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O maior colecionador de pockets da L&PM

Há quem escreva por amor, pelo prazer de presenciar o encontro das palavras, por obrigação, ou mesmo porque nasceu para isso. Luiz Fernando Koch, irmão do famoso ex-tenista e campeão mundial Thomaz Koch, ao longo de sua vida, escreveu muito. Em todos os anos em que foi juiz, foram inúmeros referendos, notas, sentenças e tratados. Incontáveis as páginas. “Na verdade, sou um escritor anônimo”, brinca.  Luiz Fernando escreveu tanto que não teve tempo suficiente para ler tudo o que gostaria. Até que resolveu “recuperar o tempo perdido” e foi atrás de todos os livros que pudesse degustar, como se cada um deles fosse realmente uma saborosa refeição.

Koch, como um bom e determinado homem da lei, resolveu entrar de cabeça nesta missão. Uma dúzia de livros não foi o suficiente. Resolveu comprar logo a Coleção inteirinha da L&PM POCKET. “Não tenho a pretensão de ler todos estes livros”, diz ele em seu escritório, diante de uma parede repleta de coloridos e recheados livros. Mas prometeu que leria tudo o que conseguisse. “Queria comprar a coleção também para o meu neto e minhas filhas”, confessou Koch, que teve de adaptar o escritório para receber os novos moradores – que chegaram em 10 volumosas caixas. “Comprei há muito pouco tempo, mas é possível que meu escritório seja bem mais visitado agora por parentes e amigos”, diverte-se o maior colecionador de pockets L&PM que temos notícia.

Há quem diga que são os livros que fazem de uma casa um lar. Neste caso, não há dúvidas de que o escritório de Luiz Fernando Koch, em Porto Alegre, tenha ficado muito mais acolhedor quando quase mil histórias começaram a habitar o lugar. O escritor anônimo transformou-se em um conhecido leitor – e invejado por muita gente! Afinal, quem não gostaria de ter quase mil livros em sua sala?

Gostou? Então aguarde para ver na WebTV a entrevista que fizemos com Luiz Fernando Koch, em seu escritório, diante das centenas de livros da L&PM Editores.

As mulheres de Bukowski estão em casa

A capa de "Mulheres" que breve estará na Coleção L&PM POCKET

“Mulheres” e “Cartas na rua” são dois clássicos de Charles Bukowski (1920 – 1994) que foram contratados pela L&PM depois de vários anos de tentativas. Livros mais antigos, já publicados por outros editores, às vezes caem num “limbo” onde, por questões legais, deixam de ser publicados. Ou seja: por melhores e mais vendáveis que eles sejam, acabam não sendo recontratados porque envolvem filhos, netos, sobrinhos, mulheres, ex-mulheres… E por aqui não foi diferente. Mas finalmente conseguimos e, para completar os 16 títulos de Bukowski já publicados nesta casa, o romance “Mulheres” chegará em junho e “Cartas na rua” entre julho e agosto.  

Charles Bukowski representa o lado sombrio do “sonho americano”. Filho de pai americano de origem alemã e de mãe alemã, sua infância foi marcada pela violenta repressão familiar. Em 1923, o casal Bukowski estabeleceu-se nos EUA. Charles cresceu tímido, anti-social e complexado devido à acne que devastou seu rosto. Na adolescência, descobriu que o álcool fazia com que se comunicasse com o mundo. Mais tarde ele escreveria que a origem de seu alcoolismo era de que “ele havia descoberto no álcool uma forma de suportar a vida”. Curiosamente, antes de ser famoso nos EUA, foi best seller na Itália. Sua editora italiana, SugarCo, lançava os livros ao mesmo tempo em que saiam nos EUA.  Bukowski escreveu muito – mais de 50 livros – e por toda a vida foi fiel a sua editora Black Sparrow que acabou sendo vendida para a gigante Harper Collins.

