Ele já se chamou “Bop Decameron” e depois ganhou o nome de “Nero Fiddled”. Mas agora parece que o novo filme de Woody Allen encontrou seu título definitivo: “To Rome with Love”. Pelo menos é o que afirmou na semana passada a distribuidora Medusa Filmes, que também é co-produtora do filme.
“To Rome with Love” ainda não tem tradução para o português, mas significa “Para Roma, com amor”. O filme, uma comédia não romântica, foi gravado na capital italiana e contará quatro histórias paralelas que se passam na cidade. No elenco estão Penélope Cruz, Alec Baldwin, Jesse Eisenberg, Roberto Begnini e Ellen Page, além do próprio Woody Allen.
A justificativa para a primeira mudança de nome, no ano passado, foi que “Bop Decameron”era muito confuso e não comercial. “As pessoas achavam que eu estava fazendo uma adaptação da obra de Boccaccio, o que não é verdade”, disse Allen.Mas ninguém chegou a explicar o porquê do nome “Nero Fiddled” ter sido abandonado, título que fazia alusão ao imperador romano que, reza a lenda, ateou fogo em Roma e, enquanto a cidade ardia em chamas, ficou tocando cítara.
Entre suas histórias, “To Rome with love”traz Woody Allen como um pai que viaja com sua esposa para a Itália a fim de conhecer a família do noivo de sua filha. Segundo o site IMDB, parece que o filme vai estrear primeiro na Itália, no dia 20 de abril de 2012. Em seguida, ganha as salas de cinema dos EUA. No Brasil, provavelmente chegará no segundo semestre deste ano.
Com o lançamento da nova“Enciclopédia dos Quadrinhos“,de Goida e André Kleinert, este Blog publicará, nos domingos, um verbete deste livro. O de hoje é o francês Moebius que faleceu há pouco mais de uma semana, em 10 de março de 2012, aos 73 anos.
Também conhecido por Gir ou Moebius, dependendo do gênero que ilustra, Jean Giraud é hoje um dos mais prestigiados desenhistas não só da França, mas do mundo inteiro. No álbum da L&PM, O homemé bom?, aparece a seguinte apresentação do autor: “Aos 16 anos, em 1954, Giraud entra para a École des Arts Apliqués, em Paris. Aos 18 anos começa a colaborar ativamente em periódicos, onde realiza suas primeiras histórias no estilo faroeste. Discípulo de Jijé, entre 1963 e 1980 desenha a famosa série “Tenente Blueberry” (imagem), a partir de roteiros de Charlier. Paralelamente começa, sob o nome de Moebius, algumas histórias maravilhosas de fantasia e ficção científica, como O desvio (1973), O homem é bom? (1974), As aventuras de JohnWatercolor (1974) e O pesadelo branco (1975). Enfim, pode-se dizer que ele definiu seu estilo feito de fantástico, de poesia e de insólito, quando realiza para a revista Metal Hurlant, Arzach e, mais tarde, A garagem hermética (O major Fatal – publicada no Brasil pela L&PM). Muito ativo, Moebius também desenha posters, cartazes publicitários e ilustra, com roteiro de Dan O’Bannon, The LongTomorrow. Desenhou o storyboard do filme que Jodorowsky tentou realizar a partir do clássico Duna (mais tarde filmado por David Lynch). Em 1978, colaborou estreitamente com Giger em Alien, o filme de Ridley Scott. Em seguida, fez os storyboards dos filmes O garoto do espaço (Les Maitresdu Temps) e Tron, esse último produzido por Walt Disney. Jean Giraud é um dos desenhistas mais premiados do mundo: Estados Unidos, França, Bélgica, Itália e Holanda. Em toda parte, ganhou medalhas e prêmios de Melhor Desenhista. Às vezes, duas vezes! Uma pelos seus álbuns assinados por Jean Giraud ou Gir. Uma segunda por aqueles assinados por Moebius!”. Resta acrescentar alguns trabalhos mais recentes de Moebius, como a série “O Incal Negro” (roteiro de Alejandro Jodorowsky) já com seis álbuns e “Os Mundos de Edena”. A série “Tenente Blueberry” também foi ilustrada por um ótimo assistente que ele formou, Colin Wilson. Usando o pseudônimo Moebius, depois de 1990, ele participou de dois álbuns coletivos, Au Secours (Amnesty International) e O muro antes e depois (Meribérica Liber, 1991) – esse último organizado por Christin e Knigge. Também por essa mesma editora portuguesa saíram álbuns do Incal negro (Uma aventura de John Difool), em primeira edição, depois pela Editorial Futura. O Incal negro recebeu edição no Brasil pela Devir. O ciclo de Edena, sem a ajuda de Jodorowsky, como fora em Incal, foi publicado até o volume três pela Meribérica/Liber. No prefácio do volume 3, Os jardins de Edena, Moebius anunciava novos volumes parabreve. Embora não ilustre mais a série “TenenteBlueberry”, Giraud apareceu como apenas roteiristanos álbuns desenhados por William Vance, À ordem de Washington e Missão Sherman (editadosem Portugal pela Meribérica/Liber). Também saíram, ainda com roteiros de Charlier e desenhos de Colin Wilson, os álbuns de Blueberry, Os demôniosdo Missouri, Terror no Kansas e O raid infernal (traduções pela Meribérica/Liber).
