“Bibliopraia” leva mais de mil livros para locação no litoral do Paraná

G1.com – 30/12/2012

Um projeto da Secretaria de Cultura do Estado do Paraná montou bibliotecas móveis no litoral do estado nesta temporada de verão. As chamadas Bibliopraias estão disponíveis em três pontos: na Praia Brava, em Caiobá, em Guaratuba e em Pontal do Paraná.

"Bibliopraias" estão na Praia Brava, em Caiobá, em Guaratuba e em Pontal do Paraná (Foto: Kraw Penas/SEEC)

A partir de 15 de janeiro, a biblioteca também poderá ser visitada na Praia Mansa de Caiobá e em Paranaguá.

De acordo com a secretaria, cada Bibliopraia possui 1.200 títulos de diferentes estilos literários e não existe burocracia para o empréstimo. Quem tiver interesse precisa deixar o nome e um número de telefone para contato. A devolução pode ser feita em qualquer uma das Bibliopraias ou na Biblioteca Pública do Paraná, em Curitiba, após o verão. O horário de atendimento é das 8h às 20h.

Confira os locais das Bibliopraias
– Caiobá – Praia Brava: Avenida Atlântica, 1800.
– Guaratuba – Avenida Atlântica, 1700.
– Pontal do Paraná/Ipanema: Avenida Atlântica, 7351.

A partir de 15 de janeiro:
– Caiobá – Praia Mansa: Avenida Agilio Leão de Macedo, 352.
– Paranaguá – Ilha dos Valadares (Praça Cyro Abalem).

A primeira história de robôs de Isaac Asimov

Isaac Asimov foi, sem dúvidas, o maior escritor de ficção científica de todos os tempos. Nascido em Petrovichi, uma pequena aldeia russa a 400km de Moscou, em 2 de janeiro de 1920, começou a escrever aos 19 anos. Sua primeira história de robôs se chamava “Strange Play-fellow” (“O estranho companheiro”) e foi negada na primeira tentativa de publicação pelo editor John W. Campbell da revista Astounding, que devolveu o manuscrito ao autor com a justificativa de que não estava à altura da qualidade mantida pela revista.

Para a nossa alegria, Asimov não desistiu. E felizmente não demorou muito para que seu talento fosse reconhecido: Frederick Pohl, responsável pela revista Super Science, gostou da história que recebeu daquele autor até então desconhecido, mudou o título para “Robbie” e publicou-a em 1940, dando início oficialmente à carreira de Isaac Asimov. “Robbie” faz parte do primeiro volume da coletânea Histórias de robôs da Coleção L&PM Pocket.

No prefácio que antecede o texto, um apanhado do que esta história significou para o gênero de ficção científica como o conhecemos hoje:

“Robbie”, a primeira história de robôs de Isaac Asimov, foi escrita quando ele tinha apenas 19 anos e iniciava sua carreira de escritor. Desde então, publicou três dúzias de contos e romances no gênero e, com mais coerência e pertinácia que qualquer outro autor de ficção científica, explorou o que representa para a humanidade o desenvolvimento de máquinas de alto grau de inteligência. Merece, com toda a justiça, o título que lhe foi conferido de pai dos robôs na ficção científica.

Millôr, Pope e o ano novo sem euforia…

“Ano após ano rouba-nos algo todo o dia,
E acaba por roubar-nos de nós mesmos.”

(Alexander Pope, 1688 – 1744)

No mesmo clima, Millôr Fernandes escreve sobre o ano novo em seu Millôr definitivo – a bíblia do caos:

“Ano novo, pois é. Coisa bem velha. Mesmo assim, o mundo está cheio de pessoas que não têm e querem filhos, de gente que tem filhos demais e quer vendê-los, de intermediários de troca e doação, de policiais que impedem tudo e prendem todos. Há gente de nariz grande procurando plásticos, mulheres de peito demais, peito de menos, pessoas que querem viver mais e mais, enquanto outras – cheias de saco cheio de viver – se atirando do oitavo andar em cima delas. Mas não há de ser nada. No fim o bandido morre. Aliás o mocinho também, toda a platéia, e até a bilheteira mirrada mas bonitinha que, por ser tão jovem, pensa que é eterna.” (Millôr Fernandes, 1922 – 2012)

“História dos Treze”, de Honoré de Balzac

Por Ivan Pinheiro Machado*

Não custa nada relembrar Balzac. Ele deve ser lido sempre. As razões estão em sua própria obra, impressionante na extensão, fascínio, precisão, perenidade e talento.

Quem, na história da literatura ocidental, criou tantos mundos, tantos personagens, tantas intrigas, tantas e tantas histórias como Honoré de Balzac? Criador do romance moderno e do realismo, foi através da monumental Comédia Humana que ele unificou uma obra vasta, original, diversificada em temas, personagens, épocas e lugares.