Transgressor nato, poeta e ficcionista de enorme talento, seus livros são verdadeiros clássicos da contra-cultura. Sua prosa espanta, paradoxalmente, pelo lirismo e pela violência. Mais do que um autor pós beat, Bukowski é único e sua obra é um longo e poderoso grito de dor. O romance “Mulheres” foi lançado originalmente em 1978 e, depois de ser publicado pela primeira vez no Brasil em 1984, ficou décadas fora do mercado. Felizmente, agora ele está de volta.

Conheça aqui outras “Mulheres” de Bukowski que estão (ou estiveram) espalhadas pelo mundo:

A primeira edição, publicada pela Black Sparrow

Uma das edições da Itália, país que sempre acolheu Bukowski

A edição francesa manteve o nome original

Aprenda: "Kobiety" quer dizer "Mulheres" em polonês

A Alemanha mudou o nome para algo como "A vida amorosa de Hyäne"

"Mujeres" também fez sucesso na Espanha

A fantasia de Salvador Dalí e Walt Disney

As obras de Walt Disney e Salvador Dalí tinham em comum a fantasia. Mas quando se conheceram e começaram a trabalhar juntos, em 1945, constataram na prática suas divergências artísticas. O curta-metragem de animação Destino tinha tudo para ser uma das obras-primas do século, aliando o traço surrealista do pintor catalão à expertise dos estúdios Walt Disney. No entanto, oito meses depois do início dos trabalhos, Disney pulou fora alegando problemas financeiros. Mas na verdade, o real motivo da ruptura teria sido a falta de acordo entre os dois sobre o que, de fato, seria o filme. De um lado, Dalí o definia como “uma exposição mágica da problemática da vida no labirinto do tempo”, enquanto o norte-americano queria fazer “uma história simples sobre uma garota em busca do amor verdadeiro”.

A ideia ficou guardada por quase 60 anos, até que, em 2003, o sobrinho de Walt, Roy Disney, resgatou os desenhos originais e fez a animação com base nas instruções deixadas pelo assistente de Dalí na época, John Hench. O resultado você pode conferir a seguir:

Para quem gosta da obra do pintor catalão, acontece em Porto Alegre até o dia 6 de junho a exposição Cavalos Dalinianos, com litografias feitas por Salvador Dalí. E para conhecer melhor o pensamento do mestre surrealista, vale ler Libelo contra a arte moderna, da Coleção L&PM Pocket Plus.

via Zupi

O dia de Poirot, Maigret, Padre Brown e Sherlock Holmes

O que seria de um boa história de mistério sem eles? Aquela pista que ninguém viu, aquele personagem que ninguém desconfiou, aquele motivo que ninguém suspeitou… Só eles são capazes de chegar ao verdadeiro veredicto, à resposta elementar, ao assassino frio e calculista. Seguindo não apenas as pistas, mas principalmente suas deduções precisas, os detetives são o grande trunfo dos livros da sessão policial. Tanto é assim que os mais famosos nunca aparecem em uma única história.   

Por que esse papo todo hoje? Porque ontem, 15 de maio, foi o Dia do Detetive. E nada mais justo do que  prestarmos uma homenagem aos nossos velhos conhecidos detetives da literatura: Poirot, Maigret, Padre Brown e Sherlock Holmes. Cada um deles tem a sua própria personalidade, construida com muito esmero por seus “pais”. Ou melhor, pelos escritores que os criaram. 

O ator David Suchet como Hercule Poirot

Hercule Poirot Agatha Christie descreve seu mais célebre personagem: “Altura, um metro e sessenta e dois; a cabeça, do formato de um ovo, ligeiramente inclinada para um lado; olhos de um verde brilhante quando excitado; espesso bigode hirsuto como costumam usar os oficiais do Exército; e uma pose de grande dignidade.” 

Para Poirot, é possível resolver um crime estando “apenas sentado na sua poltrona”, pois, ao contrário dos outros detetives que buscam pistas no local do crime, Poirot utiliza como principal método a psique humana. Não é um detetive de ação, mas de dedução. 