Moebius e seu personagem, Major Fatal, publicado pela L&PM nos anos 80
Foram 23 fotos publicadas e a vencedora foi curtida 623 vezes. Divulgamos aqui, também, o segundo e terceiro lugares que, decidimos agora, vão levar como prêmio o livro On the road – o manuscrito original em pocket. Parabéns a todos os participantes e continuem assim, colocando o pé na estrada.
A foto de Demetrius Veiga foi a grande vencedora com 623 likes
Em segundo, ficou Arthur Filipe com uma foto que lembra a personagem Tristessa. Ela teve 416 likes
O terceiro lugar ficou com Rafaela Sánchez que levou 363 likes
A foto de Rafaela, que foi a terceira mais curtida, vinha companhada do seguinte texto: “Desejo evocar essa música triste indescritível da noite dos Estados Unidos – por razões que nunca são mais profundas que a música. É o verdadeiro som interior de um país.”
Eram dois, ele e ela, ambos na flor da beleza e da mocidade. O viço da saúde rebentava-lhes no encarnado das faces, mais aveludadas que a açucena-escarlate recém-aberta ali com os orvalhos da noite. No fresco sorriso dos lábios, como nos olhos límpidos e brilhantes, brotava-lhes a seiva d’alma. Ela, pequena, esbelta, ligeira, buliçosa, saltitava sobre a relva, gárrula e cintilante do prazer de pular e correr; saciandose na delícia inefável de se difundir pela criação e sentir-se flor no regaço daquela natureza luxuriante. Ele, alto, ágil, de talhe robusto e bem-conformado, calcando o chão sob o grosseiro soco da bota com a bizarria de um príncipe que pisa as ricas alfombras, seguia de perto a gentil companheira, que folgava pelo campo, a volutear e fazendo-lhe mil negaças, como a borboleta que zomba dos esforços inúteis da criança para a colher.
Assim começa Til, narrativa escrita por José de Alencar em sua maturidade e publicada em 1872 no formato de folhetim diário no jornal A República. Título do vestibular Fuvest 2013, Til acaba de chegar na Coleção L&PM Pocket com introdução do poeta e linguista Guto Leite, especialista, mestre e doutorando em Literatura Brasileira pela UFRGS. MasTil não é apenas uma leitura obrigatória do vestibular. É uma leitura que não pode faltar na vida dos que apreciam a boa literatura. Uma prosa poética de um dos autores mais importantes e celebrados do Brasil.
Quem já conhece a fórmula de sucesso Johnny Depp + Hunter Thompson pode começar a contar os dias, pois Rum: diário de um jornalista bêbado já tem data para estrear no Brasil: 20 de abril. Desta vez, o ator vive o repórter alcoólatra Paul Kemp, que tem várias semelhanças com o próprio Hunter Thompson, como é de praxe nos protagonistas de seus romances. Além de jornalista e bêbado, Paul Kemp se mete em várias enrascadas por causa de mulheres. Quem leu, sabe do que estamos falando!
