Arquivos da categoria: Sem categoria

Erico Verissimo recomenda Edgar Vasques

O autor de O tempo e o vento escreveu o prefácio do primeiro livro publicado pela L&PM lá em 1974, quando a editora foi criada. Erico morreu pouco tempo depois, em 28 de novembro de 1975, há exatos 36 anos, e para homenageá-lo, recuperamos o fac-símile do texto batido à máquina e corrigido à mão pelo próprio Erico.

“Recomendo este livro com o maior entusiasmo”, diz ele sobre as tirinhas do Rango, personagem criado por Edgar Vasques. Leia você mesmo:

(clique para ampliar e ler melhor)

 

Stefan Zweig, o criador da expressão “Brasil, um país do futuro”

Em 28 de novembro de 1881, nascia Stefan Zweig. Vienense, herdeiro de uma família da alta burguesia austríaca, sua trajetória se cruzaria com a do Brasil em 1936 quando, ao ser convidado para um congresso em Buenos Aires, o já famoso escritor Zweig aproveitou para visitar também o Brasil. Chegou esperando encontrar “uma daquelas repúblicas sul-americanas que não distinguimos bem umas das outras, com clima quente e insalubre, situação política instável e finanças em desordem…”, como depois escreveria. Mas ao desembarcar no Rio de Janeiro, a sensação foi outra: “Fiquei fascinado e, ao mesmo tempo, estremeci. Pois não apenas me defrontei com uma das paisagens mais belas do mundo, esta combinação ímpar de mar e montanha, cidade e natureza tropical, mas ainda com um tipo completamente diferente de civilização”. A partir de então, Zweig envolveu-se tão intensamente com o Brasil que, em 1941, junto com a mulher, mudou-se para Petrópolis, virou biógrafo de Américo Vespúcio e escreveu o apaixonado ensaio histórico Brasil, um país do futuro.

O pequeno Zweig no colo de seu pai

Foi em Petrópolis que, em 1942, o escritor e sua mulher foram encontrados abraçados e sem vida. Desiludidos com a II Guerra, eles se suicidaram ingerindo uma quantidade elevada de barbitúricos.

Além de seus livros mais conhecidos, entre eles Medo e outras histórias e 24 horas na vida de uma mulher (Coleção L&PM Pocket), Zweig deixou um legado que inclui traduções, ficções, teatro, poemas e ensaios biográficos de gente como Paul Verlaine, Rimbaud, Romain Rolland, Freud, Casanova, Stendhal, Tolstói, Américo Vespúcio e Maria Antonieta.

Brasil do futuro do passado: Stefan Zweig ao lado de Getúlio Vargas

A ovelha negra da Turma da Mônica

Ele surgiu em janeiro de 1966 e, segundo consta, foi uma encomenda de Mino Carta – então editor do Jornal da Tarde – a Mauricio de Sousa. A ideia era criar tiras sem texto de um personagem que fosse politicamente incorreto e menos infantil. Assim nasceu Nico Demo, um garoto de nome sugestivo e cabelos em forma de chifres. Segundo o próprio Mauricio, Nico Demo era “aquele amigo que quer ajudar e acaba provocando as maiores confusões com suas tentativas”, um garoto cujas ações são aparentemente bem-intencionadas, mas com resultados desastrosos. No final, fica a dúvida: será que ele não fez mesmo de propósito?

Vestido com terno e gravata borboleta, Nico Demo apresentava um tipo de humor negro pouco usual na época, o lado absurdo e cruel da vida. Seus traços eram diferentes dos outros personagens de Mauricio, levemente serrilhados, provavelmente para deixar ainda mais claro que ele não andava na linha. 

Chocadas com o humor negro de Nico Demo, logo as pessoas começaram a mandar cartas para o Jornal da Tarde. Pressionado para que as maldades de seu personagem fossem suavizadas, Mauricio preferiu parar com as tiras. O criador diria que sua criatura veio antes do tempo, que as pessoas não estavam preparadas para ela.

Cultuado entre os fãs do politicamente incorreto, Nico Demo agora volta à ativa na Série Quadrinhos da Coleção L&PM Pocket. Uma oportunidade única para resgatar sua história e se divertir com suas travessuras.