Rupert Davies como Jules Maigret

Jules Maigret O comissário Jules Maigret, criado por Georges Simenon, é, sem dúvida, um dos grandes personagens da literatura moderna. Mas antes de ser um detetive, é um verdadeiro estudioso da natureza humana. Um homem sensível às fraquezas de seus semelhantes. Sua argúcia está ligada, menos à genialidade dedutiva, do que a uma profunda capacidade de compreender a alma de suspeitos e vítimas. 

Maigret nos comove exatamente por isso. Pelo paradoxo que se estabelece quando temos um policial generoso, capaz de sofrer pela sorte de culpados e inocentes. 

Alec Guinness como Padre Brown

Padre Brown Criado pelo escritor britânico G. K. Chesterton, Padre Brown está entre os gandes detetives da literatura. Suas reflexões filosóficas pontuam a ficção de Chesterton e a escolha do método humanístico da intuição em detrimento da dedução garantiram a ele um lugar junto aos grandes. 

“A literatura é uma das formas de felicidade; talvez nenhum outro escritor tenha me proporcionado tantas horas felizes como Chesterton”, disse Jorge Luis Borges. 

Robert Downey Jr. como Sherlock Holmes

Sherlock Holmes – Ele é sem dúvida o maior de todos. Ao lado de seu fiel amigo, o Dr. Watson, Sherlock Holmes não aceita estar errado. Normalmente, porque ele sempre está… certo. Ao contrário do comissário Maigret, Holmes não demonstra muitos traços de sentimentalismo, preferindo o lado racional de ser. Sir Arthur Conan Doyle, seu criador, até tentou matar a criatura em um dos seus livros. Mas foi obrigado a ressucitá-lo devido aos protestos de leitores do mundo inteiro.

Sherlock Holmes domina incrivelmente uma vasta quantidade de assuntos do conhecimento humano, como história, química, geologia, línguas, anatomia e literatura.

Última chamada para embarque no Titanic

Meu nome é Elizabeth Catherine Ford. Tenho 40 anos e sou esposa de Thomas W. S. Brown. Estou acompanhada de Thomas William Solomon Brown, meu marido, e de Edith E. Brown, minha filha de 15 anos. Viajo numa cabide de segunda classe e vamos para Seattle, onde Thomas pretende encontrar sucesso nos negócios. Meu ticket é o número 29750 e, no dia 10 de abril de 1912, subi a bordo do Titanic. Ainda não sei se sobrevivi.

Ao embarcar em Titanic: a Exposição. Objetos Reais, Histórias Reais, tornei-me Elizabeth, uma das passageiras que estiveram no mais célebre navio da história. Não escolhi ser ela: a funcionária que estava na estrada da exposição entregou-me, aleatoriamente, um cartão de embarque com esse nome.

Entro e encontro frases na parede, fotos da construção do navio, a música que embala os passageiros mais ricos, as histórias de muitos personagens reais e vários objetos resgatados do fundo do mar depois de ficarem mais de setenta anos adormecidos na escuridão oceânica. Felizmente, a exposição não está lotada e viajo em cada um dos objetos. Descubro que existia uma enorme sala de ginástica para os privilegiados da primeira classe. E que as mais luxuosas cabines custavam o que hoje seria 103 mil dólares. 103 mil dólares! Outra descoberta é o fato de que muitos dos passageiros da terceira classe embarcaram no Titanic por causa da greve dos carvoeiros. Como os navios menores cancelaram suas partidas, eles foram rearranjados. 

Há óculos, canetas, roupas, carteiras, moedas, louças, porcelanas, metais, cartas, cartões postais, botões, sinos, suspensório, talheres, cachimbos, jóias, o pedaço de um banco, um balde, vidros de perfumes intactos que ainda exalam seus perfumes… Há isso e muito mais: história, lembranças, fantasmas. 

Há um iceberg fake, um bote em tamanho real projetado no chão, muitos vídeos.  Mas o que realmente me toca é poder encostar meus dedos em um pedaço do casco do Titanic. O mesmo casco frio que chocou-se contra o bloco de gelo, o mesmo casco duro que não resistiu, o mesmo casco liso que escorregou para o fundo. 