Mas se você ainda não leu, dá tempo de conhecer a história até o dia 20 (pode começar lendo um trecho aqui). Por ora, dá uma olhada no trailer:
No dia 15 de março de 44 a.C., Júlio César foi morto no senado romano, apunhalado por cerca de 60 senadores, entre eles seu protegido Marco Júnio Bruto. Jurista, escritor, político, general, descendente da deusa Vênus, amante de Cleópatra, Caio Júlio César foi um líder brilhante. Cultivou, ao mesmo tempo, o cinismo e a clemência, a crueldade e a cortesia, a hipocrisia e a civilidade, a esperteza e a sinceridade, a modéstia e o orgulho. A versão mais popular para suas últimas palavras é “Até tu, Brutus?”, mas que, na verdade, foi uma frase criada por Shakespeare para sua peça Júlio César. Atualmente, sabe-se a derradeira frase de César foi pronunciada em grego: “Até tu, meu menino?”, como bem mostra o trecho de Júlio César, livro da série Biografias L&PM:
Nesse instante, Túlio pega a toga de César com as duas mãos e descobre-lhe os ombros, o que para os conjurados é o sinal de ataque. Casca, que se encontra atrás de César, saca o punhal e desfere-lhe o primeiro golpe junto ao ombro, mas o ferimento é superficial. A mão de Casca certamente tremeu. César pega imediatamente o punho da rama que acaba de golpeá-lo e exclama em latim: “Pérfido Casca, que fazes?”, e Casca grita em grego: “Meu irmão, socorro!”. Os senadores, que em sua maioria não fazem parte do complô, são tomados de horror ante esse espetáculo, levantam-se tão trêmulos e pasmos que não pensam sequer em fugir, nem em acudir para defender César dos agressores, nem mesmo em protestar. Impotentes e imóveis, assistem à sequência e vêem César cercado de conjurados armados de punhais e facas que o golpeiam nos olhos e no rosto. César defende-se, diz Plutarco, “como um animal feroz encurralado por caçadores e tenta afastar essas mãos armadas”. Todos, é fato, querem desferir um golpe para provar que participaram desse assassinato de modo pessoal e eficaz. Nesse momento, todos consideram César uma vítima maléfica que deve ser sacrificada para que viva a República. São tão numerosos e acham-se tão amontoados que acabam, como tubarões, despedaçando a presa, por se ferir mutuamente, logo cobrindo-se de sangue. Bruto, que se aproxima de César, tem a mão ferida, mas pode ainda desferir contra seu protetor, contra seu pai adotivo, o golpe de misericórdia, apunhalando-o na virilha. Ao vê-lo, César exclama, não em latim, como sempre se pensou, mas em grego, segundo numerosos testemunhos: “Até tu, meu menino?” (e não meu filho, como é admitido), testemunhando sua trágica incredulidade. É então que, diante da última traição, César abandona a luta, cobre o rosto com uma aba da toga e entrega-se às lâminas dos assassinos que acabam por transpassa seu corpo sem vida.
Depois de fazer sucesso com personagens que marcaram época na história dos quadrinhos brasileiros como Rê Bordosa, Walter Ego e Wood & Stock, o cartunista Angeli resolveu mudar. Afinal, ele também estava mudando. Abandonou todas as suas crias e começou a trabalhar num novo personagem, o “Angeli em crise”. Para tentar se entender, ele começou a se desenhar. E pelo jeito, deu certo, porque desta reviravolta surgiu a exposição Ocupação Angeli, que fica em cartaz no Itaú Cultural, em São Paulo, de 16 de março a 29 de abril.
“Tudo o que eu andava fazendo tinha virado uma fórmula. Senti que estava começando a colocar o pé na cova. Resolvi mudar. Abandonei personagens e fiquei sem nada. Entrei numa crise real, não só na brincadeira do personagem Angeli em Crise”, disse ele em entrevista à Folha de S. Paulo.
A mostra Ocupação Angeli tem 800 obras (sendo 80, originais) e 20 fotos do chargista –seu acervo particular conta 30 mil obras, entre tiras, quadrinhos, charges, ilustrações, capas de discos, filmes e vídeos – em um espaço de 120 m² que recria, em uma versão idealizada, seu estúdio de criação, onde nasceram tantos personagens, entre eles o alter-ego “Angeli em Crise”.
