Escritoras na ponta dos dedos

Esmaltes com nomes de escritoras! Se você é uma amante da literatura e adora pintar as unhas, prepare-se para suspirar de emoção com a nova coleção de esmaltes da Granado. A célebre – e secular – indústria de cosméticos carioca lançou uma linha que homenageia sete escritoras: Agatha Christie, Jane Austen, Emily Brontë, Charlote Brontë, Virginia Woolf, Louisa May Alcott e Sylvia Plath. Cada cor possui o primeiro nome dessas mulheres da literatura e tem a ver com a obra delas: Agatha é um marrom avermelhado; Charlotte é um bege acinzentado, Emily é um violeta vivo; Jane é um lilás romântico; Louisa (autora de livros juvenis) é um rosa fúcsia; Virginia é um azul-marinho vibrante e Sylvia é preto intenso.

A Coleção Escritoras da Granado traz sete esmaltes que homenageiam escritoras

Cada escritora ganhou uma cor que tem tudo a ver com ela

Os esmaltes da Granado são livres de de tolueno, parabenos, formaldeído, cânfora e DBP, ingredientes que podem causar alergia e o ressecamento das unhas. A coleção das escritoras é vendida separadamente (a R$ 17 cada), mas no lançamento foi feito um kit para jornalistas com uma latinha, acompanhada de uma caderneta e caneta. A Granado informou que talvez ela seja colocada à venda. Vai dizer que não é um sonho de consumo?

Só não entendemos porque Jane Austen ficou de fora dessa latinha...

Só não entendemos porque Jane Austen ficou de fora dessa latinha…

Martha Medeiros no Programa do Jô

Na terça-feira, 16 de setembro, Martha Medeiros foi entrevistada por Jô Soares e falou sobre seus mais recentes lançamentos na L&PM: Paixão crônica, Felicidade crônica e Liberdade Crônica, os três livros que marcam seus 20 anos como cronista. Perdeu? Clique sobre a imagem e assista. 🙂

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Começa a grande exposição em homenagem a Moacyr Scliar

Abre nesta terça-feira, 16 de setembro, para convidados – e a partir de quarta para o público -, a mostra Moacyr Scliar, o Centauro do Bom Fim. A exposição, que tem o apoio da L&PM Editores, acontece em Porto Alegre e vai prestar uma grande homenagem ao escritor, apresentando sua vida e a obra em uma área de 900 metros quadrados no Santander Cultural.

Com muitos recursos audiovisuais, fotografias e réplicas de objetos, a exposição começou a ser planejada em março do ano passado e custou cerca de R$ 1,5 milhão. O projeto foi idealizado por Judith Scliar, viúva do escritor, e seu irmão Gabriel Oliven e tem a curadoria de Carlos Gerbase e produção de Luciana Tomasi.

Montagem da exposição em homenagem a Moacyr Scliar que abre em 16 de setembro / Foto Júlio Cordeiro - Agência RBS

Montagem da exposição em homenagem a Moacyr Scliar que abre em 16 de setembro / Foto Júlio Cordeiro – Agência RBS

São 10 ambientes que contam a história do escritor a partir da vinda de sua família para o Brasil – o pai de Scliar, de origem russa, chegou a Porto Alegre no início do século 20, com sete anos. A infância no tradicional bairro Bom Fim, a carreira médica e os livros e personagens do autor.

Uma das imagens da exposição: Moacyr Scliar segura no colo o filho Beto na Rua da Ladeira, em Porto Alegre, em 1981 Foto: Carlos Gerbase / Arquivo Pessoal

Uma das imagens da exposição: Moacyr Scliar segura no colo o filho Beto na Rua da Ladeira, em Porto Alegre, em 1981 Foto: Carlos Gerbase / Arquivo Pessoal

Vídeos e áudios feitos especialmente para a mostra serão projetados em diferentes pontos e trechos de livros estarão em tablets à disposição dos visitantes. Além disso, o espaço contará com jogos de perguntas sobre as criações de Scliar em uma mesa interativa. Outra atração são os manuscritos originais de Scliar que serão expostos pela primeira vez.