Concebeu o projeto da Comédia Humana nos início dos anos 1830, quando tinha 30 anos. Em menos de duas décadas (morreu em 1850) criou 89 histórias diferentes – não concluindo o projeto da Comédia, que incluiria 137 livros. Até 1829 escreveu dezenas de romances que publicou sob pseudônimo.

Pela Comédia Humana transitam cerca de 2.500 personagens formando um magnífico e enorme painel da França e da Europa entre as décadas de 1790 e 1830. Frederich Engels, numa carta a Karl Marx, dizia que “eu aprendi mais em Balzac sobre a sociedade francesa da primeira metade do século, inclusive nos seus pormenores econômicos (por exemplo, a redistribuição da propriedade real e pessoal depois da Revolução), do que em todos os livros dos historiadores, economistas e estatísticos da época, todos juntos …”

História dos Treze é a trilogia composta pelos romances Ferragus, A Condessa de Langeais e A Menina dos Olhos de Ouro – completamente autônomos com histórias e personagens totalmente distintos. Em comum, a existência de uma sociedade secreta, Os treze devoradores, espécie de seita composta  por 13 amigos, cujo objetivo é todos ajudarem-se mutuamente – e secretamente – colocando a amizade acima de qualquer preceito moral e até mesmo da lei. Este tipo de “sociedade”, quase um ideal romântico, ocupava o imaginário do público francês e as histórias envolvendo seitas secretas tinham enorme sucesso na época. Balzac embarcou nesta e, muito mais do que seguir uma moda, criou três obras-primas que obtiveram enorme sucesso ao serem publicadas como folhetim nos jornais parisienses.

História dos treze representa um marco na obra balzaquiana, pois ele – ao criar um elo entre os três romances – começava a expor a poderosa mecânica da Comédia, onde centenas de personagens frequentam vários livros, ora como protagonistas, ora como coadjuvantes. Mais do que  o misterioso Ferragus, o legendário herói de guerra general Montriveau, a bela e enigmática duquesa de Langeais, o charmoso De Marsay, a maravilhosa e ambígua Paquita Valdés, a grande personagem destes três livros é aquela que foi a grande paixão de Balzac: a cidade de Paris.

As ruas estreitas, úmidas e escuras, os palacetes, o sofisticado faubourg Saint Germain des Près, as Tulherias, o Boi de Boulogne, os bailes da Ópera, enfim, a grande Paris da Restauração que emergiu dos destroços do império napoleônico está inteira, contracenando e interagindo com homens e mulheres que se debatem em romances improváveis, traições, intrigas, num enredo magnífico que, segundo seu criador, refletia um mundo que resumia sua ambição à busca desenfreada por “ouro e poder”.

* Toda semana, a Série “Relembrando um grande livro” traz um texto assinado em que grandes livros são (re)lembrados. Livros imperdíveis e inesquecíveis.

A língua portuguesa de Olavo Bilac

Em 18 de dezembro de 1918 morria o poeta Olavo Bilac. E mesmo depois de deixar este mundo, ele continuou dividindo opiniões sobre sua obra, como narra Paulo Hecker Filho, organizador da Antologia Poética de Bilac da Coleção L&PM Pocket, no texto de apresentação:

Quando veio o Modernismo na década de 20, uma tomada de consciência, enfronhada da modernidade europeia, do papel do escritor enquanto cidadão e artista, Bilac passa a ser alvo de desprezos fáceis. Mas o líder do Modernismo, seu cérebro estético, Mario de Andrade, não deixou de reconhecer nele o homem sincero e o artista inigualável. Realmente, ninguém tem na língua verso mais plástico e musical.

O poema “Língua portuguesa”, um dos mais célebres de Olavo Bilac, faz parte desta Antologia Poética:

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Retrospectiva: os destaques de 2012

E lá se foi 2012. Deixando boas lembranças e ótimos livros no catálogo L&PM. Foram muitos os lançamentos em formato convencional e pocket. Aqui, destacamos um para cada mês do ano que está terminando, de dezembro até até janeiro.

DEZEMBRO – Não tenho inimigos, desconheço o ódio, de Liu Xiaobo. Por que é destaque: o chinês Liu Xiaobo é um escritor, intelectual, ativista e professor que foi condenado a 11 anos de prisão por suas ideias. Prêmio Nobel da Paz 2010, pela primeira vez seus textos foram reunidos e publicados no Brasil, apresentando uma China que o ocidente ainda não conhece.

NOVEMBRO – Allen Ginsberg e Jack Kerouac: as cartas. Por que é destaque: o livro reúne a correspondência trocada entre os dois escritores beats durante mais de 20 anos. As quase 500 páginas que separarm a primeira da última carta oferecem “uma das mais frutíferas fusões de vida e obra da literatura do século 20” conforme disse a Folha de S. Paulo.

