Andy Warhol censurado na China

Quando se fala em Andy Warhol, o que logo vem à mente são os retratos em série de celebridades e grandes personalidades da história do mundo como da atriz Marilyn Monroe e do líder comunista e revolucionário chinês Mao Tsé Tung. No entanto, o que parece unanimidade no mundo das artes pode esbarrar em questões políticas muito maiores: a grande exposição “Andy Warhol: 15 Minutes Eternal” foi censurada na China justamente por causa dos célebres retratos de Mao.

Entre as mais de 300 peças que fazem parte da mostra, entre pinturas, fotografias, silk screens, desenhos, instalações 3D e esculturas, os 10 retratos do líder comunista feitos em serigrafia e acrílico deverão ficar de fora da exposição em Pequim e Xangai no ano que vem.

Serigrafias com a imagem de Mao Tsé-Tung ficarão de fora da exposição de Andy Wharol em Pequim e Xangai

O museu Andy Warhol de Pittsburgh lamentou que os retratos tenham sido retirados da exibição, mas não explicou a razão da mudança. “Esperávamos incluir nossas pinturas de Mao na exposição para mostrar o grande interesse que Warhol tinha pela cultura chinesa. No entanto, compreendemos que algumas imagens nem sempre podem ser mostradas na China”, declarou o museu em um comunicado.

A exposição, que vai percorrer a Ásia até 2014, passará por cinco cidades do continente: Cingapura, Hong Kong, Xangai, Pequim e Tóquio. Ainda que proibidos em território chinês, os retratos de Mao poderão ser vistos em Hong Kong, território semiautônomo no sul da China, até março de 2013.

Para saber mais sobre a vida e a obra do pai da pop art, vale ler os Diários de Andy Warhol da Coleção L&PM Pocket.

“On the Road” eleito um dos dez melhores filmes independentes de 2012

Você já parou pra pensar na quantidade de filmes independentes que são feitos no mundo inteiro ao longo de um ano inteiro? A gente garante que são muitos. Isso significa que ser escolhido como um dos melhores de 2012 é um feito e tanto. E “On the Road”, de Walter Salles, conquistou essa posição. O filme baseado na obra homônima de Jack Kerouac foi eleito um dos dez melhores filmes independentes de 2012 segundo a National Board of Review.

Há mais de cem anos, a National Board of Review, uma organização sem fins lucrativos, “celebra a voz inconfundível do artista individual, honrando a excelência e apoiando a liberdade de expressão no cinema” como diz o seu site. Ao longo do ano, essa ONG promove seminários e oferece subsídios a estudantes de cinema. A cada ano, são assistidos e analisados mais de 250 filmes (de grande estúdio, independente, de língua estrangeira, animação e documentário) por um seleto grupo do qual fazem parte cineastas, acadêmicos, estudantes e entusiastas do cinema em geral.

No final do ano, os membros da National Board of Review recebem uma lista de todos os filmes exibidos, juntamente com as cédulas finais de votação. Depois, os votos são tabulados por uma empresa de contabilidade pública certificada, a fim de determinar os homenageados. Confira aqui a lista dos vencedores de 2012 da qual faz parte o excelente On the Road de Salles.

Garrett Hedlund (Dean Moriarty) e Kristen Stewart (Marylou) ao lado do diretor de On the road, Walter Salles

O nascimento de Henry Miller

Henry Valentine Miller chegou como um presente de Natal atrasado. Nasceu no dia 26 de dezembro de 1891 em Nova York, filho de uma modesta família de origem alemã. Com o pai, que era alfaiate, o jovem Henry teve uma ótima relação. Já com a mãe, uma mulher intolerante e severa, a harmonia não foi tanta.