Há fotos de diferentes épocas: Moacyr Scliar se prepara para aguardar o resultado da eleição que o escolheu integrante da Academia Brasileira de Letras Foto: Adriana Franciosi

Há fotos de diferentes épocas: Scliar se prepara para aguardar o resultado da eleição que o escolheu integrante da Academia Brasileira de Letras Foto: Adriana Franciosi

Em matéria publicada no Caderno PROA do Jornal Zero Hora,  Carlos Gerbase detalhou os bastidores de exposição. Leia abaixo:

Tive a honra de ser escolhido como curador da mostra Moacyr Scliar, o Centauro do Bom Fim, que será inaugurada no próximo dia 16 de setembro, no Santander Cultural. Conheci o autor – de quem já lera O Exército de um Homem Só e Os Deuses de Raquel – em dezembro de 1981, durante as filmagens do curta No Amor, dirigido por Nelson Nadotti, que adaptou um conto de Scliar chamado O Mistério dos Hippies Desaparecidos. Além de ser um dos produtores, eu atuava no filme como assistente de câmera e fotógrafo de cena. Moacyr foi visitar o set com o filho Beto no colo. Na rua da Ladeira, centro do Porto Alegre, fiz um retrato dos dois. Talvez esse retrato tenha ficado na memória de Judith Scliar, levando-a, mais de 30 anos depois, a me chamar para o desafio de homenagear o escritor talentoso, o médico preocupado com as questões sociais, o cronista incansável e, acima de tudo, o homem afável e bem-humorado que nunca deixou de ser o “Mico”, ou, como disse em seu discurso ao se tornar um imortal da Academia Brasileira de Letras, “o escritorzinho do Bom Fim”.

Com a ajuda das professoras Regina Zilberman e Marie Hélène Passos, do jornalista Gabriel Oliven, da cineasta Cláudia Dreyer, da produtora Luciana Tomasi, da própria Judith e de uma equipe experiente em exposições, tentei resgatar os aspectos mais significativos de uma vida que, se fosse considerada apenas em seus aspectos literários, já seria extraordinária. A obra de Scliar fala por si. Traduzido para mais de 10 idiomas, constantemente reeditado, com fãs de 10 a noventa anos, o “Mico” tinha um apetite desmedido pela escrita. Num pequeno bloco de notas, uma das joias que estarão no setor de manuscritos da mostra, ele sentenciou: “Escritor escreve”. E, para que não restasse dúvidas sobre o significado da frase em português, embaixo ele a verteu para o hebraico. Moacyr Scliar estava sempre escrevendo. Vamos mostrar suas anotações em guardanapos de bar, em notas fiscais, no verso de folhas da Secretaria da Saúde e em bloquinhos de propaganda de remédio. Ele não tinha problemas com inspiração. Se tinha uma ideia durante o banho, saía pelado para anotá-la, mesmo sob o rigoroso inverno gaúcho.

Em sua obra autobiográfica O Texto, ou: A Vida, que foi de extrema valia para o roteiro básico da exposição, separando o essencial do acessório, Scliar atribui sua voracidade pela escrita a duas circunstâncias de sua infância. Seus pais, José e Sara, eram grandes contadores de histórias e dramatizavam suas narrativas para os vizinhos da rua Fernandes Vieira com gestos vigorosos de mãos e braços. Scliar gostava da piada que pergunta por que judeus nunca se afogam. E respondia: “Mesmo quando não sabem nadar, eles começam a contar histórias. E todos se salvam.”

A segunda circunstância é muito comum na origem dos escritores: o contato cotidiano com os livros ainda na infância. Dona Sara, professora primária, fazia constantes visitas à Livraria do Globo e de lá, apesar do orçamento sempre apertado da família, trazia muitos livros para casa. Não foi fácil encontrar algumas dessas obras em edições dos anos 1940 e 1950 para colocá-las na exposição. Mas, em sua maioria, estarão lá: Cazuza, de Viriato Corrêa, As Aventuras de Tibicuera, de Érico Veríssimo, História de um Quebra-nozes, de Alexandre Dumas, As Aventuras de Pinóquio, de Carlo Collodi, e Rute e Alberto Resolveram ser Turistas, de Cecília Meireles (desta só consegui a capa; está esgotada e virou item de colecionador).