A viagem já está quase no final. A parede exibe a lista de todos os passageiros. Os que viveram e os muitos que se foram. Procuro meu nome. Vejo que sobrevivi. (Paula Taitelbaum)

O meu cartão de embarque no Titanic

Titanic: A exposição fica até o dia 22 de maio no BarraShoppingSul em Porto Alegre e depois segue para Curitiba e Brasília. A empresa responsável pelo espólio do navio, a RMS Titanic, Inc. conta com um acervo de mais de 5,5 mil peças do Titanic, em exibição permanente em Las Vegas (EUA). 

E para os que querem saber ainda mais sobre o Titanic, ou para quem não puder ver a exposição, fica a sugestão de ler O crepúsculo da arrogância, de Sergio Faraco. Em 216 páginas, Faraco relata a combinação de erros, a pretensão, a arrogância e a desinformação que resultou na tragédia mais improvável do início do século XX.

As ilustrações raras de Huckleberry Finn

Durante uma faxina no antigo escritório do pai, o falecido editor de livros infantis e didáticos Anthony Beal, suas filhas encontraram a coleção completa de 37 desenhos feitos por Edward Ardizzone, um dos maiores ilustradores de livros infantis dos Estados Unidos, para o livro As aventuras de Huckleberry Finn, de Mark Twain. Publicadas em 1961, as ilustrações nunca mais foram vistas pelo público desde então.

As filhas de Beal resolveram compartilhar o achado e os 37 desenhos estão expostos na galeria Illustration Cupboard, em Londres. Veja alguns:

As aventuras de Huckleberry Finn é um dos próximos lançamentos da Coleção L&PM Pocket e deve chegar em breve!

O furioso fax de Hunter S. Thompson

No dia 22 de janeiro de 2001, Hunter S. Thompson enviou um fax para Holly Sorenson, a produtora executiva de cinema indie do estúdio Shooting Gallery – que havia adquirido os direitos de filmagem de  Rum: diário de um jornalista bêbado (Rum Diary), de Thompson. O processo para dar o start no filme mostrou-se lento e confuso e, lá pelas tantas, o escritor explodiu. Não adiantou… No final daquele ano, o estúdio faliu e Thompson acabou morrendo sem ver Rum adaptado para as grandes telas.

Alguns anos depois, outra produtora adquiriu os direitos e o filme agora está quase pronto, com Johnny Depp no papel principal. Abaixo, uma foto do fax e, a seguir, uma livre tradução do seu furioso conteúdo.

O furioso e desbocado fax que Hunter S. Thompson enviou à produtora de "Rum Diary"

Querida Holly

Okay, sua cadela preguiçosa, tô ficando cheio dessa encheção de linguiça desmiolada que você está fazendo com Rum Diary.

Nós não estamos nem mesmo dando uma largada agressiva. É como se todo projeto tivesse virado um daqueles zumbis que moram em caixas de papelão embaixo da Freeway de Hollywood…. Eu pareço ser a única pessoa que está fazendo alguma coisa pra que este filme exista. Eu já cerquei Depp, Benicio Del Toro, Brad Pitt, Nick Nolte & um ótimo roteirista da Inglatera chamado Michael Thomas, que é um garoto muito esperto com o qual até agora tem sido um prazer conversar e conspirar…

Então aqui está a porra desse seu Script & tudo o que você tem que fazer agora é agir como uma profissional & pagá-lo. O que diabo você pensa que é fazer um filme? Ninguém precisa mais ficar ouvindo essa lenga-lenga sobre o seu novo Mercedes ou sobre as suas viagens para esquiar & quão irreparavelmente falida a Shooting Gallery se encontra. Se você está tão cagada de pobre deveria se mandar do negócio do cinema. Isso aqui não é um lugar para Amadores & Diletantes que não querem fazer nada além de almoços de negócios & gastar o tempo de pessoas sérias.

