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Os livros preferidos de Hemingway

A edição de fevereiro de 1935 da Revista Esquire trazia um artigo de Ernest Hemingway no qual o escritor revelava os 17 livros que ele gostaria de ler novamente como se fosse a primeira vez. Na lista, há alguns títulos publicados pela L&PM: O morro dos ventos uivantes, de Emily Brontë; Madame Bovary, de Gustave Flaubert; Guerra e Paz, de Tolstói; As aventuras de Huckleberry Finn, de Mark Twain; O vermelho e o negro, de Stendhal e Os dublinenses, de James Joyce.

Hemingway na sua mesa de trabalho, cercado por seus livros favoritos

Se você deseja ter a sensação que Hemingway queria repetir – a de ler estes livros pela primeira vez – aqui está a chance de começar…

iPad com cara de livro

Os livros digitais já são mais do que realidade e têm adeptos pelo mundo todo. Os e-readers estão se popularizando e chegando ao mercado com preços cada vez mais acessíveis e o número de títulos disponíveis em formato digital cresce rapidamente. Só a L&PM já tem mais de 300 títulos!

Mas se você é do tipo que ainda não consegue se imaginar lendo um livro digital num iPad, por exemplo, os criativos da loja Out of print encontraram uma solução que pode ajudar a enganar os sentidos de quem não quer trair o velho companheiro de papel.  E quem sabe também convencer os mais ortodoxos. São as ” iPad Covers”, estampadas com as capas de grandes clássicos da literatura mundial. Além de cults, elas são lindas!

Capa da edição original de "O grande Gatsby" de 1925

"Walden", de Thoreau, também virou capa para iPad

Já fez as contas de quantos livros de Conan Doyle caberiam neste iPad?

Neste iPad com a capa de "Orgulho e preconceito" você pode guardar também "Persuasão" e "Abadia de Northanger"

As edições de centenas de páginas do livro "O morro dos ventos uivantes" já podem ser substituídas pela leveza de um pocket ou de um iPad

Autor de hoje: Emily Brontë

Thornton, Inglaterra, 1818 – † Haworth, Inglaterra, 1848

Filha do reverendo de Haworth, em uma pequena e isolada vila de Yorkshire, cedo se tornou órfã de mãe, vivendo sob os cuidados de uma tia materna. O isolamento da província agreste de Yorkhire e a severidade paterna marcaram sua infância e adolescência. Desde cedo, com suas irmãs, Charlotte e Anne, exercitou a vocação literária, modo de fugir à atmosfera opressiva da casa paterna. Juntas, escreveram histórias sobre o reino imaginário de Gondal e Angria e também publicaram um livro de poemas. O morro dos ventos uivantes, que Emily publicou em 1847 sob o pseudônimo de Ellis Bell, é seu único romance. Sob aparente reconstrução da realidade, sobrepõem-se na obra visões fantasmagóricas e imaginadas. Mesmo sem obter o sucesso imediato que tivera sua irmã Charlotte, autora de Jane Eyre (1847), O morro dos ventos uivantes fez com que Emily Brontë fosse reconhecida como uma das principais escritoras da literatura inglesa.

Obra principal: O Morro dos Ventos Uivantes, 1847

EMILY BRONTË por Ricardo A. Barberena

Em sua sublimidade cintilante, Emily Brontë tece um locus historiográfico, marcado por uma veemência poética e imagética que desestabiliza o equilíbrio narrativo de autores como Charles Dickens e Jane Austen. A pujante evocação sombria na sua obra máxima O morro dos ventos uivantes certamente torna-se um clássico da literatura inglesa devido a sua estrutura de enredo que intercambia insinuações sobrenaturais, arquétipos trágicos, paisagens psicológicas, intensidades de paixão/fúria. Ao apontar para a inconstância no arcabouço das máscaras sociais, o romance de Brontë instaura a representação de personagens perdidas num indomável vácuo da fantasia e da subjetivação niilista, emoldurando-se uma relação amorosa que remete à completa destruição num byronismo demoníaco: Catherine e Heathcliff deflagram a primeira pulsão vida-morte.

Numa terrível e endemoniada sucessão de casamentos e mortes precoces, O morro dos ventos uivantes desvela as tensões sociais que impedem a tradicional união romanesca, alijada dos fortes sopros dos ventos da anima e da sombra junguiana. A história é narrada por um personagem nomeado Lockwood, que está alugando uma casa de Heathcliff. Cabe lembrar que a casa, Thrushcross Grange, situa-se muito próxima da Wuthering Heights [casa que dá título ao livro]. Quanto à sua força literária, Brontë diferencia-se dos demais escritores do século XIX devido a uma impactante qualidade imaginativa traduzida em uma poética mediatizada por uma ferocidade mórbida (própria do relato policial) e uma pureza essencial (passível da magnitude dos acordes de Tristão e Isolda, de Richard Wagner, na belíssima adaptação de O morro dos ventos uivantes para o Cinema [1939]).

Em termos resumidos, diríamos inequivocadamente que O morro dos ventos uivantes integra um seletíssimo grupo de obras na literatura inglesa, tratando-se de uma paisagem narrativa sinistra e singular que aponta para uma condição de amar que mutila a própria vida num dilaceramento da castidade da alteridade. Enquanto transtornada chama de luz e escuridão, a escrita de Brontë descortina uma horripilante e incomensurável identificação feminina alinhada à criatividade anárquica do amor de Catherine por Heathcliff. Esteticamente impactante, Brontë rejeita a tradição do Alto Romantismo através do questionamento da exaltação do desejo masculino como persona lírica monolítica e dominante.

Guia de Leitura – 100 autores que você precisa ler é um livro organizado por Léa Masina que faz parte da Coleção L&PM POCKET. Todo domingo,você conhecerá um desses 100 autores. Para melhor configurar a proposta de apresentar uma leitura nova de textos clássicos, Léa convidou intelectuais para escreverem uma lauda sobre cada um dos autores.