As referências mais importantes das primeiras leituras de Scliar, contudo, são de duas coleções que também foram importantes para mim. Scliar é de 1937, e eu sou de 1959, mas esses 22 anos não foram suficientes para diminuir o poder de encantamento do Tesouro da Juventude e da obra infanto-juvenil de Monteiro Lobato. O Tesouro tinha uma grande variedade de assuntos, com excelentes ilustrações. Lobato tinha uma imaginação prodigiosa, fazendo do Sítio do Picapau Amarelo o lugar dos sonhos de todos os seus leitores. Não sei como foi a primeira vez de Scliar, mas a minha foi com Os Doze Trabalhos de Hércules, numa tarde em que a chuva cancelou o joguinho de futebol no pátio e minha mãe, dona Léa, disse que talvez eu gostasse de ler umas histórias sobre um lugar chamado Grécia. Faço meus passeios imaginários pela Grécia até hoje.

Algumas pessoas talvez pensem que um escritor prolífico, quase caudaloso, como Moacyr Scliar, não tem muita autocrítica. No caso de Scliar, isso não é verdade. Em minhas andanças pelos sebos de Porto Alegre, motivadas pela exposição, perguntei para o Guilherme Dullius, do Beco dos Livros da Rua da Ladeira (localizado quase no mesmo lugar em que filmamos No Amor), se ele tinha algum exemplar de Histórias de um Médico em Formação, a primeira obra publicada por Scliar. Ele tinha, mas não estava à venda. E então me contou que, certo dia, Scliar entrou no sebo depois de ver sua estreia na literatura exibida na vitrine. Ele comprou o livro e, ali mesmo, o rasgou sem dó nem piedade. Desisti de exibir o livro na exposição. A autocrítica de um autor deve ser respeitada.

Todos os outros livros de Moacyr Scliar, porém, sobreviveram ao passar dos anos. São dezenas de romances, coletâneas de contos, ensaios, crônicas, literatura infanto-juvenil, obras médicas e, não duvido, muita coisa que ainda está inédita e falta publicar. O jovem leitor de Monteiro Lobato virou um escritor que escreveu sem parar até sua morte, em 2011. A exposição no Santander Cultural é uma pequena homenagem à vida de um grande contador de histórias.

MOACYR SCLIAR: O CENTAURO DO BOM FIM

A exposição tem entrada franca e estará aberta à visitação de 17 de setembro a 16 de novembro, no Santander Cultural (Rua Sete de Setembro, 1028), de terça a sábado, das 10h às 19h, e domingos e feriados, das 13h às 19h.

A L&PM está reeditando os principais títulos de Scliar em capa dura. "Max e os Felinos" e "A Guerra no Bom Fim" já chegaram. O próximo título é "O exército de um homem só".

A L&PM está reeditando os principais títulos de Scliar em capa dura. “Max e os Felinos” e “A Guerra no Bom Fim” já chegaram. O próximo título é “O exército de um homem só”.

Clique aqui para ver todos os títulos de Moacyr Scliar ela L&PM Editores.

Snoopy é fashion!

Snoopy e sua irmã Belle estão posando de top models durante a semana de moda de Nova York deste ano. Desde o dia 9 de setembro, na programação da NY Fashion Week, está aberta a exposição “Snoopy and Belle in Fashion presented by MetLife”, no New Museum. A exposição apresenta a dupla de cãezinhos beagles em modelitos assinados por grandes nomes do mundo fashion como Bibhu Mohapatra, Calvin Klein Collection, DKNY, Diane Von Furstenberg e Dries Van Noten.

E essa não é a primeira vez que Snoopy e sua irmã dão uma de Gisele Bündchen. Há exatamente 30 anos atrás, em 1984, foi criada a exposição “Snoopy in Fashion”, onde eles vestiam peças criadas por nome como Jean Paul Gaultier, Gianni Versace e Karls Lagerferd.

“Snoopy and Belle in Fashion presented by MetLife”, é uma prévia dos eventos que virão para celebrar os 65 anos de criação do Snoopy por Charles Schulz que acontece em 2015.

Depois de Nova York, a exposição vai para Tókio, Paris, Moscou e Milão.  Clique aqui para ver o catálogo que marca os 30 anos de Snoopy e Belle na moda.

Snoopy e Belle por

Snoopy e Belle por Oscar de La Renta e Gianni Versace (clique para ampliar)

Jeannie Schulz, esposa de Charles Schulz, esteve na abertura da exposição vestindo Peanuts!

Jeannie Schulz, esposa de Charles Schulz, esteve na abertura da exposição e estava vestida de Snoopy!