Nem Charlie Brown escapou das diabruras de Nico Demo (Clique para ampliar)

A intenção sempre parecia boa, mas no final... (Clique para ampliar)

“Guernica” por Carlos Saura

Guernica é preto, (…) como as manchetes dos jornais da época que dizem ao homem da rua, preto no branco, sua terrível verdade. É preto, cinza e branco como os filmes de atualidades e as fotos do front de Biscaia (…), de trama tão contrastada que ferem o olhar antes mesmo que se tenha identificado a imagem.

A composição, muito plástica, ordenada, harmoniosa, é forte, monumental, como convinha a uma decoração mural numa tal circunstância. É claramente figurativa, violentamente expressiva, com uma intensidade dramática que vai além do fato da atualidade, mostrando o que há nele de universal e de atemporal. A cidade é apenas simbolizada numa arquitetura elementar de fundo de cenário. Nada mostra uma Guernica real. Não se vêem aviões, nem bombas. A única arma é uma espada quebrada, na mão de um homem caído no chão em primeiro plano, de olho ainda aberto. À esquerda, uma mãe segura um filho morto (a julgar pela maneira como sua cabeça cai pra trás), berra de dor diante de um touro majestoso, tranquilo. Do outro lado, o duplo dessa mãe ergue os braços ao céu. Diante dela, uma terceira mulher, parcialmente ajoelhada, de rosto menos atormentado, estende-se em direção à dupla luz de uma lâmpada elétrica no teto e de uma lamparina nas mãos de uma quarta figura feminina, da qual somente aparece a cabeça, enorme. No centro, um cavalo parte em direção ao fundo do quadro e se volta, relinchando. Muitos serão os que tentarão decifrar esse conjunto de sinais, como se cada um devesse receber uma significação precisa; mas Picasso se contentará sempre em dizer que o cavalo é um cavalo, o touro é um touro, e que a força e a riqueza dos símbolos é que se pode interpretá-los amplamente.

O texto acima é uma releitura da Guernica, de Pablo Picasso, feita pelo biógrafo Gilles Plazy para a Série Biografias. Um dos quadros mais célebres do pintor espanhol também já ganhou diversas versões em murais e telas mundo afora e até em 3D. E agora chegou a vez do cinema se apropriar de uma das obras mais emblemáticas da história ocidental moderna.

Carlos Saura (o mesmo diretor de “Carmen” e “Tango”) está preparando um longa de ficção chamado “33 dias”, em referência ao tempo que Picasso levou para pintar a Guernica. Em entrevista ao jornal O Globo, o diretor disse que pretende “mostrar como o governo espanhol, em plena Guerra Civil, encomendou a Picasso um quadro de 8 m x 4 m para o pavilhão da Espanha na Feira Internacional de Paris, em 1937, para o qual colaboraram artistas como Miró, Dalí, Calder, Henry Moore e Luis Buñuel”. Em abril daquele mesmo ano, a cidade de Guernica, na Espanha, foi bombardeada por aviões italianos e alemães. Aquele foi um ensaio para os extermínios de civis realizados ao longo da Segunda Guerra Mundial e a fonte maior de “inspiração” para Picasso.

Saura quer retratar também aspectos da vida afetiva de Picasso que, segundo ele, se confundem com o processo de criação da Guernica. Dora Maar, pintora e fotógrafa francesa, amante de Picasso, registrou dia a dia a evolução do quadro. “As fotos feitas por Dora estão no Reina Sofía, assim como os esboços usados por Picasso para fazer uma pintura que pode ser encarada como um dos testemunhos mais impressionantes da inutilidade da guerra”, diz.

Saura ainda não definiu quem será o ator que interpretará Picasso no filme e, por enquanto, se ocupa com a escolha das locações na Espanha e em Paris. O filme “33 dias” ainda não tem data de estreia, mas é certo que sai em 2012, ano em que o diretor espanhol completa 80 anos de vida e 55 anos de carreira.

O marinheiro Jack Kerouac

O "mariner" Jack Kerouac aos 20 anos

No início de 1942, Jean-Louis Lebris de Kerouac alistou-se na Marinha Mercante dos EUA. O jovem marinheiro Jack foi parar na cozinha do navio USAT Dorchester e lá, entre uma batata descascada e outra, ele filosofava com o cozinheiro afro-americano “Old Glory” e registrava em seu diário as impressões da vida no mar. Em outubro daquele ano, no entanto, um telegrama enviado pelo treinador Lou Little solicitou que ele retornasse à Universidade de Columbia para participar do campeonato de futebol. Há quem diga, no entanto, que tenha sido por “motivos psiquiátricos” que Jack deixou o navio. Independente do motivo, ele voltou à terra firme para sua sorte (e a de seus fãs), pois apenas quatro meses depois, em 3 de fevereiro de 1943, ao ser atingido por um torpedo alemão, o Dorchester afundou. “Old Glory” foi um dos que morreu. E sabe-se lá o que seria de Jack Kerouac e da literatura beat.

