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Que tal ajudar o Beat Museum a comprar a carta perdida de Neal Cassady?

A carta que Neal Cassady enviou para Jack Kerouac e que teria inspirado o estilo de escrita de On the Road ficou perdida durante décadas. Encontrada, ela está prestes a ir à leilão. São 18 páginas e 16 mil palavras em um fluxo de pensamento de Neal Cassady. Conhecida como “Carta de Joan Anderson” – porque fala de uma mulher com este nome com a qual Neal passou um final de semana – suas páginas foram mostradas pela primeira vez aos jornalistas na segunda-feira, 1º de dezembro. O leilão acontecerá no dia 17 de dezembro, exatos 64 anos depois de ter sido escrita por Cassady. O lance inicial será de 300 mil dólares e estima-se que chegue a 500 mil.

As 18 páginas da carta de Neal Cassady que inspirou a escrita de Jack Kerouac foram mostradas aos jornalistas em 1 de dezembro de 2014.  Crédito: Reuters/Deepa Seetharaman

As 18 páginas da carta de Neal Cassady que inspirou a escrita de Jack Kerouac foram mostradas aos jornalistas em 1 de dezembro de 2014.
Crédito: Reuters/Deepa Seetharaman

O Beat Museum, de São Francisco, está tentando arrecadar dinheiro para arrematar a preciosidade. A ideia é que assim ela que possa ser exibida e posteriormente publicada, declarou o fundador do museu Jerry Cimino. Para isso, o museu lançou uma campanha online para arrecadar meio milhão de dólares. “Nós literalmente chamamos essa carta de o Santo Graal da Geração Beat”, declarou Cimino.

A questão é que faltam menos de duas semanas para o leilão e até agora a campanha de arrecadação – que aceita doações a partir de 1 dólar –  não chegou nem a 1% do valor final. Se você estiver a fim de participar, clique aqui e vá lá conferir as contrapartidas.

O diretor do Beat Museum, Jerry Cimino, esta em campanha para arrecadar fundos para a compra da carta que é considerada o "Santo Graal da Geração Beat".

O diretor do Beat Museum, Jerry Cimino, esta em campanha para arrecadar fundos para a compra da carta que é considerada o “Santo Graal da Geração Beat”.

A casa de leilões não pode apresentar o texto integral da carta porque ele possui direitos autorais que pertencem à família Cassady. O porta-voz dos Cassady não foi encontrado para comentar o assunto.

Na carta, Neal Cassady descreve uma série de aventuras vividas em um final de semana, incluindo a escalada do lado de fora de uma janela quando a mãe de Joan inesperadamente voltou para casa. Ele também fez um desenho da janela na carta que foi vista pelos jornalistas.

Leia em um post anterior sobre como a carta foi encontrada.

O trailer de “On the road” promete uma adaptação digna de Kerouac

Por Jerry Cimino, fundador e curador do “The Beat Museum” de San Francisco*

Após a morte de seu pai, o aspirante a escritor Sal Paradise está olhando para a página em branco em sua máquina de escrever, perguntando-se que caminho sua vida vai tomar. Um milésimo de segundo mais tarde, um automóvel verde dá um cavalo de pau, Dean Moriarty aparece em cena e Sal encontra sua musa. A vida de Sal nunca mais será a mesma enquanto Dean nos leva a lugares que nem sabíamos que existiam.

O trailer do filme de Walter Salles, adaptação cinematográfica do romance seminal de Jack Kerouac, On the Road, acaba de ser lançado. Ele anuncia uma experiência extremamente gratificante em um filme que os fãs literários estão esperando ansiosamente por mais de 30 anos.

Sal Paradise, claro, é Jack Kerouac e Dean Moriarty é Neal Cassady, herói icônico de Kerouac da noite americana.

Controvérsias têm sido travadas há décadas entre os fãs da geração beat, sobre se a filmagem deveria ou não ter sido tentada. Eu sou capaz de entender ambos os lados do argumento. On the Road é um romance muito pessoal para muita gente. No The Beat Museum, localizado em San Francisco, vemos pessoas de todos os cantos do mundo, que chegam caminhando e atravessam nossas portas diariamente, e cujas jornadas tiveram seu pontapé inicial quando eles leram o livro de Kerouac. On the Road ocupa um lugar muito especial nos corações de muitas dessas pessoas e eles não querem que sua visão do livro de Kerouac (e as suas próprias viagens pessoais) seja alterada.

O outro lado desse argumento, claro, é que On the Road deveria virar filme. Jack Kerouac enviou uma carta a Marlon Brando em 1959 implorando para ele fazer o filme. Kerouac entendia que um romance não é um filme e ele mesmo disse a Brando que estava disposto a escrever o roteiro, fazendo as mudanças necessárias para a história do livro virar filme.

Em 2012, este argumento ainda não enfraqueceu. Mas com o lançamento do trailer da adaptação de Walter Salles para On the Road, eu acredito que os cineastas têm mostrado, magnificamente, que conhecem suas obrigações para com os verdadeiros fãs e suas próprias vocações artísticas.

O trailer, capturado em 1,45 minutos, é toda a energia, condução, excitação e incerteza do próprio livro. A sexualidade pulsa em Garrett Hedlund como Neal Cassady e em Kristen Stewart como sua noiva de 16 anos de idade, Lu Anne Henderson. Dos salões de dança de Nova York para os quartos de hotel de Denver aos prostíbulos do México, as palavras de Kerouac ganham vida na tela.

Com o lançamento deste trailer, parece que as produtoras, a francesa MK2, a brasileira Videofilmes e a americana Zoetrope, de Francis Ford Coppola, se uniram para oferecer uma interpretação de tirar o fôlego de alguns fãs das histórias de Kerouac que todos conhecemos tão bem.

E para os fãs que ficaram prendendo a respiração por todos estes anos, esperançosos de que o filme fosse satisfazer suas expectativas, cliquem em “play” e vejam se vocês não conseguem respirar um pouco mais facilmente.  

* Jerry Cimino escreveu este texto no blog do jornal Huffpost San Francisco, em 09 de março de 2012. Clique aqui e veja o texto original em inglês.