A estreia de “O vento lá fora”: um poético documentário sobre Fernando Pessoa

Estreia na próxima segunda-feira, 6 de outubro, no Festival do Rio, às 20h, o documentário O vento lá fora, um retrato do poeta Fernando Pessoa criado a partir da leitura de seus poemas pela imortal Cleonice Berardinelli, 98 anos, reconhecida como a maior especialista em Pessoa no Brasil, e pela cantora Maria Bethânia.

Apresentada ao público uma única vez, na FLIP 2013, a leitura foi filmada no estúdio da Biscoito Fino durante dois dias pelo diretor Marcio Debellian. O roteiro do filme se constitui pela costura dos poemas com conversas sobre a obra de Pessoa, ressaltando aspectos da personalidade de seus heterônimos Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis.
Vale a pena assistir ao teaser do documentário:

A Coleção L&PM Pocket acaba de lançar Poesias inéditas & Poemas dramáticos.

Por trás da dama de Leonardo da Vinci

A Dama com Arminho, famosa pintura de Leonardo da Vinci que retrata a bela e jovem Cecilia Gallerani, nem sempre foi como é. Usando um novo método de análise, o cientista francês Pascal Cotte descobriu que a tela definitiva teve duas versões anteriores que estão escondidas sob camadas de tinta.

Até essa descoberta, os historiadores acreditavam que o animal da família das doninhas sempre tinha estado na pintura feita entre 1488 e 1490.

Após três anos, utilizando o LAM – Layer Amplification Method (Método de Amplificação de Camadas), Cotte descobriu que da Vinci tinha, a princípio, feito apenas um retrato da jovem com as mãos vazias.

Na versão seguinte, ele colocou o animal cinza, fez mudanças no vestido e na posição das mãos de Cecilia. Até que chegou na versão definitiva que faz parte do acervo do Museu Nacional de Cracóvia, na Polônia.

Dama_Arminho

“A técnica LAM nos permite descascar a pintura como uma cebola, removendo a superfície para ver o que está acontecendo dentro e atrás das diferentes camadas de tinta”, afirmou Cotte à BBC.

Para isso, projetam-se luzes fortes na pintura, enquanto uma câmera mede os reflexos. A partir dessas medidas é possível reconstituir o que estava pintado sob a última camada de tinta.

Leia abaixo um trecho da Biografia de Leonardo da Vinci, de Sophie Chauveau (Coleção L&PM Pocket), que demonstra a importância dessa pintura.

leonardo_da_vinciA Dama com Arminho

Cecilia Gallerani é de fato magnífica. Assim, em vez de ceder aos enfeites ostentatórios, artifícios tradicionais das belas e principalmente das cortesãs, Leonardo privilegia sua beleza natural e decide representá-la sem ornamentos nem joias. Uma jovem na pura beleza de seus dezessete anos, numa postura de reserva e pudor. Surpreendido por algo inesperado mas exterior à cena, seu rosto se ilumina num movimento brusco, voltando-se de lado para um misterioso ponto de fuga fora do quadro. Nos seus braços, um arminho de pelos brancos, que também ouviu algo vindo do mesmo ponto externo e que permanece atento, pronto a reagir a alguma eventualidade.

O mimetismo plástico e a correspondência simbólica entre a dama e o arminho tocam a alma. À expressão terna, virtuosa e alegre de Cecilia corresponde à pureza imaculada do animal, do qual se diz que prefere a captura e a morte a sujar-se na lama. O arminho é também o símbolo da moderação. A respeito dessa obra, falou-se em “retrato escultura”, de tão presente que está a vida. Leonardo pinta essa figura emblemática com tamanha força que a imagem parece real, o arminho mostrando toda a agressividade de uma natureza predadora que não deixa de lembrar a de Ludovico, o Mouro… É o que mostram suas patas providas de garras, crispadas e prontas ao ataque, sobre a roupa vermelha da jovem.

Leonardo certamente o pintou ao vivo. Os comerciantes de peles importam então arminhos que frequentemente servem também de bichos de estimação. Sabe-se que Cecilia possuía dois deles. É o animal da moda. E Cecilia está na moda.

O retrato suscita imediatamente intrigas e curiosidades, espalhadas boca a boca. Ao ligar-se mais aos movimentos de alma do seu modelo do que à sua aparência, o pintor exalta-lhe toda a sedução.

Sobre Leonardo da Vinci, a L&PM também publica Roubaram a Mona Lisa!, o extraordinário relato sobre o maior roubo da história das artes.

