a casa foi ocupada por Tolstói e sua família, ele escreveu quatro livros, entre eles, “A morte de Ivan Ilitch”. Mas esse não é o único museu em homenagem ao autor de “Guerra e paz”. O Museu Yasnaya Polyana, 210 quilômetros ao sul de Moscou, é uma propriedade de 1.600 hectares que o escritor herdou quando tinha 19 anos e que durante décadas foi usada pela família Tolstói.  Neste museu, tudo também foi preservado e há uma exposição permanente que mostra como ele vivia, dormia e comia. Sem contar que em seu parque são apontados os caminhos que o escritor mais gostava de percorrer. Para completar, é em Yasnaya Polyana que está o túmulo de Tolstói, sepultado ali de acordo com seu próprio desejo.

Leon Tolstói e sua esposa Sophia na propriedade de Yasnaya Polyana

O museu Yasnaya Polyana, que conserva grande parte da memória de Tolstói, é também o local onde ele foi sepultado

Os poderes do cérebro

Está circulando nos jornais e blogs de todo o mundo a  noticia de uma nova descoberta sobre os poderes do nosso cérebro. E o melhor é que a novidade tem tudo a ver com livros!!! Um artigo recentemente publicado na revista Science sugere que aprender a ler é uma das experiências mais importantes para o cérebro. A partir da leitura, nossa “caixa pensante” é estimulada e pode até “fazer milagres”. Segundo o artigo, há um consenso entre os pesquisadores de que, quando aprendemos a ler, em vez de confiar em antigos mecanismos de evolução, o nosso cérebro adapta recursos pré-existentes para processar as informações visuais. Mas, a final, como funciona o cérebro? Quão diferente é um cérebro humano de cérebros de outras criaturas? O cérebro humano ainda está evoluindo?  As respostas você vai encontrar no livro O cérebro, de Michael O´Shea que a L&PM lançará até o fim de 2010. No livro O´Shea relata , por exemplo, o que acontece com o nosso cérebro em testes como o do vídeo abaixo…Quantos passes acontecem entre os jogadores de camiseta branca?

Você enxergou o gorila?

O símio aparece cruzando a tela durante cinco segundos! Curioso por saber mais? Logo logo o livro estará nas bancas. A obra é mais um lançamento da serie Encyclopaedia.

Morreu Alfredo Oliveira, o “Carioca”

Morreu no sábado, dia 20 de novembro, aos 67 anos, o ilustre portoalegrense Alfredo Oliveira, conhecido na cidade inteira por “Carioca”, gremista apaixonado, boa praça, proprietário da gráfica que imprimiu o primeiro livro da L&PM Editores. Por uma curiosa coincidência, no post da série “Era uma vez uma editora…” da semana passada o assunto era a história do primeiro livro: “Rango marron: vanguarda por acaso” e eu cito o “Carioca”. Nós éramos meninos, o Paulo Lima e eu, e não tínhamos dinheiro para imprimir o primeiro livro da editora. O Carioca era nosso amigo, liberou a gráfica num sábado à tarde e nós imprimimos o livro de graça. Foi o mais vendido da Feira do Livro de 1976. Vendeu tanto que conseguimos pagar a reedição… Portanto, o Carioca está para sempre na nossa história, com sua generosidade e seu bom humor.

Ivan Pinheiro Machado