Bibhu Mohapatra, um dos estilistas que participam da exposição

Bibhu Mohapatra, um dos estilistas que participam da exposição

Peça baseada em livro de Sérgio Capparelli ganha prêmio em São Paulo

Vovô Fugiu de Casa é uma história de amizade, solidariedade, compreensão e carinho. Neste livro, Sérgio Capparelli mescla sonho e realidade em uma narrativa cheia de aventura, que acontece quando um garoto e seu avô resolvem embarcar em uma fuga delirante quando a família decide internar o avô em um asilo.

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O livro foi adaptado para o teatro pela Cia. Dom Caixote, de São Paulo e recebeu no último dia 10 de setembro o Troféu Arlequim por ter sido considerada a melhor peça de teatro infantil do V Festival de Teatro Cidade de São Paulo de 2014. Além do Troféu, a peça recebeu também prêmios por melhor produção, melhor ator, melhor espetáculo, melhor direção, melhor cenografia e melhor figurino.

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Sérgio Capparelli e a equipe da peça premiada

A peça “Vovô Fugiu de Casa” começa nova temporada em São Paulo no dia 20 de setembro no Teatro União Cultura (Rua Mário Amaral, 209, Paraíso. Telefone: 2148-2904) e fica em cartaz até 19 de outubro com apresentações aos sábados e domingos.

Valentina é puro design

Ela saltou das páginas dos quadrinhos para os móveis das casas descoladas. A sensual Valentina – personagem de Guido Crepax – foi a inspiração para os designers italianos Folco Orlandini e Andrea Radice criarem uma linha com biombo, estante, mesinha de canto e armário para bar. No Brasil, as peças são encontradas com exclusividade no catálogo da Schuster Móveis & Design.

Biombo Valentina

Estante Valentina

mesinha Valentina

Armario Valentina aberto

A L&PM acaba de lançar Valentina – Biografia de uma personagem com quatro histórias da sensual criatura do criador Crepax.

Auto-ajuda no estilo Bukowski (se é que isso é possível)

Que tal alguns conselhos de Charles Bukowski, esse escritor que sempre compartilhou seus pontos de vista e opiniões sem filtro. Em seus textos, o velho Buk forneceu uma gama abundante de dicas de como passar seus dias. O Beat Museum (Museu dedicado aos beats) compilou algumas de suas citações e, a partir delas, organizou dez conselhos valiosos para quem quer levar uma “kick-ass life” (uma vida fodida). Aí vai:

1. NÃO SE ACOMODE

“Eu quero o mundo inteiro ou nada.”

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2. AME A SI MESMO

“Nunca me senti só. Gosto de estar comigo mesmo. Sou a melhor forma de entretenimento que eu posso encontrar.”

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3. ÀS VEZES, ENLOUQUEÇA

Essas pessoas que nunca enlouquecem devem levar uma vida, verdadeiramente, horrível.”

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4. NÃO TENHA MEDO DA DOR

“Você tem que morrer algumas vezes antes de realmente viver.”

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5. SEJA AUTÊNTICO

“É melhor fazer uma coisa maçante com estilo do que algo perigoso sem estilo.”

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6. LEMBRE-SE DE QUE VOCÊ É MAIS FORTE DO QUE PENSA

As vezes você levanta da cama de manhã e pensa, eu não vou conseguir, mas então você ri por dentro lembrando todas as vezes que já sentiu isso.”

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7. NÃO TENHA MEDO DA MORTE

Levo a morte em meu bolso esquerdo. Às vezes, tiro-a do bolso, e falo com ela: ’oi gata, como vai? Quando virá me buscar? Vou estar pronto’.”

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8. NÃO DESISTA OU NEM COMECE

“Se você vai tentar, vá até o fim, caso contrário, nem comece.”

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9. NÃO ESPERE SER TARDE DEMAIS

Existem coisas piores que estar sozinho, mas geralmente leva décadas para entender isso e quase sempre quando você entende é tarde demais. E não há nada pior que tarde demais.”

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10. NÃO LEVE A VIDA TÃO A SÉRIO

“Às vezes você só precisa mijar na pia.”

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Quer mais conselhos? No recém lançado Miscelânea Septuagenária tem mais um monte de dicas.