Sua juventude foi difícil e Henry passou a maior parte dela perambulando pelas ruas do Brooklyn ou cuidando da irmã com problemas mentais. Nesse período, leu toda a obra de Dostoiévski. Ao abandonar os estudos – porque não conseguiu se encaixar no sistema tradicional de ensino – fez de tudo um pouco: foi lavador de pratos, mergulhador, açougueiro, caixeiro-viajante, jornalista, entre outras profissões.

Aos 21 anos, foi morar na Califórnia e descobriu o anarquismo e, em 1917, casou-se com a primeira das cinco esposas que teria ao longo da vida –  e que seriam transformadas em personagens de muitas de suas obras.

Por volta de 1930, Henry viajou para Paris com os parcos recursos obtidos com a venda de seus livros. Lá conheceu personalidades importantes da cena artística, entre elas, Anaïs Nin, que viria a ser sua amante e que financiaria Trópico de Câncer, lançado em 1934 e logo proibido nos EUA, acusado de obscenidade e pornografia.

Nos anos 40, o autor passou uma temporada em Big Sur (depois Jack Kerouac faria o mesmo) e lá escreveu e pintou muito. Tão forte foi a ligação de Henry Miller com Big Sur que, ao morrer, em 7 de junho de 1980, suas cinzas foram lançadas nestas montanhas da costa californiana.

Henry Miller no início dos anos 30

Henry Miller no início dos anos 30

Henry Miller em sua cabana em Big Sur

DEZEMBRO

Conheci Henry Miller.

Ele veio almoçar com Richard Osborn, um advogado que eu tinha que consultra sobre o contrato para meu livro de D. H. Lawrence. Quando ele saltou do carro e se dirigiu para a porta onde eu estava esperando, vi um homem de que gostei. Em seus escritos ele é extravagante, viril, animal, opulento. E um homem a quem a vida embriaga, pensei. É como eu. (…) Conversamos durante horas. Henry disse as coisas mais verdadeiras e profundas, e ele tem um jeito de dizer “mmmm” enquanto divaga por sua viagem instrospectiva.

(Trecho de Henry & June, de Anaïs Nin, e que faz parte dos Diários Não-Expurgados da escritora)

De Henry Miller, a Coleção L&PM Pocket publica A hora dos assassinos e O colosso de Marússia.

“As aventuras de Pi”: um filme que só existe graças a “Max e os felinos”, de Moacyr Scliar

Em 2002, um livro chamado “Life of Pi”, do escritor canadense Yann Martel, foi o grande vencedor do Booker Prize, da Inglaterra. Assim que o prêmio foi anunciado, o jornal britânico The Guardian publicou uma matéria em que afirmava que o livro de Martel era um plágio de Max e os felinos (Coleção L&PM Pocket), obra que Moacyr Scliar (1937-2011) lançou em 1980 e que havia sido traduzida para o inglês em 1990. A partir daí, o circo estava armado e Scliar foi procurado por jornais do mundo inteiro para que desse uma declaração oficial sobre o provável plágio. O que os livros têm em comum e o aconteceu a partir daí, o próprio Moacyr Scliar conta em “Palavra de Escritor”, um vídeo/entrevista feita com ele, em março de 2010, pela L&PM WebTV:

Dez anos depois, o assunto voltou à pauta com a estreia de “Life of Pi” (As aventuras de Pi), filme dirigido por Ang Lee. Independente de ser plágio ou não, uma coisa é certa: a adaptação para o cinema só existe por causa do livro de Martel. E Martel só teve essa ideia por causa de Scliar.

"Max e os felinos" e de "Life of Pi": a imagem da capa não deixa dúvidas de que há algo de semelhante entre as duas histórias

O poster do filme que já está em cartaz no Brasil

O grande Fitzgerald

Hoje, 21 de dezembro, marca a morte daquele que é considerado um dos maiores romancistas norteamericanos: F. Scott Fitzgerald. 

Seu primeiro manuscrito foi rejeitado pelo editor e, depois disso, Fitzgerald abandonou a universidade de Princeton e alistou-se no exército. Mas não desistiu de escrever e, em 1919, conseguiu publicar “Este lado do paraíso”, seu primeiro romance.