Um quadro que mostra como teria sido a noite em que o Dorchester foi bombardeado

Agora, quase 60 anos depois, a Penguin Classics lança “The sea is my brother: the lost novel” (O mar é meu irmão: o romance perdido). Publicado na íntegra, o manuscrito de 158 páginas, que nunca foi editado enquanto Kerouac estava vivo, conta a história de Wesley Martin, um homem que “amava o mar com um amor estranho e solitário… “The sea is my brother” começou a ser escrito logo após a incursão de Kerouac no Dorchester, a partir do seu diário e das cartas trocadas entre ele e seu amigo poeta Sebastian Sampas. Ou seja: ele é, oficialmente, o primeiro livro escrito por Jack Kerouac.

As razões de Bukowski

Não é de hoje que o velho safado Charles Bukowski é acusado de escrever obscenidades por puritanos e moralistas de dedo em riste. Em 1985, uma biblioteca pública de Nijmegen, na Holanda, decidiu retirar de suas prateleiras o livro Crônica de um amor louco, sob a alegação de que seu conteúdo seria “muito sádico, ocasionalmente fascista e discriminatório contra determinados grupos”. Por grupos, entendia-se mulheres, negros e gays. Bem politicamente incorreto como só Bukowski sabia ser.

Algum tempo depois, o Ministro Hans van den Broek entrou em contato com o autor para saber sua opinião sobre o ocorrido. Eis a resposta que só Bukowski daria:

(clique para ampliar e ler melhor)

Se o seu inglês não dá conta, aí vai a tradução feita pelo blog quadrinhos e etc.:

Caro Hans van den Broek:

Obrigado por sua carta contando-me da remoção de um dos meus livros da biblioteca Nijmegen. E que ele é acusado de discriminação contra negros, homossexuais e mulheres. E que é sádico por causa do seu sadismo.

A única coisa que temo discriminar é o humor e a verdade.

Se eu escrevo mal sobre os negros, homossexuais e mulheres, é por que os que eu conheci eram assim. Há muitos “males” – cães maus, má censura, há até mesmo “maus” homens brancos. Somente quando você escreve sobre “mau”, homens brancos não reclamam. E eu preciso dizer que há “bons” negros, “bons” homossexuais e “boas” mulheres?

No meu trabalho, como escritor, eu só fotografo, em palavras, o que vejo. Se eu escrever sobre “sadismo” é porque ele existe, eu não inventei isso, e se algum ato terrível ocorre no meu trabalho é porque essas coisas acontecem em nossas vidas. Eu não estou do lado do mal, como se o mal fosse algo inerente. Eu meus escritos, eu nem sempre concordo com o que ocorre, nem vou me afundar na lama por causa deles. Além disso, é curioso que as pessoas que gritam contra o meu trabalho parecem ignorar as partes dele que enaltecem a alegria, o amor e a esperança, e há essas partes. Meus dias, meus anos, minha vida viu altos e baixos, luzes e trevas. Se eu escrevesse só e continuamente da “luz” e nunca mencionasse o outro, então como artista eu seria um mentiroso.

A censura é a ferramenta daqueles que têm a necessidade de esconder realidades de si mesmos e dos outros. Seu medo é apenas a sua incapacidade de enfrentar o que é real, e eu não posso desabafar minha raiva contra eles. Eu só sinto essa tristeza terrível. Em algum lugar, na sua educação, eles estavam protegidos contra os fatos de nossa existência. Eles só foram ensinados a olhar de um jeito, quando existem muitas maneiras.

Eu não estou desanimado que um dos meus livros tenha sido caçado e retirado das prateleiras de uma biblioteca local. Em certo sentido, sinto-me honrado que eu escrevi algo que despertou essas pessoas de seu eu superficial. Mas fico magoado, sim, quando alguém tem seu livro censurado, pois esse livro, geralmente é um grande livro e há poucos desses, e ao longo dos tempos esse tipo de livro tem muitas vezes se tornado um clássico, e o que se acreditava chocante e imoral é hoje leitura obrigatória em muitas das nossas universidades.