Tolstói em diferentes tempos

Aristocrata russo, filho do conde Nicolau Ilich Tolstói e da princesa Maria Nikolayevna Volkonski, Leon Tolstói nasceu em 9 de setembro de 1828 e teve uma infância carente e complicada. Sua mãe morreu quando ele tinha dois anos e seu pai foi vítima fatal de uma apoplexia antes do pequeno Leon completar dez anos. Ele e os três irmãos foram criados por parentes próximos na província de Kazan. Já adulto e incentivado por seu irmão, o tenente Nicolai Tolstói, Leon alistou-se no exército e participou da guerra da Turquia e da guerra da Criméia, onde conheceu profundamente a vida militar, os horrores e os heroísmos de uma guerra. Quando finalmente desligou-se do exército, já com 30 anos, ele conheceu a bela e moscovita Sofia, com quem se casou e teve 13 filhos. Foi neste período que ele escreveu suas obras mais conhecidas: Guerra e paz e Anna Karenina.

Anarquista convicto, Tolstói era admirado pelo filósofo Joseph Proudhon, cujas ideias coincidiam com a filosofia que ele difundia entre seus empregados e vizinhos. Seus escritos foram aplaudidos também por seus contemporâneos russos Fiódor Dostoiévski, Ivan Turguêniev e Anton Tchékhov e festejados por Gustave Flaubert, que comparou-o a William Shakespeare.

No final de sua vida, trocou intensa correspondência com Mahatma Ghandi, cuja teoria de resistência não-violenta tinha muito em comum com suas teses, inclusive as que ficaram imortalizadas no tratado pacifista Guerra e paz, uma das maiores obras da literatura mundial – não só em volume de páginas mas também em excelência literária.

Abaixo, o grande escritor em diferentes tempos e imagens. Acompanhe a barba de Tolstói crescendo até chegar no Doodle publicado no dia de seu aniversário de 2014:

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Conheça os livros de Tolstói publicados pela L&PM Editores:

Slim Gaillard, mais do que um personagem de Kerouac

Em seu blog, Claudio Willer escreveu um post onde centrava suas atenções sobre Slim Gaillard, músico que ocupa algumas páginas de On the Road, de Jack Kerouac (219 a 221 na edição da L&PM). No recentemente lançado Os rebeldes: Geração Beat e anarquismo místico, de sua autoria, Willer também dedica alguns parágrafos para o jazzista. E conta que, quando preparou o livro, não achou quase nada sobre Gaillard no meio digital. “Mas, nesse manancial infinito, aparecem agora bons registros; inclusive um documentário extenso da BBC, descoberto pelo músico Pita Araujo, que colaborou em dois dos meus cursos sobre Geração Beat.” escreve ele.  A seguir, dois vídeos com Gaillard.

Um trecho dos comentários de Os rebeldes, incluindo citação de Kerouac.

Um dos trechos exaltados da louvação a jazzistas em On the Road é sobre um dos mais originais dentre aqueles músicos. É quando Kerouac e Cassady se encontram com Slim Gaillard, o excêntrico guitarrista negro que, ao falar, se expressa através de glossolalias, fonemas não-semantizados. Cassady o proclama “Deus”; Kerouac o retrata como iluminado, xamã: “Slim Gaillard é um negro alto e magro com grandes olhos melancólicos que tá sempre dizendo “Legal-oruni” e “que tal um bourbon-oruni?” […] E então [depois de interpretar seu jazz] ele se levanta lentamente, pega o microfone e diz, com muita calma: “Grande-oruni…. belo-ovauti… olá-oruni…. bourbon-oruni… tudo-oruni…. como estão os garotos da primeira fila, fazendo a cabeça com suas garotas-oruni…. oruni…. vauti…. orunirumi….” (Kerouac 2004, pgs. 219-221)

Ele ainda “grita coisas malucas em espanhol, em árabe, em dialetos peruanos e egípcios, e em cada língua que conhece, e ele conhece inúmeras línguas”. Sim, “inúmeras línguas” – mais a língua pessoal, equivalente ao “falar em línguas” pentecostal: às glossolalias, os fonemas não-semantizados dos rituais em doutrinas iniciáticas. Conforme a antropóloga Felicitas Goodman, há padrões em comum nessas manifestações em contextos tão distintos: cultos pentecostais, tribais e outras práticas religiosas nas quais ocorrem transes ou possessões (Goodman, em Eliade 1985, vol. VI, pgs. 563-566). Correspondem à “outra língua” aprendida pelos xamãs em seu trajeto iniciático, segundo Eliade.