Agatha Christie para japonês ver

A Rainha do Crime é sucesso em todas as línguas. Suas histórias são adoradas nos mais diferentes continentes e suas tramas reverenciadas entre as mais variadas culturas. Prova disso é que a Fuji TV, do Japão, anunciou a adaptação de O Assassinato no Expresso Oriente, um dos livros mais famosos da escritora inglesa.

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A versão televisiva japonesa será adaptada e dirigida pelo escritor e roteirista Mitani Koki (foto acima) – que fez questão de posar com um bigode de Poirot ao anunciar a adaptação – e terá célebres atores no elenco. Essa adaptação está sendo vista como “um dos mais grandiosos dramas de mistério da TV Fuji de todos os tempos”.

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A L&PM tem “O Assassinato no Expresso Oriente” em quadrinhos e na Coleção Pocket

Casa de Raymond Chandler à venda por mais de 2 milhões de dólares

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A casa em Brentwood, no sul da Flórida, onde romancista Raymond Chandler viveu, está à venda por $ 2,395 milhões de dólares.

Construída em 1927, a casa em estilo espanhol é rodeada por jardins com muitas árvores. O interior, que foi reformado, possui uma enorme sala de estar com lareira, sala de jantar, uma grande cozinha integrada a uma sala de estar, dois quartos e três banheiros. As portas francesas de todos os cômodos se abrem para um jardim interno. Há também um estúdio com piso aquecido de concreto e painéis solares. E mais uma garagem para dois carros com área de serviço.

Raymond Chandler passava curtos períodos nessa casa, mas foi enquanto estava nela que o escritor de romances policiais escreveu Janela para a morte (Coleção L&PM Pocket) em 1942.

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“Roma antiga” indicada para os candidatos

Em sua coluna desta quinta-feira, no jornal Correio do Povo, Juremir Machado da Silva dá uma dica para os candidatos a cargos eletivos: ler “Roma Antiga, de Rômulo a Justiniano“, de Thomas R. Martin, que foi lançado recentemente pela L&PM Editores. Vale a pena dar uma lida no texto de Juremir:

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Descobertas cartas inéditas de Kerouac

Folha Online – 19/09/2014 – Por Redação

Cartas inéditas do escritor americano Jack Kerouac (1922-1969) foram descobertas recentemente nos EUA. De acordo com o jornal The Guardian, ao todo 17 cartas, dois cartões postais e sete fragmentos de texto foram encontrados pela filha de um amigo de infância do escritor.

Nos textos, enviados por Kerouac ao amigo George J. Apostolos entre 1940 e 1941, ele se declara completamente apaixonado e fala de outras questões da juventude. Na época, Apostolos vivia em Lowell, Massachusetts, e Kerouac em Nova York, onde cursava uma escola preparatória e, posteriormente, a Universidade da Columbia.

O jovem e apaixonado Jack Kerouac

O jovem e apaixonado Jack Kerouac

Segundo um representante da casa de leilões Skinner, que irá vender o material em novembro, os textos mostram o escritor no “processo de se tornar Kerouac”. “É preciso lembrar que são correspondências particulares trocadas entre dois jovens no final dos anos 1930 e começo de 1940. Kerouac faz menção a velhas aventuras colegiais, a saudades de sua casa em Lowell e descreve suas descobertas sociais, bebedeiras, festas e experiências com garotas”, diz o diretor de livros e manuscritos da Skinner, Devon Gray.

Em um dos textos, Kerouac narra sua paixão e desencanto pela irmã de uma amiga, com que “pretende se casar”.

“Não há dúvidas de que nem eu nem você já vimos uma criatura tão primorosa como Jacqueline Sheresky”, escreve. “O pescoço dela tem aquela marca de sangue azul. Ele faz uma curva delicada, e como marfim, para um queijo amendoado perfeitamente moldado, e dali para lábios escarlates trementes, que cobrem uma fileira de dentes de mármore.”

O escritor continua a carta com seus planos para ganhar a atenção da garota. “O problema é que não tenho coragem para convidá-la ao baile de formatura… Se eu pudesse levar esta deusa ao Waldorf, eu viveria o suficiente por uma noite.”

Uma das cartas descobertas

Uma das cartas descobertas

Kerouac ainda conta para Apóstolos que temia que outro rapaz, chamado Sokolow, já tivesse convidado Sheresky para a festa, e depois narra como a encontrou dançando com Sokolow no baile. “Que maldito sórdido, um esquisito sem esperança, hipócrita, idealista, inseguro e babaca eu sou.” Em cartas seguintes, ele fala de encontros com outra garota.

De acordo com a casa de leilões, a amizade entre Kerouac e Apóstolos nunca foi mencionada por biógrafos, uma vez que os textos nunca estiveram disponíveis para pesquisadores e para o público. A casa espera arrecadar entre US$ 2 mil e US$ 5 mil (entre R$ 4.736 e R$ 11.841) por cada carta.