Foda-se tudo isso. Nós temos um bom escritor, nós temos o elenco principal já escolhido & temos um filme bastante comercializável que nem vai ser tão difícil assim de fazer…

E você não passa um maldita “aspone”, fazendo sugestões estúpidas & dando palpite furado aqui e ali como se fosse uma menininha mais ou menos brilhante, mas sem dinheiro, sem energia & sem foco, exceto nas suas próprias tetas… Eu tô de saco cheio de ficar ouvindo sobre Cuba & os japoneses & os seus parceiros de yo-yo que querem mudar a história porque a violência deixa eles fartos.

Merda pra eles. Eu prefiro lidar com um olho do cu vivo do que com um verme morto sem luz nos olhos… Se vocês não querem fazer nada com esse filme, abram mão da opção & eu vou falar com outras pessoas. A única coisa que vocês vão conseguir por ficarem se enrolando em posição fetal é ódio e constrangimento intermináveis e a única coisa que vocês não terão é diversão…

Okay, essa é a minha explosão de hoje. Vamos ver se ela faz alguém tomar alguma atitude. E se você não fizer algo RÁPIDO você vai destruir uma ótima ideia e eu tô pronto pra decepar a porra das suas mãos.

R.S.V.P.

(Signed)

HUNTER

Cc:

Depp

Benicio

M. Thomas

Nolte

Shapiro

Andy Warhol, a arte e o dinheiro

Já imaginou como seria o leilão da Monalisa? E se um ricaço arrematasse o quadro e resolvesse exibi-lo apenas na sala de sua casa, para seu exclusivo deleite estético? E mais: não há seguro que compense possíveis danos a uma obra como La Gioconda, única no mundo. Portanto, ela permanece no Louvre, longe da badalação dos leilões e sem valor monetário algum. Ou seja, dependendo do ponto de vista, a Monalisa não vale nada.

Algo totalmente diferente acontece com os quadros de Andy Warhol. “Making money is art and working is art and good business is the best art”, disse ele certa vez. A regra é reproduzir, replicar, distribuir, vender. A factory não para. No leilão realizado pela Christie’s na noite desta quarta-feira, um autorretrato do pai da pop art realizado em 1964 sobre fotografias trabalhadas em variações de azul atingiu o valor mais alto do pregão: US$ 38,4 milhões – e se tornou seu autorretrato mais caro.

Mas aqui na L&PM é diferente. Chega no segundo semestre o volume Andy Warhol na Série Biografias e deve custar bem menos do que seus quadros, algo em torno de R$ 20 😉

Première de Woody Allen na abertura do Festival de Cannes

Quem não queria ter o privilégio de, na abertura do Festival de Cannes 2011, assistir ao novo filme de Woody Allen em sessão fechada? “Midnight in Paris” (Meia noite em Paris) abriu a 64ª edição do Festival que começou hoje. Quem assistiu, afirmou que, desde “Matchpoint”, Woody Allen não fazia um filme tão requintado, onde é possível ver uma “Paris idílica de cores quentes”.

O novo longa de Allen traz Owen Wilson no papel de um escritor roteirista que vaga pela noite da Cidade Luz até entrar em um carro antigo que o transporta para a Paris dos anos 1920, povoada de personalidades da literatura, artes plásticas e música. Até Picasso e Salvador Dalí cruzam o caminho do roteirista. “Midnight em Paris” traz ainda Rachel McAdams como a noiva do personagem de Owen e Carla Bruni-Sarkozy como uma funcionária do Museu Rodin. Carla, aliás, não esteve presente na première e alegou motivos “profissionais” e “pessoais” para a ausência. Segundo a revista francesa Gala, a primeira-dama francesa está mesmo grávida e dará à luz em Outubro.

“Midnight in Paris” estreará no Brasil em 17 de junho. Mas enquanto ele não chega, vale assistir ao trailer legendado, acompanhar o Festival de Cannes no site oficial do evento e, claro, ler Woody Allen. Pra começar, sugerimos os livos AdultériosCuca fundida, Sem plumasQue loucura!.