Em 1921, Fitzgerald casou-se com Zelda Sayre e tiveram sua primeira filha, Frances. Foi nessa época que seu romance tornou-se um bestseller e ele ficou famoso. Vale dizer que o casamento com Zelda foi bastante conturbado, pois ambos bebiam muito e levavam uma vida de  excessos, inclusive financeiros. Zelda, no entanto, era uma ótima fonte de inspiração para os livros do marido e Daisy Buchanan, personagem de “O Grande Gatsby” (publicado em 1925), tinha muito dela. A citação de Daisy de que ela esperava que sua filha fosse uma “tola linda” foi exatamente o que Zelda disse depois do nascimento de sua filha.

Quando Zelda passou a sofrer de esquizofrenia e foi internada, Fitzgerald foi para Hollywood viver com sua amante, a atriz Sheilah Graham. No final de 1940, ele sofreu um sério ataque cardíaco e seu médico aconselhou-o a evitar esforços. Mesmo assim, em 21 de dezembro daquele ano, ele sofreu um novo ataque no apartamento de Sheilah e, antes que o socorro conseguisse chegar, ele já estava morto.

O funeral foi pequeno e discreto, acompanhado apenas de 30 pessoas. Seu amigo Edmund Wilson terminou e publicou o romance no qual Fitzgerald estava trabalhando na época. “O último magnata” foi lançado em 1941 e está na Coleção L&PM Pocket, assim, como “O Grande Gatsby” e mais “Os belos e malditos”, “Crack-up” e “O diamante do tamanho do Ritz e outras histórias“.

Cancãn natalino: Fitzgerald, Zelda e a filha

Fitzgerald e Sheilah no México

O espírito do mais famoso conto de Natal

Havia um tempo em todo escritor tinha em seu currículo um conto de Natal. O mais famoso deles, certamente, é aquele criado por Charles Dickens. A história de Scrooge – um idoso avarento e egoísta – nasceu originalmente como uma canção de cinco estrofes, cada uma delas ilustrando um acontecimento especial da noite de Natal que mudou a vida do personagem. A obra teve um papel fundamental na reabilitação das tradições natalinas numa época em que elas se encontravam em declínio. Um Conto de Natal de Dickens baseia-se em dois temas preferidos do escritor: a injustiça social e a pobreza. Ao longo de toda a história, ele descreve a combinação desses dois elementos, bem como suas causas e efeitos.

A L&PM publica "Um Conto de Natal" de Dickens na Série Clássicos da Literatura em Quadrinhos, além da história original na Coleção L&PM Pocket

Depois de Um conto de Natal, Dickens escreveu uma série de livros natalinos (Christmas Books), como The Chimes e Cricket on the Hearth, entre outros, baseados no espírito de Natal. Apesar de terem feito muito sucesso na época, estes títulos não resisitiram tão bem à passagem do tempo como Um Conto de Natal. Esta obra foi tema das primeiras leituras públicas de Dickens (que sofreu alguns ajustes para ser lida em voz alta). Um Conto de Natal foi adaptado muitas vezes para o teatro, o cinema e a televisão e inspirou Walt Disney a criar o Tio Patinhas (cujo nome de batismo original é Uncle Scrooge). A mais recente adaptação para o cinema é a que traz Jim Carrey no papel do averento criado por Dickens.

Tio Patinhas foi explicitamente inspirado no avarento Scrooge de "Um Conto de Natal" de Dickens

Jim Carrey é Scrooge na mais recente adaptação de "Um Conto de Natal" da Disney

200 anos dos Contos de Grimm

Hoje, 20 de dezembro, o Google homenageia os 200 anos de lançamento do volume 1 dos Contos de Grimm, as famosas histórias eternizadas pelos irmãos Jacob e Wilhelm Grimm, publicadas em livro no ano de 1812. Um doodle apresenta um dos contos mais clássicos dos Grimm: Chapeuzinho Vermelho.