De 29 de março a 1º de abril, haverá também uma mostra audiovisual paralela com 13 produções, entre curtas, documentários e longas de animação ligadas de alguma forma à obra de Angeli. Se você vai estar em São Paulo nestes dias, não perca! A entrada é franca.
Por Jerry Cimino, fundador e curador do “The Beat Museum” de San Francisco*
Após a morte de seu pai, o aspirante a escritor Sal Paradise está olhando para a página em branco em sua máquina de escrever, perguntando-se que caminho sua vida vai tomar. Um milésimo de segundo mais tarde, um automóvel verde dá um cavalo de pau, Dean Moriarty aparece em cena e Sal encontra sua musa. A vida de Sal nunca mais será a mesma enquanto Dean nos leva a lugares que nem sabíamos que existiam.
O trailer do filme de Walter Salles, adaptação cinematográfica do romance seminal de Jack Kerouac, On the Road, acaba de ser lançado. Ele anuncia uma experiência extremamente gratificante em um filme que os fãs literários estão esperando ansiosamente por mais de 30 anos.
Sal Paradise, claro, é Jack Kerouac e Dean Moriarty é Neal Cassady, herói icônico de Kerouac da noite americana.
Controvérsias têm sido travadas há décadas entre os fãs da geração beat, sobre se a filmagem deveria ou não ter sido tentada. Eu sou capaz de entender ambos os lados do argumento. On the Roadé um romance muito pessoal para muita gente. No The Beat Museum, localizado em San Francisco, vemos pessoas de todos os cantos do mundo, que chegam caminhando e atravessam nossas portas diariamente, e cujas jornadas tiveram seu pontapé inicial quando eles leram o livro de Kerouac. On the Road ocupa um lugar muito especial nos corações de muitas dessas pessoas e eles não querem que sua visão do livro de Kerouac (e as suas próprias viagens pessoais) seja alterada.
O outro lado desse argumento, claro, é que On the Road deveria virar filme. Jack Kerouac enviou uma carta a Marlon Brando em 1959 implorando para ele fazer o filme. Kerouac entendia que um romance não é um filme e ele mesmo disse a Brando que estava disposto a escrever o roteiro, fazendo as mudanças necessárias para a história do livro virar filme.
Em 2012, este argumento ainda não enfraqueceu. Mas com o lançamento do trailer da adaptação de Walter Salles para On the Road, eu acredito que os cineastas têm mostrado, magnificamente, que conhecem suas obrigações para com os verdadeiros fãs e suas próprias vocações artísticas.
O trailer, capturado em 1,45 minutos, é toda a energia, condução, excitação e incerteza do próprio livro. A sexualidade pulsa em Garrett Hedlund como Neal Cassady e em Kristen Stewart como sua noiva de 16 anos de idade, Lu Anne Henderson. Dos salões de dança de Nova York para os quartos de hotel de Denver aos prostíbulos do México, as palavras de Kerouac ganham vida na tela.
Com o lançamento deste trailer, parece que as produtoras, a francesa MK2, a brasileira Videofilmes e a americana Zoetrope, de Francis Ford Coppola, se uniram para oferecer uma interpretação de tirar o fôlego de alguns fãs das histórias de Kerouac que todos conhecemos tão bem.
E para os fãs que ficaram prendendo a respiração por todos estes anos, esperançosos de que o filme fosse satisfazer suas expectativas, cliquem em “play” e vejam se vocês não conseguem respirar um pouco mais facilmente.
* Jerry Cimino escreveu este texto no blog do jornal Huffpost San Francisco, em 09 de março de 2012. Clique aqui e veja o texto original em inglês.
Rebramam os ventos… Da negra tormenta
Nos montes de nuvens galopa o corcel…
Relincha – troveja… galgando no espaço
Mil raios desperta co´as patas revel.
É noite de horrores… nas grunas celestes,
Nas naves etéreas o vento gemeu…
E os astros fugiram, qual bando de garças
Das águas revoltas do lago do céu.
(…)
(Trecho do poema “Pedro Ivo”, do livro “Espumas flutuantes”, de Castro Alves)