Segundo Gray, a filha de Apóstolos sabia que o pai tinha algumas cartas do escritor, mas achou que elas haviam sido queimadas, até encontrá-las entre as coisas do pai, após a morte do amigo de Kerouac.

A L&PM publica uma série inteira com livros de Jack Kerouac. Clique aqui e veja lá.

O ritual diário de célebres escritores

Quem não tem um ritual matinal? Nem que seja desligar o despertador do iPhone, escovar os dentes e correr pro trabalho de barriga vazia mesmo. Há outros hábitos mais refinados, no entanto. Jane Austen, por exemplo, costumava tocar piano enquanto a casa ainda dormia e Victor Hugo lia cartas de amor de manhã cedinho…

O escritor nova iorquino Mason Curry pesquisou e colocou no papel 161 diferentes rituais – entre eles os de vários autores famosos – que em algum momento foram descritos em cartas ou nos diários deles. O resultado foi o livro “Rituals: How great minds make time, find inspitation, and get to work”, ainda inédito no Brasil. Dê só uma olhadinha em alguns deles:

JANE AUSTEN

A escritora levantava-se bem cedo, antes das outras mulheres acordarem, e tocava piano. Às 9h, ela organizava o café da manhã familiar, seu principal trabalho doméstico. Em seguida, sentava-se na sala de estar para escrever, enquanto sua mãe e irmã costuravam silenciosamente. Se convidados aparecessem, ela escondia seus papéis e participava da conversa. A principal refeição do dia era servida entre às 15h e 16h. Depois, seguida de uma conversa, uma jogatina, e chá. À noite, leituras em voz alta de romances e era nessa hora que Jane lia seu trabalho em andamento para a família.

O piano de Jane Austen que atualmente está no museu que leva seu nome

O piano de Jane Austen que atualmente está no museu que leva seu nome

VICTOR HUGO

Ele se levantava de madrugada, acordado diariamente por um tiro disparado de um forte relativamente próximo à sua casa, e então recebia uma xícara de café fresco e uma matutina carta de Juliette Drouet, sua amante, que ele havia instalado em Guemsey, há apenas nove portas dali. Depois de ler as apaixonadas palavras de “Juju” para seu “amado Cristo”, Hugo engolia dois ovos crus, trancava-se e escrevia até às 11h em uma pequena mesa que ficava em frente a um espelho.

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Os jovens Victor Hugo e Juliette e seus monogramas

MARK TWAIN

Sua rotina era simples: depois de seu café da manhã, ele ía ler e escrever e assim ficava até seu jantar, por volta das 17h. Como ele pulava o almoço, pois sua família não se aproximava durante o estudo – tocariam uma corneta se precisassem dele – ele podia trabalhar sem interrupções por horas a fio. No verão, costumava apreciar o vento: “Em dias quentes”, escreveu ele a um amigo. “Eu abro meus estudos, ancoro meus papéis com pesos, e escrevo em meio a um furacão, vestido com tecido de linho”.

Mark Twain escrevendo

Mark Twain trabalha vestido de linho

FRANZ KAFKA

Em 1908, Kafka conseguiu um emprego no Instituto de Seguro de Acidentes do Trabalhados em Praga, onde ele teve a sorte de trabalhar apenas um turno único. Nessa época, ele estava vivendo com sua família em um apartamento apertado, onde podia se concentrar e escrever apenas de madrugada, quando todos já estavam dormindo. Como Kafka escreveu a Felice Bauer, em 1912, “o tempo é curto, minha força é limitada, o escritório é horrível, o apartamento é barulhento e por isso precisamos ter jogo de cintura para viver a vida de maneira agradável”. Na mesma carta, ele descreve sua rotina: “…às 10h30 (as vezes após, mas não depois das 11h30) eu sento para escrever, dependendo da minha força, inclinação e sorte, até às 14h, 15h, 16h, de vez em quando, até às 6h da manhã.

Kafka 1908

Franz Kafka em 1908

CHARLES DICKENS

Primeiro, ele precisa de absoluto silêncio; tanto que, em uma de suas casas, uma porta extra teve de ser instalada para bloquear o barulho. Seu estudo era precisamente organizado, com uma mesa posta na frente de uma janela e, na própria mesa seus materiais de escrita – canetas de pena e tinta azul – em meio a diversos outros ornamentos: uma pequeno vaso de flores, um grande abre cartas, uma folha dourada com um coelho em cima, e duas estátuas de bronze (uma representando um par de sapos duelando, outra um cavalheiro cercado por filhotes de cachorros).

Dickens

Dickens precisava de silêncio total

Via Shortlist.com