OUTUBRO – Um lugar na janela, de Martha Medeiros. Porque é destaque: a autora de Feliz por nada compartilha com seus leitores as mais afetuosas memórias de viagens feitas em várias épocas da vida, aos vinte e poucos anos e sem grana, depois, já mais estruturada, mas com o mesmo espírito aventureiro.

SETEMBRO – A interpretação dos sonhos, de Sigmund Freud. Por que é destaque: pela primeira vez no Brasil traduzida direto do alemão, a obra maior de Freud chegou à coleção L&PM Pocket em dois volumes coordenados por psicanalistas e professores de renome e que incluindo notas e comentários que Freud adicionou ao longo da vida, mais exclusivo índice de sonhos, nomes e símbolos.

AGOSTO – Guerra e Paz, de Tolstói, na Série Clássicos da Literatura em Quadrinhos. Por que é destaque: no caso de Guerra e Paz, uma obra bastante extensa, a adaptação para HQ é muito impressionante. “Coleciono HQs, de forma intensa, desde 1958. Nunca, nesses anos todos, vi ou ouvi falar de Guerra e Paz no formato de quadrinhos. Qualquer roteirista, mesmo com experiência e capacidade, deve ter sonhado com essa aventura louca.” disse Goida a respeito do livro.

JULHO – Os filhos dos dias, de Eduardo Galeano. Por que é destaque: inspirado na sabedoria dos maias, Galeano escreveu um livro que se situa como uma espécie de calendário histórico, onde de cada dia nasce uma nova história. Provocante, intenso e sensível como toda obra do escritor, os textos formam uma colcha de retalhos costurada com poesia, emoção e concisão.

JUNHO – Uma breve história da filosofia, de Nigel Warburton. Por que é destaque: a filósofa e escritora Sarah Bakewell definiu este livro como um “manual de existência humana em que poucas vezes a filosofia pareceu tão lúcida, tão importante, tão válida e tão fácil de nela se aventurar”. Partindo da tradição iniciada com Sócrates, o autor traz dados interessantes sobre a vida e o pensamento de alguns dos mais instigantes filósofos de todos os tempos.

MAIO – História secreta de Costaguana, de Juan Gabriel Vásquez. Por que é destaque: Juan Gabriel Vásquez foi um dos convidados da Flip 2012 – Festa Literária Internacional de Paraty. Misturando fatos históricos e ficção, Vásquez cria uma história em que o escritor Joseph Conrad é um dos personagens e que tem como pano de fundo a construção do Canal do Panamá.

ABRIL – Simon’s Cat, de Simon Tofield. Por que é destaque: em abril, Simon’s Cat foi publicado pela primeira vez no Brasil. O gato que não tem nome definido é o mais famoso felino do Youtube. Depois de Simon’s Cat – As aventuras de um gato travesso e comilão, em novembro deste ano foi lançado o segundo volume da série: Simon’s Cat – Em busca de aventura.

MARÇO – Erma Jaguar, de Alex Varenne. Por que é destaque: esta HQ luxo traz todas as aventuras de Erma Jaguar, personagem criada pelo notável ilustrador Alex Varenne. Erma é uma espécie de “madame” moderna que à noite, vestindo seu corpete preto e dirigindo seu carro, vai satisfazer todas as suas fantasias. Insaciável, ela enlouquece homens e mulheres de todos os tipos.

FEVEREIRO – Diários de Andy Warhol. Por que é destaque: esta nova edição dos Diários do artista pop Andy Warhol, dividida em dois volumes em formato de bolso (e reunidos em uma caixa especial), marcou a entrada da Coleção L&PM Pocket na casa dos 1.000 títulos. Um dos mais reveladores retratos culturais do século XX, Diários de Andy Warhol soma mais de mil páginas de glamour, fofocas e culto às celebridades.

JANEIRO – 1961 – O golpe derrotado, de Flávio Tavares. Por que é destaque: este livro conta como um movimento de rebelião popular paralisou e derrotou o golpe de Estado dos ministros do Exército, Marinha e Aeronáutica e evitou a guerra­ civil. Escrito por um jornalista que testemunhou e participou do Movimento da Legalidade junto a Leonel Brizola,­ então governador­ do Rio Grande do Sul.

Balzac, Dickens e Dostoiévski nas cartas de Kerouac e Ginsberg

Jack Kerouac e Allen Ginsberg nutriram uma intensa amizade durante mais de 20 anos por meio de cartas. Os assuntos eram os mais variados, desde assuntos pessoais até o gosto em comum por autores como Balzac, Dickens e Dostoiévski e estes registros estão no livro As cartas que acaba de chegar ao Brasil pela L&PM.

Leia uma das cartas, em que Kerouac fala do “espírito de Natal” e termina desejando “Feliz ano novo” ao amigo Allen Ginsberg:

(clique na imagem para ampliar)