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As mulheres de Bukowski estão em casa

A capa de "Mulheres" que breve estará na Coleção L&PM POCKET

“Mulheres” e “Cartas na rua” são dois clássicos de Charles Bukowski (1920 – 1994) que foram contratados pela L&PM depois de vários anos de tentativas. Livros mais antigos, já publicados por outros editores, às vezes caem num “limbo” onde, por questões legais, deixam de ser publicados. Ou seja: por melhores e mais vendáveis que eles sejam, acabam não sendo recontratados porque envolvem filhos, netos, sobrinhos, mulheres, ex-mulheres… E por aqui não foi diferente. Mas finalmente conseguimos e, para completar os 16 títulos de Bukowski já publicados nesta casa, o romance “Mulheres” chegará em junho e “Cartas na rua” entre julho e agosto.  

Charles Bukowski representa o lado sombrio do “sonho americano”. Filho de pai americano de origem alemã e de mãe alemã, sua infância foi marcada pela violenta repressão familiar. Em 1923, o casal Bukowski estabeleceu-se nos EUA. Charles cresceu tímido, anti-social e complexado devido à acne que devastou seu rosto. Na adolescência, descobriu que o álcool fazia com que se comunicasse com o mundo. Mais tarde ele escreveria que a origem de seu alcoolismo era de que “ele havia descoberto no álcool uma forma de suportar a vida”. Curiosamente, antes de ser famoso nos EUA, foi best seller na Itália. Sua editora italiana, SugarCo, lançava os livros ao mesmo tempo em que saiam nos EUA.  Bukowski escreveu muito – mais de 50 livros – e por toda a vida foi fiel a sua editora Black Sparrow que acabou sendo vendida para a gigante Harper Collins.

Transgressor nato, poeta e ficcionista de enorme talento, seus livros são verdadeiros clássicos da contra-cultura. Sua prosa espanta, paradoxalmente, pelo lirismo e pela violência. Mais do que um autor pós beat, Bukowski é único e sua obra é um longo e poderoso grito de dor. O romance “Mulheres” foi lançado originalmente em 1978 e, depois de ser publicado pela primeira vez no Brasil em 1984, ficou décadas fora do mercado. Felizmente, agora ele está de volta.

Conheça aqui outras “Mulheres” de Bukowski que estão (ou estiveram) espalhadas pelo mundo:

A primeira edição, publicada pela Black Sparrow

Uma das edições da Itália, país que sempre acolheu Bukowski

A edição francesa manteve o nome original

Aprenda: "Kobiety" quer dizer "Mulheres" em polonês

A Alemanha mudou o nome para algo como "A vida amorosa de Hyäne"

"Mujeres" também fez sucesso na Espanha

O dia em que Lincoln saiu de cena

Em 14 de abril de 1865, Abraham Lincoln, o 16º presidente dos Estados Unidos, sofria o atentado que o levaria à morte na manhã do dia seguinte. O fim da trajetória deste herói de guerra foi apoteótico e está contado em detalhes no volume Lincoln, da Série Encyclopaedia.

Enfim a guerra [da Secessão] estava chegando a seu desfecho, e bem a tempo para a Páscoa, uma época de renovação e reconciliação. A rendição de Lee [General Robert E. Lee, comandante das forças Confederadas] aconteceu no Domingo de Ramos, e a sexta-feira seguinte, 14 de abril, era a Sexta-feira da Paixão. Quase como se quisesse desmentir alguma insinuação de que havia se voltado de forma fervorosa demais a seu passado calvinista, em vez de ir à igreja, Lincoln decidiu ir ao Teatro Ford, para relaxar assistindo a uma comédia de costumes intitulada Nosso primo americano e ser ovacionado pela plateia lotada.

Pouco depois das dez horas, John Wilkes Booth, um famoso ator de Maryland, partidário dos confederados, adentrou o camarote presidencial. Ansioso para desferir o golpe que imaginava ser a compensação pela rendição de Lee, Booth apontou uma pistola Derringer para a cabeça do presidente e disparou um tiro atrás de sua orelha esquerda. Embora os médicos tenham chegado até ele em poucos minutos, a morte cerebral de Lincoln provavelmente se deu dez minutos depois de ele ser baleado. No entanto os médicos o mantiveram respirando e o levaram até uma pensão do outro lado da rua, onde ele poderia se deitar em uma cama. Todo esse esforço, porém, não passou de uma demonstração de devoção. Na manhã seguinte, às 7h22, a respiração de Lincoln foi se tornando cada vez mais lenta até cessar de vez. O décimo sexto presidente dos Estados Unidos estava morto.

O assassino John Wilkes Booth tinha tudo planejado. A ideia original era sequestrar Lincoln em troca da libertação de prisioneiros Confederados. Mas depois de presenciar um discurso em 11 de abril em que o presidente prometia direito de voto aos negros, ele mudou de idéia e, enfurecido, decidira matá-lo. Em 14 de abril, ao ficar sabendo que o presidente e a primeira-dama assistiriam a uma comédia no Teatro Ford, ele deu continuidade a seus planos. E justamente naquele dia, Lincoln dispensou seu guarda-costas, a quem confidenciara dias antes um sonho que predizia sua morte.

O ataque durante a comédia parecia ser a chance perfeita, já que os risos da plateia abafariam o barulho do tiro. Mas é claro que a história não foi bem assim, pois o camarote presidencial oferecia uma visão privilegiada de tudo que se passava lá dentro e a plateia inteira presenciou o crime. Encurralado, o assassino pulou no palco e gritou “Sic semper tyrannis!” (“Isso sempre acontece com os tiranos!”, em latim) e escapou.

O camarote presidencial no Teatro Ford, cenário do assassinato de Abraham Lincoln. Esta e outras imagens estão no volume "Lincoln" da Série Encyclopaedia.

Seguranças do teatro tentaram detê-lo, mas Booth conseguiu fugir a cavalo em direção ao sul, sendo perseguido por soldados da União. Cartazes como este foram espalhados pelo país oferecendo recompensa a quem encontrasse o assassino:

Doze dias depois, ele conseguiu chegar a uma fazenda no norte de Virgínia, onde foi finalmente capturado e morto em 26 de abril do mesmo ano. Outros oito envolvidos foram julgados e condenados, e quatro foram enforcados pouco tempo depois.