Octavio Paz mostrou que a mesma manifestação reaparecia em poetas modernos: Huidobro, Khlébnikov, Artaud, Schwitters. Interpretou-a como tentativa de recuperar a linguagem adâmica ou divina; aquela do tempo que precedeu a Queda (Paz 1991, no ensaio “Leitura e contemplação”). A fala sagrada, mágica, é não-significativa, puramente sonora, como também expõe Gershom Scholem:”O fato de que a atuação da palavra vai muito além de todo “entendimento” é algo que não precisa apoiar-se na especulação religiosa, pois tal é a experiência do poeta, do místico e de todo falante que se delicia com o elemento sensível da palavra.” (Scholem 1999, p. 15)

Slim Gaillard foi, sem dúvida, um personagem sob medida para corresponder à preferência de Kerouac por excêntricos e marginais. Mestiço, teria nascido em Cuba, filho de uma afro-cubana e de um grego. Segundo outra versão, era norte-americano, de Detroit; levou uma vida errante, morou na África e de fato sabia oito línguas, além de haver criado um dicionário para seu vocabulário particular. Como músico, foi ao mesmo tempo um intérprete típico de blues, da mesma estirpe do exuberante Cab Calloway, e um precursor e improvisador. Seu “Tutti Frutti”, dos anos de 1930, antecipou, de modo evidente, o rock que se imporia duas décadas mais tarde. E seu ecletismo o aproxima das modernas correntes ‘fusion’. Por haver misturado repertórios e ter sido provocador e performático (chegou a apresentar-se tocando piano com as palmas para cima e guitarra com a mão esquerda, um comportamento ofensivo para profissionais), foi um marginal até no mundo jazzístico, embora se houvesse apresentado com Parker, Gillespie e outros expoentes.
O trecho sobre Gaillard, em especial, e os relatos de encontros com vagabundos, em geral, permitem uma interpretação da devoção de Kerouac por tais personagens, tanto à luz do misticismo, quanto literária: eles falam. São oraculares, sibilinos: a frase cifrada, enigmática, é, assim como na Antiguidade, uma profecia. Representam a língua falada em sua expressão mais genuína. A intenção de Kerouac – realizada especialmente em Visões de Cody, com suas páginas de transcrição de fita gravada – era trazer tais sons para a escrita.

Valentina repaginada e anotada

Valentina Rosselli é a mulher mais sexy do mundo dos quadrinhos. Criada pelo italiano Guido Crepax (1933 – 2003), ela trabalha como fotógrafa e transita entre o mundo real e o onírico, explorando as mais diversas e picantes fantasias sexuais. Bissexual, mas apaixonada por Phil Rembrandt (de quem fica grávida na história “O bebê de Valentina”), a personagem volta agora repaginada em um livro que traz notas super interessantes, escritas por Luisa e Antonio Crepax – esposa e filho do autor.

Em Valentina – Biografia de uma personagem são reveladas as origens de Valentina, da infância ao nascimento de seu filho, em quatro histórias (três delas inéditas) que misturam sonhos, realidade e erotismo: “Intrépida Valentina”, “Intrépida Valentina de papel”, “A curva de Lesmo” e “O bebê de Valentina”.

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A capa da nova Valentina

As notas revelam os bastidores de cada história. Entre as notas de “A curva de Lesmo”, por exemplo, há uma que revela que Guido Crepax adorava colocar os amigos em seus quadrinhos. Abaixo, uma nota escrita por Luisa Crepax e o respectivo quadro a que ela se refere.

Noitada mundana na casa de Franco De Pas (na verdade, trata-se de Franco Crepax, irmão de Guido). Nessas ocasiões, Guido gostava de mesclar seus personagens e pessoas reais do seu cotidiano: no alto à esquerda, sentados no sofá, ao meu lado (com alguns discos de música clássica), a jornalista Natalia Aspesi e Phil Rembrandt. Perto de Natalia, de pé, o arquiteto Gio Vercelloni; no sofá, à direita, a dona da casa, Luciana Crepax (mulher de Franco), o editor Enzo Belli Nicoletti e Franco Crepax, sentado em uma espreguiçadeira Thonet. Embaixo, o arquiteto Franco Mazzuchelli conversando com a jornalista Isa Vercelloni, que parece interessada num exemplar do Espresso. Ainda mais abaixo, Valentina, de costas, que se entretém com o arquiteto Guido Canella.

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