Não estou dizendo que meu livro é um desses, mas eu estou dizendo que em nosso tempo, nesta época em que qualquer momento pode ser a último para muitos de nós, é condenadamente irritante e incrivelmente triste que ainda temos entre nós a pequenez, as pessoas amargas, os caçadores de bruxas e os declamadores contra a realidade. No entanto, estes também pertencem a nós, eles são parte do todo, e se eu não tenho escrito sobre eles, eu deveria, talvez o faça, e isso é suficiente.

que todos nós possamos ficar melhor juntos,
seu,

Charles Bukowski

via Rafael Raffa Ramos, no Facebook

iPad com cara de livro

Os livros digitais já são mais do que realidade e têm adeptos pelo mundo todo. Os e-readers estão se popularizando e chegando ao mercado com preços cada vez mais acessíveis e o número de títulos disponíveis em formato digital cresce rapidamente. Só a L&PM já tem mais de 300 títulos!

Mas se você é do tipo que ainda não consegue se imaginar lendo um livro digital num iPad, por exemplo, os criativos da loja Out of print encontraram uma solução que pode ajudar a enganar os sentidos de quem não quer trair o velho companheiro de papel.  E quem sabe também convencer os mais ortodoxos. São as ” iPad Covers”, estampadas com as capas de grandes clássicos da literatura mundial. Além de cults, elas são lindas!

Capa da edição original de "O grande Gatsby" de 1925

"Walden", de Thoreau, também virou capa para iPad

Já fez as contas de quantos livros de Conan Doyle caberiam neste iPad?

Neste iPad com a capa de "Orgulho e preconceito" você pode guardar também "Persuasão" e "Abadia de Northanger"

As edições de centenas de páginas do livro "O morro dos ventos uivantes" já podem ser substituídas pela leveza de um pocket ou de um iPad

Bastardos e banqueiros

Por Paula Taitelbaum*

Na noite passada, acho que pela décima vez, assisti a Bastardos Inglórios, de Quentin Tarantino. E provavelmente assistirei mais dez, vinte, trinta vezes. A sequência inicial – o diálogo entre o presunçoso nazista e o humilde fazendeiro – é espetacular, magistral, incansável e seja lá que outro adjetivo seja possível arranjar para definir algo que deixa você pensando: “como é que o cara conseguiu escreveu isso?”.

Os Bastardos Inglórios que dão nome ao filme são um grupo de norteamericanos judeus que vai para a França caçar e escalpelar os nazistas que lá estão instalados depois da invasão alemã. Liderados por Aldo (Brad Pitt em versão apache), os Bastardos Inglórios vingam os judeus perseguidos por Hitler.

Mas quem eram estes judeus franceses? Seriam eles apenas fazendeiros como os que aparecem no início do filme? Obviamente que a resposta é “não”. Na vida real, além dos humildes, havia gente poderosa como a família Rothschild. O nome soou familiar? Não é à toa: os Rothschild são os negociantes mais célebres do planeta, sinônimo de influência, riqueza e poder.

Isso e muito mais eu descobri nas páginas de “A dinastia Rothschild”, de Herbert R. Lottman, o mesmo autor de “A Rive Gauche”, e que acaba de chegar por aqui. Ainda não li todo o livro, mas hoje, pós Bastardos Inglórios, não resisti em dar uma olhada no capítulo 22, chamado “Os Rothschild na Guerra” para tentar descobrir um pouco a respeito dos judeus ricos de Paris nos anos 1940. Será que, assim como a família mostrada por Tarantino, eles também se escondiam sob as tábuas de assoalhos alheios? Duvideodó…

O que não quer dizer, é claro, que a Guerra não tenha deixado lá suas cicatrizes neles.

O livro que conta a saga da poderosa família Rothschild

O nome de Edouard e Robert Rothschild encabeçava a lista dos judeus fugitivos e um artigo sobre a família, publicado em um jornal francês da época, dizia que “O judeu, sendo um ser nauseante e fedido no verdadeiro sentido da palavra, gosta de sujar, de manchar todos aqueles que lhe são superiores ou que não se ajoelhem perante ele.”