Originalmente batizado de Kinder-und Hausmärchen (Contos infantis e do lar), os Contos de Grimm incluem as mais conhecidas histórias contadas para crianças como O princípe sapoA gata borralheira, Rapunzel, A bela adormecida, O pequeno polegar, Branca de neve, Rumpelstilskin e a já citada Chapeuzinho Vermelho. Eruditos e respeitáveis pesquisadores da sua língua, os irmãos tinham um desejo em comum: reunir toda a tradição oral alemã. Para tanto, colheram os relatos de camponeses e, a partir deles, ofereceram ao mundo histórias que até hoje, dois séculos depois, ainda fascinam as crianças de todos os cantos do planeta. 

A L&PM publica os Contos de Grimm em dois volumes na Coleção L&PM Pocket, mantendo o texto original dos irmãos. 

O que dar de presente para…

Todo ano é assim: chega perto do Natal e você lembra que faltou algum presente. Ou porque é uma pessoa que entrou agora na família ou porque é um convidado de última hora da ceia natalina.

O NAMORADO DA FILHA – Sua filha ainda está na adolescência e já tem alguém chamando você de “sogrinha”? Para ele, sugerimos algum título da Série Clássicos da Literatura em Quadrinhos como Guerra e Paz, Odisseia ou Os miseráveis. Na verdade, você pode fazer um kit com vários títulos dessa série. Assim manterá o garoto ocupado por mais tempo.

A NAMORADA DO PAI – Ela é bem mais nova do que o seu pai. Na verdade, tem quase a sua idade. E pra piorar no quesito “escolha do presente”, você não tem nenhuma intimidade com ela… Se esse for o caso, a melhor opção é Simon’s Cat, um divertido livro com o gato mais famoso do Youtube. Detalhe: ele não tem nenhuma palavra, só imagens (entendeu a indireta?).

A TIA SOLTEIRA – Não estamos falando de “tia solteirona”, pois isso é coisa do passado, mas daquela tia que já foi casada e que hoje prefere aproveitar a vida viajando com as amigas ou namorando muito. Pra ela, sugerimos Um lugar na janela, de Martha Medeiros, com histórias de viagens para ela se inspirar e seguir conquistando o mundo.

A PRIMA ENCALHADA – Se ela anda desesperada por casar ou pelo menos tem bom humor, vai adorar ganhar Por que você não se casou… ainda, um livro da americana Tracy McMillan que, como anuncia a capa, é “A conversa séria que você precisa para conseguir o relacionamento que merece”. Se der certo, provavelmente ela vai lhe convidar pra ser a madrinha do casório.

O TIO QUE NÃO É TIO – Quase toda família tem um tio agregado. Um amigo de infância do seu pai ou um primo distante que não tem filhos e que há anos aparece no Natal. E apesar disso, você nunca sabe o que dar a ele… Mas esse ano vai ser fácil! Uma história do mundo, de David Coimbra, com certeza vai fazer seu tio emprestado bem feliz.

A NOVA ESPOSA DO IRMÃO – Quando você estava se acostumando com a sua cunhada, seu irmão anuncia que se separou e que já tem outra na parada. Ou seja: você não faz a menor ideia do que dar de presente a essa nova agregada da família. Na verdade, você nem a conhece ainda! Nesse caso, um livro que não tem erro é o ótimo Uma breve história da filosofia. Ainda mais que filosofia está na moda.

O IRMÃO DO GENRO – Sua filha anunciou que vai trazer o cunhado pra festa de Natal. E você nem imagina o que dar de presente a ele. Que tal Os filhos dos dias de Eduardo Galeano? Um livro que parece condensar a história da humanidade em 366 belos textos – um para cada dia do ano. É uma obra que agrada a todos, mesmo os que não são leitores assíduos.