Woody Allen e o elenco de "Midnight in Paris"

E depois de “Midnight em Paris”, virá mais Woody Allen por aí. Há dois dias atrás, o cineasta declarou em uma entrevista que, para o próximo filme, vai escalar o seu ator preferido: ele mesmo. A nova película, ainda sem nome, será filmada em Roma e deve ser lançada no ano que vem. Além de Allen, o elenco terá Penélope Cruz, Ellen Page, Alec Baldwin e o italiano Roberto Benigni.  Mas esse já é outro assunto…

Odisseias de Filmagens

Por Goida*

O enunciado da obra assusta um pouco. Mark Harris se propõe a analisar a partir de cinco filmes que concorreram ao Oscar em 1967 – Bonnie and Clyde, No Calor da Noite, Adivinhe Quem Vem Para o Jantar, A Primeira Noite de um HomemO Fantástico Dr. Dolittle – o nascimento da nova Hollywood. Em mais de 400 páginas ele conta as fases de realização de cada uma destas produções. Apesar da limitação quase total ao quinteto citado, o livro nos fascina. As coisas não foram fáceis. Por exemplo, os trabalhos com o roteiro de Bonnie and Clyde começaram em 1962. Entre os diretores que foram contatados para realizarem a fita, apareceram até dois franceses, François Truffaut e Jean Luc Godard. Para se chegar ao até “tudo pronto” de A Primeira Noite de um Homem houve brigas, buscas intermináveis de intérpretes, o encontro e a aposta em Dustin Hoffman e muitas outras coisas mais. É com que se frise, Hollywood vivia uma época em que todos olhavam com um pouco de inveja o que estava vindo da Europa. Os filmes da “Nouvelle Vague” francesa. As obras-primas de Fellini, Visconti e Antonioni. O “Free Cinema” da Inglaterra, revelando nomes como Tony Richardson, Karel Reisz, John Schlesinger e Richard Lester. O novo mundo se curvava à velha cultura europeia. Mais ainda: filmes de baixo custo, libertários, revolucionários, sem nenhum problema com a censura. Hollywood ainda estava aprisionada ao código de produção da MPAA (Motion Picture Associaton of America), que cortava as asas de qualquer um que tentava fugir da gaiola.

Vindos de uma Nova York um pouco mais liberal começaram a se destacar em Los Angeles figuras como Mike Nichols e Arthur Penn. Stanley Kramer, produtor e diretor junto com alguns outros veteranos mais iluminados, queria fugir dos padrões superados e tirar o público da apatia reinante. Os cinco filmes recordados no livro de Harris não poderiam ser melhor escolhidos. As fases que passaram, até a estreia, são incrivelmente ricas em situações às vezes próximas ao ataque de nervos. Cenas de uma Revolução, ao narrar esta busca de um novo cinema, nos faz acompanhar verdadeiras odisseias. Contra os Ulisses de uma nova era, há de tudo para impedi-los chegarem até o sucesso. Sereias, gigantes de um olho só (os executivos presos à artificialidade do cinema de então) e outros tipos de monstros e obstáculos praticamente intransponíveis. Estas odisseias são repletas de casos e personagens variados. Destaco o capítulo onde Jane Fonda, vinda da Europa com Vadim, dá uma festança na sua casa beira mar, reunindo ao mesmo tempo a velha e a nova Hollywood. E a narrativa onde se conta a derradeira cena de Spencer Tracy para Adivinhe Quem Vem Para Jantar. Com a saúde em pandarecos, Spencer fez chorar todos que estavam no set. E a gente também, mesmo a distância, já que se sabe que Tracy morreu três dias depois.

Pois é, quase tudo assim. Um testemunhal vivo e rico sobre aquela fase de transição difícil. Você vai começar a leitura e só parar no “The End”.

* Goida é jornalista, pesquisador e autor, entre outros, de Enciclopédia dos quadrinhos que será relançado pela L&PM em setembro deste ano. Este texto foi especialmente escrito para o Blog L&PM.