E os ataques a eles não pararam por aí. Seus bens foram confiscados e “cerca de cinquenta oficiais e homens alemães se aquartelaram no castelo da família”. Nem as instituições de caridade mantidas por eles foram poupadas. “Quando começaram a arrebanhar os judeus para a deportação em massa para os campos de concentração, os nazistas pairaram sobre as instituições de caridade dos Rothschild, tirando pacientes do hospital Rothschild por categorias – advogados, vendedores…”

Edouard e Germain Rothschild

Temendo o pior, eles escaparam a tempo. Ao desembarcarem no aeroporto de Nova York, Edouard Rothschild, sua mulher Germaine e a filha Bethsabée, levavam uma mala contendo gemas avaliadas em 1 milhão de dólares. “Quando deram uma olhada no que os Rothschild estavam carregando, os inspetores da alfândega levaram Edouard e Germaine para uma sala privada; alguém tinha dado a informação de que as jóias seriam ‘peças de museu’. Mas os repórteres de fato notaram que o barão continuava carregando a mala ao deixar o aeroporto.”

Fico pensando que os Rothschild bem poderiam ter financiado as ações dos Bastardos Inglórios. Caso eles tivessem realmente existidos, é claro. Aliás, uma pena que não existiram…

* Paula Taitelbaum é escritora e coordenadora do Núcleo de Comunicação L&PM.

O ritual literário de Georges Simenon

Para Georges Simenon, o criador do comissário Maigret, o maior crime que se podia cometer era incomodá-lo enquanto estava trabalhando. “Não perturbe”, dizia uma plaquinha na porta de seu escritório. Outra condição sine qua non para começar a escrever um romance incluía pelo menos quatro dúzias de lápis recém apontados, um bloco novo de folhas amareladas, um envelope com nomes, idades e endereços de seus personagens e uma lista com possíveis itinerários de trem, além da máquina de escrever a postos e devidamente higienizada, as cortinas fechadas e café em boa quantidade. Cada novela levava de 8 a 11 dias para ser escrita, no ritmo de um capítulo por manhã – Simenon dava “expediente” em seu escritório das 6h30 às 9h.

Simenon em seu apartamento, em Paris

Ao todo, ele escreveu cerca de 250 mil páginas, que ligadas ponta com ponta chegariam aos 6km de extensão. Duvida? Então faça a conta, por cima: 75 histórias com o comissário Maigret, 115 novelas, 117 “roman durs” (ou “hard novels”), sem esquecer dos 249 roteiros. Tamanho currículo lhe rendeu o posto de 4º autor de língua francesa mais traduzido no mundo!

Onde nós queremos chegar com tantos números? Era só pra dizer que todos estes objetos que fizeram parte do ritual literário do grande Georges Simenon estão em exposição no Historial de la Vendée, na França, até o dia 26 de fevereiro de 2012. São 200 objetos pessoais do escritor: além dos 6km de originais manuscritos e/ou datilografados e de todo o “arsenal” envolvido em sua produção literária, é possível ver de pertinho também o inseparável chapéu de feltro e o moedor de tabaco. Já pensou que emoção?

Se você estiver pela França, não perca esta! Visite a exposição, faça umas fotos e compartilhe aqui para nos deixar morrendo de inveja 😉

Alice por Dalí

Já parou para imaginar como seria a Alice, de Lewis Carroll, se tivesse sido criada por Salvador Dalí? Do país das maravilhas ao país do espelho, Alice já vem de fábrica com uma aura de psicodelia e surrealismo. Bastaria acrescentar as cores e o traço inconfundível do pintor catalão para transformá-la em candidata forte ao posto de oitava maravilha do mundo!

Mas devaneios à parte, agora você já pode dar uma folguinha para sua imaginação, porque o próprio Salvador Dalí já fez isso por você. Em 1969, ele criou 12 ilustrações para uma edição especial de Alice no país das maravilhas. A coleção está em exposição permanente na William Bennett Gallery, em Nova York, sob o título de O Universo Surreal de Salvador Dalí e acaba de ganhar sua versão digital. São 13 desenhos em tinta guache: a capa e um para cada um dos 12 capítulos que compõem o livro.

Ilustração do primeiro capítulo do livro: "Descendo pela toca do Coelho"

Arte da capa da edição de 1969 que leva a assinatura de Dalí

As clássicas cartas de baralho aparecem na ilustração do capítulo "O campo de croqué da Rainha"

Gostou? Estes e os outros 10 desenhos estão aqui.

Quem estiver em Nova York pode conferir todos estes desenhos de pertinho! A William Bennett Gallery fica no número 65 da Greene Street.